Bofes, Tanques Guerras e Amassos escrita por meehdotta, Brenda Vitoria


Capítulo 19
Cap.19 - Segredos revelados




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Mêeh PDV.

Joseph. Era a única palavra que ecoava em minha cabeça, era a única pessoa que me fitava, ele era o único menino que me vira chorar. Nunca pensei que me mostraria tão fraca para alguém, muito menos para ele.

“Melissa, o que ouve?” - ele perguntou assustado.

“Nada” - eu não queria falar isso, mas vem automaticamente. Eu queria desabafar, mas não sei, não dava.

“Nada, sei. Pode me contar, posso ser um idiota, mas ouço quando é preciso.” - ele disse sorrindo, tive que retribuir.

“Okay.” - hesitei enquanto ele se sentava ao meu lado - “Hoje não foi o melhor dia da minha vida, na verdade desde 1996 quando tinha seis anos, minha vida mudou.” - parei relembrando do passado.

“Pode continuar, não tenha medo.” - ele murmurou, mas deu para ouvir, e com isso me senti confiante.

“Em 1996, quando tinha seis anos, meu pai teve de viajar a negócios e teria de ficar um ano fora, o mais longo ano da minha vida, mas depois ele nunca mais voltou. Eu e minha mãe ficamos esperando ele no aeroporto e nada, ficamos lá por horas e nada, o vôo dele não tinha chegado, até que veio a notícia que o avião tinha caído.” - hesitei sentindo as lágrimas descendo.

Joseph estava imóvel olhando para o céu, quando ele percebeu que eu parei, ele me olhou e viu que eu estava chorando. Num ato automático, pegou uma lágrima que caia de meu rosto e um choque elétrico passou por mim. Eu o olhei, enquanto ele me olhava. Ficamos nos olhando por um bom tempo, até que ele disse:

“Continue. Por favor.” - então continuei.

“Depois de tudo aquilo, minha tia Sayury foi morar em casa, pois precisava mais de nós ainda. Depois da morte do meu pai, minha mãe se afastara de mim e nunca mais quis saber de nada sobre sua filha. Eu recebia mais amor da Say, do que da minha mãe.” - parei de novo. Aquilo ainda me corroia, mais do que o necessário. Joseph continuava me olhando, então continuei.

“Hoje, quando cheguei a minha casa, vi uma carta da Say, dizendo que ela foi embora e precisava ir, dava para ver que ela achava que afetava a família. E que ela queria que minha mãe me desse mais amor. E então acabei discutindo com minha mãe, coloquei tudo para fora e quero que ela me perdoe e veja que eu estava certa o tempo todo.” - e fim. Minha vida inútil de sempre.

“Nossa.” - Joseph hesitou - “Então você veio para cá, não é?” - ele perguntou.

“Sim. Aqui é um lugar que eu posso pensar na vida.” - refleti. - “Em falar nisso, como veio parar aqui? Como sabia onde estava?” - perguntei curiosa.

“Não sabia." - ele me olhou mais intensamente - "Eu venho aqui todo o dia. Colocar a vida no lugar sabe.” - ele disse sorrindo.

“Sei bem.” - respondi.

“E sabe, você canta muito bem.” - ele falou me fitando. Eu corei. Claro, tinha de corar, merda.

“Obrigada.” - disse olhando para o céu.

“Era Cine, não é?”

Achei estranho, ele gosta de Cine?

“Sim, você gosta?”

“Um pouco. É interessante.” - dessa vez eu ri.

“Porque está rindo?” - ele perguntou.

“Nada, só acho estranho um garoto gostar de Cine. Vocês, meninos, vivem xingando eles de gays.”

“Mas eles são. Não é por causa disso que eu não acabe ouvindo.”

“Huum. Entendo.”

Tudo ficou quieto. Nenhuma palavra trocada. Apenas olhávamos para o céu, que estava um azul lindo.

“O que acha que devo fazer?” - perguntei, deixando o silêncio de lado.

“Eu acho que deve pedir desculpas para ela, dizer que a ama. E que queria ouvir o mesmo dela.”

“Joseph, isso é um ótimo conselho.” - disse sorrindo para ele. Ele riu.

“Claro, vindo de mim. Tudo é lindo e maravilhoso.” - ele disse abrindo os braços. Comecei a rir.

“Só você mesmo.” - disse.

“O que?” - ele perguntou meio voado.

“Você me faz rir. Isso é legal, mas se acha demais.” - ri sem humor.

