Ingrid PDV.

Terça feira, 6:20, quarto da Ingrid.

“AH! Droga, que horas são?”

Peguei meu celular que estava do lado da minha cama.

“Puta merda! Já são 6:20! Ah cara, porque que o meu carro tem que estar quebrado? DROGA! DROGA! DROGA!”

Levantei às pressas e comecei a me trocar, peguei a primeira calça que vi, a primeira camiseta que toquei, enfiei meus tênis nos pés e nem amarrei eles, peguei minha mochila e sai correndo, quando eu estava quase chegando na porta de casa, esqueci algo.

“AH! Cadê meu Ipod?” - procurei no 1º andar e não achei. Merda. Fui para meu quarto e o vi em cima da minha mesinha, me olhei no espelho.

“Meu God. Preciso pentear esse cabelo!”

Penteei-o rapidamente, pois não tinha muito tempo e o ônibus já iria passar, se eu não pegar esse ônibus, terei de pegar o que passa mais tarde, ou quer dizer, não conseguir chegar a tempo de assistir a primeira aula. E o pior, tinha prova de português, okay, não sou muito fã de prova, mas tenho de tentar fazer, mesmo que erre tudo.

Desci as escadas correndo, de novo, e passei na cozinha para pegar algo para comer, minha mãe estava fazendo o café da manhã dela.

“Está atrasada não é.” - Não era uma pergunta.

“Unhum.” - estava comendo umas bolachas, não dava para responder ela.

“Eu te chamei tanto, mas você não me ouviu, também, tinha de dormir tarde, eu disse para ir dormir cedo!”

“Unhum” - outra bolacha, engoli em seco dei um beijo na minha mãe, peguei um Toddynho que estava em cima da mesa e sai correndo, abri a porta rapidamente, precisava ir e... Levei um mega susto.

Taylor estava na frente da minha casa, com os braços cruzados, ele viu que eu estava ali que nem idiota olhando para ele, abriu um sorriso e abriu seus braços, fui andando eu sua direção perplexa por ele está ali e o abracei. Aquilo foi um antídoto para meu estresse.

“O que faz aqui?”

“Vim te buscar, sabia que você estava sem carro, então resolvi dar uma carona para minha Bela!”

OMG, ele é lindo mesmo. Meu Jake.

Ele olhou para mim, e me deu um selinho, um selinho pequeno, mas ardente.

“Hey, vou ter que me acostumar com isso.”

Ele riu e ficou vermelho.

“AH! Você ficou vermelho, ficou vermelho!” - é, eu irrito.

Ele levou sua mão para cobrir o rosto de vergonha e eu tirei.

“Ah, sabe que eu adoro quando está com vergonha, não precisa tampar seu rosto.”

Eu corei um pouco e o abracei. O melhor lugar desse mundo era em seus braços. Fechei os olhos para curtir o momento, quando ele se afastou, assustada o olhei.

“Ei, o que é essa coisa que está gelada nas minhas costas?”

Eu comecei a rir.

“É meu Toddynho!”

Ele também riu.

“Acho melhor eu tomar esse Toddynho.” - falei rindo.

“Concordo plenamente.” - ele sorriu.

Comecei a abrir o canudo e eu percebi que ele me olhava, comecei a tomar, sem olhar para ele, será que ele queria?

“Quer?” - ofereci para ele.

“Não, obrigado.” - ele empurrou minha mão delicadamente, recusando.

“De nada, mas você não sabe o que está perdendo!” - ele deu uma risada alta e pegou minha bolsa que estava na minha mão, e foi colocando pelos meus braços, vi que ele queria colocar nas minhas costas, então eu facilitei um pouco para ele. Depois da bolsa estar nas minhas costas, ele arrumou meu cabelo e passou a mão em meu rosto, inclinei a cabeça em suas mãos, o toque dele era tão mágico, tão macio. Fechei os olhos por reflexo e senti seus lábios nos meus. Quando abri, ele estava me olhando com uma felicidade imensa.

Como ele era perfeito, seu cabelo preto dava uma harmonia diferente com sua pele morena e seus olhos pequenos e pretos eram perfeitamente definidos para aquele rosto magnífico, e aquela boca então, ela era incrivelmente definida, parecia que ele usava lápis de boca. Espera aí, será que ele usa?

