Herança escrita por Janus


Capítulo 3
Capítulo 3




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/43095/chapter/3

     - Oitenta anos presa em outra dimensão... – repetiu a rainha, ainda com dificuldade para acreditar – enfrentando sozinha aquelas criaturas.
     - Elas são bem fracas comparadas a nós – disse Netuno – a prova é que até as crianças conseguem enfrenta-las com relativa facilidade. Mas os generais são muito poderosos, segundo o que ela disse. E, ela não estava sozinha. Estava junto com outros, que estavam lutando contra os dominadores.
     Sailor Saturno tinha desaparecido no planeta Kinmokusei, quando, a pedido da rainha, tinha ido ajuda-los quando estranhas criaturas – muito parecidas com as que os estavam perturbando agora – começaram a aparecer por lá. Segundo as Starlights, ela tinha perseguido e empurrado as mesmas de volta até um círculo negro no chão, que desapareceu quando ela entrou por ele. Ela nunca mais foi vista desde então.
     Agora sabiam onde ela tinha estado. E, ao saber de tudo o que tinha passado, era difícil evitar que lágrimas viessem aos seus olhos. O coitadinha tinha sido torturada muitas vezes, física e mentalmente, para que revelasse sobre o seu planeta de origem e suas defesas. Conseguiu fugir quando a quantidade de criaturas daquela dimensão diminuiu bastante – obviamente, eles tinham vindo para a Terra, pelo portal da Lua – sendo ajudada pelos que tentavam defender o seu mundo e roubando a nave de um dos generais, escapando por uma fenda que se abriu novamente na Lua. As criaturas não puderam segui-la pois não podem sobreviver sem oxigênio.
     Mas ela tinha ficado muito ferida. As marcas de garras em seu corpo claramente mostravam o quanto ela tinha sofrido. Cicatrizes mais antigas também eram forte evidência das torturas que tinham lhe aplicado.
     - Ela sabe quantos generais são?
     - Ela viu sete. Pode ser que hajam mais – respondeu Vênus.
     - Provavelmente existem mais – disse Lita, que raramente se transformava nas reuniões, assim como Amy.
     Era uma situação muito problemática. Eles já tinham sido invadidos por milhares daquelas criaturas sombrias. No entanto, fora alguns ocasionais incidentes, não tinham feito absolutamente nada para atacar. Também não viram nenhum general, com exceção daquele que as juniores combateram na Lua, e que estava desaparecido desde então.
     - Cheguei tarde?
     - Sohar! Por favor, entre. Setsuna me disse que talvez você saiba de algo sobre estas criaturas.
     - Eu? – ele ficou confuso – garanto que nunca vi nada parecido antes delas aparecerem na Lua.
     Ele andou até se aproximar da mesa ocupada pela rainha, Netuno, Vênus e sua esposa. Ficou ao lado de Lita, mas não fez menção de se sentar.
     - Sim, você disse isso, mas algo que Saturno nos contou chamou a atenção dela.
     - Por falar nisso, como ela está?
     - Está melhor – respondeu Lita – e começa a se recuperar. Amy está com ela, estudando como ela está reagindo ao coquetel de anticorpos que ela criou para ajuda-la a combater a infecção em suas feridas. É isso que está impedindo que seu corpo se recupere. Se tivesse voltado ao normal, já estaria morta.
     - Infecção? – perguntou ele pensativo – em uma sailor?
     - Parece que o que usaram para... – Netuno olhou para a rainha antes de prosseguir – feri-la, era impregnado com um tipo de bactérias que expelem veneno, que incapacita as defesas do corpo, e mata a pessoa lentamente, impedindo as feridas de cicatrizar.
     - Klartianos – murmurou ele.
     - Exatamente – disse a rainha – foi o que Setsuna também disse. Sohar – ela o encarava seriamente agora – segundo o relatório que vocês fizeram, na Lua, aquela criatura tinha se identificado como um dos generais de Klarta.
     - E eu disse que os klartianos estão extintos. Pelo menos – ele abaixou a cabeça - deveriam estar. O planeta deles foi destruído quando a cidade espacial do reino dourado caiu em sua superfície.
     - Como? – perguntou Netuno não entendendo – que cidade é essa?
     - História antiga – disse ele sem a olhar – esta cidade foi onde nasceram os guerreiros estelares, os mesmos que você e Amy andam estudando ultimamente. Eles tentaram ajudar o planeta Klarta e... perderam. A cidade espacial ficou sem controle e colidiu com o planeta, a explosão resultante deixou sua superfície inabitável.
     Netuno ficou pensativa, com a mão esquerda no queixo.
