Resident Evil: Experimento X escrita por Goldfield


Capítulo 5
Capítulos 13 a 15




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Capítulo 13

Las Vegas, Nevada, EUA.

É fim de tarde na “Cidade do Jogo”.

Um misterioso comboio de caminhões militares segue em alta velocidade pelas ruas do centro, despertando a curiosidade dos turistas. São dezenas, e todos possuem o mesmo símbolo na traseira: um crânio alado. A terrível organização Shadow Law mobilizava suas forças em território norte-americano...

Entre os misteriosos veículos havia também uma luxuosa limusine. Dentro, quatro dos homens mais procurados do mundo. O mais perigoso deles, Bison, encontrava-se sentado de frente para seus três principais capangas, os quais estavam acomodados à sua frente, separados por alguns metros de distância. Tal trio de asseclas era composto por Sagat, Vega e Balrog.

–         Muito bem, senhores... – murmurou o comandante da Shadow Law, voz sempre sinistra. – Espero que estejam preparados para defender os interesses de nossa organização esta noite! Las Vegas é o nosso centro de operações nos EUA, e se perdermos nossa influência aqui, nossos negócios em toda a América do Norte serão prejudicados! Por isso um fracasso como o ocorrido na Amazônia está totalmente fora de cogitação!

–         Mas e aquela tal gangue que surgiu recentemente, senhor? – indagou Balrog. – Creio que o nome dela seja “Mad Gear”. Eles estavam agindo em Metro City, na costa leste, porém agora também iniciaram atividades criminosas aqui em Las Vegas e...

–         Eu não quero nem ouvir falar nesses amadores! – exclamou Bison, enfurecendo-se repentinamente. – Se algum deles ousar entrar em nosso caminho, exijo que seja morto imediatamente, entenderam?

–         Sim, senhor! – responderam todos ao mesmo tempo.

Seguiram-se alguns instantes de silêncio. Bison olhou através de uma das janelas do automóvel, admirando as construções amplamente iluminadas da cidade, marca registrada de Las Vegas. Segundos depois, Sagat, ainda com curativos pelo corpo devido à desastrosa luta contra Carlos Blanka no Brasil, indagou ao superior:

–         Chefe, eu poderia lhe fazer uma pergunta?

–         Diga logo! – rosnou Bison.

–         O que pretende fazer com aquela jovem que o senhor capturou no complexo da Umbrella na Amazônia? Ela é integrante da temida Fox-Hound, não?

–         Tenho algo muito especial reservado para minha linda... – foi a resposta do cruel terrorista.

Numa academia de artes marciais localizada no centro da cidade, dois jovens lutadores treinam arduamente. Um chama-se Ryu Hoshi, nacionalidade japonesa, possuindo curtos cabelos castanhos e uma faixa rubra na cabeça. Veste quimono branco. Já o outro, de compridos cabelos loiros, é Ken Masters, filho de um milionário norte-americano, que por sua vez usa quimono vermelho.

–         Foi muito maneiro por parte dos seus pais lhe terem dado de presente de aniversário uma viagem para Las Vegas com tudo pago, não é, Ken? – exclamou Ryu circulando pela grande sala da academia, onde naquele momento apenas ele e o amigo se encontravam.

–         Bem, agora tenho vinte e um anos e portanto sou definitivamente dono do meu próprio nariz! – sorriu Masters. – Temos mesmo é que comemorar!

–         Enquanto todos vêm até esta cidade para jogar nos cassinos e assistir aos shows, nós somos os únicos a optar por passar o dia inteiro numa academia!

–         Você está certo, mas existe coisa melhor do que isso?

–         Com certeza não!

Concluindo tal afirmação, Ryu se aproximou de um saco de areia pendurado ao teto. Após passar alguns instantes se concentrando, o japonês atacou o objeto com uma fenomenal seqüência de socos e chutes. Ken se aproximou, dizendo em tom maroto:

–         Impressionante! Você acha que seria capaz de derrotar o Sagat?

–         Dizem que ele é o maior lutador do mundo, não é? – indagou Ryu passando uma das mãos por seus cabelos. – Antes de enfrentar alguém como ele, eu preciso aprimorar meu Hadouken...

–         Ora, seu Hadouken não é nada perto do meu ágil e poderoso Shoryuken! – desafiou Masters.

–         Quer lutar de novo, é?

Os dois amigos se colocaram um diante do outro em posição de combate, mas ao invés de partirem para a briga, começaram a rir de forma intensamente descontraída. Esses eram Ryu e Ken, dois inseparáveis e praticamente imbatíveis lutadores de rua...

