"Me sinto tão bem

Estou queimando, beijando seus lábios, estou acordando

Não há nada mais a temer"

– Fire Starter (Demi Lovato)

Pov. Ally

Antes que eu pudesse notar,estava rindo de novo. Aliás,essa era umas das coisas que eu mais estava fazendo essa tarde.

Dessa vez,estava rindo de Austin chacoalhando seu cabelo tentando tirar a água que estava nele. Alguns minutos depois que já tínhamos terminado o sorvete havia começado uma pequena garoa. Não ligamos pra isso no início,mas os pingos de chuva foram ficando cada vez mais forte.

– Minha casa é aqui perto - Austin falou, - Podemos ir pra lá.

Os pingos - dessa vez,grossos - de chuva caíam sobre meus olhos e minha visão parecia começar a ficar um pouco embaçada. Talvez eu tivesse com um pouco de receio por ter que ir até a casa dele,mas depois de alguns poucos segundos - enquanto caminhávamos pela rua até o carro - percebi que talvez fosse besteira.

Austin sacudiu o cabelo mais uma vez antes de entrarmos no carro. A chuva que caía tinha praticamente ensopado a camiseta branca que ele usava,e isso a deixava meio transparente,marcando os músculos dele.

Desviei meu olhar em uma fração de segundo assim que ele percebeu.

– Parece um cachorro balançando o cabelo assim.

Uma cara feia. Foi isso que ele fez.

Em algumas circunstâncias,poderia até achar fofo. Mas não,isso não passou pela minha cabeça. Ele abriu a porta pra mim,no banco do passageiro e me enviou um sorriso gentil.

Adentrei o carro e passei a olhar a chuva pela janela. Austin entrou e logo deu a partida.

( ... )

Ele era rico.

Foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça quando ele parou o carro na frente de uma casa - mansão,na verdade - que parecia ter saído de uma novela.

Desci do carro com a boca praticamente escancarada enquanto observava até mesmo o jardim bonito e delicado que tinha na frente. Bonito,é claro,mas não se comparava com a casa. Aquilo não se comparava a mansão da família Starr.

– Pensei que seu pai era sócio do Jimmy - Não contive as palavras. Eu imaginava uma casa grande e bonita,é claro,mas com certeza minha imaginação era mais uma das coisas que também não se comparavam aquilo.

– E é. Mas não é o único negócio dele. - Austin disse.

– Por que não me disse que morava numa casa assim ? - Perguntei.

– Você não perguntou. - Ele disse,totalmente inocente. O encarei,incrédula. - Tá tudo bem,é só uma casa.

Bufei enquanto caminhava lado a lado com ele até a porta de entrada. Antes mesmo de chegarmos na varanda,uma mulher a abriu. Ela tinha os cabelos pretos,preso num coque,mas parecia volumoso,então certamente deveria ser longo. Seus olhos pretos olharam para Austin,e para mim,e então,ela pareceu confusa.

– Vi seu carro pela janela - ela lhe disse, - Olá. - Me cumprimentou educadamente com um leve sorriso no rosto. Ela parecia gentil.

– Oi. - Disse.

– Rose,essa é a Ally. Uma ... Amiga. - Austin me apresentou a Rose,que mais uma vez,sorrio,gentil.

Ela abriu um pouco mais a porta,e foi para o lado,dando espaço para entrarmos. Obviamente a casa era enorme e bonita por dentro também. O estilo rústico se misturava com algo refinado e mais luxuoso.

– Bela casa - comentei enquanto caminhávamos por um corredor.

Rose havia ficado na sala,ela parecia ocupada,ajeitando algumas coisas. Ou pelo menos,foi o que a mesma disse. Me perguntei o que mais precisaria ser arrumado numa casa como aquelas,que estava extremamente organizada. Não precisei perguntar para ter certeza de que ela era uma empregada,até mesmo um uniforme cinzento ela usava.

Austin riu.

– Acho que eu consegui te surpreender pela primeira vez,não é ? - Austin exibia um sorriso enorme no rosto.

