Herança escrita por Janus


Capítulo 74
Capítulo 74




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     Correu pela janela e alçou vôo ainda antes de sailor Venus terminar de falar. Em um momento estava falando com sua mãe sobre suas preocupações, e no seguinte soubera que a cidade não só estava sob ataque como tinham perdido as comunicações e elas já tinham retornado. Agora sailor Terra precisava de ajuda para recuperar suas asas e com isso mover... quer dizer, tentar mover um objeto flutuante enorme para uma área segura antes que fosse tarde demais...
     E ela apenas tinha alguns minutos... talvez três agora...
     Oh, claro... ainda perdera alguns segundos ouvindo sua mãe falando com Venus sobre o porque dela demorar tanto para avisá-la. Pois sim... sua mãe com certeza sentiu algo estranho – ela tinha sentido – mas deve ter simplesmente confiado que Venus e as sailors podiam cuidar do assunto.
     Bem... estavam as sailors, os guardiões e as sailors lunares envolvidos, e o assunto parecia longe de ficar resolvido. Não era a toa que sua mãe estava lembrando-se dos antigos palavrões de sua época...
     Acionou seu visor e tentou saber onde estaria a sailor Terra. Estava acima dela, a esquerda. Começou a voar naquela direção quando viu umas luzes a distancia, exatamente na direção onde estava indo. Devia ser aquilo que estava caindo na cidade.
     - Boa noite, princesa. Sua mãe está em casa?
     Aquilo a pegou de forma tão desprevenida que ela soltou um grito um pouco estridente. Parou de avançar na mesma hora e olhou na direção da voz. Ficou de olhos arregalados quando viu um homem com asas brilhantes cor de laranja olhando para ela.
     - Bem? Eu fui educado – disse ele sorrindo. Mas não era propriamente um sorriso simpático. Parecia-se mais com um sorriso levemente sarcástico.
     - O que quer com minha mãe?
     - Eu podia dizer que é um assunto particular... mas na verdade quero distraí-la enquanto meus colegas retiram o que queremos da região.
     Bem audacioso de explicar desta forma direta, acreditando que ela nada podia fazer para impedir. Bem, era hora de ele descobrir que estava errado. Ela faz o seu cetro se materializar e resolve atacá-lo sem aviso.
     - Onda de...
     Antes que ela possa terminar a frase, ele agarrou-a pelo pescoço com a mão direita e a apertou com força suficiente para cortar o fluxo de ar, silenciado-a e impedindo o seu ataque.
     - Uma guerreira experiente como você deveria se certificar de ter distância suficiente para não ser detida em um ataque que exige que você diga palavras – disse ele de forma amável, porém claramente sarcástica.
     Ela tentou tirar a mão dele, tentou voar para mais longe, mas era inútil. Sentia como se uma coleira tivesse sido posta em seu pescoço, tamanha a força que aqueles dedos tinham.
     - Considerando a direção que você seguia, aposto que ia ajudar sua amiga, a sailor Terra, estou certo? Não precisa responder – ele apertou sua garganta mais um pouco – poupe seu fôlego – ele sorriu – Infelizmente ela agora vai ter que se virar sozinha. E não deve ter muito mais tempo. Talvez menos de dois minutos.
     Ele olhou na direção em que ela estava voando poucos momentos antes e riu levemente.
     - Quem diria... ela é esperta – sailor Moon olhou na mesma direção e viu aquelas luzes de novo, mas agora havia mais uma luz, esta branca, como se fosse uma enorme lanterna na lateral daquilo. – mas pode esgotar toda sua força vital desta forma. Seria uma pena se isto ocorresse.
     Observou por algum tempo, percebendo claramente que sailor Terra devia estar usando seu megario como se fosse um motor de foguete para empurrar aquilo – fosse o que fosse – para uma área segura. Mas o que ele tinha dito de esgotar sua força vital era verdade. Ela não podia dosar o megario. Era simplesmente tudo ou nada. Não suportaria mais de um minuto usando toda aquela força.
     - Bem minha cara... isso não é um jogo onde pode-se tentar de novo... cometeu um erro me subestimando e agora vai pagar. Eu sei que força física não é sua especialidade... mas acredito que apenas a sailor Terra tenha um corpo mais resistente que o seu. Quero fazer um teste... vou usar você como aríete contra as paredes do palácio e vamos ver até quando você pode sobreviver.