Num modesto, porém espaçoso, carro de aluguel, uma família residente em Nova York que passava as férias em Las Vegas voltava de uma base aérea nos arredores da cidade, onde há pouco terminara um incrível show de acrobacias com aviões. Os pais encontravam-se acomodados nos assentos da frente, enquanto os dois filhos, mais precisamente um casal, estavam na parte traseira do veículo.

–         E então, crianças? – perguntou o chefe da família. – Gostaram do espetáculo?

–         Hei, não me chame de criança! – reclamou o garoto. – Já tenho treze anos de idade, sou um adolescente!

–         Adolescente ou “aborrescente”? – riu a irmã caçula, que recentemente completara sete anos.

Em resposta, o jovem puxou os cabelos da menina, que gritou em protesto:

–         Mãe, o Chris está me incomodando de novo!

–         Filho, deixe a Claire em paz! – repreendeu a mãe.

–         Vocês vivem protegendo-a só por ser a caçula! – argumentou Chris. – Não viram que ela me chamou de “aborrescente”?

–         Ora, ela estava apenas brincando! – respondeu o pai.

Claire mostrou a língua para o irmão, que cruzou os braços, irritado. Para acabar com aquele clima de conflito fraternal, a mãe dos dois repetiu a indagação feita antes pelo marido:

–         Voltando ao assunto, gostaram do show?

–         Eu adorei! – exclamou o garoto, entusiasmado. – Aqueles pilotos são incríveis! O que eles fazem no comando daqueles caças é simplesmente inacreditável! Vou entrar para a Força Aérea assim que atingir idade suficiente!

–         Pois saiba que eu nunca voarei em qualquer avião que você pilotar! – zombou Claire.

–         Pelo menos eu não quero andar sem rumo numa moto por aí que nem você, sua imbecil! – contra-atacou o “aborrescente”.

–         Parem já vocês dois! – ordenou o pai.

E assim o carro prosseguiu na direção do hotel no qual a família Redfield estava hospedada...

Na mesma base aérea onde ocorrera o show, um jato chegava naquele exato momento, vindo da América do Sul. Enquanto a aeronave taxiava pela pista, o comandante das instalações, coronel Robert Court, se dirigia até ela num jipe para receber os recém-chegados.

Assim que o avião parou, saíram dele o major Campbell, Guile, Nash, Barry, Vulcan Raven e Decoy Octopus. Eles caminharam até o chefe da base, o qual saudou-os:

–         Olá, sejam bem-vindos a Las Vegas, senhores!

–         Infelizmente não estamos aqui a passeio, coronel! – murmurou Campbell. – Existem fortes indícios de que a Shadow Law está agindo por aqui, passamos maus bocados ontem no Brasil por causa das ações dela!

–         Vocês têm dois jipes e um helicóptero à disposição! O Departamento de Polícia nos informou que alguns caminhões suspeitos foram vistos no centro da cidade há alguns minutos! Parece que Bison já deu as caras...

–         Isso significa civis em risco! – afirmou Nash em tom preocupado. – Coronel, se for possível, contate a polícia e peça que coloquem as equipes da SWAT em estado de alerta. Também gostaria que o senhor deixasse alguns caças disponíveis, em caso de emergência!

–         Caças? – surpreendeu-se Court. – Vocês querem iniciar a Terceira Guerra Mundial no meio de Nevada?

–         Quando se trata de Bison, sempre é uma guerra! – respondeu Guile mordendo os lábios. – Quanto mais preparados, melhor!

–         OK, verei o que posso fazer... Aqueles soldados os levarão até os jipes! Boa sorte na operação!

Nisso, dois oficiais se aproximaram, seguindo na direção dos veículos mencionados pelo coronel. A equipe de Campbell os acompanhou, enquanto Barry, pensativo, olhava para o céu azulado daquele início de noite. Percebendo a atitude do colega, Decoy perguntou:

–         O que há, Burton?

–         Minha mulher sempre quis que nossa lua-de-mel fosse aqui em Las Vegas, porém nunca pudemos bancar uma viagem para cá... Agora, quem diria, eu estou na “Cidade do Jogo”, mas para caçar uma organização terrorista ao invés de me divertir! A vida sempre nos prega peças!

–         Não se preocupe, garanto que esta noite será repleta de diversão!

Em seguida os dois subiram num dos jipes, os quais sem demora partiram velozmente na direção da cidade. Seus ocupantes não tinham tempo a perder.

