Resident Evil: Experimento X escrita por Goldfield


Capítulo 6
Capítulos 16 a 19




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Capítulo 16

Golden Nugget.

–         Eu desistiria se fosse você...

O tom no qual o homem do outro lado da mesa falava desencorajaria qualquer jogador dos cassinos de Las Vegas. Mas não ele. Não seriam algumas palavras desanimadoras o suficiente para que desistisse. Erguendo os olhos, fitou novamente seu desafiante, o homem de tapa-olho, que ainda tinha à sua direita o importuno russo de bigode. Respirou fundo. Apanhou os dados.

–         Dick Valentine não desiste tão facilmente, caolho! – exclamou por fim. – Seja quem for, não conseguirá fazer com que eu abra mão de um desafio!

–         É sem dúvida um sujeito corajoso... – murmurou o indivíduo cego de um olho, num sorriso quase imperceptível. – Isso é algo digno de minha admiração. No campo de batalha, é a coragem que nos impulsiona a lutar bravamente por um ideal. É ela que nos faz matar pessoas que nem ao menos conhecemos... Que seria dos criminosos se não tivessem coragem de violar a lei?

–         Você fala demais! No ramo em que trabalho, caras como você sempre se dão mal! Todos nós possuímos dois ouvidos e uma boca justamente para ouvirmos mais do que falamos!

–         E talvez assim receber ordens sem questioná-las? Bem, esse é um princípio crucial numa guerra. Às vezes a coragem nos abandona, e a única coisa que nos impede de abandonar o campo de batalha é o dever de cumprir as ordens que nos foram dadas. Todavia, vejo que você, assim como eu, cansou-se disso. Agora recebe ordens apenas de si mesmo...

–         Você não tem nada a ver com a minha vida! Aposto que perdeu um olho cumprindo suas malditas ordens!

–         Meras conseqüências, senhor Valentine. Ossos do ofício. Por ser um mercenário, já me acostumei com isso. Em meio a um confronto, não podemos hesitar. E infelizmente vejo que o senhor o faz neste exato instante. Há uma falha em sua coragem, posso perceber. Apesar de não aparentar, você se preocupa demais com uma pessoa e tem medo de perder seu dinheiro por causa dela!

–         Minha esposa está morta, filho da mãe! – replicou Dick, apertando os olhos. – Afinal de contas, o que você sabe sobre mim? É capaz de ler pensamentos ou algo parecido?

–         Não, senhor Valentine. Seria algo muito útil, mas não possuo tal dom, o qual, entretanto, pertence a um de meus colegas de trabalho. Voltando ao nosso jogo, vai lançar os dados ou não?

Dick estremeceu. Olhou para os dois dados vermelhos em sua mão direita, tão traiçoeiros e tentadores. Depois fitou as pessoas ao redor da mesa, as quais, por sua vez, observavam-no com grande expectativa. Fechou os olhos, ouvindo os sons do cassino. Não podia desistir. Era algo totalmente contra seus princípios. De repente, sentiu algo puxar sua jaqueta.

Voltando a enxergar, Valentine viu que uma garotinha de aproximadamente onze anos de idade, cabelos castanhos e expressão cansada, agarrava-lhe as vestes com insistência. Tratava-se de sua filha. Presenciando a cena, um amplo sorriso brotou no rosto do homem de tapa-olho...

–         Papai, eu estou com sono! – reclamou a menina, esfregando um dos olhos. – Nós não podemos subir até o nosso quarto para dormir?

–         Daqui a pouco, “Jillzinha”... – respondeu Dick em tom suave. – Agora o papai está cuidando de alguns assuntos importantes! Assim que eu terminar, nós subiremos até o quarto, está bem?

–         OK... – suspirou a garota, distanciando-se sonolenta.

Em seguida, Valentine lançou os dados sobre a mesa, dentes cerrados. Enquanto os cubos giravam, o sujeito caolho murmurou, logo depois que o russo de bigode cochichou algo em seu ouvido:

–         Todos nós temos um ponto fraco, senhor Valentine, por mais que tentemos escondê-lo!

Dick realmente não sabia no que estava se envolvendo...

Um ambiente escuro. A única luz no local iluminava um grupo de jovens trajando roupas militares, enfileirados lado a lado como um rígido pelotão. Totalmente imóveis, com as mãos cruzadas atrás da cintura e olhar fixo numa mesma direção, não ousavam nem piscar. Súbito, passos foram ouvidos. Surgiu das sombras um homem usando uniforme bege, botas marrons e boina vermelha. Uma cicatriz lhe cortava o rosto. Tinha numa das mãos um comprido bastão de metal e algumas granadas presas a um par de cintos em seu tórax.

Seu nome era Rolento, um ex-especialista militar que, obcecado pelo poder das armas, deixou as Forças Armadas para criar seu próprio exército mercenário, o qual logo se uniu à gangue Mad Gear. O grupo criminoso queria dominar o submundo de Las Vegas, e o sádico homem da boina vermelha fora incumbido de tal tarefa.

