Already Fallen escrita por lmbrasileiro


Capítulo 16
Voce vem comigo?


Notas iniciais do capítulo

"Spare me your judgements and spare me your dreams"



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Entrei em estado de choque ao ouvir as palavras ditas por Daniel e sem perceber, deixei a toalha que cobria o pijama vergonhoso.

Daniel me encarava com uma ponta de preocupação e alegria no olhar. Mas pareceu se incomodar com meu silencio, pois foi logo mudando de assunto:

–Bela roupa, vai trabalhar como stripper ou esta so tentando me seduzir? - Droga! O pijama!

Fiquei corada imediatamente, ele nunca havia me visto mostrar tanto do meu corpo e me encarava sem a menor vergonha. Peguei uma peça de roupa suja que estava no chao e joguei em seu rosto, falando mais alto do que esperava:

–ISSO É DA SUA PRIMA ESQUEÇEU?! ISSO NAO É MEU! SE FOSSE MEU EU... - Ele me interrompeu segurando meu braço e me puxando para perto de si, ele levou o dedo a boca pedindo silencio e eu parei de gritar.

–O que voce quer gritando a essa hora da noite? Todos estao dormindo... Inutil! - Ele disse sussurando. Fique sem graça e o empurrei para longe.

–Idiota! - eu respondi ainda corada. Eu tentava tapar as pernas com a mão, mas nao estava surtindo muito efeito.

–Feia! - Ele disse rindo. Me soltei do braço dele e dei dois passos para longe.

–Infantil - Eu respondi, nao poderia perder essa guerra.

–Problematica! - Ele respondeu dando um passo para a frente.

–Idiota! - Eu respondi dando um passo para tras.

–Voce disse idiota duas vezes - A voz de Daniel ficou mais grave, e eu senti meu corpo tremer.

Ele deu um passo para frente, nao recuei. Fique parada encarando-o. Ele se aproximou mais um pouco.

–Por que voce é duplamente idiota! - Eu sei que foi ridiculo, mas Daniel nao era o menino burro que eu achei que fosse.

Era dificil vence-lo, era dificil entende-lo, ele sempre levava todas as conversas para o rumo que desejava, eu nao tinha poder sobre ele.

–Que genio! - Ele deu mais um passo em minha direção, e eu nao sabia o que dizer ou fazer, Daniel me devorava com o olhar e eu gostava disso.

–Pervertido! - Para nao me deixar seduzir virei de costas para Daniel, fixei meu olhar na janela e nas pessoas que passavam na rua, por um momento me distrai.

–Nao sei se encaro isso como um xingamento ou como um elogio... Vou encarar como um elogio. - Disse Daniel quase num sussuro, eu odiava esses comentarios idiotas que ele fazia.

–Quem encara isso como um elo... - Ele nao me deixou terminar, pegou-me pelos braços e me atirou em sua cama, os lençois exalavam o perfume de Daniel, era bom.

Daniel deitou por cima de mim me imobilizando, confesso que ate aquele ponto nao tentei sair de verdade dali. Daniel falava com uma voz aveludada, mas seu olhar parecia tao confuso quanto eu me sentia.

Ele respirava com dificuldade, e eu tentava a todo custo nao ter um ataque cardíaco. Fiquei parada por um minuto fitando-o e percebi que ele fazia o mesmo. Tentavamos entender um ao outro, descobrir o que cada um pensava.

–Qualquer coisa que venha de voce para mim é um elogio. - Ele disse olhando em meus olhos, depois se aproximou, beijou meu pescoço e sussurrou em meu ouvido - Luciana.

Me arrepiei com a sua voz, e o prazer que aquele sussurro me trouxe fez com que eu acordasse, aquele nao era um cara qualquer, aquele era Daniel Grigori, o desprezivel Daniel Grigori.

Usando meu joelho como alavanca arremessei Daniel sobre minha cabeça, fazendo com que ele caisse de costas na cama, ele ficou supreso por um momento.

–CACETE! Quantas vezes voce pretende fazer isso?! Puta que pariu! - Ele nem se levantou, ficou na mesma posição que caiu, abismado com a minha força, ou simplesmente zangado por nao conseguir o que queria.

–Quantas vezes for necessario! Agora da pra parar de palhaçada? Que historia é essa de ver os vultos? - Ele jogou o braço sobre os olhos e eu percebi naquele momento que ele estava exausto.

–Faça silencio por um instante Luciana... - Ele disse num suspiro frustrado. Eu me encostei na parede e tremi. Mais vultos surgiam lá fora e eu estremeci.

Ficamos calados por um longo tempo. Tanto tempo que cheguei a pensar que Daniel havia caído no sono. Mas ele nao parecia relaxado, só mais e mais tenso. Quando um vulto se aproximou da janela rapidamente, eu corri para perto da cama e me sentei ao lado dele.

–Daniel... - Falei em um tom choroso que nao usava desde os sete anos.

–Já quer me seduzir Luciana? Voce realmente me ama nao é? - Ele disse em uma voz grave. Ele tentava levantar o clima, tentava sorrir, mas nao estava dando certo. Ele suspirou. - O que foi?

–Estou com medo... - Eu disse. - E com frio... Esse pijama nao me aquece nem um pouco.

–É mesmo? - Daniel se sentou e eu vi em seus olhos o mesmo brilho de quando brincava com os gemeos. - Pois ele me deixou em chamas!

–Isso nao é hora para brincadeiras! - Falei sentindo a pele tremer pelo frio.

–Pegue algum pijama meu... - Ele falou deitando-se de novo. - Os da primeira gaveta sao novos. Nunca os usei.