Capítulo 14

Wesker quebra a cara.

Os infinitos pinheiros que cobriam as montanhas Arklay, situadas a noroeste da pacata Raccoon City, podiam ser vistos através da janela do helicóptero. Acomodado num dos assentos da aeronave, Albert Wesker, após fitar a floresta californiana, começou a contemplar o céu daquele princípio de noite, imerso em seus pensamentos.

Lembrou-se de quando desembarcara no aeroporto de Los Angeles duas horas antes. Um funcionário da Umbrella lhe informara que Spencer queria vê-lo imediatamente nas instalações de Raccoon. Com certeza o fracasso da “Operação Ômega” já havia chegado aos ouvidos de seu superior e agora, mesmo não tendo sido o responsável por tal fiasco, Wesker provavelmente receberia sua recompensa...

–         Vamos pousar! – informou o piloto.

As luzes do heliporto oculto entre as árvores surgiram logo à frente. Albert apanhou sua mala, enquanto o helicóptero se aproximava do chão. Próxima ao local de pouso estava a tão imponente e misteriosa Mansão Lord Spencer. Os céticos e despreocupados cidadãos de Raccoon nem ao menos suspeitavam da verdade sobre aquele lugar...

Wesker sorriu ao ouvir o som do motor da aeronave sendo desligado. Haviam chegado. Logo que pisou no heliporto ao deixar o transporte, o jovem de óculos escuros lembrou-se de quando estivera ali pela primeira vez, há oito anos, junto com seu amigo e parceiro de pesquisas, William Birkin. O tempo realmente passava rápido...

Quem veio recebê-lo foi Steve. Naquele momento Albert teve certeza de que ele era um legítimo bajulador. Talvez desejasse algum benefício do iminente novo chefe de pesquisas. Ele disse, ajeitando seu jaleco:

–         Como foi na Amazônia, Wesker?

–         Minha estada naquele complexo se resumiu em participar de uma caçada idiota a uma aberração esverdeada... – respondeu o recém-chegado com desdém. – Onde está Spencer?

–         Ele o aguarda na mansão! Queira me seguir!

Aquele era um bom sinal. O superior de Albert dificilmente recebia algum de seus funcionários num local que não fosse o laboratório subterrâneo. Porém Wesker teria de batalhar contra a ansiedade por mais alguns minutos, já que o caminho para a residência, passando pelos túneis e os fundos da propriedade, era um pouco demorado. Além disso, precisaria encarar os olhares invejosos de seus colegas pelo trajeto. Entretanto, qualquer sacrifício pelo novo cargo valeria a pena...

Sentado numa das cadeiras junto à mesinha, Spencer tomava calmamente uma xícara de chá, olhando para seus troféus de caça pendurados nas paredes da sala, entre eles a imponente cabeça de um alce. Recordou-se de quando convidara a rainha da Inglaterra para conhecer a mansão, devido ao interesse dos militares britânicos, conterrâneos de Spencer, pelo trabalho da Umbrella. Fora uma pena a monarca ter recusado o convite, pois ela com certeza ficaria encantada com a incomparável beleza e classe da construção.

Nesse instante a porta do cômodo se abriu. Sem virar-se na direção da entrada, o chefe do complexo Arklay perguntou educadamente, apesar de não apreciar aquela interrupção:

–         Sim?

–         Senhor, Wesker está aqui! – disse Steve.

–         Mande-o entrar!

Albert ganhou então a sala, ligeiramente trêmulo. Sem mais nem menos, viu-se totalmente sem jeito diante do superior. Após mais um gole de chá, Spencer exclamou:

–         Sente-se!

–         Obrigado, senhor.

Wesker acomodou-se numa daquelas cadeiras macias e confortáveis. Haviam pertencido a Napoleão, e com certeza valiam milhares, senão milhões de dólares. Aliás, praticamente tudo naquela mansão fora, no passado, propriedade de alguma ilustre figura histórica. O relógio na sala de jantar, por exemplo, pertencera a Franklin Roosevelt, presidente dos EUA na época da Segunda Guerra Mundial. Já a estátua de tigre presente numa salinha do primeiro andar da casa fizera parte da coleção particular de Dario I, rei da antiga Pérsia. Todavia, Spencer não pretendia tornar-se uma personalidade tão importante como as citadas colecionando artefatos que a elas pertenceram. Ele o faria revolucionando a guerra como a conhecemos através do T-Virus...

–         Então Deller fracassou totalmente em sua empreitada, não? – perguntou o inglês depois de alguns instantes de silêncio.

