Already Fallen escrita por lmbrasileiro


Capítulo 11
Um desenho de Daniel.




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Acordei ainda na enfermaria, meio tonta e sonolenta eu me sentei na maca. O corpo inteiro dolorido, mas nada que eu nao estivesse acostumada. Pior que a dor dos músculos repletos de ácido lático era a dor de cabeça que me cegava, eu me perguntava qual seria o significado do sonho que tive.

Eu, uma jovem loira e um rapaz de olhos azul celeste andavamos por Las Vegas, riamos muito, entramos em um cafe e um homem de olhos completamente brancos e um sobre-tudo muito velho e sujo nos atacava de repente, depois disso Anne aparecia e nos defendia. Ela brigava conosco e em seguida tinha uma conversa importante... Mas eu nao conseguia me lembrar da conversa, por mais que tentasse.

Fiquei ansiosa e inquieta por conta disse. Eu devia ficar mais tempo de repouso, mas nao consegui, olhei ao redor e vi o prof. Sebastian Milles ainda deitado. Ele suava muito. Nao importa o quanto ele repetisse, aquilo nao era uma ferida normal.

Eu o encarei por um momento e ele retribuiu o olhar. De repente, seus olhos desceram à altura de meus seios, e por favor, nao pense que ele os encarava, ele tentava ler ao que estava estampado em minha blusa completamente preta. Era a frase "A devil made me do it". Ele riu e balançou a cabeça. Respondi com um sorriso.

–O que é Luciana? - Ele disse em um tom impaciente.

–O que é o que?

–A pergunta que voce que me fazer, faça. Prometo nao mandá-la para a detenção de novo. - Ele disse com um olhar doce e maroto ao mesmo tempo, um tanto familiar.

–Ah... hum... tudo bem... entao... - Nao sabia como perguntar, nao sabia se devia perguntar.

–Luciana! Faça a maldita pergunta!- Ele estava perdendo a paciencia. - Enfrenta o ceu e o inferno por um garoto e nao consegue formular uma pergunta... - Ele disse para si mesmo, pude ouvir tudo, por mais que nao fizesse sentido... Me pergunto se esta foi a segunda pista, acho que nao.

–O que? - Eu perguntei querendo saber se havia ouvido corretamente. Prof. Sebatian respirou fundo.

–Faça a pergunta! - Seu tom foi severo, mas nao consegui levá-lo a serio.

–Nao sei se devo. - Brinquei, ele sorriu e me lançou um olhar irritado. Ao perceber que havia levado na brincadeira, deixei escapar um risinho. - Qual sua relação com a profª. Suzannah?

–Ela é minha irmã. - Ele disse tao naturalmente, que me senti mais a vontade. Era como conversar com um amigo, e senti que ele respeitava a mim mais do que eu a ele.- Só isso?

–Nao! Tenho outra pergunta!

–Entao diga!

–E verdade que o senhor comanda uma gangue? - Ele gargalhou, se levantou pegando o casaco, a ferida enfaixada. Ele disse que estava tudo bem, mas pontos de sangue surgiam na superfícia da gaze.

Nem isso me fez parar.

– É a mafia italiana né? Por acaso o senhor trabalha para a yakuza? Ah... O que é um Nefil? é o seu codinome? Cameron é da gangue tambem?

Minhas ultimas perguntas assustaram o professor, que ficou parado por algum tempo, encarando o tempo. Ele tornou seu olhar para mim devagar, abriu a boca para falar, mas fechou novamente.

O aviso de Cameron ressoou em minha cabeça. Nao diga nada desnecessario Nefil. Era como um mantra maligno. Por fim, prof. Sebatian me respondeu:

–Cameron nao quer que voce saiba, mas como voce é voce, vou lhe contar. - Seu tom desceu, tornando-se um sussurro. - Nefil significa 'Nunca Estude de Frances ILegal', é uma organização criminosa que eu governo, pode me chamar de Rei Nefil se quiser.

–Que ridiculo - eu disse desapontada e irritada. Odeio piadas sem graça. Ele riu.

–Nao existe gangue Luciana, eu fui assaltado e o ladrão me empurrou no chão.- Ele disse em um tom serio, fiquei seria. Odiei essa desculpa.

–Isso nao parece um machucado de quem caiu?

–Desculpe doutora, mas gostaria de ver seu diploma! - Ele falou cruzando os braços.

–Esqueci em casa. - Falei irritada.

–Aaah, que doutorazinha incompetente... - Ele sorriu e saiu. Deitei e dormi mais um pouco.

Acordei com meu celular tocando, era mamae. Nao atendi, provavelmente era a diretora querendo falar sobre a briga, e eu ainda tinha que resolver o olho roxo antes de chegar em casa.