Não,não é a primeira vez. Meu subconsciente dizia. Mesmo assim,fiquei quieta apenas o seguindo. A verdade era que eu sabia o que estava acontecendo. Por mais que,se eu pensasse realmente na ideia,teria um ataque cardíaco. Eu estava cedendo,abaixando todas as guardas,e derrubando todos os muros em volta de mim.

Não,não. Não era que fazia isso. Era ele. E ele sabia que estava conseguindo. Me perguntei no mesmo momento até aonde ele iria,e se eu continuaria cedendo por muito tempo.

Um choque de realidade me atingiu. Sim,eu continuaria cedendo. Por que parecia que ele sabia exatamente o que fazer. Suas falas pareciam ensaiadas e eu definitivamente já perdi a conta de quantas vezes ele me tirou todas as respostas e me deixou completamente perdida nos meus próprios pensamentos.

– Austin ? - Uma voz soou atrás de nós. Me virei para olhar uma outra mulher,com cabelos loiros e olhos azuis. As semelhanças com Austin estava presente em cada traço do rosto dela. Deveria ser a mãe dele.

– Oi mãe - Ele disse,comprovando o que eu já imaginava - Pensei que não estaria em casa.

– Seu pai saiu para uma reunião,mas eu fiquei. - Ela explicou. - E quem é sua amiga ?

Ela deu um meio sorriso,duro. Não era forçado,e ela tentava parecer alegre,mas algo com certeza estava a incomodando. Algo em que ela estava pensando,eu acredito. A maneira como consegui desvendá-la em poucos segundos me deixou um pouco estática. Eu devo ler livros de mais,e imaginar as pessoas como personagens. Na narração de cada um,e eu imagino essa pessoa,e pela sua expressão,posso compará-la com um deles.

– Essa é a Ally. - Austin falou,- Ally,essa é minha mãe, Mimi.

– Prazer, Ally. - Ela sorriu docemente. Um pouco de tristeza ainda evidente nos seus olhos.

– Prazer. - Disse,apenas.

Ela veio até mim e me cumprimentou com um beijo no rosto. Logo,deu dois passos para trás e nos encarou sorridente. Depois de quase 1 minuto totalmente contrangedores, a Sra. Moon disse ter que ver uma coisa no escritório do trabalho,nos enviou mais um sorriso e saiu. Na mesma hora,pensei que aquilo era só uma desculpa.

– Isso foi tão estranho pra você,quanto foi pra mim ? - Austin perguntou enquanto abria a porta do que imaginei ser seu quarto.

– É,foi sim.

As paredes do lugar eram azuis e pretas. Uma cama king-size ficava bem no meio do quarto. Um violão e uma guitarra ficavam do outro lado. Uma cômoda preta continha alguns quadros com fotografias.

Quase tinha me esquecido de que nós dois ainda estávamos um pouco molhados da chuva.

– Ally,quer tomar um banho ? Ainda tem algumas roupas da minha irmã aqui pra você se trocar.

– Eu não quero incomodar.

– Não fala besteira,eu peço pra Rose pegar uma roupa dela pra você.

( ... )

Me sentia estranha.

Estava usando algumas roupas da irmã de Austin e tinha acabado de tomar banho no banheiro dele. Tinha usado as mesmas coisas que ele usava no banho,e agora,me sentia até mesmo com o cheiro dele.

Estava sentada na cama dele,e podia ouvir o barulho do chuveiro ligado. Ele estava no banho.

Olhei em volta observando o quarto. Era tudo a cara dele. Até mesmo a guitarra. Ouvi o barulho do chuveiro parar e me endiretei na cama. Assim que ele saísse,pediria pra ele me levar pra casa. Com certeza já tinha passado muito tempo desde o sorvete e talvez minha mãe já tivesse voltado do trabalho.

Segundos depois, a porta do banheiro se abre e Austin saí de lá com uma toalha no ombro,e apenas de bermuda. Ele estava sem camisa. Desviei meus olhos para o teto por um instante antes de perceber que parecia uma idiota.

Balancei a cabeça tentando afastar qualquer tipo de pensamento malicioso.

Austin passou as mãos no cabelo loiro,bagunçado e molhado. Ele parecia querer bagunçar mais ainda. Jogou a toalha em algum canto e voltou seu olhar pra mim. Um sorriso irradiava no seu rosto,e me perguntei como ele conseguia sempre parecer alegre,em qualquer situação.