     - O que sabe sobre eles? – perguntou a rainha.
     - Que eram um povo pacífico, e pediram ajuda a cidade dourada contra um inimigo que queria conquista-los. A batalha durou anos, o bastante para muitos de seus cidadãos aprenderem a lutar e se tornarem tão sanguinários quanto os seus inimigos. Talvez alguns tenham conseguido escapar, mas nunca mais se soube deles.
     - Aquela criatura na Lua era desta raça?
     Ele ficou pensativo, se esforçando para se lembrar da imagem que tinha visto, da criatura com corpo humano e cabeça de tigre.
     - Talvez... eles eram praticamente felinos em forma humana, com garras extremamente afiadas e resistentes. Durante a guerra, um seleto grupo foi desenvolvido para ser muito mais mortal, com glândulas na base das garras que geravam uma poderosa toxina. Que eu saiba, todos foram mortos antes do fim do planeta – ele abaixou a cabeça – eu os vi morrer. Aquela criatura na Lua era um pouco diferente, mas pode ser um de seus descendentes.
     - Por que não nos contou isto antes?
     - Isso foi há mais de dois mil anos, querida. Eu realmente não tinha associado uma coisa a outra. E, mesmo agora, não consigo ver relação. Os klartianos eram aliados e bons amigos. Acho difícil aceitar que sejam nossos oponentes, agora.
     - Talvez... sejam apenas um pequeno grupo, que não represente realmente os interesses da raça.
     - Ou então, apenas um traidor. – comentou Vênus - Quando Saturno estiver mais forte, poderá nos contar mais coisas. Até lá, temos de trabalhar com o que temos. Quais as capacidades dos klartianos?
     - Grande habilidade e agilidade física. Nenhum poder mágico que eu saiba. São excelentes para agir furtivamente e atacar de surpresa. E, se realmente quiserem, podem ser mortais.
     - Saturno pode comprovar isto – disse Netuno.
     - Ela disse quantos desta espécie viu?
     - Não – respondeu ela – mas disse que os outros generais eram de raças diferentes. Segundo ela, um deles era da mesma raça que Artemis e Luna. Tinha uma longa cauda, e podia assumir uma forma felina. Mas os que a ajudaram disseram que foi esta raça quem primeiro os invadiu.
     - Deve ser o mesmo que viram na Lua. Saturno disse que já fazem anos que ele partiu, no último esquadrão que conseguiu atravessar o portal negro.
     - Então deve ser ele quem está escavando nos locais em que as criaturas negras são vistas – murmurou – mas o que está procurando?
     - Ainda não sabemos.
     Um blip começou a tocar. Lita pressionou um botão na mesa e uma tela holográfica surgiu em seu centro. Era Amy.
     - Tenho boas notícias – disse ela sorridente – Hotaru vai se recuperar. O tratamento está funcionando e, em breve, ela poderá voltar ao normal. Mas vai ficar muito incapacitada para falar pelos próximos dias.
     - Obrigada Amy – disse a rainha sorrindo – foi a melhor notícia de hoje.
     - Nós temos um outro problema – disse Urano aparecendo na imagem – a notícia de que ela retornou já está se espalhando. Se a criatura que atravessou o portal da Lua for a mesma que a torturou antes, provavelmente irá tentar matá-la para que não nos conte o que sabe. É melhor leva-la para a enfermaria do castelo. Será mais fácil protege-la lá.
     - Ela tem razão – disse Sohar – se é um klartiano, ele poderá fareja-la. Não poderemos esconde-la dele. A melhor opção é deixa-la no local mais seguro possível. Amy! – ele chamou por ela na imagem – podemos remove-la agora?
     - Não seria aconselhável – respondeu ela – é melhor esperarmos algumas horas primeiro.
     - Urano – chamou Vênus – prepare algo para podermos move-la com rapidez, se for necessário. Qual a distância máxima que ele poderia fareja-la?
     - Oitenta quilômetros – respondeu Sohar com um sorriso amarelo – se ele estiver por aqui, já deve tê-la identificado. A única forma de despista-lo seria ela voltar ao normal.
     - Ela morrerá se fizer isso agora – disse Amy pela tela.
     - Então, vamos colocar segurança máxima para ela – disse Vênus – com quatro sailors como segurança extra, duas dentro do quarto, e duas vigiando a porta e a janela deste.
     - Já tem duas aqui dentro – disse Amy sorrindo.
     - Eu vou para lá agora – disse Lita, eu fico na porta.
     - Então, eu vigio a janela. Sohar...
