Resident Evil: Experimento X escrita por Goldfield


Capítulo 3
Capítulos 7 a 9




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Capítulo 7

Blanka Vs. Sagat.

O mutante examinou o rosto de seu adversário. Com certeza não seria uma luta fácil. O oponente de Blanka aparentava grande habilidade. Súbito, o careca partiu correndo na direção do monstro verde, gritando furiosamente. A cobaia do Vírus Ômega precisava se defender. Tinha que reagir.

Quando seu inimigo se aproximou o suficiente, Blanka saltou no ar, colocando as mãos sobre os joelhos. Fez seu corpo girar como se fosse um porco-espinho, chocando-se contra o adversário. Este recuou, enquanto o mutante, num movimento ágil e perfeito, pousava novamente de pé sobre as pedras da nascente.

–         Nunca poderá vencer o grande Sagat! – exclamou o indivíduo, revelando seu nome.

Ambos permaneceram onde estavam por alguns segundos, em posição de combate, aguardando um provável ataque de seu oponente. Foi então a vez de Blanka investir. Urrando de forma inumana, o “soldado-elétrico” correu na direção de Sagat, pronto para acertar-lhe um soco na face. O capanga de Bison, porém, esquivou-se no exato momento em que o mutante executou o movimento, fazendo com que o punho deste golpeasse o vazio. Sagat aproveitou a situação para aplicar um forte chute nas costas de Blanka. O monstro gemeu, observado pelos atônitos ocupantes dos helicópteros.

–         Sei que pode lutar melhor, mutante! – riu o careca, sem cansar-se de provocar o adversário.

A fúria da criatura verde tornou-se ainda mais intensa. Cerrando os dentes, apoiou os braços no chão e girou as pernas, derrubando Sagat com uma bela rasteira. Em seguida Blanka tentou acertar um soco em seu oponente antes que este pudesse se levantar, mas o capanga de Bison, prevendo a investida do mutante, gritou, dobrando as pernas:

–         Tiger Uppercut!

Num belo salto, Sagat tirou Blanka do chão, acertando-lhe no queixo com um gancho de força sobre-humana. O monstro verde não esperava tal ataque. Gemendo, a cobaia caiu sobre as pedras à cerca de três metros de onde estava seu adversário. O careca, rindo, viu Blanka se levantar e, cambaleando, colocar as mãos na cabeça. Zonzo, o fugitivo mal conseguia manter-se de pé.

–         Mutante idiota! – zombou Sagat. – Ainda tem esperança de me derrotar?

Aos poucos Blanka recuperou-se do golpe, voltando a encarar seu inimigo. Ele estava caçoando de sua desgraça, chamando-lhe de mutante, aberração. O monstro verde sentiu seu corpo formigar, enquanto fechava os punhos, deixando que seu ódio por Sagat o dominasse completamente. Não, Blanka não possuía esperança de derrotá-lo. Ele tinha certeza de que o faria.

Tomando grande impulso, a cobaia do Vírus Ômega correu mais uma vez na direção de seu oponente. Este apenas sorriu, permanecendo no local em que se encontrava. Seguro de sua superioridade perante Blanka, Sagat achava não ter o que temer. Mas equivocara-se.

A poucos passos do adversário, o mutante saltou sobre ele. O capanga de Bison, que conseguira manter-se de pé, tentou se soltar, mas o monstro verde agarrava seus ombros com enorme força. Frente a frente, os olhares dos dois ferozes lutadores se encontraram num instante de indescritível tensão. Sagat desesperou-se ao ver Blanka abrir a boca repleta de dentes afiados como facas.

O que o careca tanto temia ocorreu: a cobaia da Umbrella começou a morder-lhe o tórax vorazmente, arrancando grande quantidade de sangue. Sagat gemia, enquanto o líquido rubro misturava-se à água da nascente. Em questão de segundos o peito do adversário de Blanka estava totalmente tingido de vermelho, com as marcas dos dentes do mutante bem visíveis. O ex-soldado soltou seu oponente, o qual, após olhar para a aberração tomado por um misto de dor e vergonha, caiu inconsciente sobre as rochas úmidas.