Naquele momento ele passava em revista de suas tropas. Cada um dos rapazes conhecia muito bem a personalidade do comandante, e sabiam do que Rolento era capaz se desobedecido. O ex-militar lhes impunha uma disciplina doentia, na qual a mínima falha significava uma severa punição. Por esse motivo, aqueles jovens não cumpriam as ordens do comandante por respeito. Eles o faziam por temor.

Passando por seus soldados, Rolento examinava cada um com enorme atenção, sorrindo de forma cruel e amedrontadora. Enquanto fazia a inspeção, o membro da Mad Gear falava aos combatentes:

–         Soldados, recebi de meus superiores uma missão que deve ser cumprida sem qualquer tipo de erro, por menor que seja. Las Vegas é uma cidade muito importante para a gangue, e o domínio do crime organizado deve ser feito à força! Somos uma tropa honrada e respeitada por onde passamos, e por isso precisamos sempre manter nosso código de disciplina livre de quaisquer máculas! Fui claro?

–         Sim senhor! – responderam todos em coro.

–         Ótimo... Soldado, por que sua bota está desamarrada?

Trêmulo, o rapaz em questão olhou para baixo, comprovando o fato observado por Rolento. Com o coração pulsando fortemente, o combatente disse, apavorado:

–         Foi distração minha, senhor! Perdoe-me! Prometo que essa gafe não se repetirá!

–         Não se preocupe, jovem! – replicou o comandante em tom compreensivo, dando um tapinha num dos ombros do soldado. – A perfeição não é para todos!

Abaixando a cabeça, o rapaz respirou aliviado, ao mesmo tempo em que Rolento parecia se afastar. Entretanto, antes que o pobre combatente pudesse erguer os olhos, o ex-militar lhe desferiu um violento golpe com o bastão metálico, que partiu seu crânio em duas partes. Sangue jorrou sobre os uniformes dos soldados próximos, que mesmo assim não se moveram, temendo terem o mesmo destino do colega agora morto. Enquanto o cadáver deste vinha ao chão, uma risada diabólica ecoava pelo lugar, endurecendo ainda mais os corações dos jovens que compunham o pelotão...

Na frente do Silver Star, um dos maiores hotéis-cassino de Las Vegas, havia uma bela e ampla fonte de mármore, composta por diversos chafarizes iluminados por lâmpadas das mais variadas cores. Diante de tal obra de arte, dois homens encapuzados e altamente suspeitos conversavam discretamente:

–         E então, como vai o plano? – perguntou um deles.

–         Às mil maravilhas, parceiro! – respondeu o outro num sorriso perverso. – Assim que aquela bomba explodir, metade de Las Vegas queimará como palha! Finalmente teremos nossa vingança!

–         Eu os impedirei, terroristas covardes! – gritou alguém.

Os dois criminosos se viraram na direção da voz. Ela pertencia a um indivíduo sem camisa, músculos bem definidos à mostra. Aparentava ser de origem oriental, cabelos castanhos. Usava uma calça preta e discretos calçados apropriados ao seu estilo de luta, o kung-fu.

–         Oh, não! – exclamou um dos meliantes. – É aquele chinês de novo!

–         Meu nome é Fei Long! – replicou o lutador, correndo na direção dos adversários.

Numa espetacular voadora, o oriental derrubou o terrorista que se alarmara com sua aparição. O segundo tentou reagir, sacando uma pistola 9mm, mas Fei Long arrancou-lhe a arma da mão com um ágil chute. Desesperado, o criminoso não teve tempo de correr: recebendo um forte golpe no estômago, caiu inconsciente sobre o concreto.

–         Corta!

O chinês suspirou, limpando o suor em sua testa. Num sorriso, ajudou o homem que aparentemente nocauteara a se levantar. Olhou então para todas as câmeras e pessoas que os cercavam. Um indivíduo de cabelos grisalhos e óculos escuros se levantou de uma cadeira onde havia a inscrição “Diretor”, caminhando até Fei Long.

–         Perfeito! – disse ele ao se aproximar do lutador de kung-fu. – Simplesmente perfeito! Você é o melhor, Fei Long!

–         Não, diretor... – murmurou o chinês, apanhando uma garrafa de água mineral trazida pelo contra-regra. – Nunca chegarei aos pés do grande mestre Bruce Lee... Ele sim foi o melhor!

–         Modesto, como sempre... – afirmou o diretor numa breve risada. – Você já é o melhor lutador de Hong Kong, e em breve será o maior do mundo!

–         Eu apenas gosto do que faço, você sabe muito bem disso... Lutar é uma arte, diretor. Para dominar o kung-fu é preciso muito treino, além de enorme dedicação. Assim como um pintor precisa fazer vários quadros para dominar sua técnica, eu também tenho que lutar o máximo possível com o intuito de reduzir minha vulnerabilidade!

–         Bem, então você é o Michelangelo das artes marciais, Fei Long! Esse novo filme será um enorme sucesso de bilheteria, posso garantir!