Olhei para o relógio na parede e engasguei. Peguei minhas coisas e corri para a casa de Daniel, ja estava dez minutos atrasada. Nunca corri tanto, consegui fazer o percurso escola-casa do Daniel em cinco minutos, quando geralmente levava quinze.

Bati na porta e sua mãe atendeu, o sorriso dela era tão bonito, os olhos dela eram de um castanho avermelhado e os cabelos eram loiros como os dele.

Ela disse que ele nao estava, pediu que eu esperasse no quarto de Daniel, pensei se deveria em voltar para a minha casa e encarar minha mãe e mais um xilique, mas antes de chegar a uma conclusão os gemeos me agarram pela perna. Gritei e caí no chão.

Minha bolsa se abriu espalhando lápis de cor e cigarros por todo o chão. O brilho no olhar de Aurora se apagou e ela franziu o cenho por um instante. Depois sorriu.

–VOCES TRES! PRA CIMA! - Ela estendeu a mão em direção a escada e os tres subiram pulando de dois em dois degraus. Eu respirava de forma rápida e entrecortada. - Nem dá pra acreditar que são irmãos... Daniel era tão diferente deles nessa idade.

–É? - Falei limpando a calça com o guardanapo que ela me deu. Eu estava vermelha como um tomate. Aurora me entregou a bolsa e puxou assunto. Ela estava visivelmente incomodada com a minha presença.

–Aah sim... Ele era calado. Até demais. - Ela falou com um sorriso gentil. O olhar era 40 graus abaixo de zero.

–Aah, ele mudou muiito então. - Eu falei rindo sem graça. Os olhos dela eram de um azul esverdeado e possuiam um brilho parecido com o do filho. Eram olhos que falavam. Claro que os dele gritavam, sacudiam os braços, levantavam bandeiras, já os dela, sussuravam baixinho suas emoções para os que a observavam.

–Aah sim! - Ela balançou as mãos de forma dramática e eu abaixei a cabeça. - Ele chorava facilmente e vivia com pesadelos... Eu tinha tanto medo que ele fosse depressivo... Mas o psicologo disse que estava tudo bem... E ele melhorou depois de um tempo.

Aah, eu era da mesma forma, a diferença é que eu nunca tinha ido a um psicologo, nem era acalentada quando chorava... E provavelmente eu era depressiva. Tabaquismo aos dezessete anos nao é lá muito normal.

–Ah, mas chega de falar disso não é? Voce veio estudar! Suba! Suba! Ele ja vai chegar. - Ela me enxotou para o quarto dele e eu ri. Mas antes de chegar no quarto a ouvi suspirar. - Que criança...

Ah, ela provavelmente nao ia com a minha cara. Ela COM CERTEZA nao ia com a minha cara. Nossa! Que surpresa! Quem nao iria gostar de mim? Eu sou tao doce e obediente... Meu telefone tocou de novo. Eu o ignorei.

Quando cheguei no quarto dele, estava tudo no lugar, como o de costume, exceto uma caixa de madeira que chamou minha atenção. Ela forrada com um tecido branco muito bonito. Ele tinha um brilho especial, como se no meio do tecido, fios de prata tivessem sido inseridos no meio dele. Passei a mão sobre a superfície e ri.

Abri e dentro tinha um cordao, o pingente era uma camafeu. Achei lindíssimo e de certa forma nostálgica, eu sempre gostei de jóias com aparencia antiga, principalmente do camafeu.

Camafeu é uma peça que geralmente era usada como pingente de cordões ou broches no séc. XVIII, XIX. Ele é um rosto moldado de perfil em uma peça oval. É quase como um retrato, só que o rosto é geralmente feito de pedra e em alto relevo, claro. E a maioria dos rostos são iguais. Mas aquele nao era.

Examinei a peça com cuidado. Ela era realmente antiga, tinha arranhões e cortes em toda ela. O rosto gravado havia perdido parte da forma original, mas dava pra ver que era uma moça muito bonita com cabelos cacheados.

Coloquei o cordão em mim e me olhei no espelho. Um formigamento agoniante dominou meu peito e eu perdi o folego. Rapidamente guardei o cordão de volta no lugar e fechei a caixinha. Foi então que vi uma ponta de papel embaixo da caixinha, puxei devagar e vi o que era.

Um desenho lindo... Mais do que isso... Era um rosto. Meu coração quase explodiu quando vi que era o MEU rosto. Nao era o meu rosto como é hoje, era diferente... Mas ela fumava e tinha minha expressão no rosto. Era EU.


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Notas finais do capítulo

Ta bacana gente? Hehehe me deem notícias...



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