Eu sorri e me levantei. Por algum motivo, nao escolhi nenhum pijama da primeira gaveta. Abri a segunda e escolhi uma calça da algodão e uma blusa de mangas curtas.

–Entao... Voltando aos vult... - Daniel nao me deixou terminar.

–Prefiro chamá-las de sombras. - Ele falou. O braço ainda sobre os olhos.

–Hm... Desde quando voce... ve essas tais sombras?

–Eu as vejo desde de pequeno, eu as vi na aula de religiao, e na praia enquanto corriamos.- Ele se sentou e me encarou.

–Entao voce acredita em mim? - Eu disse me levantando e olhando para Daniel. Ele se apoiou nos cotovelos e me encarou.

–Nao foi exatamente o que eu acabei de dizer?! Estupida! - Nao respondi, nao era necessario começar outra discussão agora, o que eu precisava era descobrir se Daniel era confiavel.

–Voce nao vai me levar para o hospicio? - Eu disse dando um passo para trás e segurando o pijama dele contra o peito.

Os olhos de Daniel desceram até o pijama que eu escolhi. Ele percebeu que eu nao peguei nenhum da primeira gaveta. Com o seu meio sorriso e seus cabelos bagunçados ele se levantou e andou até mim.

–Por que voce as ve tambem? - Ele disse me fuzilando com o olhar. Nao movi um musculo. Eu sabia o que viria a seguir e devo admitir... Nao queria fugir.

–Nao sei. - Respondi. Daniel estava a dois passos de distancia de mim.

–Desde quando voce as ve? - Ele falava em um tom sério. Estava a um passo de mim.

–Nao sei ao certo... Começou aos poucos... E entao, quando eu pisquei, estavam por toda a parte... - Falei num sussurro. Daniel pareceu nao ouvir.

–Quem é voce? - Ele disse. Nossos corpos a tres centimetros de distancia. Eu o encarava nos olhos.

–Luciana Nightfall. - Falei desviando o olhar. Daniel riu.

–Claro que é. - Ele me envolveu em mais um abraço forte e eu suspirei. Logo, lágrimas encheram meus olhos. O coraçao de Daniel estava a ponto de sair do peito.

–Calma... - Eu disse colocando a mão em seu torax. Ele riu.

–Eu achava que elas eram... Fantasmas infantis, ilusões... Um trauma. - Um suspiro. - Mas... Elas sao reais...

–Elas estao no quarto de hospedes agora... - Eu disse, por fim desistindo de descobrir se ele era ou nao confiavel. Aquele olhos nao seriam capazes de mentir para mim, pensei.

–Ah! sim, sempre foi assim la... - Ele disse olhando para o chao.

–Onde eu vou dormir Daniel? - Supliquei.

–Que tal aqui na minha cama? - Ele jogou-se na cama e deu dois tapinhas.

Juro que se seus olhos estivessem com o mesmo tom selvagem que sua voz eu teria aceito sua proposta, mas nao estavam. Seus olhos eram puro medo.

–NUNCA! - Eu disse simulando uma convicção que nao sentia. Daniel riu, se levantou e foi em minha direção, preparei-me para joga-lo na cama novamente mas ele disse:

–Calma, calma! Eu vou dormir no sofá, voce dorme na cama ok? - Como pensei, ele nao falava serio quando dizia aquelas coisas indecentes, ele gostava da Gabi. Era so uma brincadeira.

–Ok... Mas minhas coisas estao no quarto de hospedes... - Eu disse coçando a cabeça sem graça.

–Quem as colocou la? - Ele pareceu irritado, fique sem graça de responder mas nao podia mentir.

–Sua prima... - Era a verdade, ela havia jogado minha bolsa la dentro mais cedo, como eu nao havia visto sombra alguma la, nao achei nada demais, me arrependi amargamente.

–Que saco... Vamos ter que descer. Vem comigo? - Ele disse se dirigindo a porta. Meus olhos estavam cheios d'agua. Daniel percebeu, suspirou e sentou no sofa do seu quarto. -Elas nao apareciam tanto sabia Luciana? Mas depois que voce chegou eu as vejo quase todo o dia sabia?

Comecei a chorar de novo, devagar levantei o olhar para o rosto de Daniel, ele sorriu gentilmente, me deixando confusa.

–O que tem de errado comigo... - Soluçei.

Daniel saiu de perto do batente e pegou minha mão. Ele apertou de leve e limpou uma lágrima. Ele me deixava confusa. Mas eu sabia que causava o mesmo efeito nele e eu gostava disso.

Mesmo nao sendo minha vontade, afastei a mão dele de perto e mim e limpei minhas lágrimas. Luciana Nightfall nao chora! Nao aquele tanto em uma só noite.

–Algo esta errado Luciana, e nos temos que descobrir o que é!

–Sim. - Eu limpando as ultimas lágrimas com força. - Eu sei...

–Isso envolve a mim, a voce, e a essas sombras, eu acho que nao devemos mais fugir delas, acho que devemos segui-las, elas provavelmente tem a resposta. - Ele se levantou, olhei para ele e pareceu que nada poderia derruba-lo e que ele nao permitiria que nada me derrubasse. Estendendo a mao ele me disse - Luciana, voce vem comigo?

–SIM! - Eu disse num impulso.

Tive a forte sensação de dejavú. Meu corpo se aqueceu e eu pude ouvir no fundo da minha mente a voz de um rapaz sorrir e dizer

"Diga de novo... Nunca chegamos tão longe e... Lucin..."

Fiquei tonta e apertei a mão de Daniel. Ele sorriu para mim e apertou de volte. E juntos nos descemos as escadas rumo às sombras.


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