     Ela sentiu que estava em movimento, indo para baixo e a grande velocidade. Deviam estar voltando para o castelo. Desesperada tentou se libertar, cravando suas unhas na mão dele, mas não conseguindo nenhum avanço para se libertar. Duvidava poder sobreviver a um impacto nas paredes do palácio com ele segurando seu pescoço. Provavelmente iria quebrá-lo assim que atingisse uma parede.
     Praticamente sem pensar, ela se esperneava e socava o braço que segurava seu pescoço. Usava as pernas para chutá-lo, em um movimento simplesmente oriundo do puro desespero. Súbito, ele gritou de dor e a soltou – provavelmente de forma involuntária – mas ela mal teve tempo de imaginar o que ocorreu quando suas costas atingiram algo muito sólido.
     Ela ficou semi-inconsciente com o impacto, mas vagamente imaginou que tinha acertado a parede do castelo. Sentiu seu corpo cair por algum tempo até atingir algo duro que se não a deixou desacordada, pelo menos a deixou atordoada demais para tentar se levantar.
     Ainda estava consciente, mas não conseguia se orientar ou mover o seu corpo. Ouviu vagamente alguns estrondos típicos de explosões.
     Não soube quanto tempo tinha se passado, mas ela finalmente começou a ficar consciente de novo. Piscou os olhos algumas vezes e moveu o corpo, sentindo dores por todos os seus ossos. Estava viva! Dolorida mas viva. Olhou para cima e não viu mais as luzes que estava seguindo antes. Olhou para a parede do castelo, mas esta parecia intacta, se bem que da posição em que estava, caso houvesse algum dano, não poderia ver.
     Quanto começou a se levantar ela viu os destroços. Destroços da parede do castelo, bem próximos a ela. Seu sangue ficou gelado. Ele tinha realmente atacado o castelo. Por algum tempo imaginou o que ele queria fazendo isso. Queria apenas distrair sua mãe? Se era isso, onde seria o verdadeiro ataque? E... o que o fez a largar pouco antes de acertar a parede? Olhou ao redor e percebeu que estava em uma das sacadas, e não no chão. Por isso não ficou desacordada, não foi uma grande queda.
     Sabendo que não devia perder tempo, tentou alçar vôo e gritou de dor. Suas asas estavam muito feridas, não ia poder voar. Reverteu a sua transformação de ethernal e respirou fundo algumas vezes antes de acionar o seu visor e tentar descobrir o que estava acontecendo.
     Na hora viu um sinal de emergência, indicando que o castelo estava sob ataque. Também viu que as sailors Netuno, Marte e Plutão estavam a caminho. Ela era quem estava mais próxima do local, bom, ela além de Venus que estava junto de sua mãe quando ela tinha saído. Pensou em ir atrás do general, mas uma outra prioridade surgiu na sua mente.
     Sua irmã! Ela estava no castelo. Tinha de protegê-la. Resignada ela correu para dentro e seguiu direto para o quarto dela. Se bem conhecia àquela baixinha, ela iria querer entrar na briga, ainda mais depois de alguém ter quebrado as paredes de sua casa.
     Seguiu direto pelo corredor e virou a direita em direção as escadas. Súbito precisou parar para evitar colidir com Diana, que carregava uma teimosa e irritante pequena sailor nos braços.
     - Mamãe precisa de mim, me solta – dizia ela batendo nos braços de Diana e tentado escapar de qualquer jeito.
     - Diana – disse ela ainda um pouco surpresa de vê-la ali – você... minha mãe...
     - Sua mãe e a minha estão enfrentando o invasor do castelo – disse ela ofegante – sailor Venus estava desacordada sobre destroços e não sei onde está meu pai. A rainha disse para por sua irmã em segurança. Acho que vou levá-la para o templo Hikawa.
     - Sailor Marte está vindo para cá, não vai ter ninguém para protegê-la. Espere... sabe onde estão o pequeno Sume e Nathan?
     - Estavam no templo...
     Ela parou de falar e olhou ao redor quando sentiu um tremor no castelo. Foi tão intenso que chegou a dar leves enjôos nas três. Logo em seguida houve outro tremor, mas este parecia mais leve. Um terceiro se seguiu com um som de uma explosão a distancia. Parecia que tinha vindo do final do corredor de onde ela veio. Talvez do lado de fora do castelo...
