Herança escrita por Janus


Capítulo 76
Capítulo 76




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     O estrondo tinha sido enorme. Foi um baque contínuo, constante e crescente que fez toda a sala em que se encontrava vibrar, derrubando coisas no chão, tombando prateleiras, acionando alarmes. Parecia um grande terremoto.
     Mas não era. Algo tinha acertado o castelo e atravessou tudo pelo caminho até o nível mais baixo, apenas a um andar de onde ele estava. Estava no fim das escadas quando viu a poeira saindo de uma sala. Lá devia ter sido o local onde o que quer que tenha causado aquilo parou. Correu para lá e na entrada ficou estático. Havia pessoas lá dentro. Duas pessoas. Fechou os punhos e se preparou.
     Já fazia muito tempo que não lutava. A última vez tinha sido quando Narthale traiu a todos e tentou destruí-los oitenta anos antes.
     - Temos visita – disse uma das figuras que mal podia divisar por entre a poeira – vou manter a rainha longe. Pegue logo os cristais e não perca tempo. Isto está saindo do controle.
     Viu um brilho laranja surgir das costas de quem tinha falado e logo em seguida ele partiu pelo buraco do teto feito para chegarem até ali. O outro parecia estar fazendo alguma coisa, mas a poeira que ainda estava na sala atrapalhava ver o que seria. Acionou o seu visor e filtrou a imagem, vendo melhor.
     Havia um homem ali, e sua primeira surpresa foi notar que ele vestia uma roupa meio metálica, com um cinto com algumas luzes acesas. Na mão dele havia um grande pedaço um pouco irregular de rocha ou coisa parecida – no entanto seu visor indicava estranhas leituras daquilo – aos seus pés havia um buraco bem grande, talvez o local onde tinham parado após atravessarem todos os pisos e paredes até ali. Mas havia mais coisas no chão. Pareciam aranhas entrando no buraco. Eram...
     Eram sondas! Sondas comuns no seu mundo, da mesma forma que aquele dispositivo que deixou Afonso imobilizado.
     - O que está fazendo? – perguntou ele se preparando para a luta eminente.
     - Pegando o que é nosso – respondeu a figura. Sua forma de falar era calma e despreocupada, quase não se importando dele estar na sala – a propósito... tem visto sua irmã ultimamente? Como vai ela? Soube que ela está com alguns problemas de identidade...
     Sua irmã? Apertou os dentes com força. Ele devia conhecê-lo. E se o conhecia então já tinha estado em seu mundo antes. Ou pior...
     Ele era do seu mundo!
     Saltou para trás e em um movimento circular lançou setas de gelo na direção dele, que atingiram um escudo de gelo que seu oponente fez com o braço. Sim... era do seu mundo, ou era um mercuriano, o que dava quase na mesma.
     - Eu só queria conversar um pouco – começou ele agora em guarda – ou você ainda está brigado com a sua irmã?
     - Como sabe tanto sobre mim?
     Ele riu. Riu com certo gosto.
     - Estamos aqui já faz muito tempo. Tivemos tempo de explorar as coisas, de matar algumas saudades, de ver como muita coisa mudou e como outras ficaram tão iguais...
     Ele não fez menção de atacá-lo, e a resposta só podia ser uma: Ele queria tempo. Tempo para aquelas sondas ficarem distantes o bastante e pegarem o que ele queria. E se ele estava ali já fazia tanto tempo e uma viagem ao seu mundo demoraria alguns meses...
     - É você! – disse com os olhos levemente arregalados – você quem modificou os dispositivos do antigo Milênio de Prata.
     - Era minha função – tornou ele sorrindo – eu era o chefe das pesquisas e desenvolvimento da Cidade Dourada. E não eram do Milênio de Prata, era de um pouco antes.
     Ele não queria lutar, isso era obvio. Mas não podia deixar aquilo prosseguir. Precisava ir ao seu laboratório usar a suas sondas para tentar deter as que ele tinha posto embaixo do castelo. Usou o visor para analisar melhor o que ele tinha nas mãos e ficou surpreso ao notar que era um cristal, Um cristal com a ressonância idêntica a dos que existiam nos pingentes e nos broches de Joynah e da princesa Serena.
     - Acredito que examinou o que eu tenho em minhas mãos, isso explicaria a sua surpresa...
     Ele ficou em silencio quando Orion saltou para cima dele com uma ponta afiada de gelo que tinha feito surgir nas costas de seu braço. Mirou o rosto dele e foi desviado pelo braço revestido de gelo do mesmo. Ele não era um civil, tinha sido treinado em combates. Os civis de seu mundo podiam criar e usar gelo e água facilmente, mas só os militares podiam fazer coisas mais avançadas, como escudos de gelo envolvendo partes do corpo. Se ele trabalhou na Cidade Dourada, fazia sentido ser um militar. Aquela cidade era um estado militar utilizado para manter a integridade do reino.
     Levou um golpe no braço muito forte, e uma chuva de lanças de gelo que ele prontamente defendeu, seja esquivando ou bloqueando alguns com escudos de gelo. Não tinha duvidas de que era um compatriota seu, mas seria ele assim tão antigo? Se esteve na Cidade Dourada tinha de ser.