Blanka observou o corpo inerte de Sagat por alguns segundos. Conseguira derrotá-lo. Ergueu os braços e abriu a boca suja de sangue, soltando uma série de urros altos e provocadores. Em seguida voltou-se para cada um dos helicópteros, batendo fortemente em seu peito com as mãos num gesto de desafio. Saltou girando no ar, urrando com intensidade ainda maior. Queria que toda a floresta o ouvisse. Ele, Carlos Blanka, estava disposto a enfrentar e vencer quem o desafiasse.

Os soldados pareceram aceitar a provocação do monstro. Através de cordas, desceram rapidamente dos helicópteros, armados com fuzis e submetralhadoras. Assim que as botas de seus inimigos tocaram as pedras da nascente, Blanka, num ato de aparente covardia, mergulhou dentro do rio com um salto, submergindo rapidamente.

–         Ele está fugindo, vamos pegá-lo! – exclamou um dos combatentes da Umbrella, apontando para o curso fluvial.

Nisso, Wesker e Vincent também já haviam saído da aeronave onde antes se encontravam. De pé sobre uma das pedras escorregadias, observavam atentamente os movimentos dos soldados, que adentravam as águas do rio em busca de Blanka.

Foi quando Goldman, fitando tal cena, lembrou-se dos poderes mutantes da cobaia. Um vírus criado a partir do DNA de uma enguia, transformando seu hospedeiro num “soldado-elétrico”. A água era condutora de eletricidade...

–         Não, saiam daí! – gritou Vincent, desesperado, percebendo o perigo que aqueles homens corriam. – Vocês não podem entrar na água!

–         Temos que cumprir as ordens do comandante Turner! – replicou um dos combatentes, mergulhado no rio até o abdômen.

Não havia sinal algum de Blanka. Goldman fechou os olhos. O pior estava para acontecer...

A descarga elétrica foi rápida, intensa e fulminante. Os soldados, pegos de surpresa, agitaram-se freneticamente, deixando suas armas caírem. Aqueles que estavam a salvo sobre as rochas contemplaram atônitos o massacre de seus colegas. Após alguns instantes, os corpos eletrocutados caíram imóveis, boiando sobre a água. Ao longe era possível avistar um vulto verde desaparecendo velozmente pela correnteza do rio...

–         Deller não vai gostar nem um pouco disto... – murmurou Vincent, mordendo os lábios.

Na vila de pescadores, a agitação provocada por Carlos Blanka aos poucos se dissipava. Enquanto alguns moradores tentavam reanimar o homem atingido pelo dardo de Vincent, o garoto Carlos Oliveira encontrava-se sentado sobre as tábuas do ancoradouro, pensando no monstro verde. Afinal de contas, quem era ele? Teriam as lendas contadas por seu avô sobre as criaturas místicas da floresta se tornado realidade?

Nesse exato instante, o pai do pequeno Carlos fitava os dois misteriosos indivíduos que haviam chegado há pouco numa lancha pelo rio. Possuíam sotaque estranho, e perguntavam a todos os habitantes da vila sobre o que havia acontecido.

Eram Nicholai e Zangief. Ignorando as ordens de Ocelot, os dois russos partiram numa lancha em busca do complexo de pesquisas da Umbrella, quando se depararam com o caos provocado por Blanka. De acordo com os ribeirinhos, um monstro verde de agilidade fora do comum havia atacado o povoado. Provavelmente um experimento que fugira ao controle da multinacional farmacêutica.

–         Imagine, Zangief! – exclamou Nicholai, gesticulando sonhadoramente. – O Exército Vermelho seria invencível possuindo soldados como esse tal monstro! Precisamos obter acesso à pesquisa da Umbrella!

–         Mas, senhor, nós ainda não temos certeza de nada! – argumentou o outro agente, trajando uma camiseta branca que deixava seus músculos à mostra. – Lembre-se também que estamos agindo sem o consentimento de Ocelot!

