The Walking Dead: Lifeline escrita por Doty Monroe


Capítulo 5
Before the story begins




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Na manha seguinte, não hesitei em ficar nem mais um segundo naquele quarto, odiava a idéia de ter que ficar de molho naquela cama, odiava mais ainda a situação em que me encontrava, me fazendo lembrar que não poderia sair para caçar por um tempo.

Ao sair do quarto ouvi barulhos vindos da cozinha, antes que eu pudesse entrar nela certifiquei-me se não fosse algum zumbi, mas era Vanessa que preparava o café da manha.

Tentei ignorá-la, mas de alguma forma fiquei mau por isso, pois afinal estava de guarida sob seu teto e como ela mesma disse que se tivéssemos que viver embaixo do mesmo teto teríamos que nos entender.

- Bom dia para você também. – disse atravessando a cozinha.

Vanessa correu o olhar para mim, mas não disse nada.

“Ótimo!”pensei. Passei pela sala de visitas, percebi alguns quadros com fotografias pendurados na parede; supostamente Vanessa e sua família.Família, desde que a conheci nunca a ouvi falar de sua família, de certa forma, isso tocou-me pessoalmente que tornou impossível desinteresse pela sua história. Balancei a cabeça como se tentasse afastar aquele pensamento.

Sai da casa e com muita dificuldade caminhei até a mangueira, sentei-me no gramado e fiquei observando em volta; juníperos, cipós, arbustos e varias espécies de trepadeiras rodeavam a fazenda. Era um lugar bem escondido, situava-se a cerca de 70 quilômetros ao norte de Atlanta.“Que lugar, este!”pensei.

Alguns minutos depois, Vanessa saiu da casa com uma xícara na mão e sentou-se nos degraus da escada do hall. Notei que ela tinha os pensamentos distantes e só percebeu minha presença quando me sentei ao seu lado.

- Qual é a sua historia? – perguntei.

Vanessa franziu a testa e me encarou.

- E minha vida lhe diz respeito?

- Estamos vivendo no mesmo barco, não? E temos que saber com quem estamos lidando.

- Daryl o que você quer? Desde que nos conhecemos você só me tratou mal.

- Já disse. Quero que me conte sobre sua vida.

- É uma historia longa!

- Tempo é o que não nos falta.

Vanessa fitou o chão.

- Quando tudoissocomeçou acontecer, meu pai quis que viéssemos para cá, mas insisti em ficar na nossa casa em Cynthiana, achei queaquiloera passageiro, algum tipo de doença ou que aquelas pessoas eram fugitivas do hospício. – Vanessa olhou para mim e abriu um sorriso triste.

- Então ficamos. Quando a poeira abaixou um pouco, tentamos levar uma vida normal, mas aquilo estava longe de ser normal. Pessoas atacando pessoas, matando, comendo. Tudo aquilo me assustava, não tinha uma única noite em que não dormia por medo. Eu não sabia por que raios eu ainda estava ali, com todo aquele caos acontecendo, poderia ter escutado meu pai e vindo para cá o quanto antes.

- E o que aconteceu? – perguntei.

- Informaram pela TV que o exercito estaria no centro da cidade com caminhões levando as pessoas para o CCD em Atlanta, eu e meu pai fomos para lá na mesma hora. Quando chegamos, todos os caminhões já estavam lotados, mas tinha muitas pessoas lá ainda, estavam desesperadas, chorando e os soldados tentavam acalmá-las dizendo que outros caminhões viriam para buscá-las no dia seguinte. Meu pai conversou com um dos caras responsáveis, e pediu para que me levasse junto, o cara concordou, mas disse que teria espaço só para mais um, eu comecei a chorar e disse que não iria sem ele. Ele pegou em minhas mãos e disse“Lembra quando você era pequena e tinha medo de ir para a escola sozinha? Eu dizia para você que não precisa ter medo porque estaria lá antes mesmo de você dizer batata frita.”-Vanessa sorriu - Eu disse para ele que não era mais criança e que a situação era diferente, ele me abraçou e disse que a situação era diferente, mas a lógica não. Então eu fui para Atlanta, eu não conseguia parar de pensar no meu pai e em como ele estaria. No dia seguinte os caminhões saíram cedo para buscar as pessoas, quando voltaram informaram que não havia mais ninguém lá, que aquelas coisas já dominaram todo o centro.

Vanessa fez uma pausa, segurava com força a xícara de café como se quisesse absorver o calor para ela. Vi que ela estava chorando, me senti na obrigação de fazê-la parar, mas não o fiz.

- Eu não conseguia acreditar no que ouvira, então roubei um dos caminhões e voltei para Cynthiana. Como um dos soldados disse, o centro todo estava dominado por zumbis e havia corpos espalhados por todos os lados. Então eu fui para minha casa, peguei o carro do meu pai e vim para cá.

- Sinto muito. – disse.

Vanessa limpou as lagrimas do rosto e olhou para céu.

- Não sinta! Eu sou culpada pela morte do meu pai.

- Você não é culpada!

- Se eu tivesse escutado meu pai e vindo para cá antes, nada disso teria acontecido, e ele estaria aqui comigo agora.

- Não fique se culpando por isso, nem ponderando aquilo que você poderia ter feito.

- De qualquer jeito terei que conviver com isso.

- Você não terá que conviver com isso, você vive. Porque seu pai pôs sua vida antes da dele. Então cada manhã em que acordar, faça seu melhor para merecer.

Vanessa me encarou e não disse mais nada a respeito. Levantei-me com um pouco de dificuldade e caminhei até minha moto que fora deixada perto do celeiro da fazenda.

... ...

“O velho deu a vida dele para salvar a dela, e ela é tão egoísta que não soube reconhecer isso.”Pensei.


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