Entusiasmado, o diretor se afastou, enquanto o ator saciava sua sede.

Rolando como um porco-espinho, Blanka chocou-se contra as portas traseiras do furgão fortemente, fazendo com que se abrissem. Pousando sobre o asfalto da rua junto com algumas frutas, a cobaia da Umbrella olhou para todas as luzes ao seu redor. Em seguida fitou o veículo no qual chegara até ali e, no momento em que este contornava uma esquina, Carlos pôde ler numa das laterais o nome da empresa à qual pertencia: “United Fruit – Las Vegas”.

–         Las Vegas? – indagou o monstro verde em tom confuso, coçando sua cabeleira laranja.

Maravilhado, o brasileiro admirou os belos e ostentosos cassinos, em particular um cujo letreiro lhe chamou a atenção: “Golden Nugget – Nin-Nin Hall”. Até então ele só vira um lugar como aquele nos filmes de Hollywood...

Nisso, as pessoas que se encontravam na rua já haviam notado a presença de Blanka, fugindo assustadas devido à aterrorizante aparência daquela criatura esverdeada. Entretanto, o ex-soldado ignorou-os. Totalmente hipnotizado pelo charme da “Cidade do Jogo”, Carlos adentrou o Golden Nugget, afugentando um grupo de turistas asiáticos e os seguranças que vigiavam a entrada...

Capítulo 17

Um show de ilusionismo.

Nesse exato momento, na sala de espetáculos do mesmo hotel-cassino no qual entrara Blanka, centenas de turistas aguardavam ansiosos o início da atração daquela noite. Conversavam entre si, principalmente as mulheres, sobre a beleza e repentina fama do astro que ali se apresentaria em poucos instantes.

De repente, surgiu sobre o palco um indivíduo de terno, segurando um microfone. Abriu um enorme sorriso ao notar o entusiasmo da platéia. Gesticulando animadamente, o funcionário do Golden Nugget gritou:

–         Sejam muito bem-vindos, prezados hóspedes e visitantes! É um imenso prazer tê-los neste recinto esta noite! Porém, sei que vieram até aqui para ver outra pessoa ao invés de mim, estou certo?

–         Sim! – respondeu o público, deixando evidente sua empolgação, principalmente por parte do sexo feminino.

–         Bem, sem mais delongas, vem aí o espanhol que é desejado por uma legião de mulheres ao redor do mundo! Com vocês, Vega, o grande ilusionista!

Uma música contagiante tomou o ambiente, simultânea aos gritos das mulheres na platéia. O homem de terno se retirou, ao mesmo tempo em que as cortinas no fundo do palco se abriam...

–         Vega, Vega, Vega! – exclamavam os espectadores em coro, no auge do entusiasmo.

Vega surgiu sem demora, trajando seu inconfundível uniforme de toureiro. Tinha os cabelos soltos e, na face, uma máscara branca com apenas um par de buracos para os olhos. Era acompanhado por duas lindas, sorridentes e charmosas assistentes, ambas usando biquíni de cor vermelha. A euforia do público era total.

–         Boa noite! – saudou o castelhano.

–         Boa noite! – respondeu a platéia entre assovios.

–         Vocês estão prestes a mergulhar no fascinante e maravilhoso mundo da ilusão! Jamais se esquecerão da magnífica experiência pela qual passarão esta noite! Primeiramente, peço que todos vocês olhem para mim fixamente!

Os espectadores obedeceram. Por baixo da máscara, Vega sorria de forma astuta. Simultaneamente, uma fumaça de cor roxa começou a penetrar no recinto através dos dutos do sistema de ventilação. Totalmente despercebida, ela passou a ser inalada pelo público, que sob hipótese alguma tirava os olhos do ilusionista.

–         Isso mesmo! – disse ele. – Concentrem-se!

E, afetados pelo misterioso gás, os homens e mulheres ali presentes realmente foram transportados para o mundo “maravilhoso” mencionado por Vega. Viram o palco ser tomado por criaturas fantásticas, como duendes, fadas e unicórnios. Algumas jovens chegavam a suspirar de admiração e fascínio. O espanhol atingira seu objetivo sem precisar fazer um número de mágica sequer, por mais mísero que fosse.

–         Viajem, meus caros! – exclamou o capanga de Bison. – Viajem dentro de suas próprias mentes!

–         Ainda não pensa em desistir? – indagou o homem de tapa-olho, arrastando uma grande quantidade de fichas para seu lado da mesa.

–         A sorte está apenas me pregando uma peça! – argumentou Dick, apanhando novamente os dados. – Serei capaz de recuperar o que perdi!

–         Eu não confiaria tanto na sorte... Ela pode nos abandonar no momento em que mais precisamos dela!

–         Mas ela ainda não me abandonou!

Porém, quando Valentine estava prestes a lançar os cubos mais uma vez sobre a mesa, uma voz atrás de si o interrompeu:

–         Shalashaska!

A atenção de todos se voltou para o autor da exclamação. Era nada mais, nada menos que o capitão Nicholai Zinoviev, acompanhado pelo forte e musculoso cabo Zangief.