–         Sim, e agora o centro de pesquisas da Umbrella na Amazônia é apenas uma grande e vergonhosa cratera no meio da selva! – afirmou Wesker com satisfação.

–         Eu sempre soube que Emanuel não daria conta de algo assim... Às vezes acho que ele perdeu a razão há muito tempo, mas aqueles imbecis da sede européia ainda não perceberam isso... E provavelmente nunca perceberão...

–         E quanto ao que havia me prometido? – indagou Wesker vencendo seus temores, buscando aquilo que achava ser seu por direito, após oito anos de trabalho árduo.

–         Albert, não quero decepcioná-lo, mas sei muito bem que o fracasso do plano de Deller não ocorreu por sua causa – disse Spencer usando o máximo de sua insuperável franqueza. – E mesmo se você tivesse sido o responsável, eu mudei de idéia. Birkin voltou e está trabalhando com o máximo de dedicação no laboratório. Como sabe, nossa pesquisa logo atingirá o terceiro estágio e precisamos de resultados satisfatórios o mais breve possível!

–         Birkin voltou? – quis confirmar o rapaz, incrédulo e decepcionado.

–         Exato. E quero que você se junte a ele!

Wesker suspirou. Fora mais uma vez feito de bobo por aquele maldito britânico. Quebrara a cara, porém ainda estava por vir o dia no qual daria o troco em Spencer e na Umbrella. A mais poderosa arma biológica já criada ainda seria dele, a qualquer preço...

Aeroporto de Las Vegas.

Blanka não agüentava mais ficar naquela mesma posição. Seu corpo doía. Despertara já há algumas horas, assim que o avião pousara, mas não deixara seu refúgio para não ser descoberto, pois o fluxo de pessoas no local era muito grande. Os dois soldados da Shadow Law que haviam viajado consigo no compartimento de carga sem percebê-lo deixaram a aeronave minutos antes, depois de descarregarem algumas caixas. Por sorte, aquelas atrás das quais o mutante se escondera foram deixadas no lugar onde estavam.

Após intensa vigília, Carlos percebeu que o número de vozes no lado de fora diminuíra significativamente. Talvez aquele fosse o momento certo para fugir. Blanka respirou fundo, preparando-se para correr. Em sua mente, contou até três...

Logo avançou em disparada pelo compartimento de carga, saindo pela porta deste após certificar-se que não seria visto. A alguns metros de distância, alguns terroristas conversavam distraidamente de costas para o avião. Se a cobaia da Umbrella não fizesse barulho, com certeza não o descobririam.

O ex-soldado olhou ao redor, buscando um novo meio de fuga. O pior era que nem ao menos sabia onde estava! Tenso, Blanka avistou seu possível transporte para fora daquele aeroporto: um furgão azul cujas portas traseiras se encontravam abertas. Caminhando silenciosamente, porém de forma ágil, Carlos se aproximou do veículo, perto do qual felizmente não havia ninguém.

Rapidamente o monstro verde se alojou na parte de trás do furgão, fechando as portas para que não fosse percebido. Apesar da escuridão dentro do novo compartimento, Blanka logo sentiu um cheiro familiar, levando-se em conta o fato de que seu olfato também fora aprimorado com sua mutação.

Tateando o que parecia ser uma caixa de papelão, o mutante logo apanhou uma melancia fresca, a qual começou a devorar sem demora, devido ao enorme vazio em seu estômago. Pouco depois alguém deu partida no veículo, ação que mal foi notada por Carlos, já que ele se deliciava com as frutas tropicais transportadas no veículo. Este partiu na direção da cidade, deixando para trás o aeroporto e inúmeros soldados da Shadow Law...

Um conversível alugado seguia pelas iluminadas ruas centrais de Las Vegas. Nele se encontravam dois russos, mais precisamente Nicholai e Zangief, incansáveis agentes soviéticos em busca dos segredos da Umbrella.

–         Veja, camarada! – disse Zinoviev apontando para os ostentosos cassinos dos dois lados da via. – Estamos no maior centro da escória capitalista! A “Cidade do Jogo”, onde homens e mulheres abrem mão de suas vidas em nome da sorte, com o simples intuito de ganharem alguns dólares!

–         Ora, não é tão ruim assim... – murmurou Zangief, sorrindo para algumas belas mulheres de biquíni que dançavam na entrada de um clube.