–         Que se dane Ocelot! É por causa de homens como ele que a Mãe Rússia caminha para o abismo! Precisamos fazer algo por nossa pátria, Zangief! Seguiremos o rastro desse monstro e obteremos uma amostra de seu sangue, ou não me chamo Nicholai!

A raiva de Deller aumentava a cada segundo que passava ouvindo o relato de Goldman pelo telefone. Não era possível. Treze soldados mortos e o homem de Bison seriamente ferido! Até aquele momento, a Operação Ômega resultara num grande fiasco.

–         A equipe de Hunk está a caminho! – berrou Emanuel através do aparelho. – Não quero mais descuidos, entendeu?

–         Sim senhor!

Deller desligou. Olhou então para os indivíduos presentes na sala. Sentados ao redor de uma mesa com um mapa da região estavam Turner, dois tenentes e o sinistro Bison. Respirando fundo, Emanuel disse:

–         Estamos tendo alguns contratempos, mas em breve teremos o senhor Carlos Blanka novamente em nossas mãos.

Turner, irritado, deu um soco na mesa, enquanto Bison, olhando para o mapa, sorria de forma apavorante. A carnificina o divertia imensamente.

Capítulo 8

Infiltração fluvial.

O som do barco a motor contrastava com a fascinante paisagem natural do rio Amazonas. Na embarcação estavam Guile, Nash, Barry, Vulcan Raven, Decoy Octopus e Cammy, os quais, já com um plano traçado, pretendiam se infiltrar no laboratório onde Bison fora visto.

William, pensativo, olhava fixamente para as árvores na margem próxima ao barco, perguntando-se sobre que tipo de experiência diabólica a “Shadow Law”, como era conhecida a organização terrorista de Bison, estaria realizando naquelas misteriosas instalações. Lembrou-se do sinistro monstro verde. Teria sido ele vítima da terrível sede de poder do conhecido criminoso?

Sem saber ao certo o que pensar, Guile olhou para a bela Cammy. A inglesa tinha seus longos cabelos loiros divididos numa franja e em duas compridas tranças que chegavam até sua cintura. Ela era, sem dúvida, um colírio para os olhos. Em seguida, William notou que Raven também estava imerso em seus pensamentos, fitando as águas fluviais.

–         Refletindo sobre a missão, Raven? – perguntou Guile ao forte soldado.

–         Não apenas ela, mas sobre toda a minha vida em si – respondeu Vulcan, voltando-se para o autor da pergunta. – Você é um grande guerreiro, William Guile, posso sentir. Ainda será o homem que derrotará Bison! Para isso, precisa apenas confiar em seu julgamento. Os melhores soldados são aqueles que tomam sábias decisões!

–         Obrigado pelo conselho... – murmurou William, sem dar muita importância às palavras do membro da Fox-Hound.

O barco continuou seguindo pelo rio, enquanto seus ocupantes se preparavam para a batalha contra terroristas inescrupulosos.

–         Ande logo, Balrog! – exclamou Vega passando uma das mãos por seus longos cabelos loiros, enquanto o boxeador negro descarregava os equipamentos da aeronave junto com alguns outros homens de Bison. – Tenho um show amanhã à noite em Las Vegas no Golden Nugget, temos que fazer tudo dentro do prazo!

–         Lembre-se que também amanhã à noite lutarei contra aquele campeão japonês de sumô num ringue a poucos quarteirões do Golden Nugget! – replicou Balrog, irritado. – Estou com tanta pressa quanto você!

O lutador de boxe e os soldados da Shadow Law traziam caixas de madeira para fora do avião C-130, as quais possuíam o emblema de um crânio alado, símbolo da organização. Vega apenas observava, braços cruzados, sem perder sua pose de conquistador castelhano. Encontravam-se numa pista de pouso clandestina ocultada pela densa floresta amazônica.

–         Você vive me surpreendendo, Vega! – exclamou Balrog, colocando uma caixa no chão. – Um toureiro recentemente convertido em lutador de rua resolve sem mais nem menos iniciar uma carreira como mágico, sem abrir mão de seus conhecimentos sobre botânica!