O russo de bigode ao lado do homem caolho pareceu incomodado com a presença dos dois recém-chegados. Resmungando em sua língua, caminhou até eles, enquanto o jogo permanecia interrompido.

–         Mas que diabos fazem aqui? – perguntou o sujeito, Revolver Ocelot, aos comandados.

–         O senhor mesmo pediu que o encontrássemos neste antro capitalista! – respondeu Nicholai com certa frieza. – Precisamos roubar a pesquisa da Umbrella!

–         Ouçam, eu estou um pouco ocupado no momento e...

–         Quem é aquele? – perguntou Zangief, apontando para o homem de tapa-olho.

–         Um amigo... – respondeu Ocelot disfarçadamente. – Eu lhes passarei as instruções assim que puder! Agora saiam!

–         Ah, meu Deus! – gritou uma mulher atrás deles em tom de imenso pavor.

O que viram em seguida foi aterrador e grotesco, mas a realização de um desejo para Nicholai...

Dois jipes militares seguiam em alta velocidade pelas vias centrais de Las Vegas. Num deles se encontravam Nash*, Guile, Vulcan Raven e um tenente da Força Aérea, de nome Jason Harris. No outro estavam Barry Burton, Decoy Octopus e dois soldados. O major Campbell sobrevoava a cidade no helicóptero cedido pelo coronel Court.

–         Alguma pista do paradeiro de Bison? – perguntou este último através do rádio.

–         Negativo, coronel! – respondeu Nash. – Ele pode estar em qualquer lugar! É como procurar uma moeda numa piscina olímpica!

–         Hei, vejam aquilo! – gritou Guile, apontando para frente. – Diminua a velocidade!

Nash, que dirigia o veículo, atendeu ao pedido do amigo. Alguns metros à frente, junto a uma calçada, um homem negro musculoso, possuindo vários ferimentos e hematomas pelo corpo, entrava numa limusine junto com dois seguranças. Guile nunca poderia se esquecer daquele rosto. Pertencia a um dos principais criminosos da Shadow Law...

–         É o maldito Balrog, tenho certeza! – afirmou o militar. – Se o seguirmos, encontraremos Bison! Não podemos perdê-lo de vista!

–         Você manda, colega! – disse Nash num sorriso, apanhando o rádio para informar os demais integrantes da equipe sobre a novidade.

O caos era total no interior do Golden Nugget. As pessoas fugiam desesperadas do terrível monstro verde que acabara de invadir o local. Alguns seguranças tentaram subjugar a criatura, mas diante dos urros desafiadores desta, desistiram de imediato. Apenas Nicholai parecia tranqüilo, fitando a aberração com um sorriso na face. O mutante da Umbrella estava ali, diante dele. Obter uma amostra do sangue dela seria mais fácil que tirar doce de uma criança...

–         Meu Deus, mas o que é aquilo? – indagou Ocelot, espantado.

–         A solução dos nossos problemas! – exclamou o capitão. – Zangief, vá e derrube aquela coisa!

–         Quê? – estranhou o comandado de Nicholai, certo de que não ouvira direito.

–         Vá e derrube aquela coisa! Precisamos de uma amostra do sangue dela!

–         Eu...

Nisso, Blanka havia invadido o restaurante do hotel-cassino, saltando sobre uma bancada repleta de comida e com isso afugentando mais algumas dezenas de pessoas. Uma garotinha próxima ao monstro começou a gritar de desespero. Paralisada pelo medo, era incapaz de correr dali.

–         Jill! – exclamou Dick ao ver que a filha estava em apuros.

Foi o necessário para encorajar Zangief. Determinado, o russo correu na direção do mutante, provocando-o:

–         Hei, coisa feia! Venha me enfrentar!

Blanka voltou-se na direção do cabo, dentes afiados à mostra. Rugindo como uma fera selvagem, o ex-soldado brasileiro saltou de cima da bancada, colocando-se em posição de combate. Uma nova e encarniçada luta tinha início...

(*) – Para quem acompanhou a fic “Street Fighter vs Mortal Kombat”, do Sliver, gostaria de esclarecer que Nash e Charlie são o mesmo personagem. É que o nome original dele no Japão (Nash) é diferente do nome que ele ganhou nos Estados Unidos (Charlie). Eu utilizei “Nash” por esse ser o nome usado no anime “Street Fighter II V”, o qual também está me servindo como base para esta história.

Capítulo 18

Blanka Vs. Zangief.

O russo e o monstro verde se encaravam como duas feras sedentas de sangue, olhares furiosos. Num grito, Zangief atacou com um soco fortíssimo, capaz de nocautear um exímio lutador instantaneamente, mas Blanka se esquivou rolando sobre o piso.

–         Você me irrita, mutante maldito! – berrou o cabo.

Em meio à confusão, a pequena Jill correu para junto de seu pai. Logo em seguida, o combatente soviético rasgou sua camiseta com as mãos, deixando à mostra seu tórax musculoso. Com a intenção de provocar o adversário, Zangief cruzou os braços e começou a rir, dizendo:

–         Não pode me vencer! Nem é mais humano!