“É verdade, mas como uma garota sempre me dizia: Devemos curtir a vida. Pois ela nos dá só uma chance e só uma, temos de aproveitá-la o máximo possível.” - sorri ao ver que ele ainda lembrava as brigas que tínhamos e eu falava isso.

“E quem era a menina super linda que falava isso?” - perguntei zoando.

“Depois sou eu que me acho não é!” - ele me acusou.

“Sim.” - começamos a rir. O vento começou a ficar mais forte, levantando meus cabelos fortemente.

“Acho que devo ir.” - disse me levantando.

“É... Mas faça o que eu disse. Pois assim, você entenderá tanto sua mãe, quanto você própria.” - ele disse.

“Como assim?”

“Como se você se entendesse, é por isso que acho melhor você ir falar com ela. Pois você parece estar mais confusa que ela, mais perdida. Então converse com ela e veja o lado dela, pode ser muito melhor fazer isso do que fugir.” - ele disse me fitando. Ele tinha razão, sempre teve, acho que o mundo seria muito melhor se ouvíssemos as pessoas e não apenas as acusássemos. Que merda, eu acusei minha mãe sem saber o lado dela. Minha vida é uma droga mesmo.

“Você tem razão.” - disse me levantando - “Vou conversar com ela.”

Ele me olhou, sorriu e me abraçou. E a corrente elétrica me visitou de novo. Acho que estou ficando doidinha da Silva. Eu o olhei assustada e ele apenas sorriu mais, acho que ele que está doidinho da Silva!

Fomos descendo a colina, conversando sobre coisas idiotas. Mas nada me importava, só que queria minha mãe de volta. Joseph me deixou em casa e foi para a dele, que não era tão longe assim da minha. Tá, era uns sete quarteirões depois, mas ele foi legal ao vir aqui comigo.

Respirei fundo e entrei, olhei para a sala e não tinha ninguém, fui para a cozinha e ninguém. Era estranho saber que a Say não morava mais aqui, era difícil, ver essa casa assim, vazia. Subi as escadas e passei pelo quarto da minha mãe, ouvi um choro. Sim, era ela. Abri a porta e ela estava com as mãos no rosto chorando, quando ouviu a porta ranger, ela me olhou e saiu correndo para me abraçar.

“Filha me desculpa. Eu sou uma mãe horrível, você tinha razão, sempre teve, eu não te dava valor, não te dava carinho. Quero que me perdoe.”

“Mãe, é claro que te perdôo, acha que sou de ferro?” - ela riu sem humor - “E era isso o que eu mais queria ouvir de você, as suas desculpas.” - ela me olhou e me abraçou mais forte.

“Nunca quero que vá embora, não até ter uma família, e saiba que eu sempre te amei, mas eu achava que sem mim, você era mais feliz.”

“Que absurdo é esse? Você acha que eu era mais feliz sem você. Minha mãe? Claro que não, você está muito errada, eu a amo e isso nunca vai mudar.” - ela me olhou e começou a chorar. Ainda mais.

“Mãe, não chore.” - implorei.

“Estou emocionada filha, nunca pensei que você me falaria isso depois da morte de seu pai...”

“Mãe, não vamos ficar relembrando as memórias dolorosas do passado, vamos seguir em frente, curtir o momento, curtir a vida” - então a abracei mais forte. Era aquele o lugar que mais precisava. Precisava ainda mais do amor da minha mãe, um amor que continuará até o infinito, um amor que nunca vai acabar.

 

Acordei com o barulho do alarme do celular, estou feliz hoje. Por quê? Porque minha mãe me ama! Isso é incrível, para quem viveu tantos anos achando que a mãe não ligava a mínima para a vida da sua filha, estou emocionada.

Levantei rápido, fui tomar banho, troquei as roupas e desci para tomar café.

“Bom dia, filha.” - mamãe disse radiante.

“Bom dia, mãe.” - sentei-me na cadeira da cozinha - “O que tem de café hoje?”

“Só panquecas. Já estão quase prontas.” - minha mãe as colocou em um prato e me deu.

“Obrigada, mãe.” - comi loucamente, adoro panquecas, ainda mais doce. Estava deliciosa só para avisar.

Vi no relógio, já era 6:20, melhor ir. Dei um tchau para minha mãe, um beijo em seu rosto e fui para meu carro, entrei, liguei o rádio e fui dirigindo até a escola. Depois de quinze minutos dirigindo - ODEIO TRÂNSITO! - cheguei à escola, estava tudo tão calmo que achei estranho. Ao entrar lá dentro, eis meu inferno pessoal, todos estavam no refeitório fazendo exatamente... Nada. Cheguei à mesa das meninas e dei um “Oi” para todas, que retribuíram animadas.

