Contenda escrita por Anastacia B, Kah Correia


Capítulo 9
Capítulo 9 - Livingston




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–O que você está vendo ai? – Perguntei enquanto sentava na cama, com uma toalha em mãos, secando meu cabelo.

–Estou fazendo nosso roteiro. – Dimitri rabiscou algo no grande mapa que ele havia comprado.

–E esse roteiro quer dizer o que mesmo? – Insisti, me inclinando um pouco pra frente, para poder enxergar melhor. Ele estava apoiando o mapa na cama.

–Quer dizer que ainda hoje, nós vamos juntos a uma excursão de trem por uma mina abandonada e mais tarde, iremos jantar ao lado do parque municipal, onde esta tendo algumas apresentações de dança e música.

–Sério?

Dimitri deve ter percebido meu humor, pois começou a me encarar com o cenho franzido.

–Qual problema?

–Não tenho nada contra a mina abandonada, mesmo por que podemos encontrar alguma ação com um rato gigante do deserto. Mas jantar dançante? – O encarei perplexa – Parece programa da terceira idade.

Dimitri começou a rir.

–Eu falo sério Okay? Você já viu os programas de televisão sobre jantares dançantes? É deprimente!

Ele ainda continuou rindo de mim, me deixando desconfortável.

–Pare de rir, camarada. – Pedi, desviando o olhar e logo me levantando da cama.

–Rose, você não existe. – Ele respondeu depois de um momento. Suas bochechas estavam coradas. Eram esses tão raros momentos, que eu realmente podia vê-lo. Era uma visão linda, ou melhor, maravilhosa.

–Eu existo sim. – Parei em frente ao espelho e peguei meu gloss. – Eu só acho que podemos ver outro tipo de programação. – Resmunguei.

Dimitri também se levantou e então pegou seu casaco marrom da cadeira.

–Nós vamos no jantar dançante. Eu tenho certeza que você vai gostar. – Piscando, ele me arrastou pela porta.

***

A fila para entrar no trem era imensa e por mais que o sol tivesse decidido dar as caras, o vento ainda era bastante severo. Encolhi-me um pouco em meu próprio casaco branco, tentando obter um pouco de calor.

–Eu te falei para trazer mais uma blusa. – Dimitri apontou, enquanto olhava ao redor.

–Eu não sabia que iriamos ficar tanto tempo em pé assim. – Resmunguei, enquanto observava uma mulher gorda e baixa, conversando com seus dois filhos pequenos, bem atrás de nós na fila.

Dimitri estava prestes a comentar algo, quando ouvimos um grande barulho. O terceiro trem havia finalmente chegado.

–Graças a Deus. – Murmurei aliviada, ao ver a fila começar a andar rápido, conforme as pessoas iam se acomodando em seus lugares.

Sentei na janela ao lado de Dimitri, que tinha trazido uma pequena máquina de fotografia preta.

–Gosta de fotos, hum?

–Na verdade, eu gosto. – Ele não me olhou. Seu interesse estava em destravar algum botão ou peça daquela máquina estranha.

Os primeiros trinta minutos do passeio foram meio entediantes. Um homem bastante magro e com uma cabeleira esvoaçante, que mais parecia uma peruca, começou a falar sobre a história da cidade e também, sobre os fundadores e principais pontos para visitação. Eu acabei descobrindo afinal, que a cidade estava um verdadeiro caos, por causa das festividades locais. Devo admitir que por uma ou duas vezes, eu comecei a cochilar, mas então Dimitri se negava a parar de me chamar para olhar uma coisa ou outra.

Finalmente chegamos à mina e em uma fila quase organizada, começamos a visitar o local. O passeio foi feito em duas etapas, com dois grupos de pessoas diferentes. Cada um com seu instrutor, totalizando mais ou menos quinze pessoas no máximo, por grupo. Dimitri e eu ficamos com o segundo grupo e então, cada um seguiu para um lado dentro dos túneis. O chão de barro úmido tinha um cheiro forte.

–Sou só eu que acho esse lugar um tanto escuro? – Franzi o cenho, quando me deparei com uma pedra imensa no caminho. – Isso aqui deve estar infectado por ratos e cobras.

Dimitri não me respondeu, captando imediatamente minha atenção. Seu olhar estava ao redor observando tudo e ele parecia realmente intrigado.