Tive de passar a mão para ter certeza.

“O que foi?” - ele perguntou, com a minha mão ainda em sua boca.

“Nada não!” - não, ele não usava. Comecei a rir de mim mesma por achar isso.

Ele me olhava com uma cara de “Cara, essa menina é doida”.

“Você estava aqui fazia tempo?” - mudei de assunto para ver se parava de rir.

“Não. Eu cheguei um cinco minutos antes de te ver sair.”

“Como você sabia que eu saio essa hora. então?”

Ele corou, e deu um sorriso meio torto.

“Ah, eu liguei para a Mêeh, e perguntei que horas você saia. Desculpe.” - ele abaixou a cabeça.

Como eu não posso desculpar ele, hein? Levantei a cabeça dele e sorri.

“Nem precisa se desculpar, se não fosse você eu nem iria conseguir chegar na primeira aula!”

Ele sorriu, e com isso olhei no meu celular.

“Jake! Já são 6:40! Precisamos ir para a escola, se não, duvido que a tiazinha do estacionamento deixe nós entrarmos.”

“Putz! É verdade, esqueci disso! Vai suba aí.” - ele disse se sentando na moto.

Eu subi na moto e ele me deu o capacete, e falou para segurar firme, pois iríamos correr. Eu não hesitei, não quis hesitar, fomos tão rápido que chegamos à escola em 10 minutos.

“Jake, não que eu não goste de alta velocidade, mas, vai mais devagar na próxima vez!” - estava até meia tonta.

“Vai ter uma próxima vez?!” - ele perguntou feliz.

“Er...n-não...sei....Então!” Uma quentura subiu pelo meu rosto, e fiquei envergonhada.

“Você ficou vermelha, ficou vermelha!” - ele começou a me zoar, entendi, era vingança.

“A vingança é um prato que se come frio! Sabia?” - disse meio brava.

“Estou brincando amor. Desculpa.”

Ele me deu um beijinho na testa, então se virou e pegou minha mão. Olhei para ele, que se virou para mim e deu meu sorriso.

“É assim que nós vamos andar daqui para frente! Okay?”

“Se o mestre mandou, está mandado!”

Começamos a andar pela escola, até a minha primeira aula, pena que a dele era outra, a única aula que nos separava, quando chegamos lá Taylor me abraçou e disse:

“Até daqui a pouco, amor.”

“Até.” respondi.

Quando cheguei à sala, as meninas estavam com uma cara de alívio.

“Até que enfim chegou a Bela adormecida!” - falou Mêeh.

“Haha, muito engraçada.” - eu disse mostrando a língua.

“Quase que perde a prova, hein amor?” - disse Ash.

“O que aconteceu?” - Perguntou Tatinha.

Eu contei a elas o que tinha acontecido e elas acharam muito romântico da parte dele.

“Ei Mêeh” - chamei e ela me olhou - “O que você vai fazer sobre o caso do mastro?”

Ela não teve tempo de me responder, a professora chegou e deu a prova para todos da sala, que não estava tão difícil e terminei rapidamente.

A segunda e a terceira aulas foram normais. Estava com o Taylor e é isso que importava.

No intervalo já não foi tão normal assim.

A PRR da Brenda não estava com a gente e sim com os meninos, o tal de Gabriel e de Eduardo. Por quê? Ela irá me responder isso, AH SE VAI!

Eu e o Taylor estávamos andando em direção à mesa das meninas de mãos dadas, mas tivemos de passar em frente à mesa da Selena que me fuzilou com os olhos, meu Jake percebeu, pois ele colocou seu braço pela minha cintura. Eu olhei para ela de novo e vi que seu rosto estava inchado. Fiquei com pena, mas que depois passou, fiquei pensando na dancinha do “se fudeu”, mas como estava nos braços do Taylor, não dava para dançar.

Quando chegamos à mesa das meninas, elas não piscavam, só olhavam para nós dois.

“Oi meninas!” - Taylor disse.

“E aí meninas? Olha que se não piscarem podem ficar com problemas nos olhos!”