     Um tremor foi sentido no castelo, logo seguido de outro. Seu oponente olhou para o alto e parecia um pouco surpreso.
     - Acho que sua rainha é bem mais do que imaginamos – comentou ele agora enviando uma torrente de gelo pontiagudo na sua direção.
     Ele ergueu uma parede de gelo e se concentrou. Aquele oponente sabia lutar bem e sabia quem ele era, portanto, nada de ficar fazendo segredinhos. Fechou os punhos de suas mãos e se concentrou. Logo em seguida uma armadura de gelo começou a se formar ao redor de sue corpo, cobrindo braços, antebraços, peito, cintura e parte do rosto. Em seguida ele socou a parede de gelo que tinha feito arremessando vários pedaços contra ele e girou o corpo formando um parafuso e arremetendo o seu punho esquerdo contra a cabeça dele.
     Ele tentou desviar o golpe, e seu olhar era claramente incrédulo, mas não conseguiu. Apenas desviou por alguns centímetros seu punho do olho, acertando a direita da face e o arremessando contra a parede causando um outro grande estrondo que abalou o castelo.
     - Isso... – disse ele com os olhos abertos observando o vazio e claramente atônito com o ocorrido – eu nunca teria imaginado...
     Saia sangue da parte atingida de seu rosto, e era evidente que pelo menos algo tinha se quebrado no seu rosto. Um osso do crânio sem duvida. Ele ergueu-se em um salto e usando ambas as mãos – ele tinha soltado o cristal – gerou um poderoso jato de gelo contínuo. Então ele não era especialista em luta física pelo jeito. Saltou para o teto e cravou pontas de gelo que fez brotar de seus dedos para ficar ali. Em seguida impulsionou-se para a parede ao lado do oponente e de lá lançou uma coluna de gelo no chão, fazendo esta perfurar o piso e enterrar-se por mais dois metros. Logo em seguida lançou por dentro desta um jato de vapor, o que a fez explodir com o choque de temperatura, arremessando pedaços do piso para todos os lados e abrindo uma cratera bem maior ali.
     Isso o deixou distraído para a seqüência de golpes que fez calçando luvas de gelo nas mãos e acertando-o no rosto de um lado para o outro, finalizando com um chute que o fez atravessar a parede da sala e cair rolando no chão do corredor.
     - Definitivamente – comentou ele cuspindo sangue – eu nunca teria imaginado...
     Era evidente que ele estava assustado e preocupado. Não devia ter imaginado que ele lutava desta forma. E porque iria fazer isso? Talvez porque sua irmã era a guerreira guardiã de seu planeta natal. Mas pelo jeito ele não associou uma coisa a outra.
     Com quem ele imaginava que ela treinou para conseguir àquela posição?
     - Deixei nosso planeta natal porque gosto de explorar e pesquisar.
     - Pensei que era por causa daquela linda princesa de Plutão que está por aqui...
     - Isso também – ele sorriu – bom, a menos que queria morrer, sugiro que se renda.
     - Morrer? – ele riu cuspindo mais sangue – eu já estou morto caso não saiba – ele balançou as pulseiras mostrando-as – estar sem alma é estar morto – ele formou um escudo com o braço direito e arremeteu se protegendo atrás disto – mas morrer sem alma é pior!
     Ele colidiu contra o escudo e foi arremessado contra a parede do fim do corredor. Em seguida sentiu-se sendo pressionado por esta. Ele devia estar gerando mais gelo por trás para empurrá-lo com mais pressão.
     Tocando as duas mãos no escudo ele ejetou vapor abrindo uma brecha e socou varias vezes, quebrando o gelo e se libertando. Como tinha imaginado, ele fizera colunas de gelo para pressioná-lo contra a parede.
     E não estava mais no corredor.
     Voltou para a sala onde o tinha visto antes e lá estava ele, acabando de se levantar com o cristal nas mãos.
     - Lamento não poder ficar – disse ele com um sorriso – teria sido interessante uma luta até o fim. Mas não posso me arriscar no momento.
     Ele tocou algo em seu cinto e uma mancha escura surgiu atrás dele. Um portal! Antes que pudesse fazer qualquer coisa ele deu dois passos para trás e atravessou o portal, sendo que este desapareceu em seguida.
     Ele tinha razão. Havia alguém do seu mundo entre os generais. E pelo jeito isso realmente estava ligado a Klarta.
     Usou o seu visor para obter um status de situação, mas não conseguiu contato com sailor Venus. Na verdade o visor dela não respondia. Algo devia ter ocorrido com ela.
     Aproximou-se do buraco onde tinha visto aquelas sondas entrarem antes mas nada viu ali de diferente. Elas eram usadas para fazer prospecção de solo para avaliar o material do qual era formado, podendo colher pequenas amostras. Perfeitas para eles coletarem aqueles cristais. Agora não tinha duvida. Foi um cristal que Diana viu na mão do klartiano no outro dia. Um cristal bem especial do tipo usado nos pingentes e nos broches das sailors.
     Precisava saber mais a respeito, mas antes era melhor cuidar desta invasão que estavam sofrendo.