Surtiu efeito. Blanka, rosnando, saltou sobre o oponente, pronto para fincar as garras de suas mãos no peito deste. Entretanto, o russo já aguardava tal reação e, rindo ainda mais alto, repeliu o brasileiro com um devastador chute em seu abdômen.

–         Desista! – exclamou Zangief. – Sou tão forte quanto um tigre siberiano!

–         Fale menos e lute mais! – murmurou Blanka, voltando ao embate.

A cobaia da Umbrella investiu desta vez com uma cabeçada no tórax do cabo, da qual este não pôde desviar. Para completar o ataque, Carlos agarrou os dois ombros do soldado, usando suas garras para feri-los. Zangief gemeu de dor, enquanto seu sangue pingava sobre o chão do restaurante.

–         Isto não vai ficar assim! – ameaçou o colega de Nicholai.

–         E não vai mesmo! – replicou Blanka. – Eu o derrubarei em poucos instantes!

–         Ora, seu...

Ainda sangrando, o russo saltou, tentando atingir o tórax do oponente com os dois pés. Porém, o mutante se abaixou, e o golpe de Zangief acabou por derrubar um carrinho de metal repleto de talheres, entre eles uma afiada faca de cozinha, que foi apanhada pelo cabo.

–         Vou arrancar sua pele e usá-la como casaco! – gritou o soviético.

Blanka correu na direção do adversário, disposto a provocar nele novos ferimentos com as garras. Todavia, num golpe rápido e indefensável, Zangief fincou a faca na coxa direita do brasileiro, fazendo-o cair imediatamente.

–         Desgraçado! – berrou ele, sofrendo devido ao ferimento.

–         É agora que a festa vai começar...

Cerrando os dentes, o russo ergueu Carlos pelos braços, virando-o de ponta-cabeça. Em seguida, flexionou ao máximo suas pernas para logo depois dar um salto sobre-humano. Todos aqueles que assistiam à luta viram, boquiabertos, quando Zangief girou Blanka no ar, trazendo-o consigo de volta ao solo e fazendo com que a cabeça do monstro verde se chocasse violentamente contra o piso.

–         Eu sou o maior! – exclamou o cabo, erguendo os braços em pose triunfal, após a conclusão do destrutivo golpe.

Certo de que vencera o confronto, o russo virou-se de costas para Carlos, caminhando na direção de Nicholai e Ocelot. Por esse motivo, não percebeu que Blanka, apesar de todos os ferimentos em seu corpo, havia se levantado lentamente, avançando a passos rápidos até o lutador soviético.

–         Atrás de você, imbecil! – alertou o capitão Zinoviev.

Tarde demais. O mutante agarrou Zangief pelo pescoço, liberando, através dele, uma potente descarga elétrica no corpo de seu inimigo. Debatendo-se freneticamente, o russo gritava de dor, tentando inutilmente se libertar. Alguns segundos depois, Blanka soltou seu oponente, que veio ao chão, totalmente nocauteado.

–         Vê-lo em ação é uma piada! – disse Carlos por fim, arrancando a faca de sua perna.

Nesse instante, o monstro verde percebeu que estava sob a mira de um grupo de policiais, os quais haviam acabado de adentrar o hotel-cassino. Pensando rápido, Blanka começou a tentar encontrar uma maneira de se livrar daquela situação.

–         Parado! – ordenou o líder dos homens da lei.

Porém, contrariando o oficial, a cobaia da Umbrella correu na direção de uma janela e, não sendo atingido por pouco pelos disparos dos policiais, saltou através dela, ganhando a rua, pela qual desapareceu num piscar de olhos.

–         Droga! – praguejou Nicholai, vendo que a chance de obter uma amostra do sangue de Blanka lhe escapara por entre os dedos.

Mais alguém presenciara o confronto entre Blanka e Zangief. Tal indivíduo era o belo e traiçoeiro Vega, que acabara de deixar a sala de espetáculos após o término de seu show. Sem pensar duas vezes, o espanhol apanhou um rádio que carregava consigo, murmurando, enquanto tentava contatar um de seus parceiros na Shadow Law:

–         O Bison simplesmente não vai acreditar nisso...

Naquele momento, Balrog, segurando um saco de gelo junto à cabeça, era transportado numa luxuosa limusine até o quartel-general da Shadow Law em Las Vegas. Resmungando devido aos ferimentos e à humilhante derrota perante Edmund Honda, o boxeador ouviu subitamente um “bip”. Sabendo que alguém lhe contatava via rádio, apanhou o aparelho, que se encontrava ao seu lado, sobre o banco, e atendeu ao chamado:

–         Balrog na escuta!

–         Aqui é o Vega! Tenho ótimas notícias!

–         Do que se trata? O público finalmente percebeu que estava sendo drogado por um suposto ilusionista de quinta categoria?

–         Errado, seu idiota. O mutante da Umbrella que escapou do complexo amazônico está aqui em Las Vegas!