– Ally,quero te mostrar uma coisa - ele disse enquanto caminhava até o violão. O pegou e se sentou na minha frente,num tipo de sofá do lado da cama. - Você cantou aquela música pra mim na escola,lembra ? Acho que agora é a minha vez.

Sorri pra ele,lembrando daquele dia,e o loiro começou a tocar.

Always get this funny feeling

Every time you come around

It’s like I’m walking on the ceiling

Both feet off the ground

And it’s all right

To feel so left upside down

Like I’m losing my head

‘Cause I know where my heart belongs

With you again

So I say “hey”

I’m crazy into you

And I say “hey”

Every minute’s overdue

And I can’t wait

No I don’t care

I’ll do what it takes

Driving all night

Catch the first flight just to see you

I’ll explain

You got me, like, upside down

You standing there I swear my whole world is turned around

I can’t believe you’re here

I was looking in the crowd

But you’re here now

You standing there

I swear my world is turned around

You got me upside down

You got me upside down

I’m upside down

Tell me how I’m supposed to

Act like everything’s okay?

It’s like a jump without a parachute

Right into a tidal wave

I’m so mixed up

There’s no doubt

You got me

Feeling like I’m inside out

It’s funny when I’m here with you

I wouldn’t change a thing

So I say “hey”

I’m crazy into you

And I say “hey”

Every minute’s overdue

And I can’t wait

No I don’t care

I’ll do what it takes

Driving all night

Catch the first flight just to see you

I’ll explain

You got me, like, upside down

You standing there I swear my whole world is turned around

I can’t believe you’re here

I was looking in the crowd

But you’re here now

You standing there I swear my world is turned around

You got me upside down

You got me upside down

I’m upside down

Got me spinning

From the moment, you walked in the room

Girl I’ll admit it

There’s nothing I can do if fall for you

Oh you got me, like, upside down

Oh you got me, like, upside down

Hey! Hey!

You got me, like, upside down

You standing there I swear my whole world is turned around

I can’t believe you’re here

I was looking in the crowd

But you’re here now

You standing there

I swear my world is turned around

You got me upside down

Oh woah Oh woah

You got me upside down

Woah Woah

Upside down

Oh Woah Oh Woah

I’m upside down

Ele terminou de cantar e me olhou novamente.

– Música linda - falei,corando um pouco pelo olhar penetrante dele. - E você canta muito bem.

– Obrigado.

Austin colocou o violão de lado,e me encarou sorrindo.

Ele passou a mão no cabelo novamente,e agradeci por isso,já que minha atenção já estava voltando para o seu abdômen.

– Você não consegue ficar sem fazer isso ? - Perguntei apontando para seu cabelo.

– Não.Não consigo. - Ele respondeu com um sorriso travesso no rosto.

Ele se levantou e parou na minha frente sacudindo seu cabelo na minha cara.

– Idiota ! - Falei rindo enquanto dava um tapa no braço dele.

E em menos de um segundo,ele tinha caído em cima de mim. Ainda estávamos rindo,e aos poucos fomos recordando a sanidade e percebi que realmente parecíamos dois idiotas. Ele me olhou com os olhos castanhos,e pude perceber um brilho imenso neles.

– O que está fazendo ? - Perguntei.

– Tentando ter certeza de que se eu te beijar agora,você não vai fingir que não aconteceu. - Ele disse.

Aquele era o momento perfeito para mim afastá-lo e dizer que aquilo nunca aconteceu. Era a hora de eu ir embora e resistir totalmente a ele. Mas eu estava nervosa naquele momento,ele estava sem camisa em cima de mim,e eu não sei explicar o que e nem o por que de eu não querer dizer "não" pra ele.

– Não vou. - Respondi.

Antes que eu pudesse corrigir o que eu tinha falado,ele atacou meus lábios. Num beijo completamente intenso e quente, eu estava queimando.E foi provavelmente naquele momento que eu percebi o por que de eu ter sorrido tanto naquela tarde. O por que de me sentir estranha e nervosa agora. E o por que de ter me sentido tão segura naquela outra noite. Ele era a razão de tudo.