 

-x-

 

     Elas não estavam encontrando muitas criaturas agora. Na verdade estavam mais auxiliando a guarda robô que estava atuando em toda parte onde as criaturas apareciam. Quando chegavam apenas destruíam as poucas que restavam.
     Mas era interessante – e um acaso feliz – que em muitos deste lugares haviam pessoas que estavam tentando se proteger deles e gritavam quando elas chegavam e os salvavam. Muitos gritavam palavras de agradecimento, ou indicavam outros locais onde tinham visto as criaturas. Algumas vezes recebiam cantadas.
     Calisto tentava não se alterar com isto, mas era difícil não sentir certa satisfação. Já estavam bem próximas do castelo quando Europa chamou a atenção para algo acima delas. Parecia um tipo de aeronave com três luzes brilhantes e estava caindo. Decidiram ir na direção dela para saber o que estava acontecendo quando ela viu o que ocorria na rua abaixo em frente ao prédio que tinha acabado de pousar.
     Eram Herochi e Yokuto lutando. E parecia que era aquela criatura meio felina que tinham visto na Lua!
     Pousaram próximas e ela viu o klartiano – era outro, não o mesmo que tinham visto antes – se desviando de uma rajada de fogo, enquanto se esquivava em pleno ar da perna do outro irmão.
     - Nevasca de Europa – gritou sua irmã sem nem tocar o solo direito.
     - Espere Europa – mas era tarde.
     Surpreso o oponente que ainda estava no ar esticou seu braço para tocar o solo e desviar sua trajetória, escapando por pouco da torrente de neve. Ele girou o corpo mais adiante e deu um salto para o alto, indo agora na direção das recém chegadas com as garras prontas para rasgar carne.
     Surpresa, Calisto apenas moveu o braço para se defender quando notou que não foi a sua melhor idéia. Aquelas garras iriam cortá-la em pedaços. No ultimo instante ela saltou para trás e suspirou de alivio ao ver que um dos gêmeos acertou-o no ombro, desviando sua trajetória.
     - Nenhuma defesa vai funcionar contra ele – disse Yokuto para ambas – só podem se esquivar ou aquelas garras vão cortá-las.
     Ela percebeu isso. E ficou preocupada com a sua irmã. Quando ela começava a bater não parava mais. E bastava um só golpe dele para ser letal.
     - Nesse caso – disse Europa – vamos ficar nos ataques.
     Os quatro ao mesmo tempo começaram a usar seus poderes para ficarem a uma distância segura daquelas facas em forma de garras. E isso deixou o klartiano furioso e frustrado. O fogo daqueles dois mais o jato de lava as sailor eram complicados de se escapar. E juntando um jato de neve da outra que perturbava um pouco seus sentidos, ele percebeu que estava em desvantagem ali. Assim, ele saltou bem alto, pousando em um prédio e olhou para os quatro que estavam no chão.
     - Não pensem que sou idiota para enfrentar quatro seres com poder de ataque de grandes áreas – disse ele naquela voz gutural – não em um lugar restrito como este.
     Quando terminou de falar ele apertou algo na cintura e pulou para longe, mas a sailor Europa já tinha pulado atrás dele antes dele terminar de falar.
     - Europa! – chamou Calisto pulando atrás dela. Assim que estava na metade do pulo, ela viu as criaturas negras surgindo no topo do prédio. Europa já estava usando seu ataque quando chegou no topo, mas o jato de neve foi lançado para o alto.
     Não entendeu como a irmã errou o alvo, mas quando chegou lá em cima percebeu o que tinha ocorrido. Havia um portal ali no topo do prédio, e nenhum sinal de sua irmã. Ou seja, ela tinha caído dentro do portal, e ela era a próxima, pois não tinha como se desviar agora. Assim, socando as criaturas pelo caminho, esticou as pernas para a frente e atravessou o portal negro. Segundos depois dois cavaleiros de Marte faziam companhia a ela. Logo em seguida o portal desapareceu deixando ainda algumas criaturas por ali, que foram mais tarde destruídas pela guarda robô.