     - Eu não prometo nada Michiru, mas vou tentar deixar as crianças afastadas. Mas Anne, Joynah e Serena já estão praticamente no nível de vocês. E garanto que vai ser difícil evitar que duas sailors que podem voar entrem lá de surpresa.
     - Nesse caso, elas podem visita-la – disse a rainha – mas terão que estar transformadas. E eu quero que você esteja junto, apenas para garantir que elas não cometam erros. As outras, estão proibidas de entrar no hospital. E isto é uma ordem!
     - Tudo bem, vou me encontrar com elas na saída da escola.
     - Peça para Allete colocar um aviso no restaurante – disse Lita – vamos ter de ficar fechados hoje.
     - Eu peço.
     Eles trocaram um rápido beijo e saíram. Lita se transformou logo depois, e seguiu para o hospital, junto com sailor Netuno. Sailor Vênus foi acionar o exército para que colocasse homens vigiando todo o andar em que Saturno estava, e também o superior e inferior.
    

-x-

 

     - Nossa! Isso é que é paranóia! Onde já se viu... revistar uma sailor?
     - Para de encher Titã – disse sailor Terra – o pior foram o que fizeram com o lanche que eu trouxe para ela.
     - Continua gostoso – disse sailor Moon.
     - TIRA A MÃO DAÍ! – gritou ela, dando um tapa na sua mão que quase a fez perder o equilíbrio.
     - Ai! Não precisa ser tão bruta! Quase arrancou a minha mão.
     - Já chega vocês três – disse Sohar encostado na porta, ao lado de Júpiter – podem entrar, ela está um pouco desperta, mas está grogue pelo tratamento.
     - Como é que não te revistaram?
     - Há... ele foi revistado sim – disse Júpiter fazendo um carinho na sua face – meticulosamente...
     As meninas apenas fizeram sons de "hums"... encabulados. Abriram a porta, e, após alguns momentos encarando sailor Urano, entraram no quarto. Saturno estava do mesmo jeito que durante a manhã. Deitada de costas na cama e ainda estava transformada. Mas havia uma diferença. Os arranhões em seu rosto estavam bem melhores. Do lado direito do quarto, Titã viu o guarda roupa aberto, com a roupa de sailor Saturno pendurado neste. Os rasgos nesta a deixaram muito perturbada. Era como se cinco facas pontiagudas fossem usadas para faze-los.
     - Hotaru... surpresa! – disse sailor Moon.
     - Oi – murmurou ela com um sorriso – estudaram bastante?
     - Para falar a verdade, depois que me contaram que você voltou, nem me incomodei mais com isso.
     - E... quem é você?
     Ela se sentou na cama, ao seu lado. Sorriu amavelmente e, pensando em como contar, ficou um tempinho em silêncio.
     - Sou a menina borboleta.
     - Joynah... eu não acredito... até você? Me digam uma coisa... quem não é sailor agora?
     - A Diana – respondeu sailor Moon. Até os rapazes agora atuam com a gente. São os cavaleiros de Marte.
     - Não se esqueça de Chibi Moon – lembrou sailor Terra.
     - Quem?
     - Minha irmã, Hotaru. Muita coisa aconteceu enquanto você estava fora.
     - Estou... vendo.
     - Eu trouxe uns bolinhos nutritivos para você. Me disseram que você está fraca e que precisa de muita energia. E que a comida daqui é horrível.
     Ela abriu o pacote, e vários bolinhos ficaram a mostra. Estavam desarrumados, devido ao guarda tê-los inspecionado um a um, mas ainda tinham uma aparência ótima.
     - É o especial do papai. Você vai adorar.
     - Obrigada... mas... não estou com fome agora...
     - Não senhora – disse Mercúrio que permanecia sentada na cadeira do outro lado da cama, observando seus sinais vitais no aparelho – pode ir comendo. São ordens médicas!
     - Já que insiste... vou experimentar apenas um.
     Ela pegou um dos bolinhos de arroz e peixe com uma certa dificuldade. Experimentou um pequeno pedaço e, assim que sentiu o gosto, deve ter percebido que devia estar com muita fome, pois começou a morder mais um pedaço, e outro, e outro... até acabar com ele.
     - Nossa! – disse ela omitindo uma expressão de dor, por ter se movido muito depressa – que delícia. Joynah... agora acredito que é você mesma. Me dá mais um?
     Joynah pegou outro bolinho e o colocou na mão dela.
     - Fala a verdade – cochichou sailor Moon no seu ouvido – você se transformou para fazer estes...
     - Claro – cochichou de volta – Mercúrio disse que ela não estava comendo, e que era minha obrigação faze-la ingerir algo. Fiz tudo o que me era possível.