–         Mágico não, ilusionista! – corrigiu o espanhol. – Ganharei rios de dinheiro com meus shows, e assim poderei realizar inúmeras viagens ao redor do globo, através das quais aprimorarei minhas técnicas de luta!

–         O salário que Bison lhe paga já não é o suficiente? – indagou o boxeador em tom de deboche.

Vega não respondeu. Voltando-se para os demais terroristas, percebeu que todo o equipamento já havia sido descarregado. Após um suspiro, o jovem gritou:

–         Vamos lá, pessoal! Peguem tudo que precisarem! Minhas amadas flores nos esperam!

O helicóptero da Umbrella sobrevoava a interminável floresta equatorial. Dentro da aeronave, o clima era de total derrota. Sagat, que já recobrara a consciência, tinha seu tórax coberto por vários curativos manchados de sangue. Mas, pior que a dor, era a humilhação. O maior lutador de rua do planeta, campeão de inúmeros torneios, fora vencido por um mutante horrendo criado em laboratório, cujas técnicas de combate eram bem inferiores às suas.

Wesker, por sua vez, sorria disfarçadamente. Tudo estava correndo como queria. Os homens da Umbrella haviam desperdiçado uma oportunidade perfeita de capturar o mutante, perdendo vários soldados de forma patética. Talvez Albert nem precisasse interferir na operação. Vincent e os outros incompetentes colocariam tudo a perder através de suas próprias ações. O cargo de chefe de pesquisas em Raccoon estava cada vez mais perto de ser alcançado...

Nesse instante, todos ouviram um repentino “bip”. Alguém contatava Goldman pelo rádio. O jovem cientista atendeu ao chamado, apanhando seu comunicador:

–         Vincent falando!

–         Aqui é Turner! O esquadrão de Hunk já está procurando pelo mutante na área próxima ao rio! Fiquem em estado de alerta! Talvez a assistência de vocês seja necessária!

–         OK, estaremos prontos!

E Wesker estaria pronto para atrapalhar, caso visse seus interesses em risco...

Dois soldados da Shadow Law seguiam à frente abrindo caminho com facões, cortando a densa vegetação que impedia o progresso dos terroristas, enquanto Balrog, Vega e os demais comandados de Bison os seguiam. Todos tinham mochilas às costas. O calor e os mosquitos geravam grande incômodo. O lutador de boxe exclamou, impaciente:

–         Deste jeito nós derrubaremos metade da Amazônia sem que encontremos suas malditas flores, Vega!

O espanhol olhava ao redor, examinando atentamente os espécimes vegetais que os cercavam. Percorreram mais alguns metros, já cansados de tanto andar, até que Vega disse, apontando para uma árvore próxima:

–         Encontramos!

Os demais abriram caminho, enquanto o castelhano seguia até o local. Junto às raízes do vegetal era possível ver inúmeras flores do tamanho da palma de uma mão, as quais possuíam pétalas violetas com simétricas listras brancas. Vega sorriu, enquanto iniciava a coleta do achado.

–         Vejo que mais algumas pessoas serão alucinadas por aquele seu maldito gás! – riu Balrog.

–         E o que há de mal nisso? – perguntou o espanhol, enquanto apanhava uma das flores. – Eu apenas lhes levarei alegria e fantasia, um mundo imaginário de delícias que apenas eu posso proporcionar!

Alguns meses antes, Vega havia descoberto que, a partir do pigmento daquelas raras flores equatoriais, era possível sintetizar um poderoso alucinógeno em forma de gás, o qual, em contato com o sistema nervoso de uma pessoa, faria com ela entrasse num profundo estado de delírio. Tal recurso estava sendo amplamente usado por Vega em sua recente e próspera carreira como ilusionista em Las Vegas.

–         Dêem uma olhada ao redor, deve haver mais delas por aqui! – ordenou o toureiro aos soldados de Bison, que obedeceram prontamente.

Às margens do rio, numa pequena praia, havia um posto de comando com um improvisado ancoradouro, no qual eram descarregados suprimentos e equipamentos para o complexo da Umbrella vindos pelas águas fluviais. O local, ligado às instalações comandadas por Emanuel Deller através de um túnel subterrâneo, era separado do centro de pesquisas por cerca de quinhentos metros. Geralmente eram os próprios soldados da Umbrella responsáveis pela guarda do posto, mas, por insistência de Bison, naquele momento os combatentes da Shadow Law patrulhavam a área. Seis deles, mais precisamente.