Elas começaram a piscar e a rir. A Mêeh puxou duas cadeiras.

“Sentem aí!”

Nós sentamos, e como vi o Taylor do meu lado, encostei a cabeça em seu ombro. A Ash me olhou com uma cara de “Ain, que fofo”.

“Ingrid, você viu a cara da Selena!?”

“Eu vi, ri demais!”

“A Selena está muito puta com você!” - disse a Mêeh - “E a Caroline com a Tatinha!” - ela olhou para a Tatinha.

“Ué, ninguém falou para ela vir encher o saco e depois que medo né, Tatinha!” - comecei a fingir que estava tremendo de medo.

“Verdade Ingrid. Ah, cara, mas a Caroline é uma puta, até o nome é!” - Tatinha já estava com um sorriso maquiavélico na cara.

“Tatinha, nem pense nisso, e apesar de ser uma boa idéia, mas não.” - disse a Mêeh.

“Como assim se eu não disse nada!”

“Ué, você tinha falado nisso o dia inteiro para mim!”

“O que?” - interrompi as duas.

“Ela quer ver se alguém aceita a Caroline num albergue, assim a Caroline sai da vida dela” - Mêeh disse em desaprovação.

“Mas seria uma boa idéia!” - Ash disse

“Eu sei, mas poderia dar errado. Pois como a levaríamos e...”

“Gente, parem com isso, não vamos nos rebaixar!” - interrompi a Mêeh.

“Aliás, ela já esta num albergue...” - A Tatinha comentou.

“Viu! Como tudo se resolve depois!” - ela levantou os braços e começamos a rir.

Nicole estava quieta, então Melody disse.

“Apesar de ela ter contratado alguém para atropelar a Ni.” - Nicole fuzilou a Mel.

“O QUE?” - eu não sabia disso! Sou a última a saber!

“Pensei que você sabia!” - Ash olhou para mim com uma pergunta no ar.

“Não Ash, ela estava muito ocupada...” - eu dei um tapa na cabeça da Mêeh, e todas riram.

“AIII doeu... Vocês não me deixam terminar oras! Ela estava ocupada demais dando uns amassos no Taylor! Pronto falei rápido mais falei! Tchau gente, morri, todo mundo convidado para meu enterro!” - Mêeh saiu correndo e eu atrás dela.

A Mêeh corre rápido demais, depois de dar a volta no refeitório atrás dela, ela se sentou na cadeira dela, e eu na minha. Nós duas arfando. Olhamo-nos e começamos a rir.

“Então....o-oque...como-o...assim, atro-pelada?” - disse arfando.

“É que eu pensei que você tinha ouvido eu te falar. Mas não ouviu. É que eu fui atropelada lembra?” - disse Nicole.

“AH eu lembro! Mas foi a Caroline?”

“Ninguém sabe...”

“Então seria quem?”

“Não sei...”

“Mas por que...”

“Por que... Bem... Por inveja de ela ter um filho...”- Ash interrompeu a Nicole.

“O seu... Quer dizer... Mas inveja...Porque ela se rebaixaria tanto!?” - disse assustada.

“Não sei dizer ao certo...” - Ash disse triste.

“Mas ninguém sabe quem é o pai?” - Todos ficaram quietos, o silêncio tomou conta do lugar.

"É que..." - Ash começou.

"Não." - Nicole interrompeu nervosa me olhando estranhamente.

Tudo ficou em silênico. Apesar disso, continuei olhando para a Nicole que ficava olhando para a Ash de um jeito estranho. Como se ela tivesse acabado de pisar na bola.

“Mas ninguém sabe quem estava dirigindo?” - Taylor disse interrompendo o silêncio.

“Não.” - a Mêeh falou - “Algumas pessoas falam que foi uma mulher, outras que foi um homem, mas ninguém sabe quem era.

O silêncio voltou de novo, estavam todos quietos, até que...

“INGRID! ME JOGA NA PAREDE E ME CHAMA DE VOCÊ!”

Eu levei um susto me virei e vi o Jared na minha frente me olhando com desconfiança.

Eu o empurrei na parede.

“VOCÊ!”

“AH, valeu!”

