The Walking Dead: Lifeline escrita por Doty Monroe


Capítulo 4
Everything that goes back




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– Acho que sou eu quem decidi isso. – disse enquanto todos formavam um circulo em volta de mim.

– Sei disso, mas somos uma família e...

– Merle é minha família. – retruquei antes que Rick progredisse no seu discurso sentimental.

– Ele foi embora Daryl, e não voltou por você. – disse Dale com sua gentileza inabalável.

– E eu fiz o mesmo. Fui embora deixando meu irmão para trás.

– Você não teve escolha Daryl. – falou Rick.

– E ele teve? Você o algemou naquele maldito prédio, com um monte daquelas coisas lá fora. Ele teve que cortar a própria mão por sua causa, então não venha me dizer o que eu devo fazer! – Shane defrontou-se comigo quando eu estava prestes a ir para cima de Rick.

– Ele estava causando problemas, ameaçou T-dog. Não tive outra escolha. – Tinha razão. Merle gostava de causar problemas, mas eu não queria dar razão a Rick.

– É... Você tirou a escolha dele.

– Merle está vivo, do pouco que conheço dele sei que é um cara esperto, com certeza saiu dessa numa boa, mas a questão aqui é para onde voce vai Daryl. – disse Shane levando as mãos na cintura, cuja pose de homem durão lhe cairá muito bem, mas aquela cara de preocupação não me convencia. Shane não se importava com ninguém além dele, da amante e o filho.

– Vou tentar a sorte em Fort Benning. – falei ajeitando a besta nas costas.

– Fort Benning? – repetiu Vanessa que vinha a nosso encontro. - Está tomada por zumbis, não vai encontrar nada lá.

– Como você sabe? – perguntei.

– Eu estive lá. Falaram que tinha um posto de ajuda para cuidar dos doentes, oferecendo abrigo, comida e todos os cuidados necessários, assim como o CCD, mas quando cheguei lá já estava tudo tomado, e o que sobrou daquele posto foi saqueado por outros sobreviventes.

– Vou tentar. – disse indiferente.

– Você pode tentar, mas não te dou um dia vivo naquele lugar.

– Que seja. – disse fitando o céu que pela primeira vez há muito tempo estava azul.

– Daryl precisamos de você aqui. – disse Rick perplexo.

– Vocês vão ficar bem sem mim. – falei dando partida na moto.

– E você vai ficar bem sem nós? – perguntou Glenn que retirara o boné para coçar a cabeça.

– Vou ficar bem japonês.

– Eu já disse, não sou japonês, sou coreano. – Glenn revirou os olhos, arrancando um riso forçado de Dale.

... ...

Todos me acompanharam em silencio até a porteira da fazenda, me causando uma leve impressão de estar sendo injusto com aquelas pessoas, talvezelesprecisasse de mim, mas eu não entendia o porquê, mas afastei aquele pensamento, agarrei-me ao orgulho e segui estrada à frente.

Preferi não olhar para trás, pois ver aqueles rostos novamente me faria mudar de idéia e voltar atrás. Por mais que eu não quisesse admitir, eu também precisava daquele grupo, aquelas pessoas foram as únicas que me restaram; perdi minha mãe quando ainda era moleque, meu pai era um bêbado, nunca estava sóbrio o bastante para me chamar de filho e me levar para brincar, assim como fazem pais e filhos normais. Merle não era muito diferente e nunca estava por perto, quando não estava com uma prostituta barata, estava preso. A maior parte da minhainfância e adolescência eu passei sozinho, então me tornei independente cedo demais. Não sinto falta de nada da minha vida passada, se é que pode chamaraquilode vida.

Eu nunca tive muito, essas pessoas era minha família e isso era o bastante para mim, estava me sentindo um completo idiota egoísta indo embora e os deixando, as únicas pessoas que pareciam se importar comigo.

Fui pego de surpresa por esses pensamentos, quando dei por mim não estava a 40 metros de distancia da fazenda, relutante naquela moto que seguia lenta, quase parando no caminho.

“E você vai ficar bem sem nós?”aquela pergunta de Glenn ressoou na minha cabeça; foi a ultima coisa que pensei antes de apagar.

... ...

Acordei com a brisa da madrugada balançando a cortina sobre meu rosto. De inicio não me lembrava do que acontecera, mas quando me estiquei para saltar da cama, minha perna machucada bateu na parede e eu berrei de dor. O choque fez com que aquela figura horrenda retornasse a minha mente.

Rick entrou as pressas no quarto, segurando o cabo de sua faca presa no cinto da calça.

– Você esta bem? – perguntou olhando em volta.

– Minha perna... O que aconteceu? – perguntei.

– Você foi atacado por um zumbi e caiu com a moto. – explicou.

– Atacado? – repeti assustado já me examinando.

– Calma... Você esta bem! – disse Rick.

– Tenho que sair daqui! – disse, me preparando para levantar da cama.

– Você não está bem, precisa ficar aqui.

– Qual é? Estou bem ou não estou?

– Você está bem, só não esta em condições de sair andando por ai. Precisa ficar aqui até melhorar.

Bufei e coloquei as mãos sobre o rosto.

– Minha perna esta muito feia?

– Não, mas vai ficar sem andar por alguns dias. – falou Rick.

– Droga! – balbuciei. – esta me dizendo que vou ter que ficar de molho aqui?

– É! – disse Rick com um sorriso torto. – se precisar de alguma coisa é só chamar. – Rick saiu do quarto.

Olhei em volta, tentando achar alguma coisa para ocupar meu tempo.

– Como esta?

Corri o olhar para a porta, Vanessa segurava um prato de comida.

– Bem até você chegar. – disse.

Vanessa sorriu e colocou o prato de comida no criado mudo.

– Você precisa comer alguma coisa.

– Não estou com fome!

Vanessa ignorou minha resposta.

– Como esta sua perna?

– Doendo.

– Melhoras.

– Obrigado! – respondi num fio de voz.

– É bom ter você de volta.

Olhei para Vanessa que tinha um sorriso leve no rosto. Travei o maxilar.

– Tanto faz.

Vanessa me encarou por alguns segundos.

– Daryl, você faz essa pose de durão, paga de cara mal, mas sei que ai dentro tem uma pessoa boa.

– Você é psicóloga por acaso? – disse com sarcasmo.

– Não, mas não é preciso ser formado em psicologia para saber disso.

– Sorte sua ter tanta certeza.

– Você deve ter tido alguma decepção amorosa ou familiar para ser assim, não gosta de se envolver e se relacionar por medo de se machucar novamente, por isso se esconde atrás desse lado mal.

– Só que a minha vida não diz respeito a você! – disse.

Vanessa mordeu o lábio inferior e suspirou lentamente.

– Não, só que estamos vivendo no mesmo barco e precisamos conhecer com quem estamos lidando.

– Que maneira interessante de tentar conhecer as pessoas. – disse irritado.

– Tudo bem Daryl! – Vanessa saiu do quarto e fechou a porta.

Ouvi-a resmungar alguma coisa, mas ignorei, pois a final estava farto de brigas e visitas naquela noite.


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