Um dos terroristas, o tenente Kampur, de origem indiana, dirigiu-se até a guarita de concreto do posto fitado por outros dois soldados, que estranharam o fato do superior ter voltado tão rápido do complexo, para onde seguira minutos antes. Dentro da edificação, o recém-chegado encontrou o capitão Samak, que se encontrava sentado ao lado de uma mesa com um rádio. Era um guerreiro de prestígio entre as tropas de Bison.

–         Você acredita que ainda não pegaram aquele mutante? – exclamou o superior de Kampur, irritado.

–         É realmente difícil de acreditar... – murmurou o tenente, sentando-se próximo ao capitão.

–         Até parece mentira! O próprio Sagat foi derrotado por aquela aberração!

–         Às vezes é algo desafiador distinguir fantasia de realidade!

Dizendo isso, Kampur levantou-se bruscamente, sacando uma pistola 9mm com silenciador. Sem que Samak pudesse reagir, o tenente disparou, atingindo-lhe em cheio na testa. O corpo sem vida do capitão desabou da cadeira, caindo de bruços sobre o chão da guarita.

Kampur olhou ao redor, apreensivo. As paredes da edificação impediram que alguém testemunhasse o que o tenente acabara de fazer. Em seguida o indiano apanhou um rádio que tinha pendurado ao cinto, informando através do aparelho num tom de voz totalmente diferente:

–         Aqui é Octopus. Já eliminei um, faltam quatro!

–         Entendido, tenha cautela! – respondeu Nash.

O mercenário da Fox-Hound encerrou a comunicação. Saiu então da guarita, ocultando a arma. Os dois homens da Shadow Law que o haviam observado momentos antes conversavam próximos ao rio, de costas para Octopus. O mestre do disfarce apontou a 9mm na direção dos terroristas, efetuando rapidamente dois disparos após mirar brevemente.

Ambos os corpos vieram ao chão, atingidos mortalmente. O invasor sorriu, contemplando a cena. Sua pontaria era mesmo infalível. Restavam agora apenas dois combatentes a serem aniquilados.

Cauteloso, Octopus contornou a guarita. Deparou-se com um soldado fumando um cigarro. Mais um tiro certeiro, e o capanga de Bison caiu imóvel aos pés de seu assassino. O último terrorista veio correndo na direção do mercenário, prestes a abrir fogo com sua AK-47, mas foi derrubado sem poder apertar o gatilho. O local estava limpo.

–         Tudo OK! – informou Octopus pelo rádio.

Pouco depois, o membro da Fox-Hound pôde ouvir o som do barco a motor se aproximando da praia. Logo seus ocupantes pisaram na areia, caminhando apreensivos até Octopus. Este se livrou da máscara que lhe cobria o rosto, revelando sua verdadeira identidade.

–         Bom trabalho, Decoy! – exclamou Guile.

–         Mais fácil, impossível... – murmurou o mestre do disfarce. – Creio que não estamos lidando com profissionais...

–         Mesmo assim, precisamos ter cuidado! – alertou Barry.

Raven olhou para os corpos dos terroristas, tomado por estranha sensação. Apesar de conviver constantemente com a morte, ela ainda lhe perturbava. Às vezes ele se perguntava sobre qual o verdadeiro significado da vida, por que motivo estava naquele mundo, e quando se veria livre dele.

Depois de darem alguns passos, os invasores ouviram um grito furioso. Voltando-se na direção do barulho, perceberam que um capanga de Bison corria na direção deles, armado com uma faca.

Cammy pareceu aceitar o desafio, saltando na direção do inimigo. Porém, pouco antes de atingir o chão, a inglesa girou no ar em posição horizontal, colocando as mãos atrás da cabeça, num parafuso de agilidade sobre-humana.

–         Cannon Drill! – gritou ela.