–Que horas são Rose?

Sem questionar, levantei um pouco minha blusa e olhei meu relógio.

–Quatro e meia – Respondi prontamente. –Ainda temos três horas antes do anoitecer.

–Não, se você contar o horário de inverno. –Seus olhos se encontraram com os meus.

–Está preocupado com...hum? – Baixei um tom da minha voz e Dimitri diminuiu um pouco o passo, de forma que ficássemos bem atrás do grupo.

–Mas ainda é dia. – Segurei seu braço – De qualquer forma, ainda temos uma hora para o grupo se reunir novamente. – Tirando o ticket do passeio do bolso, conferi o horário. – Aqui diz que partiremos às cinco e meia.

Mesmo assim Dimitri não pareceu muito convencido.

–Está vendo? – Ele me girou um pouco e apontou pra cima de nossas cabeças, onde um tipo estranho de cabeamento, fornecia energia a algumas lamparinas penduradas e várias delas, estavam apagadas.

–Queimaram? – Franzi o cenho tentando entender seu ponto.

–Olhe mais de perto. – Ele incentivou bem próximo do meu ouvido.

Seguindo seu conselho, me aproximei para perto de duas que estavam acima de nossas cabeças. Foi quando arfei.

–Estão estouradas.

–Exatamente. – Dimitri se aproximou de mim e então puxou minha mão para o outro extremo. Bem a nossa frente, o grupo se dispersava ao som da voz fina do guia. –Olhe isso.

Dimitri se abaixou e eu fiz o mesmo. Ele tocou o chão e quando levantou dois de seus dedos, estavam cobertos de alguma substância escura e pegajosa.

–Sangue. – Ele conclui por mim.

Prendi a respiração

–Eu não acho que isso se pareça com sangue de cobra ou ratos. – Meus pulmões estavam fazendo um trabalho árduo, para me manter respirando.

Sem dizer uma única palavra, Dimitri me ergueu do chão e começou a caminhar apressadamente na direção contrária ao grupo, me arrastando no processo.

–O que vai fazer? – Perguntei de forma alarmada.

–Precisamos tirar eles daqui.

–Então você acha que realmente foram Strigoi? Atrás de humanos? – Eu mal consegui ouvir minha voz. Depois do incidente com Natalie na Academia ao tentar salvar Victor seu pai, eu me dei conta do quão realmente eu tinha subestimado meu adversário. Mesmo ela sendo recém-transformada, me superava um milhão de vezes em velocidade e força.

–Eu não sei Rose, mas alguma coisa aqui está errada. – Foi ele parar de falar, para nós trombarmos com um casal de Morois jovens, juntos de um par de guardiões. Eles pareceram meio assustados a nos ver, mas logo depois sorriram em reconhecimento. Atrás dele os dois guardiões ao observar a expressão de Dimitri, pararam bruscamente.

–O que está acontecendo? – Quem perguntou foi à mulher guardiã.

Dimitri com um gesto de cabeça os chamou para o lado e eu então, fiquei com o jovem casal ali, sem saber o que fazer.

–Sabe o que está acontecendo? – A mulher loira de olhos azuis perguntou a mim. Ela não tinha mais que trinta anos e seu marido tão pouco. Como era de se esperar de um Moroi, eles começaram a entrar em pânico instantâneo, se abraçando entre si, enquanto olhavam ao redor.

–Não se apavorem. – Gesticulei com uma mão. Bem de longe, ainda era possível ouvir o microfone do guia soando através do eco das paredes. –Esta tudo sob controle.

Dimitri e o casal de guardiões então retornou. O outro guardião que era um homem moreno, resolveu tomar a palavra. Dimitri se colocou atrás de mim e pegou meu braço com uma mão, enquanto com a outra, eu vi o vislumbre de sua estaca. Por Deus, tínhamos problemas com Strigois.

–Vamos sair daqui. – Ele sussurrou em meu ouvido, enquanto observávamos o outro pequeno grupo de mover.

–Eles estão atrás dos Moroi? – Sussurrei para Dimitri.

–Obviamente. Vamos tira-los daqui, assim quem sabe os humanos tenham alguma sorte.

Não chegamos a nem dar cinco passos, quando um grito foi ouvido em alto e bom som.

–Merda – Foi a minha vez de protestar.


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