–há quanto tempo ele esta assim?

–faz cerca de uns quatro meses senhorita, ele ainda pode te ouvir, mas dificilmente ele vai reagir, mas qualquer reação que você perceba, por favor me chame vamos analisar para podermos cuidar dele melhor...

–sabe é por causa dele que eu... Estou viva... Eu só... Queria retribuir de alguma forma...

–sei... Ele vai ficar muito feliz com a sua presença... Ele não recebeu visitas desde que chegou, você é a primeira pessoa sem fardas que ele vê...

–poxa nenhum familiar ninguém amigos nada?

–não ninguém... pronta?

–sim, vamos lá!

Meu coração se acelera, assim que o enfermeiro toca na maçaneta, no dia da rebelião além do massacre corriqueiro, quando a policia entrou... Chegaram como se fosse uma guerra bateram e atiraram a vontade e depois é que foram identificando quem era quem lá... e ele...ele... Salvou-me eu estava com tanto, mas tanto medo naquela hora... Mas ele estava lá e seria capaz de dar a própria vida em favor da minha...

Com toda aquela confusão eu quase inconsciente fui levada para um hospital e ele a outro, todo o que eu sei é que ele apanhou... E apanhou muito, da policia, eu não os culpo por isso com certeza eu teria feito o mesmo, em situações de risco você não consegue parar para perguntar quem é quem, no jogo você elimina os riscos e depois você lida com as vidas.

O fato é que ele acabou inconsciente e o mantiveram em coma... Porque ele realmente não tava bem e era deixá-lo assim ou deixar que o próprio corpo dele entrasse em colapso.

A porta abre lentamente e o ranger da porta se torna inaudível eu vinha me preparando para vê-lo, mas sei lá na hora é sempre diferente daquilo que você espera emoção toma conta de você e sem perceber meus olhos já estavam cheios de lagrimas e a minha mão inconscientemente já havia sido levada a boca para evitar o choro aquele que não me abandonaria tão logo...

Vê-lo ali foi difícil.

Olhos cerrados quase sem mexer a caixa torácica o respirador em seu nariz, parecia que mais sufocava que ajudava os vários fiozinhos ligados em seu corpo e conectados a uma maquina

Tão logo o enfermeiro me deixou ali sozinha tão logo me pus a chorar soluçantemente ao lado dele foi até irritante enxergar o meu desespero e ver que ele não reagia... sei La.... Esperava uma piscadela, um batimento em pico, uma cara feia, como ele sempre me mandava... Mas não, dessa vez me foi reservado o nada.

E era um nada tão vazio que de repente apenas o barulho do tu e constante da maquina ecoou no quarto ficava na minha cabeça, tu... tu...tu...e logo em seguida eu podia perceber que a luz batia no soro e este formava uma luz colorida no chão, a gota teimosamente não se deixava cair do soro para o tubo, silenciosamente me recompus, e pus-me novamente de pé.

Toquei lhe o pé que estava para fora do lençol, fiquei fazendo carinho no dedão, como num bebe que esta dormindo, cobri-lhe o pé e passeei a mão pelas suas pernas, e finalmente toquei-lhe a Mão e encaixei a dele na minha afim de que ele segurasse... Mas não...

~*~