As botas da jovem atingiram o tórax do adversário com enorme força, fazendo com que este desmaiasse imediatamente, cuspindo sangue. Novamente de pé, a integrante da Fox-Hound olhou para seus colegas de equipe, que a fitavam atônitos, impressionados com sua incrível habilidade em combate.

–         Venham, creio que a entrada do túnel que leva ao complexo seja por aqui! – exclamou Octopus, caminhando na direção de uma casamata ao norte da praia.

Capítulo 9

A morte não pode morrer.

A fuga de Carlos Blanka pela selva prosseguia, rápida e destruidora. O mutante chegava a derrubar árvores centenárias com sua enorme força para abrir caminho. Sorriu por um instante, lembrando-se de quando escapara de seus perseguidores na nascente do rio. Ele realmente os havia assustado! Nunca o pegariam! Ele morreria se fosse preciso, mas aqueles malditos não o capturariam!

De repente, o monstro verde ouviu o som que mais temia desde que fugira do complexo da Umbrella: hélices girando. Mais um helicóptero se aproximava, trazendo provavelmente novos homens dispostos a tudo para levar Blanka de volta ao centro de pesquisas. O mutante parou numa clareira, fitando o céu azul. Após contemplar o belo vôo de um tucano, o fugitivo viu surgir a aeronave diante de si, aproximando-se cada vez mais do chão. A cobaia da Umbrella respirou fundo. Teria de reagir novamente.

O helicóptero pairava alguns metros acima da clareira. O piloto fez um sinal com as mãos, e imediatamente um soldado saltou da aeronave com uma corda pendurada às costas, atingindo o chão sem nenhuma dificuldade. Em seguida o combatente livrou-se do que lhe prendia, sacando um rifle M16 equipado com lança-granadas. Usava máscara de gás e um uniforme camuflado para a selva, que possuía o emblema do guarda-chuva vermelho e branco nos ombros, além de um nome... “Hunk”.

Achando que aquela palavra lhe soava familiar, Blanka observou atentamente seu curioso adversário por vários segundos. Ele caminhou alguns passos na direção do mutante, apontando-lhe a devastadora arma com certo receio. Logo exclamou, sua voz abafada pela máscara:

–         Venha comigo e não haverá problemas!

“Pelo menos esse aí tentou conversar”, pensou Carlos. De qualquer maneira, o monstro verde não poderia ceder de forma alguma. Continuou olhando para Hunk, que engatilhou o rifle, insistindo:

–         Repito, venha comigo ou serei obrigado a usar de força letal!

Foi então que Blanka lembrou-se das circunstâncias nas quais ouvira aquele nome antes... Hunk...

–         Vamos tirar esse cara daqui, Hunk! Acho que encontramos quem o senhor Deller queria!

A criatura esverdeada cerrou os dentes, rosnando como um animal selvagem. Hunk era o nome de um dos homens que o haviam capturado no armazém em Manaus! Aquele desgraçado era um dos responsáveis por Carlos ter sido usado como cobaia num experimento insano!

A fúria de Blanka atingiu nível incontrolável. Urrando, correu na direção do oponente, que começou a disparar com o rifle. As balas nada causavam ao mutante, e no fundo Hunk sabia que não poderia detê-lo daquele jeito. Quando a aberração estava prestes a saltar sobre seu corpo, o combatente, num gesto desesperado, tentou repeli-la com um chute, certo que de nada adiantaria...

Mas, para sua grande surpresa, Blanka, atingido pelo golpe, recuou gemendo, tendo uma das mãos cobrindo o tórax. Hunk olhou sem entender, confuso sobre como havia conseguido ferir um ser de força muito maior que a sua com um simples chute.

O mutante, porém, não se deu por vencido: saltou novamente, atingindo o adversário no abdômen com um belo soco. Hunk cambaleou para trás, perdendo o equilíbrio, sofrendo, no entanto, uma dor de mínima intensidade. Havia algo errado com seu organismo. Como estava conseguindo resistir daquela maneira às investidas da criatura?

