Contenda escrita por Anastacia B, Kah Correia


Capítulo 5
Capítulo 5 - Primeiro Dia




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E eu dormi como uma pedra assim que alcancei os travesseiros.

Na verdade, eu mesma duvidei que fosse capaz de levantar, de tanto que meu corpo protestou, ao ouvir o som do despertador de Art. Mas a pior parte sem dúvida, foi quando Dimitri resolveu entrar no quarto.

–Eu sabia que deveria ter vindo te acordar. – Ele abriu a porta e encarou meu reflexo no espelho do banheiro.

–Ainda é noite. – Apontei para a minúscula janela fechada do banheiro. Estava para amanhecer eu sabia, mas o sol estava longe de aparecer. Ignorando seu mau humor matinal, voltei ao que estava fazendo. Amarrando meu cabelo.

Dimitri encostou-se à soleira da porta e limitou-se a me observar de braços cruzados. Eu sabia que ele estava pronto para soltar mais lições sobre responsabilidades a qualquer momento, mas dessa vez, ele simplesmente pareceu escolher o silêncio. Como na maioria das vezes, infelizmente.

Assim que terminei meu improvisado emaranhado, voltei para o quarto e calcei os tênis. O ignorando completamente, comecei a alongar meus braços, enquanto descia para o andar de baixo. Dimitri havia feito café e algumas panquecas. Encarando o relógio, resolvi arriscar e comer alguma coisa antes que Art abrisse a porta.

Não cheguei a dar dois passos, quando a porta se abriu. Um vento gelado automaticamente entrou pela porta principal, me fazendo encolher um pouco. Art entrou, usando um pesado casaco de neve negro e uma toca.

–Wow. Parece que está bem frio. – Mordi o lábio, novamente pensando sobre minha escassa escolha de roupas.

Dimitri terminou de descer as escadas e Art então nos cumprimentou.

–Rose, Dimitri. – Ele disse enquanto forçava a porta a se fechar. Quando seus olhos pairaram em minha roupa, ele abriu um pouco os olhos de forma divertida. –Se você sair assim, irá congelar em menos de cinco minutos.

–Rose, vá pegar um casaco. – Dimitri voltou a se dirigir a mim, com aquele famoso ar quase arrogante e ao mesmo tempo irresistível, que só ele tinha.

–Não será necessário. – Art interviu. Ele então passou por mim e parou em frente à mesa com o café da manhã, que Dimitri havia preparado. –Ainda parece quente, e dado ao seu aspecto de quem acabou de acordar, ainda nem comeu. – Ele concluiu sabiamente, enquanto me fitava.

Apenas gesticulei com a cabeça. Meu estômago roncando um pouco.

–Sente-se. Coma primeiro e de qualquer forma, eu quero conversar com você antes de começarmos com a prática. – Arthur então tirou seu casaco e o depositou com cuidado atrás de uma das cadeiras da mesa. Em seguida se sentou e eu sem saber ao certo o que fazer encarei Dimitri, que também sinalizou para eu sentar.

Quando já estávamos sentados nos três, Art voltou a falar, enquanto cortava um pedaço de pão.

–Você faz me lembrar de minha filha.

Eu quase derrubei minha xícara.

–Você tem uma filha? – Perguntei perplexa.

–Sim tenho. Uma menina. – Art então esboçou um sorriso sonhador. –E pelos meus cálculos, ela deve ter a mesma idade que você.

–Quantos anos ela tem? Vocês...hum...Quer dizer, vocês tem contato? – Eu sabia que não deveria me intrometer assim, ainda mais na vida de meu atual avaliador, mas eu não consegui conter minha curiosidade. Ter filhos entre os Dhampir e Moroi eram comum de certa forma, embora não muito bem aceito por ambos os lados. Tratava-se de uma coisa mais habitual, do que emocional no final das contas. Nada de laços, como no meu caso e de minha mãe.

–Sim, temos. Ela esta em uma Academia como você. Ela tem dezesseis anos.

–Wow. – Aquilo era ainda mais surpreendente ainda. –É apenas um ano mais nova do que eu.

–Foi o que suspeitei. – Art voltou a sorrir, antes de beber de sua xícara.

–Anna ainda está em Londres? – Foi à vez de Dimitri se pronunciar. Voltei-me para encara-lo com um olhar que eu tinha certeza, estar transmitindo minha indignação por ele não ter me contado uma coisa tão interessante como àquela, sobre Art.

