The Walking Dead: Lifeline escrita por Doty Monroe


Capítulo 3
A new place




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O céu que um dia fora azul, estava de um cinza escuro. Era um dia estranho e sombrio; nenhuma ave parecia piar, nenhum animal parecia mover-se enquanto avançávamos pelo posto. Os únicos sons eram os de nossos passos e o contínuo balançar dos galhos das árvores. Um cheiro podre que pairava sobre o ar era nosso companheiro perene.

Vanessa mantinha sua arma em punho e com passos largos avançava até a bomba de combustível.

Rick ficou de um lado para o outro olhando em volta, eu por minha vez fui explorar uma loja de conveniência que ficava no posto, a procura de suprimentos e coisas úteis que talvez precisaríamos ao longo do tempo. Um velho sino pendurado acima da porta rachada, anunciara minha chegada. A porta se abriu com um ranger infernal. Entrei.

O cheiro de mofo e podridão era vaporoso e quase insuportável. Além dele, parecia haver um cheiro ainda mais profundo, um odor pegajoso e pestilento.

Prateleiras e cadeiras pareciam guardiões fantasmas vigiando o local, empoeiradas e castigadas pelas extremas alterações pelas quais é famoso o clima de Atlanta. Havia uma pequena placa com o aviso “Proibido fumar neste local” que estava pendurada em uma das prateleiras. Dinheiro, folhetos e cartuchos vazios de balas cobriam o chão.“É desconhecida a existência de um vírus ou doença capaz de reviver os mortos.” Destacava a manchete de um jornal deixado ao lado da caixa registradora.

Caminhei por um dos corredores, a escuridão parecia fechar-se sobre mim. Só conseguia pensar em como aquele lugar em nada se parecia com o que fora há uns meses atrás. Os ruídos no chão pareciam aumentar de intensidade conforme eu avançava, exceto isso tudo estava no mais completo silêncio. O fedor no ar tomou-se cada vez mais forte; aquele cheiro horrível vinha de um cadáver em decomposição que estava ali a mercê do tempo, era possível contrair uma infecção cadavérica só de aspirar aquele ar.

Antes que eu pudesse emitir um som, Rick abriu a porta da mercearia e chamou por mim.

– Daryl! Não saia daí! – avisou Rick um tanto preocupado.

Caminhei até a janela que dava para toda extensão do posto, uma horda de zumbis caminhavam. Lentos. Com passos incertos para lugar nenhum. Uma sinfonia incessante de gemidos e grunhidos.

Olhei para Vanessa que se escondera atrás de uma das bombas de combustível, Rick fizera o mesmo sempre atento ao resto do grupo que permaneciam imóveis dentro do carro com olhares assustados.

Por um descuido de segundos esbarrei em uma pilha de caixas que havia em cima do balcão da caixa registradora.

– Droga! – resmunguei.

Os zumbis ouviram o barulho e se direcionaram para o posto, sem muitas opções Vanessa retirou uma faca do cinto de sua calça e correu em direção de um errante desferindo um golpe na sua cabeça o fazendo cair com um estrondo forte no chão, atraindo mais zumbis para onde estávamos.

Abri a porta da mercearia com um chute, mirando e disparando flechas naquelas cabeças ocas, Rick golpeava a facadas os mesmo que caiam feitos sacos de lixo no chão.

Glenn assumira o volante do carro.

– Vem! – gritou, dando partida preparando para arrancar com o mesmo dali.

Rick correu para o automóvel abrindo a porta do banco do passageiro.

– Vamos! Vamos! – gritou, os pneus do carro cantaram no chão levantando poeira.

Sentei na moto e olhei para trás buscando por Vanessa, que retirava sua faca do crânio de um zumbi estirado no chão.

– Vamos! Ou prefere ficar aqui a noite toda? – perguntei.

Com um movimento rápido Vanessa girou a faca entre os dedos e colocara de volta no cinto de sua calça, pegou o recipiente com combustível e correu em direção a mim dando um pulo na garupa da moto.

...

Já era noite quando chegamos à estrada em que estávamos antes, o ambiente era sombrio, tornando mais intenso nosso medo.

Vanessa colocava o combustível no tanque do Impala que brilhava mais do que o normal com a luz da lua; Glenn segurava uma lanterna para o mesmo fim, que servira muito bem para iluminar uma boa parte da rua, expondo todos nós ao perigo que se arrastava sem destino.

– Desliga essa lanterna! Será que não percebe que somos alvo fácil aqui, essa luz vai atrair eles para cá. – disse um tanto nervoso.

– Se não fosse por você, não estaríamos aqui agora. – Vanessa retrucou.

– Não... se não fosse por você, não estaríamos aqui agora. – disse.

