Already Fallen escrita por lmbrasileiro


Capítulo 17
O beijo.


Notas iniciais do capítulo

All along it was a fever.



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Paramos em frente a porta do quarto de hospedes com as mãos entrelaçadas. Daniel tinha um sorriso nervoso no rosto e eu sentia as lágrimas começando a escorrer pela bochecha mais uma vez.

–Eu esperava uma Luciana menos medrosa. – Daniel disse com a voz trêmula.

–Olha quem fala... – Levantei a mão dele rindo. – O menino que treme mais que os terremotos do japão.

–Isso foi ofensivo. A mim e ao japao.

–Sinto muito pelo japao. – Rimos um pouco e encaramos a porta.

–Tem certeza disso? – Daniel disse nervoso. Os olhos dele estavam semicerrados e ele movia os ombros de uma forma estranha. Como um gato se espreguiçando.

–Foi você que me arrastou até aqui lembra? – Eu disse limpando o rosto com raiva. Odiava chorar na frente das pessoas. Daniel soltou uma risadinha.

Ele tocou a maçaneta e eu estremeci. Daniel encarava a maçaneta com raiva. Sua mão suava frio e ele tremia mais do que o normal. De repente, ele se virou para mim. Ele estava a beira das lágrimas. E então, ele se moveu.

Me mantive imóvel enquanto seu rosto se aproximava do meu e nossos lábios se tocavam.

Ele se afastou um pouco da porta, ainda estavamos de maos dadas. Ele passou o braço livre em volta da minha cintura e eu segurei seu rosto.

A cada toque que trocavamos, mais nossos corpos se aproximavam, era como se meu lugar fosse em seus braços. Senti um calor em meu peito se instalar pelo corpo todo, estava prestes a lembrar de alguma coisa muito importante, me aproximei mais de Daniel...E mais... E mais...

Faltava pouco, o calor aumentava e começava a machucar, mas eu sabia que se continuasse com meus labios nos dele, iria me lembrar... Meus sinais começaram a queimar nas costas.

De repente Daniel me largou e a sensação de calor sessou, fiquei confusa, pensando o que estaria errado, ele percebeu e com o olhar apontou para o lado, uma sombra.

–É sempre assim... – Ele murmurou para sim. Eu estremeci da cabeça aos pés e segurei sua mão com mais força. – Sempre...

–O que você está falando?! – Sussurrei. Daniel me encarou com um sentimento que não consegui identificar.

–Sempre que me aproximo de você... – Ele segurou meu rosto e a sombra se revirou como se estivesse repleta de raiva. Me afastei de Daniel rapidamente e ele riu.

–O que foi isso? – Falei com medo. Daniel deu de ombros e mais duas sombras apareceram na nossa frente. – Obrigada por isso.

–Desculpa. – Ele falou tentando arranjar uma rota de fuga, mas as sombras taparam nosso caminho. – Merda!

Sem saber pra onde ir, toquei a maçaneta do quarto de hóspedes e girei, pulamos para dentro e batemos a porta atrás de nós.

Não foi uma escolha lá muito esperta. O quarto ainda estava infestado de sombras. Eu nunca havia estado tão perto delas e Daniel parecia simplesmente em choque.

–Daniel... – Falei balançando sua mão. – Caralho Daniel! – Me aproximei dele e toquei meus lábios nos dele.

–O que foi?! – Ele disse saindo do beijo. Depois se aproximou e me beijou de novo. As sombras roçaram em nossos pés e eu comecei a chorar.

–Não me beije! – Falei completamente arrepiada pelo toque frio que as sombras causavam. Daniel se colocou entre mim e elas e tentou chutá-las. Quando viu que conseguia tocá-las e espantá-las, riu.

–Luciana, você pode chutá-las. – Ele as chutava para longe e eu fechei a cara. Ainda estávamos de mão dadas.

–Vamos embora por favor! – Falei com medo. Daniel encarou o quarto por um minuto e depois virou-se para mim.

–Elas estão em volta do armário do meu bisavô... – Ele soltou minha mão e eu me senti a deriva.

–Não Daniel, por favor! – Implorei tentando pegar sua mão de volta. Mas ele se soltou.

–Pare de ser covarde Luciana! – Ele falou rindo.

–Volte aqui! – Falei batendo os pés. Daniel chegou em frente ao armário e uma sombra se colocou entre ele e a porta. Daniel tentou enxotá-la mas ele não saiu. Entao ele a socou e abriu a porta em um movimento rápido.

Dentro havia um caderno de capa azul marinho. Assim que Daniel o tocou, as sombras que antes estavam acima de nossas cabeças desceram até nossos pés. Daniel percebeu a movimentação estranha e correu até a minha direção.

Ele agarrou minha mão novamente e me levou para fora de volta ao quarto. Nosso coração estava na garganta e eu soluçava.

–Seu filho da puta! Que porra foi essa?! – Soltei a mão dele e coloquei a mão no rosto. Daniel tentou se aproximar mas eu não queria ele perto.

–Luciana me desculpe...