–         Lembre-se: estamos aqui para encontrar Ocelot! Ele nos disse que temos chances de roubar a pesquisa da Umbrella de uma das filiais da empresa neste país, localizada em Raccoon City, Califórnia! Prometeu-nos fornecer plantas das instalações e o equipamento necessário para o sucesso da operação!

Nicholai estava realmente disposto a tudo para se apoderar dos experimentos genéticos realizados pela empresa farmacêutica do guarda-chuva vermelho e branco. Persistiria até o fim, sempre em nome do socialismo e da tão amada Mãe Rússia!

Capítulo 15

Balrog Vs. E. Honda.

As centenas de pessoas eufóricas que cercavam aquele ringue queriam ver sangue e brutalidade. Afinal, aquela não era uma arena ilegal por acaso. A única regra das lutas era vencer a qualquer custo, mesmo se para isso fosse necessário matar o oponente.

Ali, dentro de instantes, teria início um embate há muito tempo aguardado pelos fãs da pancadaria. O campeão de boxe dos Estados Unidos enfrentaria o campeão japonês de sumô. O vencedor seria considerado o rei dos ringues mundiais. Uma luta acirrada, sem dúvida alguma.

Os espectadores se aglomeravam nas arquibancadas ao redor do ringue, que preenchiam aquele amplo espaço subterrâneo localizado sob um dos principais cassinos da cidade. Algumas autoridades tinham conhecimento do local e dos combates ilegais que ali ocorriam, porém faziam vista grossa, pois na maioria das vezes acabavam faturando algo com as lutas. Dessa maneira a arena se tornava cada vez mais conhecida no submundo de Las Vegas, e já recebia indivíduos “ilustres”, como chefes do crime organizado e traficantes com o poder em ascensão.

Sem levar em conta, é claro, o fato de a Shadow Law ter recentemente descoberto uma maneira de ganhar muito dinheiro naquele lugar, de forma rápida, através das apostas. E, naquela noite, um dos principais capangas de Bison lutaria para que uma nova quantia de dólares ali adquirida pudesse financiar mais ações terroristas orquestradas pela organização ao redor do globo.

Nesse instante surgiu o apresentador, entrando no ringue após passar por cima das cordas de uma das laterais deste. Usava terno verde-escuro e tinha compridos cabelos negros que lhe caíam até os ombros. Segurando um microfone, caminhou até o centro do tablado, onde havia o desenho de uma caveira no chão. Em seguida girou o corpo, contemplando as arquibancadas, enquanto exclamava:

–         Boa noite, senhoras e senhores! O embate do século está prestes a ter início nesta arena! Vocês estão prontos?

–         Sim! – responderam todos os espectadores em coro.

–         Eu não consigo ouvi-los!

–         Sim! – gritaram ainda mais alto.

–         Muito bem! Vamos então receber nossos dois valentes gladiadores!

O rufar de tambores pôde ser ouvido através dos vários alto-falantes distribuídos pelo local. Ao mesmo tempo, duas portas se abriram lentamente, uma de cada lado do ringue, oposta à outra. Na primeira abertura, após a dissipação de uma neblina artificial que fez os espectadores vibrarem, surgiu a silhueta de um homem forte e musculoso, usando luvas de boxe. O apresentador anunciou-o:

–         Primeiramente, medindo um metro e noventa centímetros de altura, pesando cerca de cento e catorze quilos e possuindo tipo sangüíneo “A”, Balrog, o campeão de boxe norte-americano!

O capanga de Bison caminhou na direção do ringue, braços erguidos e um amplo sorriso no rosto, enquanto recebia uma salva de palmas acompanhada de inúmeros assovios. Quase todos haviam apostado nele, já que sua vitória na luta era quase certa. Trajava camiseta e calção azuis, além de botas marrons.

Ao mesmo tempo em que o boxeador subia no tablado, uma silhueta surgia na outra abertura, pertencendo a um indivíduo igualmente forte, porém incrivelmente corpulento. Entusiasmado, o apresentador também o anunciou aos presentes:

–         E agora, medindo um metro e oitenta centímetros de altura, pesando mais de cento e cinqüenta quilos e possuindo sangue também do tipo “A”, o campeão japonês de sumô, Edmund Honda!

O lutador nipônico, sob infinitas vaias, seguiu descalço na direção do ringue, totalmente compenetrado. Tinha seus cabelos presos num coque. Listras vermelhas pintadas horizontalmente cobriam seu rosto sem expressão. Trajava apenas um calção azulado, adequado ao estilo de luta que praticava.