–         O quê? – espantou-se Balrog, saltando sobre o assento.

–         Você ouviu muito bem, não se faça de bobo! O maldito monstro esverdeado está na cidade, acabou de escapar do Golden Nugget após deixar um brutamontes russo em estado de coma! A polícia está em peso pelas ruas, procurando-o!

–         Precisamos informar o chefe!

–         Eu farei isso, não se preocupe. Siga até o quartel-general e me informe sobre eventuais ordens por parte de Bison. Aquela aberração deve estar em nossas mãos antes que as autoridades a peguem!

–         Entendido. Mantenha-me informado!

–         Peço o mesmo. Desligo.

A limusine prosseguiu, sem que Balrog ou o motorista desconfiassem de que estavam sendo seguidos por dois jipes trazendo homens dispostos a tudo para colocar um fim definitivo na Shadow Law...

No Golden Nugget, as pessoas, mais calmas, perguntavam-se sobre o que realmente havia acontecido ali minutos antes. Ao mesmo tempo em que os funcionários do hotel-cassino calculavam os prejuízos, Dick Valentine abraçava fortemente sua filha, a qual ainda soluçava.

–         Calma, filhinha... – dizia ele, consolando-a. – Já passou...

–         Creio que, após tamanho contratempo, nosso jogo deva ser interrompido por tempo indeterminado! – afirmou o homem do tapa-olho. – E então, vai pagar o que me deve?

Num demorado suspiro, Dick soltou a filha, retirando vários maços de dólares de dentro da jaqueta. Ocelot apanhou as notas, olhando brevemente para Nicholai, que ajudava alguns enfermeiros a levarem Zangief até uma ambulância parada do lado de fora do hotel-cassino. Em seguida começou a contar o dinheiro, verificando se Valentine pagara corretamente a quantia em questão.

–         Faltam quinhentos dólares! – informou o russo em tom frio.

–         Querendo me enganar, Dick? – indagou o caolho num sorriso intimidador, levantando-se da mesa junto com alguns capangas armados.

–         Não posso dar tudo que tenho! – justificou-se Valentine, voltando a abraçar Jill. – Retirei o necessário para que eu e minha filha paguemos a conta do hotel! Se não o fizermos, acabarei sendo preso!

–         Jogo é jogo! Há vencedores e perdedores! Se não me pagar tudo, garanto que a conseqüência será muito pior que a prisão!

–         Espere! – exclamou um homem desconhecido, aproximando-se deles junto com uma mulher e duas crianças. – Eu pagarei o que ele deve!

–         Oh, vejo que ainda existem “bons samaritanos” hoje em dia! – riu o homem do tapa-olho, enquanto o recém-chegado lhe estendia cinco notas de cem dólares. – Acho isso uma grande burrice, mas de qualquer forma...

O caolho apanhou o dinheiro num gesto rápido e inexpressivo, deixando o local junto com seus capangas, entre eles Revolver Ocelot. Dick, cumprimentando seu salvador com um caloroso aperto de mão, disse-lhe:

–         Obrigado, nem sei o que seria de mim e minha filha se não fosse por sua admirável generosidade! Como se chama?

–         Matt Redfield! – respondeu o homem, sorrindo. – Esta é minha esposa Melissa e estes dois endiabrados são meus filhos Chris e Claire!

–         Todos adoráveis... – murmurou Valentine. – Há algo que eu possa fazer por vocês?

–         Por favor, não se incomode... – replicou Matt. – O importante é que o senhor possa pagar a conta do hotel! Não precisa se preocupar em retribuir!

Os adultos não perceberam, mas Chris e Jill trocavam um olhar fixo, repleto de admiração e agradecimento. Ambos se sentiam intensamente atraídos, tomados por essa vontade súbita que muitas vezes atinge os jovens. Pensaram em iniciar uma conversa, todavia, Matt e Melissa já seguiam até o elevador, e Claire pediu que o irmão se apreçasse.

–         Tchau! – foi o que Chris disse, enquanto se afastava da filha de Dick.

A garota retribuiu com um aceno, e os dois estavam certos de que voltariam a se ver algum dia, mesmo se não lembrassem daquele breve e inusitado encontro ocorrido no Golden Nugget...

Capítulo 19

A cigana misteriosa.

–         Mas para onde é que esse filho da mãe está nos levando? – indagou Nash, que, junto com seus colegas, ainda seguia a limusine de Balrog pelas ruas da cidade.

–         Seja paciente... – murmurou Vulcan Raven. – Ele nos levará até a toca do leão, e então poderemos domá-lo...

–         Isso se o leão não nos domar primeiro! – preocupou-se o tenente Harris.

Nesse instante, o coronel Court contatou-os pelo rádio. Guile atendeu-o:

–         Sim?

–         Aqui é o coronel Court. Acabei de receber uma transmissão urgente da polícia. Parece que o hotel-cassino Golden Nugget foi invadido há pouco por um monstro verde que provocou verdadeiro pandemônio no local. Alguns oficiais tentaram detê-lo, mas o desgraçado fugiu antes que conseguissem!