“Está feliz, Mêeh.” - Ash disse.

“Eu sei. Sabe aconteceram tantas coisas ontem, que acho que poderia morrer de felicidade... Tá, exagerei!”

“O que aconteceu?” - Nicole perguntou.

“Er...” - contei a elas que minha mãe tinha me perdoado, mas não contei sobre o Joseph, algo me dizia para não contar.

“Oi gente!” - Belinha e Taylorzinho... Nossa Taylorzinho é fim de carreira, bem... Belinha e Taylor cumprimentaram todas nós e também o Jared, que por algum motivo estranho estava aqui na nossa mesa.

“Oi amoooooooores!” - Cahzinha falou (na verdade, gritou) para nós.

“Oii amor!” - falamos em sintonia.

“Er... Momento orquestra!” - falei. E todos riram.

“Gente, cadê a Bebeh?” - perguntei.

“Ela está com o Biel.” - Tatinha disse chegando com o Federico.

“Puta merda, para de dar sustos assim.” - Ingrid falou e todos caíram na risada.

Suspirei. “Eu queria uma novidade e você me fala isso.” - Bocejei - “O mundo está um tédio hoje.”

“Verdade.” - Melody disse.

“Melody, você vem sempre aqui?” - disse rindo.

“Venho. Todos os dias. Por quê?”

“Porque, olha que emoção, também venho aqui todo o dia!” - disse levantando os braços em felicidade.

Mel riu: “Só você mesmo em Mêeh.”

Sim, só eu mesmo. O sinal bateu e teríamos duas aulas de História, foi legal enquanto durou, depois tivemos uma aula de Inglês e outra de Ciências. E então chegou a hora crucial da escola. O intervalo.

Esse intervalo estava um tédio, a não ser o fato de que se você quisesse ver pegação, era só olhar para cá. Era o Taylorzinho e a Belinha se pegando enquanto a Tatinha e o Federico se amassavam em beijos e carinhos... Urrgh! Cahzinha estava conversando com o Edu, tipo, nem sei por que, ele é tão estranho...Ei... Os dois combinam!

Eu estava conversando com a Ash e a Nicole, e a Melody estava fazendo nada enquanto a Bebeh estava abraçada com o Biel.

Pigarreei: “Ah, vão se fuder. Isso é meloso demais, eca.” - falei entre dentes. Todos me olharam e ficaram quietos. Merda.

“Por favor, se fodam em um quarto okay!” - todos começaram a rir. Eu estava falando sério. Não queria sair correndo pelo fato de ter coisas impróprias aqui.

“Por favor, Mêeh. Você acha que tenho cara de que gosta desse tipo de safadeza?” - Ingrid perguntou.

“Sim.” - respondi, acabando com a graça da menina.

“Nossa! Acabou com a felicidade. Sabe que não sou a Cah!” - Belin... Er... Ingrid continuou e olhou para a Cahzinha.

“Ei. Muito obrigada, ajudou muito na minha auto-estima.” - começamos a rir, mas paramos.

“Sério, gente. Daqui a pouco a Tatinha está levando o Federico para um banheiro.” - apontei para o casal safado, que ainda estava no maior amasso e quando digo maior, é maior mesmo, ele até mordia o pescoço dela. - “O vampirão aqui quer seu sangue Tatinha. Fica de olho!” - Tatinha me olhou e mostro a língua. Todos começaram a rir, menos o Federico, pois estava dando uma de vampiro.

“Ou Edward segundo. Para com isso, está parecendo que está querendo o sangue dela e...” - A Ingrid parou e me olhou com uma cara de susto, entendi de imediato.

“MEU GOD. Federico você é uma cópia do Edward!” - comecei a fazer cara de “Meu Deus, vou morrer”, e todos caíram em uma gargalhada profunda. Federico me olhou rindo.

“Toma cuidado Mêeh, eu posso matar!” - nisso ele sorriu.

Ri sinistramente. “Como se isso me desse medo!” - sorri.

O sorriso dele desapareceu, ele achava que sou idiota, dã! Olhei ao redor do refeitório, e em uma carteira vazia estava o Douglas, ele estava com uma maçã só. Apesar de odiá-lo, eu tinha pena dele.

“Acho que ele me odeia.” - Ingrid sussurrou para mim enquanto também fitava o Douglas.

“Eu acho que não. Percebo que vocês vão ser grandes amigos.”

“Nossa, momento Alice seu né? Está vendo o futuro?” - ela me olhou assustada.