Logo os dois campeões se encaravam sobre o ringue. Balrog, inquieto, saltava sobre o tablado já em posição de combate, dentes cerrados. Honda, por sua vez, era a calma em pessoa. Parecia estudar cada movimento do adversário com seu olhar firme e sereno.

–         Vocês já sabem como funciona! – disse o apresentador aos lutadores. – Melhor de três rounds! Preparados?

Ambos assentiram com a cabeça, suor escorrendo por seus rostos.

–         Primeiro round! Lutem!

O homem de terno verde-escuro recuou até uma das laterais do ringue, enquanto as duas atrações da noite davam início ao confronto. Balrog investiu contra o japonês com um potente soco, do qual Honda se defendeu cobrindo o rosto com os braços. Em seguida tentou contra-atacar com um chute, mas o boxeador se esquivou saltando rapidamente para trás.

–         Não pense que será fácil me vencer, gordão! – provocou Balrog.

–         Pensamentos atrapalham minha concentração! – afirmou o lutador de sumô, aguardando o próximo ataque do oponente.

–         Pois saiba que irei deixá-lo muito bem concentrado depois de acertar alguns socos nessa sua cara de baleia!

O guerreiro da Shadow Law tentou mais uma vez acertar o lutador nipônico, que se desviou do golpe com agilidade. Atingido no abdômen por um dos pés de Edmund, Balrog recuou num gemido, sua raiva aumentando a cada instante.

–         Você luta como um touro selvagem! – exclamou Honda. – Precisa planejar melhor seus movimentos!

–         Quem você pensa que é para dizer como eu devo lutar?

Em seguida o boxeador, aos gritos, acertou o adversário com uma devastadora seqüência de socos, os quais fizeram o japonês cambalear de costas até as cordas na lateral do ringue atrás de si, cuspindo sangue. Ofegante, Edmund acabou caindo sentado sobre o chão do tablado.

–         O primeiro round foi vencido por Balrog! – anunciou o apresentador do embate, enquanto os espectadores se agitavam nas arquibancadas. – Vamos ao segundo! Lutem!

Honda ergueu-se rapidamente e, num movimento totalmente inesperado, saltou com grande impulso, mergulhando no ar na direção de seu oponente. A cabeça do lutador de sumô atingiu em cheio o tórax de Balrog, que por pouco não veio ao chão.

–         Seu... Maldito! – murmurou o norte-americano, quase sem ar.

–         Agora compreendeu o que eu lhe disse sobre planejar melhor seus movimentos?

–         Eu vou te matar!

O boxeador atacou com dois socos, que foram facilmente defendidos por Edmund. Logo depois o campeão nipônico acertou os joelhos de Balrog com os dois pés, fazendo-o cair para trás, corpo tomado pela dor.

–         O segundo round foi vencido por Edmund Honda! – exclamou o apresentador. – Esta luta está ficando cada vez mais emocionante, senhoras e senhores! Quem a vencerá?

O capanga de Bison levantou-se com dificuldade, sua camiseta totalmente encharcada de suor. Fitou Honda nos olhos. Com certeza subestimara seu adversário, mas a vitória final não seria daquele japonês!

–         Que comece o round decisivo! Lutem!

Balrog correu na direção de Edmund, tentando lhe atingir um forte soco no estômago, porém o lutador de sumô o repeliu com um chute num dos já doloridos joelhos do boxeador. Gemendo, o norte-americano viu o oponente aproximar-se de si, estendendo a palma da mão direita em sua direção, braço esticado. Em seguida começou a movê-la na vertical numa velocidade incrível, acertando o soldado da Shadow Law em diversas partes do corpo.

Atingido seguidamente no queixo, tórax e abdômen, Balrog pensou estar sendo atacado por vários adversários ao mesmo tempo, até que, zonzo e incapaz de continuar lutando, com sangue escorrendo de sua boca, viu Honda saltar de barriga sobre si, braços e pernas bem abertos, como se estivesse mergulhando numa piscina...

–         Fim de jogo! – gritou o japonês, ainda no ar.

O choque do corpo de Edmund sobre o de Balrog foi devastador. O boxeador caiu inconsciente após um último grito de dor, ao mesmo tempo em que o apresentador anunciava o merecido vencedor do combate, enquanto este se levantava:

–         E a luta foi vencida por Edmund Honda, senhoras e senhores! Eis o novo campeão dos ringues!

Rindo, o guerreiro nipônico ergueu os braços em sinal de triunfo, recebendo as palmas dos espectadores, surpresos com o resultado do confronto.

Continua... 


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