–Sim está. – Art respondeu a ele. –Vou visita-la antes de terminar o ano.

Eu estava prestes a continuar com minha sessão de perguntas, quando senti um joelho batendo no meu por debaixo da mesa. Era Dimitri, e ao avaliar seu olhar, eu soube que não deveria insistir nesse tópico. Ótimo. De volta ao modo negócios.

Comemos em silêncio por um tempo, até que Arthur finalmente pareceu terminar. Ele cruzou as duas mãos em cima da mesa, e me fitou.

–Então Rosemarie, você quer ser uma guardiã. Certo?

–Sim. – Respondi sem pestanejar, quando percebi que havíamos voltado à entrevista.

–E por que, ser guardiã?

A pergunta era estúpida eu sabia, mas a forma como Art me olhava e Dimitri também, eu soube que talvez eu estivesse um pouco enganada. Respirando fundo, tentei ao máximo formalizar minha resposta.

–Eu quero proteger os Moroi.

–E por que quer isso? – Art continou com seus cotovelos apoiados sob a mesa, me encarando com a mesma expressão serena.

Juntei minhas sobrancelhas.

–Por que é meu dever.

–E por que o julga como dever? O que é dever pra você Rose? – Suas perguntas estavam me deixando intrigada, eu tive que admitir. Tudo aquilo era muito óbvio pra mim, mas talvez Art, não esperasse o óbvio. Dessa forma, continuei formulando as respostas.

–Eu julgo dever como obrigação. Eu devo proteger os Moroi por que é o certo a fazer. Eles são parte fundamental de nossa criação Dhampir e eu devo protegê-los.

Art não falou nada. Ele apenas me observou por um longo tempo. Comecei a tremer por debaixo da minha pele, com a intensidade daquele olhar. Mesmo assim, não recuei.

–Eu vi em seus registros que tem um Moroi em especial que quer proteger. Seu nome é Vasilisa Dragomir. Correto?

–Sim

–E ela por ser a última Dragomir, esta sujeita a melhor proteção que a realeza pode oferecer. Correto?

–Sim – Mesmo sem entender o seu ponto de vista, continuei.

–E sabe que simplesmente você pode não ser escalada para tal, não sabe?

Eu respirei fundo. Eu sabia. Sim eu sabia que por menor que fosse a possibilidade, ainda existia a chance de eu ser mantida longe de Lissa, depois que ambas nos formássemos. Mas só Deus sabia ao certo o que eu era capaz de fazer, para que aquilo não ocorresse.

–Sim.

–E se isso acontecesse. – Art mudou um pouco de posição na cadeira. Ele encostou-se à cadeira e cruzou os braços. Eu senti a presença de Dimitri bem ao meu lado, embora eu não ousasse desviar o olhar do outro guardião. –E se Vasilisa simplesmente não fosse designada para você? Ainda teria a mesma posição a respeito dos Moroi?

Era uma charada eu sabia. Arthur Schoenberg estava me testando. Mesmo que eu quisesse responder que não teria interesse algum a não ser em Lissa, eu sabia a resposta.

–Sim. Eu iria proteger qualquer um que fosse designado a mim, com minha própria vida. –Minha voz saiu mais grossa do que eu imaginei e isso, resultou em um sorriso da parte de Art. Um curto e esboçado sorriso.

–Muito bem. – Ele olhou seu relógio de pulso. – Ótimo começo Rosemarie, mas agora eu preciso ir. Dimitri, sinta-se livre para usar meus aparelhos de treino do sótão, para que sua aprendiz não seja prejudicada durante essa semana. No final da tarde eu passo por aqui e conversaremos um pouco mais Rose.

Art então se levantou e quando abriu à porta, eu deslumbrei os primeiros traços da manhã.

–Precisamos nos adaptar ao horário dele. – Dimitri respondeu sem necessidade a minha dúvida mental, enquanto eu encarava a porta.

Dormir, decididamente não era uma opção para Dimitri.

Assim que limpamos a cozinha, ele me obrigou a correr com ele, mesmo com o frio insuportável que estava lá fora.

–Por que não me contou sobre a filha de Art? – Perguntei a ele, enquanto iniciávamos a quinta volta pelo campo. Dimitri estava paciente e mantendo meu ritmo enquanto corríamos. Eu sentia meu pulmões perigosamente gelados com o ar frio, enquanto falava.

