Already Fallen escrita por lmbrasileiro


Capítulo 22
Brincadeirinha na sala de jantar.


Notas iniciais do capítulo

A intençao era ter uma conversa adulta... Mas essa era so a intençao...



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Empurrei a porta com toda a força que tive e pude ouvir a risada de Cameron ressoando até meus ouvidos.

–Ah, para com isso gracinha, só quero conversa. – Ele disse com a voz grave, mas eu já havia batido a porta e girado a chave na fechadura.

–SOME CAMERON! – Gritei mais alto do que esperava e me virei para subir as escadas, mas quando alcancei o primeiro degrau, ouvi a porta abrir.

–Isso foi realmente muito indelicado Luciana. – Ele disse com um meio sorriso que era mais sombrio do que sexy.

–Quando você...? Como... – Sussurrei para mim e Cameron riu baixinho.

–Vamos conversar. – Ele disse abaixando o queixo e encarando os meus olhos com certa dúvida.

–Não... – Eu disse sentindo uma onda de terror percorrer minhas veias. – NÃO! NÃO TE QUERO NA MINHA CASA! SAI!

–Para com isso Luciana! – Ele falou dando um passo para frente, mas eu já o estava empurrando para fora da casa a base de socos.

–SAI DAQUI! – Gritei esperando que ele cooperasse e sumisse, mas Cameron não planejava a mesma coisa.

–Não, não vou sair “Lulu”. – Ele disse me envolvendo com os braços e me jogando contra a parede.

Tentei me soltar com um chute, mas Cameron prendeu minhas pernas com suas coxas e pressionou o seu corpo contra o meu ao ponto de eu não conseguir respirar.

–Já... Chega... – Eu disse com dificuldade e Cameron gargalhou.

–Voce realmente acha que pode contra mim? – Ele sussurrou ao pé do meu ouvido. – Sabe... Foi muito mais fácil me aproximar de você nas outras vezes... Por que você luta tanto agora?

–Do que você está falando?! Seu babaca! – Falei empurrando-o, mas ele nem se mexeu.

–Luciana. – Ele repetiu. – Eu vim lhe contar o que eu sei.

Parei de me mexer imediatamente e fechei os olhos cogitando a hipótese de aceitar seu convite para uma conversa civilizada. Mas a adrenalina ainda corria pelo meu corpo e um instinto fortíssimo me aconselhava a fugir.

–Por favor... – Falei abaixando a cabeça. Estava ao ponto de chorar. Cameron não demonstrou emoção. Só me encarou.

–So mais um beijinho e eu te solto. – Ele disse em tom brincalhão e eu lutei contra ele de novo. E então uma voz disse atrás de nós.

–O que ELE esta fazendo aqui?! – Daniel disse trincando os maxilares. Cameron me soltou e abriu um sorriso intrigante. Quando me vi livre, corri para Daniel.

–Ai “jesus”... – Cameron disse baixinho, depois pareceu rir do próprio comentário.

Daniel respirava de forma entrecortada e estava tenso. Quando o alcancei, ele me deu um abraço frio e olhou para Cameron. Os dois pareciam dois cães brabos prestes a lutar.

–SAI! – Daniel disse para Cameron. Os olhos brilhando de raiva.

–Só estávamos... brincando. Não é Lulu? – Cameron disse arqueando as sobrancelhas e Daniel largou a sacola que tinha nas mãos.

–Seu... – Ele fez menção para partir para cima de Cameron mas eu o segurei.

–Não. – Falei baixinho. – Não faça isso...

–Como é? – Daniel disse irritado.

–Eu... Hm... Ele sabe de algo que não sabemos Daniel... Seria melhor se... – Respirei fundo. A verdade era que eu temia pela vida de Daniel. Eu não sabia do que Cameron era capaz e tive medo.

–Luciana! – Daniel falou me repreendendo.

–Que menina esperta. – Cameron disse balançando a cabeça. – Vamos lá pra cima e eu te conto o que sei... Mas, só nos dois.

–NÃO! – Eu falei me agarrando a Daniel. – Daniel também está envolvido nisso... Só converso com você se ele estiver presente!

–Nossa... – Cameron falou revirando os olhos verdes. – Que saco... Sempre essa melosidade irritante.

Olhei para Daniel mas ele não me encarou nos olhos. Só balançou a cabeça.

–Que seja... – Cameron disse se jogando nas cadeiras da cozinha. – Eu falo com o casalzinho do ano...

–Voce tem certeza disso? – Daniel sussurrou no meu ouvido. Não respondi.

Sentamos ao redor da mesa, eu e Daniel um ao lado do outro, Cameron bem a nossa frente.

–Desembucha! – Daniel falou passando a mão nos cabelos loiros. – O que você veio fazer aqui?

– Antes de partirmos para essa conversa desagradável, digam pro titio Cameron, onde voces descobriram sobre os Anunciadores? - Ele falou apoiando os cotovelos na mesa e pegando uma maçã da fruteira.

–Nao rola te contar colega... - Daniel falou em um tom calmo.

–Olha como fala. – Cameron disse eu senti um brilho bronze atravessar seus olhos. As luzes da sala piscaram.

–Cameron o que voce é? – Eu disse semicerrando os olhos.

Cameron me olhou e riu. Um arrepio correu minha espinha e agarrei a mão da Daniel por debaixo da mesa.

– Ou devo te chamar de Cam? - Eu disse em um tom arrogante, quando disse essas palavras a Daniel apertou ainda mais a mao, soltei a mao dele por causa da dor.

