" Será que hoje em dia,ainda existam mesmo pessoas que se importem verdadeiramente com você ? Ou só um bando de bajuladores ou simplesmente hipócritas ? "

Pov. Austin

– Austin ? O que você tá fazendo aqui ? - Ally perguntou assim que abriu a porta.

Olhei para trás para ver se não tinha ninguém pelos corredores. Se Kira me visse aqui,ficaria me enchendo.

– Não fala nada. Só me deixa entrar.

Ela me olhou com a mesma expressão séria de sempre. As vezes acho que ela gostaria mesmo de me matar.

– Ally,por favor,antes que a Kira me veja - disse.

Ela bufou. Revirou os olhos e finalmente abriu caminho para que eu passasse. Ela desviou o olhar assim que passei por ela e me perguntei se ela estava brava comigo por causa do beijo. Enfim,fechou a porta com cuidado para não fazer nenhum tipo de barulho.

– Tudo bem,o que você quer ? - perguntou um tanto agressivamente.

Não me importei com isso. Depois dessas duas semanas,já estava até acostumado com sua forma agressiva de ser. A olhei pelo o que pareceu pouco mais de 1 minuto. Ela estava de braços cruzados,séria,e me olhando esperando por uma resposta.

– Eu só queria ver se você estava bem. Queria poder ter falado com você antes de você sair correndo.

Ela descruzou os braços e mudou o peso de uma perna para outra. Dei um leve sorrisinho ao perceber que ela deveria estar mesmo brava. Mas,ela poderia ter me parado não é ? Ela poderia ter me empurrado,ou apenas recusado o beijo. Mas ela não fez isso. O que me fez sorrir,mais uma vez. Ela tinha gostado.

– Pena que, - ela pausou chegando mais perto de mim - eu não queira falar com você. Acho que já pode ir embora não é ?

Ela girou rapidamente para trás de mim e começou a me empurrar. Me virei para ela e segurei seus pulsos.

– Não,eu não vou - disse sorrindo.

– Por que você faz isso ? Está fazendo eu passar por um teste de sobrevivência ? Porque eu não sei se aguento mais um dia tendo que aguentar você - ela disse.

Observei a alça de sua blusa cair delicadamente de seu ombro. Ela continuava me encarando seriamente. Com minha mão esquerda,ergui a alça até seu ombro novamente e me dei conta de que ela nem tinha percebido que havia caído. Logo ela deu um tapa na minha mão. Ri novamente simplesmente pelo fato dela tentar evitar qualquer contato entre nós.

Ela deu dois passos para trás como se tivesse tentando deixar uma distância segura entre nós.

– Ally ... - sussurrei - Por que você sempre se afasta ?

– E por que você ... - a interrompi.

– Olha, eu sei que você me acha um idiota ...

– É,eu acho - ela confirmou com um sorriso irônico.

– Não precisava confirmar - disse e ela riu. É,por mais incrível que pareça,ela riu.

– Austin,você precisa ir embora. Eu não to afim de ter uma daquelas conversas estranhas com você de novo,até porque eu sei que não me importa o que eu falar,você não vai desistir.

Ela fez uma expressão um tanto tediosa,como se já tivesse ouvido aquilo outras vezes. E talvez tenha sido. Só queria saber se ela entendia a maneira como me deixava. Seus olhos me encaravam,os encarei por um um pequeno segundo. Queria saber o que tinha por trás deles,queria saber mais sobre ela ... Na verdade,queria saber tudo. Porque de uma maneira estranha e que eu não entendo,tudo nela me atrai. Em uma fração de segundo,meus olhos estão encarando seus lábios. Pareciam desenhados,lembrei do nosso beijo,e desejei beijá-la novamente naquele momento. E agora,ela provavelmente me bateria.

– É,eu não vou - disse.

Pov. Ally

– Sabe Ally,as vezes você precisa relaxar um pouco mais,parece que está sempre tensa - Austin comentou enquanto olhava os livros em minha prateleira.

Nesse momento,eu estava sentada na minha cama,tentando ler um dos meus livros,enquanto Austin "passeava" pelo meu quarto. Se eu tentei tirá-lo daqui ? Sim,eu tentei,e muito. Mas parece que nada o desmotiva. Reviro os olhos para seu comentário e volto a me concentrar no livro. Podia sentir os olhos dele em cima de mim. Por que ele tinha que ser assim ?

– Ei,você toca violão ? - ele perguntou apontando para o canto do meu quarto,onde estava meu violão.