–Por que isso não interessa a você. – Ele não me olhou.

Virando os olhos, tentei uma abordagem diferente.

–Ela...Você a conhece?

Dimitri não respondeu a aquilo. Ele apenas apertou mais ainda o passo, me fazendo arfar. Quando eu estava prestes a desistir do diálogo, ele voltou a falar.

–Não. Não a conheço pessoalmente.

–Mas como sabia que ele tinha uma filha? – Dessa vez Dimitri me olhou. Seu rosto estava perfeitamente limpo de qualquer vestígio de suor ou cansaço. O meu no entanto, eu tinha certeza estar implorando por uma pausa imediata.

–Eu conheço Art há bastante tempo. Ele e Carolina eram o que você pode chamar de mais próximo, de amigos.

–Carolina é a mãe de Anna?

–Sim, ela era sim. – Alguma coisa no tom de Dimitri, me fez voltar a fita-lo.

–Ela não é mais? Quero dizer... Oh – Comecei a parar, mas ele logo me interrompeu rispidamente.

–Você está ficando lerda!

Voltei a acompanha-lo, embora me sentisse um pouco perturbada.

–E sim, ela era. Carolina está morta.

Pela segunda vez eu quis parar, mas forcei minhas pernas a trabalharem, enquanto minha mente tentava processar aquilo. Minha curiosidade ainda borbulhava, mas o rosto de Dimitri novamente falou mais do que mil palavras. Ele tinha dado o assunto por encerrado. Após a corrida, seguimos com algumas práticas de luta pelo resto da tarde, até meus membros protestarem severamente e finalmente, Dimitri me dar um descanso.

Jantamos novamente comida chinesa, mas desta vez, Dimitri mudou o cardápio. Ao invés dos habituais pasteis e macarrão, ele pediu uma mistura diferente de legumes e frango com molho agridoce. Para a sobremesa, um grande pedaço de cheese cake.

–Gostei do bolo. – Comentei, enquanto o ajudava a levar as caixas vazias para cozinha. Dimitri me olhou sobre o ombro sorrindo.

–Você sempre aprova a parte dos doces.

–Nem vem camarada. Você sabe que sou uma formiga. – Dramatizei, enquanto o cutucava com um hashi, para que ele me cedesse o lugar na pia.

–Oh não. – Comentei de mau humor, enquanto observava as duas caixas que haviam escapado das minhas mãos e agora, estavam sujando o chão. Ajoelhei-me quase que no mesmo instante que Dimitri e nossas testas se chocaram. A surpresa foi tão grande, que eu cai de bunda no chão, derrubando o resto da sujeira. –Merda.

E ele então gargalhou.

–Não ria. Eu fui derrubada injustamente. – Toquei minha testa e a senti dolorida. Ótimo, eu teria um lindo hematoma mais tarde.

Dimitri então ergueu sua mão para que eu a pegasse. A segurei e com a outra mão tentei me apoiar no chão, mas acabei deslizando. Ele então, prontamente me puxou com ambas as mãos e eu impulsionei pra frente com todo o meu corpo. Meu rosto quase chocou com seu peito.

–Culpada. Sim, sou desastrada. – Ri, sentindo meu rosto esquentar pela proximidade. Dimitri tinha as mãos rodeadas ao redor da minha cintura e sua expressão estava séria. Abri a boca para me desculpar, quando algo inesperado aconteceu. Dimitri me beijou.


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Notas finais do capítulo

Gente tudo bem?

Bom, vamos aos avisos importantes.
Primeiramente, eu percebi que os leitores da fic aumentaram significantemente. Dessa vou propor o seguinte para vocês.

Primeiro: A fic está quase terminada (escrita) e eu estou inclinada seriamente a continuar com ela, mas para que isso ocorra, eu preciso de uma resposta de vocês.

O que isso quer dizer? Quer dizer que se vocês começarem a ser parceiras/parceiros e comentarem, recomendarem e enfim, participarem mais da fic, eu vou seguir com ela. Agora se não obtiver um retorno significativo, infelizmente ela vai ser encerrada em breve. É uma pena, mas eu não consigo ficar inspirada sem saber ao certo o que realmente vocês estão achando.


Beijos e amanhã tem mais :)



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