     Sem dizer mais nada ela voltou correndo por onde tinha vindo e chegou à sacada. La fora ela viu outra sailor Moon – sua mãe – com uma pessoa diante dela que tinha um brilho laranja nas costas.
     - Sailor Moon...
     - Diana – começou ela com os olhos arregalados e tentando controlar o medo que tentava dominar o seu ser – acho que o local mais seguro para você e minha irmã é o laboratório do Orion. Fica na parte mais funda do castelo e é bem protegido.
     Ela nada disse, apenas apertou algo na sua barriga e um visor apareceu em seu rosto.
     - Ela está comigo – disse ela, provavelmente atendendo a um chamado – Sailor Moon também... a filha – ouviu mais um pouco – vou tentar.
     Ela desligou em seguida e olhou diretamente para seus olhos.
     - Era minha mãe. Tem outro invasor no castelo, ele está no nível mais baixo enfrentando Orion. Ela disse para pegar a princesinha, pegar você e irmos ver se a sailor Terra está bem. Há relatos de que ela está desacordada no parque do lago, e que alguma coisa grande caiu por lá também.
     Ela apertou os lábios. Não queria deixar sua mãe lutar sozinha ali. Mas com outro general por ali e sua irmã por perto... era melhor mesmo ser útil e ver como estava sua amiga.
     - Então vamos. Não posso voar ainda. Vamos no pulo mesmo.
     Sem dar outro aviso, agarrou Diana na cintura e pulou da sacada para o chão, sendo que assim que chegou lá foi dando mais pulos em direção ao parque do lago. Ela estava ficando com muito medo. Os generais nunca atacaram de forma tão aberta antes. O que eles queriam que necessitava de tamanha "distração"?
    

-x-

 

     Quando o dono daqueles terras fosse dar a sua costumeira volta pelos campos iria ficar completamente atônito com o que iria encontrar. Varias e varias marcas de danos na plantação de trigo, em alguns lugares crateras causadas por grandes impactos, em outros grandes rasgos no solo feitos quando um dos combatentes era arremessado neste, sem contar, logicamente, com a quantidade de plantas cortadas ou despedaçadas na luta entre o guardião e o general.
     Para Sohar aquilo era no momento a ultima de suas preocupações. Seu visor não tinha detectado nada de especial ao redor, mas ao menos indicou que as comunicações retornaram. Mas ele não podia acreditar que Primsey não estava por ali. Porém se estivesse, deveria estar utilizando algo para se camuflar. Bem, havia algo que podia fazer para descobrir isso, mas tinha que ser cuidadoso para ela não perceber, caso estivesse por lá.
     Conforme se esquivava e dava potentes golpes quando era possível, ele foi levando o combate para fora da plantação e mais próximo a parte da região que ainda preservava a vegetação natural. Assim que chegou lá começou a mudar sua forma de lutar, obrigando o klartiano a ficar mais na defensiva. Enquanto fazia isso fez o seu visor esquadrinhar a área com jatos de radiação leve. Não iria causar nenhum dano as plantas ou animais que estivessem por ali, mas iria marcá-los com uma pequena dose de radiação que os tornaria visível para uma analise de espectro mais detalhada e especifica. Se Prismey estivesse por lá, não importava o tipo de camuflagem que estivesse utilizando, o visor iria detectar, de uma forma ou de outra.
     Utilizando mais ataques e mais gravidade em cada um deles ele esperava atraí-la. E se conseguisse isso, poderia virar aquele jogo de espera.
     "- Sohar?"
     Era sua esposa chamando-o pelo visor. Ele tinha configurado para atender a ela sempre automaticamente.
     - Lita... – ele observava o klartiano agora agir de forma mais cuidadosa – esta um pouco difícil aqui...
     Demorou para ela responder, o que lhe deu tempo de esquivar-se daquelas garras e mover-se mais para trás enquanto aguardava o seu visor terminar de analisar a radiação que tinha emitido antes ao redor.
     "- Acho que tenho o mesmo problema que você.. aquele malviano está aqui e já me deixou alguns vergalhões."
     - Precisa de ajuda?