 

-x-

 

     - Quero saber onde você está! – gritou ela finalmente dando uma pausa na grande seqüência de palavras que usou para descarregar sua raiva e frustração. Como foi que Maya conseguiu entrar de malandra para lutar ao lado das sailors?
     "- Pelo localizador, estamos perto da China, há uns... nossa! Três quilômetros no fundo do mar..."
     Ficou muda. E essa agora...
     "- Venus pediu para Miranda para localizarmos outro local por aqui onde deve haver um portal, pois a cidade ainda está sendo atacada."
     - Pois faça isso! – gritou ela desligando a comunicação.
     Estava raivosa e frustrada. Ela era quem devia estar ali, lutando contra as criaturas na base inimiga. Ela devia ter essa gloria, não aquela gaiata da irmã do seu namorado.
     Como iria encarar agora a sua irmã? Ou ainda as outras da antiga turminha da lua? Sua raiva era tanta que ao ver umas criaturas que Arashi não tinha destruído ainda, lançou um jato de areia que as destroçou instantaneamente, bem como destruiu dois carros que estavam atrás destas.
     Ela apenas bufou de raiva e continuou atacando todo que se movia, era negro e flutuava que estava ao redor. Porque Maya tinha que pegar a melhor parte?

 

-x-

 

     Mal conseguia se mover, e temia que se revertesse a transformação acabasse morrendo. Mas também não ia sobreviver muito estando transformada e esgotada daquela forma..
     Usou toda sua força vital para gerar um grande megaraio capaz de empurrar a estrutura. Pelo menos antes de quase ficar inconsciente viu que tinha conseguido. A nave atingiu o parque do lago, mas infelizmente não em cima do grande lago que dava nome ao parque. Mas foi em um área sem casas.
     Houve muito barulho e metal se partindo, bem como algumas explosões dos motores, mas nada devastador como temia. Agora era esperar que alguém a resgatasse ou simplesmente morrer.
     Mas não estava apavorada com isso. Sabia que podia morrer e como todos os seres do universo ela temia a morte. Mas morrer fazendo aquilo, salvando vidas e protegendo pessoas lhe era de uma forma um tanto estranha... aceitável. Estava satisfeita consigo mesma. Derrotara um general e salvara as pessoas de serem atingidas pela nave que flutuava.
     E de quebra tinha restabelecido as comunicações.
     Hum... que som era esse? Parecia alguém falando. Sentiu certo comichão ao redor do corpo e sua vontade de dormir começou a diminuir. Abriu os olhos lentamente e viu uma luz a cegando. Virou o rosto tentando proteger-se da luz mas ainda estava fraca demais para fazer outra coisa.
     - Ela está se movendo – ouviu uma voz a distancia. Parecia ser uma voz infantil – continua mana!
     Piscou os olhos tentando ver algo, mas só a luz branca e forte estava ali. Será que era a luz que tinha lido em livros que os que estavam a beira da morte viam? Se era, porque sentia-se cansada e agora também estava sentindo dores no corpo?
     - Vamos Joynah, reaja!
     Aquela voz ela conhecia. Serena? Ela estava indo para a luz também? Voltou a virar o rosto e agora viu algo diferente. Viu luzes de casas a distancia, viu as placas de metal amassadas do objeto onde estava sentada. No alto podia agora ver estrelas e algumas nuvens. Olhou para o outro lado e viu o rosto sorridente de uma pequena sailor. A princesinha! Mas...
     Ela moveu o corpo para frente e imediatamente sentiu uma fome imensa! Precisava comer algo, rápido! Começou a correr e tropeçou muitas vezes na estrutura metálica agora toda retorcida. Mas quem foi que resolveu que guerreiras tinham que usar roupa sexy, mostrar as pernas e usar botas de salto?
     - Joynah!
     Olhou na direção da voz e viu sailor Moon. Então era ela a origem da luz. Devia ter usado sua cura nela, e isso a recarregou. Mas não o bastante, pois estava muito faminta.
     - Tenho fome – disse quase agonizando – use mais essa sua cura...