     Durante dez minutos, uma feliz sailor Mercúrio, e uma não menos satisfeita sailor Urano, observaram a fraca paciente comer toda a caixa de bolinhos. Isso iria sem dúvida ajudar na sua recuperação, já que estes mesmos bolinhos estavam recheados com alto teor nutricional, que Amy tinha dado para Joynah disfarçar o gosto ruim. A idéia tinha dado tão certa que ela já estava pensando em pedir Joynah emprestada para Lita para que esta fizesse algumas receitas de comidas nutritivas para os seus pacientes.
     - Estou cheia! – disse ela sorrindo.
     Curiosamente, ela parecia bem melhor. Assim como qualquer sailor, qualquer comida ingerida era rapidamente convertida em energia e vigor – logicamente não de forma tão violenta e absurda como ocorria com a sailor Terra – e era com isso que Mercúrio estava contando. Se desse tudo certo, pela manhã ela já poderia ser removida, e, em mais dois ou três dias, já estaria fora da cama.
     Surpreendendo a todas, Saturno se sentou na cama, espreguiçando-se. Seu avental de paciente se abriu um pouco, e as crianças puderam ver as marcas no lado direito do seu corpo. Ainda estavam com pontos e os cortes – provavelmente um pouco profundos – ainda estavam negros em suas bordas. As três ficaram em silêncio quando viram aquilo.
     - Obrigada, meninas. Já me sinto bem melhor. Então as crianças são todas sailors agora... imagino o que vocês devem estar passando – disse olhando para Mercúrio e depois para Urano.
     - Olha só quem fala... você não é tão adulta assim. Ainda parece ter dezessete anos.
     - E tenho – ela sorriu – E vocês? Em que idade resolveram parar agora?
     - Dezesseis – disseram sailor Moon e Terra.
     - Quatorze – disse sailor Titã.
     - É... – riu ela - acho que ainda posso ser encaixada com as crianças...
     - Está bem o bastante para nos contar o que aconteceu com você? – perguntou Urano.
     - Sim, acho que sim. Ainda sinto muita dor no corpo, em especial no fígado, mas acho que posso falar um pouco. Pelo menos, um resumo.
     - Comece dizendo que raio de missão é esta que você diz que terminou!
     - Calma Serena, esta missão foi algo que eu mesma me impus, quando fiquei presa em outra dimensão. Mas, primeiro, alguém pode me arranjar um copo de água?
     Sailor Mercúrio prontamente lhe deu o copo que estava em um criado mudo ao lado da cama. Ela bebeu devagar, e, após se acomodar melhor, começou sua história.
     - Bem, eu fui enviada pela nossa soberana ao planeta Kinmokusei, para auxilia-los em um incidente de estranhas criaturas negras que estavam aparecendo por lá. Junto com as Starlights, persegui um grupo destas por um portal negro, e, quando me dei conta, estava presa do outro lado, em um planeta estranho, e com centenas de milhares daquelas criaturas me atacando. Eu resolvi fazer o única coisa possível. Destruir o planeta.
     - Mas... se fizesse isso...
     - Eu sei princesa, mas não havia escolha. Um planeta cheio de criaturas malignas como aquele, não merecia outra coisa. Mas conseguiram me subjugar antes disso.
     Ela abaixou a cabeça, e se abraçou, tremendo um pouco. Devia estar se lembrando do que passou nas mãos daquelas criaturas.
     - Foi quando eu conheci os líderes deles, os responsáveis, os sete generais de Klarta.
     - Klarta? – perguntou sailor Terra – mas... não foi isso que nós...
     - Shhhh! – disse Mercúrio – continue, Saturno.
     - Não sei quanto tempo fiquei prisioneira, mas eles estavam muito curiosos comigo. Um deles em especial ficou me perguntando se eu era a sailor Terra ou parente dela...
     - Sailor Terra? – perguntou Titã olhando para a sailor Terra do seu lado.
     - Sim, insistiram muito nisto.
     - Eu sou a sailor Terra.
     - Você? – ela ficou intrigada – que estranho.
     - Acho que entendo – disse Titã pensativa – acho que a primeira sailor que deve ter existido foi a sailor Terra. Depois é que apareceram as outras, quando o Milênio de Prata na Lua foi fundado pela rainha Serenity. Nesta época, a primeira sailor Terra já devia estar... bem, acho que já tinha morrido.
     - E eu sou sua sucessora. O broche dela me escolheu.
     - Esses generais talvez a tenham enfrentado, e, ao ver você vestida de forma parecida, acharam que devia ter alguma relação.