     Novamente precisou aguardar, o que lhe foi bom pois o klartiano decidiu ser mais agressivo. Bem, pior para ele. Não fosse o fato de precisar tomar cuidado com o fato de Prismey poder estar por perto, já podia ter terminado aquela luta.
     "- Não. É Joynah. Ela ficou de recuperar as comunicações e ela conseguiu. Mas não consegui falar com ela de novo, mas sei que ela tentou falar comigo. Ela também não responde ao.. – houve uma nova pausa, provavelmente ela estava esquivando-se do seu oponente – ao.. ao elo. Venus disse-me que ela pediu ajuda pois tinha ficado sem as asas. Pode ver onde ela está?"
     Que ótimo... no meio de uma luta e Lita estava mais preocupada com a filha. Certo, ele também estava, mas tinha que cuidar de certas prioridades – manter a cabeça nos ombros era uma destas, e portando ele dobrou o corpo para deixar aquelas garras longe de seu pescoço – e iria ser difícil usar seus sentidos agora. Mas podia ter uma breve pausa.
     Concentrando gravidade em ambas as mãos ele fez uma bater na outra, gerando uma grande onda de choque que deixou seu oponente atordoado o bastante para nem perceber um punho acertar sua barriga o mandando longe. Aproveitou a oportunidade para tentar determinar onde estava sua filha, mas não conseguiu. Como estava transformada em sailor só podia sentir o seu poder, e não estava sentido este. Arriscou concentrar-se mais e o notou muito fraco.
     - Ela esta fraca. Difícil dizer onde ela está agora. Mas a princesa e Diana estão indo na direção dela.
     Ela não respondeu mais. Só o fato de a princesa estar indo para lá já a deve ter tranqüilizado um pouco. Ou então o malviano estava atrapalhando ela mais ainda. Seja como for, não havia nada que ele ou ela pudessem fazer pela filha agora. Sabiam muito bem o preço possível que poderia ser pago pelas filhas serem sailors, mas se a mãe das mesmas era incapaz de parar com isso, era impossível pedir a elas que parassem.
     Seu visor terminou de analisar a radiação da região e não detectou nada de anormal. Pelo menos nada que pudesse ser considerado anormal em primeira analise. No entanto havia uma região ali que não foi esquadrinhada. Ele virou o visor para ela e tentou uma nova analise, mas nada foi detectado.
     Ele percebeu que naquela área na verdade não havia nenhuma emissão radioativa, portando algo estava bloqueando isso. Era lá que ela devia estar. Controlando a luta ele foi movendo-se naquela direção, até que súbito sorriu levemente para o klartiano.
     - Hora de acabar com essa preliminar – disse ele flutuando e parando há cinco metros de altura.
     O klartiano não lhe deu atenção e saltou para tentar atingi-lo, exatamente como esperava. Usando seu controle sobre gravidade ele forçou o klartiano a virar de costas e prendeu sua mão nas costas deste. Logo em seguida ele concentrou gravidade na sua outra mão e desferiu um poderoso soco arremessando-a há varias dezenas de metros de altura. Logo em seguida ele se virou cruzando os braços e bloqueando o golpe de uma – agora – impressionada Prismey que tinha pensado que ia conseguir pega-lo de surpresa.
     - Senti sua falta – disse ele abrindo os braços rapidamente, forçando ela a fazer o mesmo e desferindo uma potente joelhada na barriga dela. Logo em seguida ele acertou o rosto dela com um soco que a jogou no chão, abrindo uma cratera neste.
     Aquela luta titânica que sailor Netuno tinha presenciado na véspera iria se repetir, desta vez bem mais próxima da cidade.
    

-x-

 

     Não foi a melhor de suas idéias. Quer dizer, não foi sua idéia, ela simplesmente foi atrás da sailor e do youma.
     E com um sorriso nos lábios.
     Iria entrar numa luta, ao lado de uma sailor e de quebra deixar seu irmão e a namorada deste se mordendo de inveja.
     Mas encarar centenas e centenas daquelas criaturas já era um pouco demais. Já tinha usado mais golpes, socos e raios elétricos do que em toda a sua vida, E eles não paravam de vir.
     Adorava lutar, e isso desde criança. Coisa de jovianos como dizia sua mãe... Mas aquilo já estava alem da conta.