Vanessa olhou para mim, seus olhos verdes eram quase invisíveis por conta da luz da lanterna que os afetara.

- Se não fosse por mim, você não teria um lugar para passar a noite. – disse com desdém.

– Chega! Será que não podem ficar 1 minuto sem discutir? – reclamou Rick.

Vanessa deu um sorriso torto, como se cantasse vitória por me deixar sem resposta.

– Pronto! Podemos ir agora, alguém quer ir comigo no carro? – perguntou sorrindo para Carl e Sophia, que logo corresponderam.

– Posso pai? – perguntou Carl a Rick.

Rick correu o olhar para Lori que fez que sim com a cabeça.

– Vai. – disse.

– Legal! – disse Carl com um sorriso de orelha a orelha.

– Posso mamãe? - Perguntou Sophia.

– Pode. – respondeu Carol dando um beijo no rosto da filha.

...

Como foi bom conseguir um lugar para passar a noite, cada osso doendo por causa daquela longa e abominável viagem, finalmente um lugar para descansar e tentar dormir um pouco. A casa da fazenda era grande e confortável o suficiente para que eu e Vanessa não nos esbarrássemos pelo caminho, mas mesmo assim não me sentia à-vontade, decidi passar a noite lá fora, montei minha barraca embaixo de uma mangueira enorme e formidável.

Sentei nos degraus da escada que levava para o hall da fazenda permitindo-me escutar o que falavam dentro da casa; Rick tentava convencer Vanessa de nos deixar ficar na fazenda, que não seriamos problema e que poderíamos ser útil para qualquer coisa, Shane não mediu esforços para ajudar o amigo.

‘Não acredito que esses imbecis estão se rebaixando para essa garota, só falta ajoelharem no chão e beijar os pés dela implorando para ficar.’– pensei. - Que se dane! – resmunguei entrando na barraca.

Algum tempo depois, Rick saiu da fazenda e se sentou nos degraus da escada, não pude evitar de perguntar.

– Vamos ficar?

– Ela disse que dará a resposta amanha, precisa de um tempo para pensar a respeito. – respondeu Rick.

– Acho que implorar não foi o suficiente, vocês deveriam ter ajoelhado nos pés dela, talvez chorarem...

– O que você quer dizer com isso? – perguntou.

– Desde quando precisamos chegar a esse ponto, de nos humilhar?

– Precisamos Daryl.

– Não Rick... vocês precisam, que se dane se querem se humilhar para esse garota, mas eu não.

– Daryl... eu tenho motivos para isso e não acho que seja uma humilhação, só quero dar conforto e segurança para minha família e para essas pessoas. – respondeu.

– Acho que seu amigo já fazia isso. – disse irritado.

– O que disse?

Antes que eu pudesse responder Vanessa apareceu.

– Rick, Lori quer falar com você.

Rick olhou para mim, como que dissesse com os olhos ‘Nossa conversa não acabou’ e entrou na fazenda.

– Vai passar a noite aqui fora? – Vanessa perguntou.

– É o que parece. – respondi.

– Você pode ficar com o quarto no porão se quiser.

– Não pretendo ficar aqui por muito tempo, só por essa noite. – respondi.

– Como queira. – disse Vanessa dando as costas para mim.

– Me responde uma coisa, por que está sendo gentil comigo agora?

Vanessa se voltou para mim – Não estou sendo gentil, só não quero que fique aqui e volte chamar à atenção dos zumbis, como fez no posto. – Vanessa correu o olhar para mim, me examinando de cima a baixo e novamente me deu as costas, entrando na casa.

– Vai se ferrar vadia. – balbuciei.

...

Acordei pela amanha, desmontei a barraca e recolhi minhas flechas do chão que deixara na noite passada, nem percebia presença de Vanessa que vinha em minha direção.

– Talvez hoje eu queira ser gentil. – disse.

Virei para ela, mas a ignorei e tentei me concentrar no que estava fazendo.

– Pega. – disse ela esticando uma xícara de café para mim.

De reflexo vi que levara outra xícara na boca, tentei fingir que ela não estava ali. Sem sucesso.

– Acho que se vamos viver de baixo do mesmo teto temos que nos entender.

– Já disse que não pretendo ficar por muito tempo. – respondi.

– Vai seguir sozinho? Porque o Rick e os outros vão ficar. – perguntou ela.

– Acho que cada um decidi por si próprio.

– Então boa sorte! – Vanessa se virou e deixou a xícara que me oferecera no chão do hall.

Sentei-me nos degraus da escada e tomei o primeiro gole de café ‘Uma hora de um jeito outra de outro, uma perfeita mulher de fases’pensei. Suspirei demoradamente.


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