Ele saiu andando, olhei para a Mêeh e depois para o Jake, e começamos a rir. Então vimos a Cahzinha.

“Oi amores! Tudo bem?”

“Sim!” - responderam todos juntos.

Comecei a fazer gesto no ar como se fosse comandar uma orquestra.

“1,2,3 e, 1,2,3 e, 1,2,3 e...” - Todos começaram a rir.

“Meu, você tem problemas? É besta?” - A Cahzinha perguntou.

“Oh, quem fala, a mais normal de todas.” - a Cah mostrou a língua -  “Pronto! Mais uma para o bando das mini najas da Tatinha e da Fê!”

“Eu não sou naja Ingrid!” - Tatinha protestou.

“Claro que não! Você é mini!” - comecei a rir, e a fazer o sinal de “entendeu?”, todos deram risada, menos a Tatinha. Do nada me lembrei da Fê.

“Gente em falar em naja, cadê a Fê?”

“Ela está na sala de informática, terminando o trabalho de português, a impressora dela quebrou...” - Tatinha disse.

“Que trabalho?” - Taylor perguntou assustado.

“Calma, é da nossa aula de Português, não da sua. Você não teve esse trabalho.” - eu o acalmei.

Cada um começou a conversar com o outro. E eu me encostei no Taylor, que me abraçou.

Deu vontade de comer Tubes, aquele docinho vicia, comecei a fuçar em minha bolsa para ver se tinha algum ainda, fucei, fucei e nada. Peguei um dinheiro que tinha, e já fui me levantando.

“Alguém quer que eu compre Tubes?”

“Eu quero!” - A Mêeh gritou de felicidade.

“Eu também.” - Ash e Nicole gritaram.

“Okay, eu vou lá, vocês querem que eu compre e depois vocês me pagam?”

“Pode ser.” - Ash disse. Duvido que me pague, mas tudo bem...

“Meu dinheiro tá ruim de achar, daqui a pouco bate o sinal, então depois te pago!” - Mêeh disse fuçando na bolsa.

“Está bem, estou indo então.”

Taylor me segurou e disse.

“Eu vou com você.”

Ele levantou e fomos indo para a cantina que vendia Tubes. Taylor começou a me fazer cosquinhas, e eu comecei a correr, mas ele me segurou fortemente e continuou.

“Para Jake para!” - falei.

“Fala de novo!”- ele pediu.

“O que?”

“Jake... Fala!”

“Ta bem... Jake me solta!” - Falei rindo.

Ele parou com as cosquinhas, mas não me soltou, ele me puxou pela cintura e me beijou, eu esqueci completamente onde estava, no mundo só estava eu, o Jake e o Will Smith (sabe ele era a lenda!). Foi quando ouvi um pigarrear irritante, Taylor não ligou e continuou a me beijar, isso foi tão legal, quando essa pessoa chamou pelo Taylor a reconheci, se você pensou na Selena acertou. Dez pontos!

“Taylor, eu queria falar com você.”

“Pode falar!” - ele disse me abraçando mais forte.

“Em particular.” - Selena disse olhando para mim com uma cara safada, fechei a mão em forma de punho para repetir o soco que dei nela antes, mas o Taylor murmurou no meu ouvido.

“Calma.”

“Ela está provocando.” - falei entre dentes, também murmurando.

“Selena, pode falar, seja o que for ela vai saber.”

Ela ficou azul de raiva.

“Sabe, é que eu não sou muito boa em matemática e você é muito bom, então eu queria saber se você pode me ajudar.”

Ele olhou para mim e eu não retribui o olhar, porque estava com tanta raiva e não queria influenciá-lo, pode ser ruim para mim ele aceitar, mas se ele aceitou, a decisão é dele.

“Sabe o que é Selena, é que... Eu... Vou dar aula para a Bela!”

Eu olhei para ele com uma cara de “quê?”, e ele sorriu, então entendi o que ele quis dizer.

“Mas não vai todo dia vai?” - A sebosa, sebenta... É entendeu... Falou.

“Pior que vai ser todo o dia!” - Taylor já disse meio que rindo.

“E nos finais de semana?” - Puft, ela não desiste?