     E o youma não parava de pular e pular em cima daquelas coisas. Parecia que ele simplesmente não podia evitar de atacá-los. Claro, ainda tinha que agüentar a sailor fazendo algumas das coisas mais estranhas que já tinha visto alguém fazer no meio de uma luta, como pedir licença para atender uma ligação, reclamar que estava fazendo muito barulho na luta... mas o pior foi pedir licença para deixar uma mensagem gravada dizendo que estava ocupada e não poderia atender ninguém!
     Pelo menos, após um longo tempo apenas atirando para todos os lados ela podia ver mais claramente onde estavam. Era uma grande sala circular com uma plataforma ao centro. Na verdade parecia ser o centro de alguma construção grande, bem grande. A uma distancia de cinco metros – e isso em todas as direções – ela podia ver algo parecido com prateleiras circundado todas as paredes do local. Eram destas prateleiras que as criaturas saiam. Um monte de cada vez indo para cima deles. Talvez fosse hora de destruírem isso para ver o que acontecia.
     Já tinham destruído toda a plataforma mesmo...
     Apontando ambos os braços na direção de uma daquelas prateleiras, ela lançou um grande e potente raio que não só vaporizou as criaturas que vinham em sua direção como atingiu a prateleira e...
     Um estrondo ocorreu ali, bem como uma reação em cadeia em pelo menos duas outras prateleiras. Simplesmente explodiu destroçando as criaturas ao redor e jogando ela, a sailor e o youma ao chão.
     Era a pior coisa que podia ocorrer. Em um segundo ela sentiu suas mãos serem agarradas pelas criaturas, bem como suas pernas, cabelos, corpo... estava sendo agarrada por todos os lados e imobilizada assim. Ela era forte como sailor Europa ou Calisto, mas não podia fazer muito naquele momento exceto gerar eletricidade e observar duas criaturas a agarrem para cada uma que era destruída.
     Foi uma grande idiotice fazer aquilo.
     - Miranda! – gritou ela enquanto nenhuma daquelas coisas não agarrava sua boca – se você não puder fazer nada, foi um prazer lutar ao seu lado... quer dizer.. mais ou menos...
     Ela sentiu um calor vindo da direção onde Miranda estava. Depois uma luz veio da mesma direção. A sailor devia estar fazendo alguma coisa. Tomara, porque ela se sentia como uma múmia com tanta mão meio em forma de tentáculo a agarrando.
     - Prisma de Miranda – ouviu ela gritar.
     Alguns momentos depois ouviu um uivo desesperado – era do youma – junto com o som de garras estraçalhando as criaturas, e vinha na sua direção. Logo ela o viu abrindo caminho pelo mar de criaturas negras. Mas ficou evidente que ele não estava vindo propriamente libertá-la. Assim que ele abriu espaço suficiente, simplesmente se agarrou nela, abraçando-a com os braços e pernas, como uma criança apavorada.
     Considerando o quanto estava tremendo, ele estava apavorado. Pelo menos ela ficou com uma mão livre. Usando esta mão ela conseguiu libertar o resto de seu corpo e logo percebeu o que tinha apavorado o youma.
     A uma pequena distancia um tipo de diamante se erguia. Mas não era um diamante. Era a sailor Miranda. Estava com os braços abertos de seus dedos saiam raios de luz que se entrelaçavam ao redor de seu corpo dando aquela foram de diamante. De cada face deste diamante um raio era emitido, que causava uma explosão quando atingia algo.
     E não parecia que ela conseguia direcionar aquilo... era algo que afetava a área ao redor. Com os olhos arregalados, Maya saiu correndo em direção ao local que tinha explodido poucos segundos antes. Havia uma passagem ali agora, e talvez fosse o único local seguro, pois atrás dela explosões estavam sendo ouvidas.
     Assim que chegou ali, ficou estupefata e de boca aberta. A perder de vista havia um longo corredor com prateleiras de ambos os lados. Em cada prateleira havia centenas de pequenas bolas prateadas. Olhando para o seu lado ela viu o que era aquilo.