–Não me toque! – Falei num sibilo. – Voce é sinônimo de sombras!

–Eu?! – Ele jogou o caderno na cama. – Voce que as trouxe para cá! Voce que as trouxe para minha vida! Eu estava muito bem convivendo a meia dúzia delas que vivia no armário do meu bisavô. Mas você tinha que chegar! Tinha que aparecer e espalhá-las por todos os lugares que eu visito!

–Entao a culpa é minha?! – Falei parando de chorar.

–Basicamente! – Ele disse se virando para a janela. Dei um passo em sua direção.

–Entao por que você me beijou?! – Falei levantando uma sobrancelha. – Por que me agarrou lá embaixo?! Ein?!

–Voce sabe o por que Luciana. – Ele ainda estava virado de costas para mim.

–Que se dane! Eu vou para casa. – Me virei para a porta. Mas antes de alcançar o batente Daniel segurou meu braço.

–Voce não vai! – Ele disse sério. – Voce não pisa naquela casa até que Pete suma.

–Por que você se importa?! – Eu disse quase gritando. Daniel suspirou.

Ele pegou minha mão e levou-a ao peito. O coração estava três vezes mais rápido que o meu. Arregalei meus olhos e apertei sua blusa.

–Voce me causa isso... – Ele disse. – Por isso me importo. Por isso a beijei.

–Voce só está assim por que enfrentou as sombras...

–So enfrentei as sombras por que você estava aqui.

–Voce... está afim de mim?! – Fiz graça e Daniel riu.

–Não... – Ele falou dando um passo pra perto. – Mas... Preciso de você perto...

–O que isso quer dizer? – Eu disse sorrindo. Daniel retribuiu o sorriso.

–Que gostei da sua língua. – Ele passou o braço pela minha cintura.

–Não sou a Gabi! – Eu disse me afastando. Daniel balançou os cabelos e riu.

–Nem quero que seja. – Ele me jogou na cama e deitou por cima de mim.

Senti a mesma sensação de fogo dentro do peito. E não, não era a sensação de fogo normal que sentimos quando somos jogadas na cama de um rapaz. Era a sensação de fogo que sentimos quando somos jogadas na fogueira, ou no óleo quente.

Eu queria mais, queria muito mais. O problema era que aquele fogo ardia demais. Meus sinais nas costas coçavam e queimavam, enquanto a mão de Daniel viajava pela minha coxa.

Algo em mim se formava, uma ideia, uma lembrança muito antiga. Eu a afastei, por algum motivo, pensar nela aumentava o mal estar. E então, eu empurrei Daniel para longe. Ele me encarou confuso.

–Nao é hora de brincar ok? É hora de trabalhar. Daniel bufou alto e se sentou.

Eu fugi de seus olhos e peguei o caderno. Ele era feito de um couro bem escuro, com uma pena desenhada com tinta dourada na capa. Passei a mão pelos traços do desenho e abri o caderno. Daniel bufou para mim mas eu o ignorei.

Abri o caderno e passei os olhos pelas folhas rapidamente. Daniel estava impaciente e começava a me cutucar com o pé, mas eu fugi de seu toque.

–Acho que é um caderno de desenho... Mas tem alguma coisa escrita... Que lingua é essa, italiano? frances? - Disse isso aproximando o caderno para Daniel poder ver.

–É LATIM! - Ele disse alto demais, tapei sua boa com a mao, e ficamos parados por um tempo para ter certeza que ninguem havia acordado. Rimos e eu me sentei ao seu lado.

–Como voce sabe que isso é latim? - Eu disse encostando minha cabeça em seu ombro.

–Nós eramos obrigado a estudar latim na Coeur de Lumière ate o ano passado... - Ele disse passando o braço pela minha cintura, ficamos ate muito tarde desse modo, analisando o livro.

Daniel era horrivel em latim, e eu nao entendia nada do que estava escrito, por isso não fomos capazes de descobrir quase nada naquela noite, a não ser que era um diário de uma pessoa minuciosa, já que ela não pulava um dia sequer, e naqueles 365 dias do ano, ela escreveu com detalhes usa rotina...

Daniel e eu dormimos juntos e so me atrevo a dizer que fizemos mais coisas alem de tentar ler o diário, mas nao chegamos ao ponto em que as coisas ficam boas, pois sempre que a coisa começava a ficar interessante, eu sentia a sensação de estar sendo fritada no fogo do inferno crescer em mim.

Não disse nada a Daniel sobre isso. Só usei a desculpa de que estávamos perdendo o foco. Talvez fosse asia, ou meu subconsciente soubesse que na verdade eu ainda o odiava e tentava arranjar formas de evita-lo.

Passei a noite em claro, nao queria dormir, queria ler mais do livro, queria saber do que se tratava, mesmo não entendendo uma palavra escrita. De manha, coli os frutos do meu esforço.

Enquanto folheava e observava os desenhos feitos no caderno, a maioria era o rosto de uma jovem de cabelos ondulos, percebi algo extraordinário. Haviam dois nomes que apareciam bastante, o primeiro era Cam e o segundo... Daniel.


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