“Aí eu vou sair né, tenho uma vida de curtição. Eu também sou filho de Deus!” - diferente dela... lálá.

“Você não percebeu que ele...” - Ele tampou minha boca, para eu não continuar, mas depois soltou. - “que ele não quer te dar aula!” - falei muito rápido. Ele tentou rir disfarçadamente.

“Anh?” Selena perguntou.

“O meu Deus, mas é uma mula, ou só finge de uma? Acho que seria difícil para você até fingir! Ele não quer dar aula para você. Entendeu?” - disse calmamente.

O Taylor não aguentou e começou a rir muito, até lacrimejou, ela saiu com cara de que não entendeu muita coisa, mas que estava tentando copiar o que eu disse. Ei, mula mesmo.

“Concordo com você, amor!” - Taylor disse.

“Jake... Acorda, vamos voltar para comprar o Tubes.”

“Vamos claro.”

Ele pegou na minha mão e nós fomos comprar o Tubes, eu feliz da vida por estar com ele e por ele preferir a mim à Selena. Quando paramos na cantina ficamos na fila. Olhando um para o outro começamos a rir.

“Amor, porque você falou que ia me dar aula?

“Porque não estou muito a fim de dar aula para ela. Você sabe disso!”

“Mas por quê?”

“Porque ela não gosta de você e eu não gosto dela!”

“Ah, você é um fofo!”

Dei um selinho nele, e quando chegou a nossa vez comprei o Tubes, estava muito bom, quando chegamos à mesa das meninas, dei os Tubes para elas, e bateu o sinal. Uêêba, mais duas aulas chatas para deixar meu dia mais feliz. Ai, já tou até sentindo a animação.

Mêeh PDV.

Nossa, Tubes é muito bom. Quando bateu o sinal para a quinta e a sexta aulas, fomos andando numa animação incrível, mas as aulas foram chatas como sempre.

Hoje era um tédio, pois a Bebeh não sentava ao meu lado. Ela tinha todas as aulas diferentes das nossas, quando era terça feira, TODAS!

Senti falta dela. E ainda mais hoje que eu vou ter que ir com a Ash procurar coisas sobre meu pai.

Ê, que vida boa né.

Não teve prova, só lição. Isso foi legal, mas eu estava nervosa, o que ia acontecer agora? Quando o sinal da última aula bateu, todos nós levantamos felizes.

“Mêeh, vamos?” - Ash perguntou.

“Claro.” - assenti.

Eu e a Ash fomos até o estacionamento. Não esperamos ninguém, a única coisa que vi foi o carro da Bebeh disparando que nem louco.

“Meu Deus, é o carro da PRR!” - Eu gritei.

“É mesmo, o que aconteceu?”

Gabriel apareceu correndo e passou por nós, segurei seu braço e perguntei.

“Aonde vai mocinho? E o que fez para a Bebeh?”

“Eu? Nada er...” - ele não respondeu.

“Eu não quero que enrole. Não vou fazer mais nada. Só me prometa que vai cuidar da minha amiga, e que ela sairá viva, e se não sair, você é quem morre, e eu não tenho medo de ir presa!” - disse brava.

Ele me olhou aflito e saiu correndo para o carro dele.

“Mêeh, deixar as pessoas com medo não é legal!” - Ash me repreendeu.

“É sim, pois assim fazemos as pessoas a ficarem mais maduras. Se eu não falasse com ele, ele poderia ter deixado a Bebeh ir embora e se matar, pois ela é uma coisa linda dirigindo normalmente, imagine nesse estado!”

Ash me olhou com medo.

“Você tem razão! Meu Deus, e agora?”

“Eu me faço essa pergunta todo dia.”

Entramos no carro, e fomos direto para minha casa. Não tinha ninguém, só um bilhete da Say.

Mêeh.

Fui fazer compras no mercado. Essa casa precisa de comida!

Volto rápido.

Beijos, Say.

Ri da carta dela. Sempre fala isso.

Ash estava surpresa, pois depois da viagem nunca mais viera a minha casa.

“Bem vinda, continua sendo a mesma!”- disse.

“Que saudade dessa casa!” - Ela falou feliz.