     Saturno ficou olhando para elas, mas não disse nada. Parecia muito pensativa. Muito mesmo.
     - Hotaru? Tudo bem?
     - Sim... apenas lembranças desagradáveis. Sabe... eles sabiam como torturar. Sabiam bem como usar as garras que tinham. Por várias vezes, me faziam cortes profundos, que doíam muito e custavam demais a se curar. Eu não teria resistido muito tempo se a resistência não tivesse me resgatado.
     - Resistência?
     - Sim, sailor Urano, resistência. Um grupo de habitantes naturais do planeta que tentavam salvar o seu mundo dos invasores. Eles conseguiram me resgatar, e eu fiquei lutando ao lado deles desde então. Sempre tentando encontrar uma forma de me comunicar com vocês, mas não havia jeito. Foram décadas assim, lutando, apenas causando danos pequenos em suas forças, nada muito grande. Éramos mais moscas que incomodavam do que ameaça propriamente.
     Ela fez uma pausa e tomou mais um gole de água.
     - Só que acabei sendo capturada novamente, coisa de dois ou três anos atrás. E, desta vez, não pude resistir. Acabei contando sobre o Milênio de Prata e das sailors, e de tudo o que enfrentamos, incluindo Caos. Foi quando eles subitamente mudaram de tática.
     - Como assim?
     - Eles começaram a perder o interesse naquele planeta. Conseguiram arrancar de mim a informação sobre o portal da Lua e depois de abrirem um portal negro, começaram a enviar levas e levas de criaturas através dele. Na verdade, a maioria delas tinha passado quando fui resgatada novamente pelos meus amigos. Não sei bem o que aconteceu, mas quando um dos últimos generais partiu, eles se voltaram novamente para tentar reconquistar o planeta, mas seu número já estava bem reduzido, e começamos a vence-los. Tivemos uma luta feroz com o último general que ficou por lá. Nós vencemos, mas ele conseguiu me deixar algumas lembranças - ela tocou nos seus ferimentos quando disse aquilo – depois disto, eles me disseram que eu deveria voltar e avisar vocês. Eles poderiam reconquistar o mundo deles, agora que não havia mais nenhum daqueles generais por lá. Assim, me ajudaram a roubar uma nave e a fugir pelo portal negro, que reabriram na Lua. E então, a última coisa que me lembro foi de acordar nesta cama, com sua mãe sorrindo para mim.
     - Então os outros seis generais vieram para cá?
     - Acredito que sim.
     - E como são eles?
     - Dois deles são um tipo de tigre em forma humana. Na verdade, um dos que faziam parte da resistência era como eles, mas não tinha as mesmas capacidades. Seu nome era Torguer – ela sorriu ao dizer isso – um bom amigo...
     - Hum... – disse sailor Moon com um sorriso.
     - Não é o que você está pensando – disse ela séria – bem, no começo até que foi... mas não continuamos. Éramos de mundos diferentes, como você e Hélios.
     - É... ainda tenho saudades dele.
     - E os outros quatro? Como são?
     - Um deles parece ser como Luna e Artemis. As outras duas são mulheres. Parecem humanas comuns, mas são muito cruéis e mortíferas. O último, eu não sei dizer. Nunca o vi claramente.
     - Sabe porque eles se entitulavam generais de Klarta?
     - AII! NÃO FAÇA ISSO SAILOR NETUNO!
     - Desculpe...
     Netuno tinha aparecido na janela do quarto. Estava vigiando do lado de fora, em cima do beiral do prédio.
     - Não – respondeu rindo – não sei. Ai! Essa risada doeu...
     - Qual será a ligação? – murmurou ela.
     - O que disse?
     - Nada. Apenas estou pensando alto, Terra.
     - Com licença? – disse Júpiter abrindo a porta – mas é hora de irmos. Vamos crianças, vamos embora. E nossos substitutos chegaram. A gente volta amanhã, sailor Saturno. Tente dormir um pouco.
     - Obrigada – disse ela.
     Todos saíram do quarto. Sailor Vênus e Plutão vieram e ficaram dentro do quarto, sailor Palla ficou na porta e sailor Ceres ficou vigiando a janela. Depois que ela escorregou e levou um tombo, trocou de lugar com a sua irmã. As outras Asteróid Senshi estavam no palácio, cuidando – melhor dizer, sofrendo – da pequena princesa, para evitar que a mesma fugisse para saber quem era aquela sailor que todo mundo estava comentando.
     - Vamos Joynah, deixe Hotaru descansar.
     - Sim senhor... err.. pai, mãe?
     - Sim querida?
     - Eu... estou com fome...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Herança" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.