–         Monstro verde? – perguntou Guile, recordando-se da misteriosa criatura que vira no complexo da Umbrella na Amazônia. – Percebo que todas as pistas encontradas por nós acabam de alguma maneira levando ao Bison!

–         Não compreendo, soldado!

–         Eu lhe explicarei depois. Continuaremos a seguir Balrog até o provável reduto da Shadow Law. Desligo.

Guile guardou o comunicador, enquanto Nash indagava:

–         O que há?

–         Acho que teremos mais trabalho esta noite do que pensávamos, parceiro...

Após terem deixado a academia de artes marciais na qual haviam passado boa parte do dia treinando, Ryu e Ken passeavam no conversível deste último pelo iluminado e tentador centro de Las Vegas. Depois de acenarem para algumas garotas numa calçada, os dois rapazes passaram na frente do luxuoso hotel-cassino Silver Star, onde havia grande aglomeração de pessoas e veículos.

–         Que estará havendo aí? – perguntou o japonês, curioso.

–         Ah, eu me esqueci de falar! – disse Ken num sorriso. – Luigi Perini, cineasta amigo do meu pai, está gravando um filme de artes marciais aqui na cidade! O astro é aquele tal Fei Long, um dos melhores lutadores do mundo! E esse hotel-cassino é um dos sets de filmagem...

–         Fei Long? – surpreendeu-se Ryu. – Puxa, os filmes dele são ótimos! Ele nunca usa dublês! Eu bem que queria um autógrafo...

–         Pois então vamos pedir! – exclamou o jovem milionário, já estacionando o veículo. – Ele não vai negar, ainda mais meu pai sendo amigo do diretor!

–         OK!

A dupla de lutadores saiu do carro, caminhando até as pessoas que trabalhavam no filme, as quais naquele momento faziam uma pausa, pois logo em seguida seria gravada a grande cena final. Sem demora encontraram o diretor, que comia um sanduíche para repor as energias.

–         Senhor Perini, como vai? – saudou Ken.

–         Ora essa, se não é Ken Masters! – riu o cineasta, interrompendo a refeição. – Eu não o vejo há anos! E seu pai, como vai?

–         Atarefado com os negócios, como sempre! E as filmagens, como vão indo?

–         Não poderiam estar melhores! Fei Long é um grande ator, sabe dominar o kung-fu com extrema perfeição! Se depender dele, esse novo filme entrará para o livro dos recordes em matéria de bilheteria!

–         Ele está ocupado no momento? – perguntou Ryu, entrando na conversa.

–         Não, de modo algum! Fei Long, venha até aqui!

O ator se aproximou, fitando os recém-chegados com receptividade e respeito. Era possível perceber que eles também eram fortes e ágeis lutadores.

–         Olá! – disse o discípulo de Bruce Lee, cumprimentando-os. – Muito prazer, como se chamam?

–         Meu nome é Ryu, e este é o Ken! – respondeu o japonês, entusiasmado. – Sou um grande fã seu, Fei Long! Seus movimentos são incríveis! Quando está lutando, parece até ser mais leve que o próprio ar!

–         Isso é resultado de muito treino, Ryu... Não foi nada fácil adquirir a habilidade que possuo hoje!

–         Nós também treinamos muito, sempre buscamos aprimorar nossas técnicas! – afirmou Ken.

–         E qual o estilo de luta de vocês?

–         Karatê! – exclamou Ryu. – Shotokan, para ser mais exato!

–         Muito interessante! Sempre admirei o grande Gouken, ele era o maior mestre desse método de combate. Vocês chegaram a conhecê-lo?

–         Foi ele quem nos treinou!

Fei Long não podia acreditar. Aqueles dois haviam sido ensinados pelo próprio Gouken, o homem que praticamente fora o inventor do Shotokan! O ator percebeu que aquele era um momento único, e não poderia perder a oportunidade de crescer ainda mais como lutador.

–         Que tal um embate entre um de vocês e eu? – propôs o astro.

–         Como disse? – indagou Ryu, certo de que não ouvira direito.

–         Uma luta, aqui e agora! Daqui a pouco gravarei a última cena do meu filme, e por isso preciso de um bom aquecimento!

–         Cara, eu não sei se é uma boa idéia... – argumentou Ken.

–         Mas por que não? Vamos, apenas uma luta!

Os dois amigos trocaram olhares surpresos. O japonês, assim como Fei Long, considerou aquela uma oportunidade de ouro. Num gesto rápido, Ryu retirou sua camiseta, colocando-se em posição de combate.

–         Eu prefiro ficar fora disso! – afirmou Ken, tomando distância.

O ator também se preparou, assumindo sua pose de luta.

–         Pronto? – perguntou ele.

–         Pronto! – respondeu Ryu, concentrado.

E lançaram-se um contra o outro.