Olhei para ela e sorri. Fomos até meu quarto e lá trocamos de roupa - claro - e depois sentamos em minha cama.

“E então como vai ser?” - Ash perguntou.

“Bem, meu pai tinha um escritório pequeno no quarto da minha mãe. Então vamos lá!”

“Claro, vamos!”

Fomos até o quarto da minha mãe. Ela não estava lá mesmo, eu já sabia, mas é bom conferir. Depois fomos até um quartinho pequeno que tinha e abri a porta. Um ar conhecido e um choque me paralisaram, aquele quarto ainda era o mesmo. As estantes cheias de livros, a mesinha com algumas folhas. Nunca fora tocado depois?

“Mêeh, era aqui que seu pai ficava?” - Ash perguntou surpresa.

“Sim, ainda me lembro direitinho. Minha mãe não mexeu em nada!”

“Como vamos achar algo aqui?”

“Procure nas gavetas e eu na estante. Se achar algo que tenha meu nome, ou coisa do tipo, me avise.”

“Okay.”

Procuramos em gavetas, estantes, móveis, livros, mas nenhuma carta.

“O que achou Ash?” - Perguntei.

“Bem, achei uma chave só.”

“Uma chave...” - refletiu. Espera! A chave!

“Filha quando estiver maior, abra essa gaveta com essa chave.” - Ainda me lembro dele me falando disso. Mas o que tinha naquela chave? E na gaveta?

Peguei correndo a chave da mão da Ash e fui até a gaveta da escrivaninha, a gaveta discreta dali.

Abri e lá tinha uma carta escrito o meu nome em letras tão lindas.

“O que é isso?” - Ash perguntou.

“E eu é que sei?” - ela riu - “Vamos ler.”

Abri a carta que continha a seguinte mensagem.

Melissa Dotta.

Olá filha,

Espero que tenha achado essa carta sozinha e não com sua mãe. Se estiver com ela, esconda agora, se não, quero que leia com atenção.

Minha filha, espero que esteja lendo isso com pelo menos catorze anos!

Parei de ler e ri. Já tinha dezesseis, meu bom e velho pai. Continuei a ler, com a Ash ao meu lado.

Pois o que eu vou te falar, é de coração.

Você foi minha única filha, a que sempre amarei.

Sei que fui embora, mas foi porque eu queria que você vivesse feliz.Comigo ao seu lado nada ia dar certo.

Pode ser que agora eu já esteja morto, mas sempre te amarei. Você sempre foi uma garota especial, quando criança me falava que via coisas, que via o futuro. Eu sempre ria de você, pois quem pode ver o futuro?

Depois de alguns dois anos, você começou a me dizer coisas que aconteceram. E eu fiquei com medo. Mas as coisas eram indistintas, você só via com quem ia acontecer algo de ruim, mas nunca aonde, quando, ou algo do tipo.

Pesquisei e vi que você não era diferente de ninguém, só tinha um sexto sentido, mais “aguçado” que o de certas pessoas. É quando alguém sente que algo de ruim vai acontecer, a diferença é que você sabe com quem irá acontecer.

Não ligue para isso filha. Isso nunca afetará sua vida. E não fique com medo. Você pode ser louca, mas é normal como todos os outros. Só faça um favor para mim, cuide de sua mãe e guarde essa carta dela. Ela nunca soube onde estava a chave.

E tenho um presente para você. Dentro do envelope tem um colar. Fique com ele e cuide dele para sempre se lembrar de mim. Sempre saiba que eu te amo, que você sempre será a melhor filha do Universo. E você sabe que o Universo é enorme!

Do melhor pai do mundo, Arnaldo.

Eu estava chorando. Essa carta me comoveu.

Ash estava ao meu lado com uma cara feliz e me abraçou.

Depois de anos, sabia que meu pai ainda me amava e que ele só foi embora para me proteger. E esse sexto sentido... Faz sentido! Eu não sou anormal... Posso ser louca, mas não anormal.

Vi dentro do envelope e tinha um colar com um coração. Junto a ele uma flecha que lhe acertava e nela estava escrito Sempre te amarei.

Pai, saiba que eu te amo mais e que esse colar irei levar para sempre no meu coração. E no meu pescoço.