     Eram as criaturas. Talvez em sua forma de armazenagem – ou descanso. Soube disto porque olhando para a sua direita ela podia ver como funcionava uma daquelas prateleiras que circundavam a sala onde estava antes. As bolas prateadas caiam dentro de gavetas, um tipo de luz era emitida nelas e as criaturas simplesmente surgiam das bolas, como se fossem balões sendo inflados de ar. Considerando que o corredor que podia ver perecia não ter fim, o exercito do inimigo era realmente a perder de vista.
     - Ahhh – fez ela quando Demetrio apertou suas garras nas suas costas. O som de explosões estava maior e virando-se para trás ela viu sailor Miranda flutuando no meio da sala literalmente destruindo tudo por ali. Já podia ver que haviam vários buracos no chão – tinha um andar abaixo de onde estavam – e alguns no teto também. Das criaturas, nenhuma delas conseguia se mover mais de alguns centímetros após serem formadas.
     Vendo que aqueles raios estavam começando a se aproximar dela, ela correu pelo corredor com Demetrio ainda agarrado como se fosse uma criança, tentando obter uma distância segura.
     Ouviu vários estrondos metálicos atrás dela, bem como um som alto e agudo, típico de vigas se curvando. Olhou para trás para avaliar a distancia e tropeçou caindo no piso. O youma deu um grito de protesto pela queda no chão, mas continuou agarrado nela. Devia ser instintivo. Ele sentiu o que a sailor iria fazer e então procurou proteção. Olhando para o corredor notou que este se inclinava para cima.
     Um som na prateleira do lado lhe chamou a atenção. Aquelas esferas estavam batendo na borda desta. A prateleira estava sendo inclinada...
     Na verdade, não era o corredor que se inclinava para cima, ele estava se inclinando para baixo, para onde a sailor estava destruindo tudo. Ela... ela devia ter acertado as colunas que sustentavam o andar e agora este estava desabando. Isso explicava o som de metal sendo dobrado.
     - Miranda! – gritou ela – pare!
     Não soube se ela parou, ela começou a escorregar em direção a sala de onde correra antes. Tentou se agarrar nas prateleiras, mas estas também estavam caindo. Uma impressionante cacofonia de sons começou a ferir seus tímpanos enquanto ela escorregava sem controle. Percebeu que pelo menos um deles era do youma gritando do lado de sua orelha.
     Ela chegou na sala e caiu por um grande buraco nesta. Fez o que qualquer um faria nesta situação. Fechou os olhos e aguardou que tudo aquilo acabasse. Após um longo período de sons de coisas quebrando, tombando, rolando e se partindo, foi invadida pelo silencio, exceto o de água correndo.
     Água?
     Abriu os olhos e olhou ao redor. Ela e o youma estavam salvos, e cercados de destroços por todos os lados. Olhou para cima e viu que não fora apenas um andar, mas cinco! Miranda destruiu cinco andares, abrindo um buraco que fez quase tudo desabar ali. Sentia-se no meio de uma cratera.
     Também sentia o cheiro de maresia. Olhou para a água que jorrava do teto e viu esta se acumulando no chão. Pos o dedo nela e experimentou.
     Água salgada.
     Percebeu que o youma parou de apertar suas costas com as garras, e olhava calmamente ao redor. Ainda tremia – ela estava tremendo – mas estava bem. Quando se levantou viu sailor Miranda um pouco afastada, com o dedo na boca e um pouco encabulada.
     - Miranda! – chamou ela irritada – sei que era uma situação desesperada, mas não acha que exagerou?
     - Desculpa... foi a primeira vez...
     Primeira vez? Ela...
     - Como assim primeira vez?
     - Bem... estava desesperada para fazer algo para nos salvar e... me veio a mente fazer aquilo.
     - Pode fazer isso de novo?
     - Claro – ela sorriu quer que eu faça agora?
     - Não! – gritou o youma assustado.
     Só então ela notou que seu visor estava bipando. E pelo visto, já fazia alguns minutos. Alguém estava desesperado para falar com ela. Quando atendeu precisou tirar o visor do lugar com a mão e manter o emissor sonoro longe de seus ouvidos. Sumire estava uma fera – para dizer o mínimo – pelo tanto que gritava.
     Agora iria precisar esperar uns cinco minutos para que ela parasse de gritar e começasse a ouvir. Mas considerando tudo, um sorriso começou a se formar em seu rosto. Ela estava lutando ao lado das sailors, com a permissão de sailor Venus e Sumire tinha que engolir aquilo.


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