Eu ja havia batido em Daniel antes, e ele nunca revidara, sempre pensei que fosse mais fraco que eu, mas naquela hora percebi que estava errada.

–Nao me chame assim Luce. - Luce, de novo esse apelido, primeiro Anne, agora Cameron tambem me chamava assim. Minha cabeça girou e fechei os olhos.

Uma imagem se formou na minha cabeça. Os olhos verdes de Cameron me encaravam. A voz de Daniel falava algo no fundo, mas não pude entender. Abri os olhos de novo. O que diabos estava acontecendo?

Respirei fundo e apertei a mão de Daniel para me prender a realidade. Não gostava daquelas ilusões. Não gostava de estar enlouquecendo... Passei a mão nos cabelos e mordi o lábio na esperança de a dor me manter alerta.

–Voce nao gosta de ser chamado de CAM?- Eu disse, Daniel agora olhava para o outro lado da sala, como se aquela situação lhe fosse alheia.

Cameron se inclinou para a frente e segurou meu queixo.

–Nao querida, eu ADORO quando VOCE me chama de Cam... Se voce chamar de novo, nao vou poder me se...- E então, uma mão aterrissou no rosto de Cameron.

– FILHO DA PUTA! – Ele disse segurando o queixo. Os olhos de Cameron ardiam de ódio. Assim como os de Daniel.

–TIRA AS MAOS DELA AGORA! BABACA! – Daniel gritou. Cameron se levantou devagar e riu com a voz grave.

–Quer brincar Daniel? Vamos brincar! – E então ele voou sobre a mesa no pescoço de Daniel.

Tentei me levantar para apartá-los, mas antes de me por de pé, meu corpo inteiro ardeu e eu me sentei mais uma vez na mesa.

Eu via a briga que acontecia em minha cozinha, mas ouvia outros sons. Como se somente metade do meu corpo estivesse ali naquele momento.

–PAREM! – Eu gritei. Fechei os olhos e mais uma visão se formou. Era uma poeira leve cobrindo um grande campo. Uma poeira levemente metálica.

Abri meus olhos novamente e vi minha cozinha. Daniel e Cameron enroscados em uma briga violenta. Pensei em me aproximar mas o risco de receber um chute ou um soco era grande demais.

–PAREM COM ISSO! – Eu gritei mais uma vez. A tontura e a dor haviam se dissipado e eu resolvi ignorá-las. Foquei na luta que acontecia bem em frente aos meus olhos. – PORRA! JÁ CHEGA!

Em certo momento da luta, Daniel conseguiu imobilizar Cameron segurando seu braço com as duas mãos e prendendo o corpo com as pernas. Cameron se debateu como um peixe recém capturado mas Daniel não afrouxou.

–Cam... Camiel... É ESSE SEU NOME NAO É? - Daniel falou olhando no olho de Cameron.

–SEU PIVETE MAL EDUCADO! – Cameron gritou e cuspiu no rosto de Daniel, que ficou irado e começou a socar Cameron como se fosse um bicho. Num contra-ataque, Cameron pulou sobre Daniel.

Ele começou a soca-lo incessantemente. Quando Daniel conseguiu socar Cameron, ele pareceu não sentir nem um pouco de dor. Ele riu e voou sobre Daniel o enforcando.

– PARA! PARA! VOCE VAI MATÁ-LO! – Eu gritei socando as costas de Cameron, mas ele nem se moveu.

O olhar dele era estranho, os olhos estavam arregalados e pareciam simplesmente assassinos, a tatuagem em forma de cobra que existia na costa de sua mão brilhou numa luz dourada.

Eu chorava de forma anormal enquanto tentava tirá-lo de cima de Daniel quando ouvi uma voz melodiosa e grave falar atrás de mim.

–Sai da frente Luce. – Anne disse. Ela segurava uma flecha sem ponta em direção de Cameron. Uma flecha igual a que eu tinha visto em meu sonho. – CAM! SAI DE CIMA DELE ANTES QUE EU TE EXPLODA! NÃO TENHO MEDO DE TE TRANSFORMAR EM POEIRA!

Como se acordasse de um sonho, Cameron pulou para longe de Daniel. Ele encarou para o corpo deitado a sua frente. Então ele se virou para Anne, os olhos vermelhos com o que eu achei serem lágrimas.

–CARALHO ARIANNE! – Ele gritou indo ao quintal e Arianne o acompanhou. Um cheiro forte de enxofre invadiu o ar, e nao tive duvidas da verdadeira natureza de Camiel.

Corri para o quintal, mas nenhum dos dois estava lá. Estremeci da cabeça aos pés.

–Em merda eu me meti dessa vez? – Eu disse a mim mesma, então Daniel tossiu no chão da sala. Corri em sua direção e me ajoelhei ao seu lado.

–Por que você... – Soluçei. – Fez isso?!

–Hm... – Ele respondeu.

Ele estava com as roupas rasgadas e ensanguentadas, mas seus rosto nao estava tao mal assim, o virei de lado para que ele nao engasgasse com sangue ou saliva. Foi quando percebi as duas marcas, dois sinais, logo abaixo das omoplatas. Iguais aos meus.

Toquei de leve em suas pequenas marcas e então um fluxo de memórias me invadiu a mente.

Naquele momento uma pergunta surgiu em minha mente.

Quem eu realmente sou? O QUE eu realmente sou?


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