– Aham - disse mudando uma das páginas do livro.

– Sério ? Gostaria de ouvir você tocar um dia desses .

Notei que ele parecia mesmo fascinado com a ideia,mas eu ainda não tinha o olhado para ver sua expressão. Senti-o sentar ao meu lado depois do que pareceu ser uns 5 minutos.

– Você tem uma varanda muito legal - ele disse tentando chamar minha atenção.

Não desviei os olhos do livro nem um segundo. Austin colocou uma mecha de meu cabelo atrás da minha orelha,e eu finalmente o olhei diretamente. Ele sorriu para mim. Fechei meu livro,e o coloquei em cima do criado-mudo. Não ia conseguir ler de maneira alguma com ele ali. Confesso que também não estava prestando muita atenção na história,e várias vezes,acabei me perdendo.

– Tudo bem,não vai me deixar ler,certo ? - ele assentiu - E provavelmente mais nada não é ?

– Eu quero conhecer melhor você,Ally.

Franzi a testa.

Tentei me lembrar de algum momento da minha vida em que alguém se interessou por saber algo de mim. Nenhum. Nunca ninguém teve interesse em nada sobre mim. Dessa vez,tentei me imaginar em uma conversa falando sobre minha cor favorita ou coisa assim. Não pareceu a minha cara.

– Olha,eu não sou do tipo muito esclarecedor,sabe ? - Austin assentiu.

– Mas eu gosto do seu jeito - ele disse com a voz sedutora.

Isso me fez rir. Não talvez,um riso normal,mas como uma risadinha nervosa. Meu contato com outros seres humanos me assustava.

– E qual meu jeito ? - perguntei. Ele fitou o chão por um segundo,e quando levantou a cabeça novamente me olhava fixamente.

– Você gosta que as pessoas tenham medo de você,disfarça a imagem e faz todos terem a visão errada sobre você. Por que tenta afastar as pessoas de você ? - ele me olhou curioso esperando minha resposta.

Dessa vez,eu fitei o chão. E logo em seguida,o teto. Acho que não tem um motivo exato. É como a maneira qual eu fui criada. Não por parte da minha mãe,claro. Mas pelo meu pai. Acho que ele é tão anti-social quanto eu. Eu apenas não conseguia me imaginar tendo amigos. Trish é definitivamente a única pessoa com qual eu converso. E obviamente ela não tenta arrancar cada detalhe da minha vida de mim.

Suspirei e pensei em algo convincente para poder dizer.

– Por que é isso que eu faço,eu afasto as pessoas de mim. É mais fácil do que ter que aguentar pessoas falsas.

Acho que isso soou bem. Pelo menos para mim. E de qualquer jeito,é mesmo verdade.

– Eu entendo - ele disse pela primeira vez sem nenhum tom divertido - Acho que não conseguiria fazer isso,por mais que eu queira.

– Você sabe que quase todo mundo na escola o venera não é ? - perguntei. -

Não gosto de pensar isso. Eles acham mesmo que eu sou algo que eu não sou ... - algumas batidas na porta interromperam Austin.

– Se esconde - sussurrei para ninguém ouvir.

Ele se levantou rápido e correu para a varanda e fechou as portas de vidro de lá enquanto puxava as cortinas de seda para tapar. Fui até a porta,e a abri.

– Ally - minha mãe disse - Lembra o que conversamos ? Precisa sair do quarto um pouco.

Entendi que ela se referia a hora do jantar. Ela tentou entrar no quarto,mas eu a impedi. Penny me olhou confusa.

– Eu já vou descer. Prometo.

Ela estranhou minha atitude,mas apenas assentiu e abriu um sorriso. E logo se retirou. Fechei a porta rapidamente.

– Essa foi por pouco - Austin disse saindo da varanda.

– Acho melhor você ir pra casa - disse - Logo eu vou ter que descer.

– Tudo bem - ele disse um pouco decepcionado - Mas eu gostei da nossa conversa , Ally.

– Eu também - sorri.

Pude ver a expressão no seu rosto. Ele estava supreso pelo o que eu disse,e até eu mesma estava. Ele veio até mim e me deu um rápido beijo na bochecha,exatamente como no dia em que ele foi até a livraria me ver. E também,igual aquele dia,ele saiu rápido demais para que eu encontrasse algo para jogar nele. Assim que ele saiu,uma pergunta passou pela minha cabeça. Austin, o que você quer de mim ?