     - Usei quase tudo – disse ela – estou esgotada. Vamos te levar para algum lugar para você comer.
     Sentiu ser erguida por sailor Moon e por Diana. Não fez nada para retrucar os protestos de que ela estava gorda. Sabia que estava pesada e no momento estava com pouca força. Talvez só tivesse o bastante para mastigar a comida que iria recuperá-la.
     Mas estava viva! E após comer o suficiente poderia voltar para a luta.
     Mal prestou atenção aonde a estavam levando, mas assim que sentiu o cheiro de doce sob o seu nariz, abriu a boca e começou a comer. Logo não precisou mais de ajuda e começou a agarrar e enfiar goela abaixo tudo o que encontrava. Precisou de cinco minutos comendo sem parar, mas finalmente sentiu que estava bem recuperada. Ainda tinha fome, mas agora podia se controlar.
     Olhou para as três que a olhavam com os olhos arregalados.
     - O que foi? Vocês sabem que preciso comer para me recuperar...
     - Sim – disse sailor Moon – mas nunca vimos você comer dezenas de quilos antes... e tudo de doces.
     Ficou ruborizada. Olhou ao redor e viu que estava em uma confeitaria. Mas quase todas as prateleiras estavam vazias agora, as vitrines com quitutes e doces estavam apenas com poucas migalhas, e ela mal se lembrava de ter comido tudo aquilo. Pior, mal sentiu o gosto dos doces.
     - Bom, vamos deixar isso para depois. O general que foi para o castelo... o que houve com ele?
     - Ele... deve estar lutando com a minha mãe – disse sailor Moon – eu quase morri nas mãos dele – terminou em voz mais baixa.
     - Serena – ela a segurou nos ombros – você é quem tem mais experiência entre todas nós. Não é hora para ataques de pânico.
     - Fui uma idiota... deixei ele se aproximar... nem pensei...
     - Fomos idiotas ontem também – cortou ela – agora vamos ver se podemos ajudar alguém. Somos sailors – olhou para a irmã dela – e você princesinha, fique com Diana.
     Um brilho do lado de fora da confeitaria chamou-lhe a atenção. Ao sair e olhar para o céu viu mais alguns brilhos, e sons parecidos com trovões a distância. O brilho alaranjado não lhe deixava duvidas sobre quem seria. Mas o outro brilho que aparecia algumas vezes...
     - É a mamãe e o general – disse sailor Moon – estão lutando.
     Não duvidava disto. Mas estava se lembrando do que ele tinha dito antes. Que era apenas uma distração. Portanto, se algo estava ocorrendo devia ser dentro do castelo.
     - Vamos para o castelo – disse ela – ele me disse que era só uma distração.
     - Ele disse o mesmo para mim – comentou ela – mas tem outro invasor no castelo, e Orion já o esta enfrentando.
     Ela olhou para baixo, pensando no que fazer quando se lembrou de algo.
     - E Venus?
     - Estava desacordada – disse Diana.
     - Vamos tentar reanimar Venus – disse ela.
     Ela fez suas asas surgirem e aguardou sailor Moon fazer o mesmo.
     - Eu não posso fazer isso agora. Minhas asas ficaram muito feridas...
     - Tudo bem – ela desceu e a agarrou na cintura – Diana, cuide da pequena princesa.
     - Sim – disse ela simplesmente já a agarrando – se acontecer algo eu chamo pelo visor.
     Ela voou com sailor Moon em direção ao castelo, passando um pouco próximo a onde a rainha e o general estavam lutando. Pôde vê-la, a rainha, alias, a sailor Moon original usando seu cetro para se defender de algo. Mas não ficou muito tempo ali. Não queria distrair sua soberana. Sua missão era reanimar Venus. Não era hora de atrapalhar a luta dos outros.
     Mais distante, enquanto Diana levava a princesa para um local mais seguro, uma muito arranhada sailor Júpiter caía ao seu lado abrindo uma pequena cratera na calçada. Poucos momentos depois ela se ergueu e lançou uma grande dose de raios elétricos para cima. Diana puxou a princesa para obter certa proteção na esquina da rua, e ficou observando a luta ali.


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