Enquanto isso, nos subúrbios da cidade, a limusine que transportava Balrog finalmente parou diante de um amplo e muito bem protegido condomínio, composto por quatro prédios de seis andares cada, cercados por um alto muro em cuja única brecha havia uma guarita repleta de seguranças fortemente armados.

Os jipes que seguiam o veículo frearam discretamente numa esquina próxima, e seus ocupantes passaram a observar atentamente os movimentos de Balrog e seus capangas, que se preparavam para entrar no local.

–         Finalmente encontramos a fortaleza daquele maldito... – murmurou Nash.

–         Daqui do helicóptero é possível ter uma visão melhor do lugar! – informou pelo rádio o major Campbell, que sobrevoava o condomínio furtivamente. – Há várias patrulhas de soldados vigiando a área. Pelo que consigo enxergar, a maior parte deles está armada com rifles M16. Também vejo alguns cães, alarmes... E até um veículo blindado!

–         Uma invasão nada fácil, percebo... – afirmou o coronel Court, entrando na freqüência.

–         Eu tenho alguns ganchos e cordas aqui! – disse Decoy Octopus. – Podemos escalar o muro!

–         Creio ser essa a melhor forma de entrarmos – concordou Barry. – Podemos nos dividir em dois times. O primeiro se infiltrará pelo lado direito da guarita, e o segundo pelo lado esquerdo!

–         Parece-me razoável... – murmurou Guile. – Já que não temos tempo para elaborar um plano melhor, esse está de bom tamanho!

–         William Guile! – exclamou uma voz feminina completamente incógnita.

Todos se assustaram, olhando ao redor para identificar a autora do chamado. Nash, sempre atento, viu do outro lado da rua uma misteriosa mulher de pé junto ao portão de um armazém, corpo totalmente coberto por uma capa marrom.

–         Ela o chamou, Guile! – disse Vulcan Raven, sempre sério. – Deveria ir ver do que se trata!

–         Mas o quê? – estranhou William, atordoado e confuso. – O que aquela mulher pode querer comigo? E como ela sabe meu nome?

–         William Guile! – repetiu ela, desta vez em tom mais alto.

–         Talvez seja uma informante! – especulou Nash. – É melhor ir até lá, cara! Não se preocupe. Caso seja uma armadilha, nós o cobrimos daqui!

–         OK...

Inseguro e temeroso, Guile deixou o jipe, seguindo, com as mãos enfiadas nos bolsos da calça camuflada, até a intrigante personagem. Assim que o combatente se aproximou, a mulher deixou parte de seu rosto à mostra. William viu que este possuía bonitos contornos, e que algumas mechas de cabelo roxo lhe cobriam a testa.

–         Vou direto ao assunto! – resmungou Guile impacientemente. – Quem é você, como sabe meu nome e o que quer de mim?

–         Vejo que é um patriota devotado, William... – sorriu a mulher, fitando a tatuagem da bandeira dos EUA presente no braço direito do militar.

–         Você não tem direito de afirmar coisa alguma sobre mim! Tire logo essa capa para acabarmos de vez com esta palhaçada!

–         Americano arrogante! – gritou ela, deixando evidente sua origem italiana devido ao forte sotaque na voz. – Saiba que sou uma cigana! Nós temos o dom de interpretar o destino das pessoas e usar isso para ajudá-las! Ninguém conhece Bison melhor do que eu...

–         O que você sabe sobre aquele crápula?

–         A pergunta correta é: o que exatamente você deseja saber?

Aquela mulher possuía enorme astúcia, característica que Guile não demorou a perceber. Depois de alguns instantes escolhendo as palavras certas, o soldado indagou:

–         Qual o seu envolvimento com Bison?

–         Nós dois possuímos o mesmo poder. A diferença é que ele o corrompeu, usando-o para praticar ações malignas. Por esse motivo eu o combato e auxilio aqueles que também o fazem. Muitos pensam que ele é invencível, mas uma pessoa será capaz de derrotá-lo... E ela não será eu...

–         Posso ao menos saber seu nome, cigana?

–         Você o saberá, na hora certa... Agora, deixe-me ler sua mão!

Hesitante, Guile o permitiu. Tateando suavemente a palma direita do norte-americano, a italiana analisava a personalidade deste e os desafios que o aguardavam na árdua luta contra a terrível Shadow Law...

–         É um homem determinado, William... Determinado e corajoso... Também conhece o verdadeiro valor de uma amizade... Sua autoconfiança é outra qualidade a destacar, entretanto, é preciso que você saiba controlá-la, ou ela acabará se tornando sua ruína...

–         Faço tudo para cumprir meu dever...

–         Pois bem. Vá! Volte a se unir àqueles que também querem acabar com Bison e sua abominável organização. Eu lhe desejo sorte e discernimento. Agora vá!

Guile voltou-se para os jipes, distanciando-se da cigana a passos lentos, enquanto as palavras dela circulavam em sua mente. Ao entrar novamente no veículo em que antes se encontrava, William olhou mais uma vez para a calçada com o intuito de fitar a mulher uma última vez, mas ela havia desaparecido sem deixar rastro.

Continua... 


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