Foi a vez do soldado da Umbrella atacar, confiante. Aproveitando-se do espanto de Blanka perante um oponente verdadeiramente à altura, Hunk acertou-lhe dois potentes socos no rosto, os quais arrancaram sangue dos lábios do monstro verde. Recuando mais uma vez, Carlos percebeu que teria de rever sua estratégia de combate.

–         Renda-se agora se quiser viver! – exclamou Hunk, voltando a apontar o rifle M16.

Nunca! Para Blanka aquilo era mais que uma questão de honra e dignidade. Precisava fugir daqueles que o perseguiam para garantir sua liberdade e sobrevivência. Ele não podia desistir.

–         Veja o que fizeram comigo! – gritou o mutante com sua voz totalmente inumana. – Nunca me entregarei!

O ex-soldado correu então novamente até seu inimigo, disposto a trucidá-lo ali mesmo se sua vida dependesse disso. Hunk apertou o gatilho da arma, e mais disparos vieram na direção de Blanka, nada lhe causando. Quando se encontrava próximo o suficiente do adversário, a cobaia girou no ar, deixando a eletricidade tomar conta de seu corpo, como fizera durante sua fuga da nascente. A potente e mortal descarga de energia atingiu o soldado da Umbrella em cheio, empurrando-o fortemente para trás.

Mas, ao contrário do que Carlos esperava, Hunk se manteve consciente. Tomado por enorme dormência, o combatente sentiu a devastadora corrente elétrica percorrendo cada canto de seu corpo, certo de que aquele ataque teria eliminado imediatamente uma pessoa normal. Porém, de alguma forma, Hunk não era mais uma pessoa normal, e sabia que isso tinha algo a ver com a injeção que Deller lhe aplicara na noite anterior...

Depois de alguns segundos, o soldado percebeu que seu organismo havia voltado ao normal, apesar da dormência ter persistido com menor intensidade. Voltou a olhar para Blanka, cuja expressão facial revelava total confusão. A aberração esverdeada perguntava-se incessantemente sobre como Hunk havia sobrevivido àquela investida. Ele deveria pelo menos ter desmaiado! Seria também aquele combatente vítima dos experimentos diabólicos da empresa do guarda-chuva?

A cada instante Hunk convencia-se mais disso. Nesse momento o mutante verde viu que talvez teria de tomar uma atitude da qual jamais se orgulharia: fugir. Encontrara um oponente à altura, e se continuasse lutando acabaria debilitado demais, senão morto. Blanka olhou de forma apreensiva ao redor, planejando minuciosamente sua retirada. Apesar de ter sido transformado num monstro, Carlos ainda era o estrategista nato que tanto se destacara no Exército.

Contrariada ao extremo em seu íntimo, a aberração esverdeada virou-se de costas para seu adversário e correu na direção da mata. O soldado da Umbrella, fitando a cena, conseguiu até compreender o que Blanka sentia naquele momento. Há pouco Hunk descobrira que fora usado como cobaia por Deller e isso em nada lhe agradava. De qualquer forma, porém, era obrigado a deter o fugitivo, cumprindo sua missão.

Dessa maneira, o monstro verde voltou a ficar sob a mira do rifle...

E o lança-granadas agiu...

O projétil cortou o ar velozmente, provocando som aterrador. Logo veio a explosão, intensa e barulhenta, que incendiou várias árvores ao redor. Contemplando a fúria das chamas, Hunk perguntou-se em sua mente se Blanka havia conseguido escapar. Na verdade ele sabia muito bem que sim, e no fundo de sua alma uma voz cada vez mais insistente torcia para que o mutante esverdeado conseguisse se livrar das garras da Umbrella...

–         Ele fugiu, vamos embora! – exclamou Hunk, voltando para dentro do helicóptero, que havia pousado rapidamente.

–         Por Deus, eu pensei que o senhor fosse ser morto por aquela coisa! – afirmou o piloto, impressionado com a luta que acabara de presenciar.

–         Não seja tolo, rapaz... – murmurou o combatente da Umbrella, acomodando-se num dos assentos da aeronave. – A morte não pode morrer...

Em seguida o helicóptero decolou.

Continua... 


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