“Dã, claro que não! É que dá para ver quando ele fala com você que ele ainda gosta de você. Dá para ver em cada olhar.”

Nisso, Douglas nos fitou e ficou grudado nos olhos da Ingrid, que depois de um tempo virou o rosto com vergonha. Ele virou o rosto e me encarou, fiquei olhando para ele até que a Ingrid disse. “Para com isso Melissa!” Então parei e virei o rosto para fita-la.

Ela estava triste, então segurei suas mãos e sussurrei.

“Se algo acontecer com você, eu mato o desgraçado.” - ela sorriu. Olhei para o Taylor que me deu um sorriso simpático, tipo, "Gostei da sua atitude. Também faria o mesmo.".

“Obrigada.” - ela disse.

“Por nada, acho que é para isso que servem as amigas.” - ela riu, enquanto o povo ficava na sua.

Depois das safadezas desse intervalo, bateu o sinal de novo. Merda. Mais duas aulas sem ninguém para encher o saco, por isso odeio terças, a Bebeh não está aqui! As aulas de Física, e bioquímica passaram voando. Foi rápido demais. Quando bateu sinal aconteceu o ritual de sempre, todos gritando “ACABOU!” e correndo para o estacionamento. Estávamos indo em direção ao estacionamento e eu jurava que estava esquecendo algo, até que...

“MEU TRABALHO!” - gritei e todos pararam - “Gente, eu esqueci de entregar meu trabalho de Bioquímica, vou entregar lá e depois encontro vocês!”

“Claro, mas vê se não demora. E se demorar, deixo você aqui!” - Ingrid sorriu.

“Pode ir, Mêeh, mas terei de ir mais cedo. Tenho de chegar a minha casa rápido.”

“Claro, então vão sem mim, se eu demorar.”

“OKAY!” - Todos pronunciaram juntos.

Corri até o corredor das salas, quando estava no meio do caminho, ouvi algo no refeitório.

“DOUGLAS, você...” - e não ouvi mais nada.

Decidi me aproximar mais do que acontecia, fui andando no corredor, e me encostei a uma parede, onde ninguém me enxergaria. Quando olhei quem eram os donos das falas, eu tive o maior susto. Caroline falando com o Douglas.

“Douglas, você vai fazer isso!”

“Não vou!”

“Sabe que sei seu segredo.”

Ele hesitou, mas continuou - “Sei que não contará!”

“Sabe nada, sou malvada quando é preciso.”

“Acredito que não, Carol.” - merda, o que é?

“MERDA, DOUGLAS, SABE QUE PRECISO DE VOCÊ. Preciso que você me ajude a destruir a Ingrid e a Tainá. O mais rápido possível.” - ela disse com confiança.

Merda, destruir elas. Carlisle, vou matar essa desgraçada, belo dia para isso acontecer.

“NUNCA!” - ele gritou alto demais. Que bom ela quer destruir as meninas, o Douglas não quer e agora tenho um tímpano quebrado! Uipê!

“Está bem, quer que a escola saiba?” - ela perguntou com uma cara que me deu medo.

Ele tremeu e engoliu seco, gaguejou, mas conseguiu falar.

“Não... Vai... F-f-falar n-n-nada!” - falou de volta.

“Okay, então eu contarei a escola inteira o seu segredinho” - qual segredo merda?! - “E que você atropelou a Nicole!” - congelei no mesmo instante.

O QUE? DOUGLAS TER ATROPELADO A NICOLE! Meu God, ouvi certo?

“Quer isso mesmo? Saber que a Caroline aqui te pagou e você um fraco aceitou?”

“O que?” - murmurei, mas alto o bastante para eles ouvirem.

Merda. E agora quem virá me socorrer? Não venha Chapolim!

“Caroline, alguém está aqui. Eu sinto e ouvi algo.” - Douglas disse.

“Também acho. Mas não quero que ninguém saiba, mate se for preciso.”

“Não! Você é doida?”

“Não. Então, veja quem é. Eu mesmo mato.” - aham, irá me matar muito.Ri mentalmente.

Ouvi passos indo para onde estava, indo na minha direção. Levantei como uma bala, e disparei a correr em um tiro. Algo me dizia que aquilo não iria acabar bem. Pois bem, agora fudeu. Corri mais um pouco pensando no que ela disse. “E que você atropelou a Nicole!”

Aquilo rodava em minha cabeça. E algo me atormentava, algo me dizia que Caroline não parou de fazer planos contra agente, não parou de tentar se vingar. Ela apenas está começando.


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Notas finais do capítulo

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