Contenda escrita por Anastacia B, Kah Correia


Capítulo 4
Capítulo 4 - Comida Chinesa




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Para meu alívio, conseguimos alguns telefones de entrega de comida chinesa com Arthur, ou melhor, Art, antes que ele acompanhasse o casal de Morois ao teatro na cidade. Aquela familiaridade que Dimitri tinha com a lenda dos guardiões, ainda me deixava meio perplexa para fazer qualquer comentário.

-Você comeu todos os seus rolinhos? – Perguntei pra Dimitri, que estava sentado de frente a mim na mesa da cozinha. Estávamos comendo em silêncio por quase meia hora. Já havia passado do tempo de eu fazer um comentário ala Rose.

Ele apenas levantou o olhar de seu recipiente quadrado. Sua expressão era vazia.

-Não. Pode comer o meu se quiser.

Virando os olhos, aceitei a pequena caixa que ele me oferecia.

-Sabe camarada, você não come muito para o seu tamanho. – Murmurei e dessa vez, obtive um sorriso dele. Um longo e gracioso sorriso. Minha respiração se acelerou. Por Deus, eu não poderia me sentir dessa forma toda vez que ele sorrisse pra mim. Era algo bastante insano, ainda mais, por ele ser meu instrutor e guardião de Lissa.

A simples menção do nome da minha melhor amiga fez algo se remoer em meu estômago. Perdi o apetite.

-Não vai mais comer? – Dimitri perguntou curioso, me vendo limpar os lábios e levantar da mesa, antes mesmo de tocar seus bolinhos.

-Estou sem apetite. – Desviei o olhar e continuei rumando para a pia, com as caixas vazias.

Dimitri não disse nada.

Assim que terminei de jogar as caixas no cesto e lavar minhas mãos, me voltei para Dimitri e foi ai, que algo estranho aconteceu. Ele estava me olhando e não era da forma como eu estava acostumada. Era de uma forma diferente. Minhas bochechas coraram involuntariamente e eu parei de respirar. Seus olhos estavam fixos em meu rosto e ele também já tinha encerrado sua refeição.

Não soube dizer ao certo quanto tempo se passou, até que ele respirou fundo e se levantou, seguindo meu exemplo até a pia. Atordoada demais para tomar algum tipo de decisão ou iniciativa, eu encarei a roupa que estava usando. Meu short jeans não pareceu curto demais e minha camiseta surrada nem tão chamativa quanto. Dando de ombros e ainda afetada, resolvi ir para a sala enquanto Dimitri organizava tudo por ali.

Sentei no sofá de Art e abri minha mente. Uma ótima distração para aquela coisa toda seria Lissa, sem dúvida.

Lissa estava na capela com Christian. Mesmo depois de todo o ocorrido com Victor, eles ainda usufruíam de tal liberdade. Ele estava deitado em seu colo, enquanto Lissa lia um livro. Foquei-me um pouco mais e então percebi do que se tratava. Um livro de biologia vampírica. Por Deus, como Lissa conseguia ler aquele tipo de coisa?

-Ainda não teve notícias de Rose? – A voz de Christian soou preguiçosa. Automaticamente os sentimentos de Lissa se remexeram.

-Ainda não. O pior é que não faço ideia de quanto tempo ela vai ficar longe. – Tristeza e preocupação, passaram dela pra mim.

-Não se preocupe. – Christian se levantou de seu colo para encarar Lissa, percebendo sua hesitação. – De qualquer forma, Rose é durona e está com Dimitri. Ele vai cuidar dela.

-Eu creio que sim. – Lissa se permitiu sorrir e então Christian se aproximou um pouco mais dela.

-Eu só acho que agora, podemos nos focar um pouco mais em nós e deixar Rose com os testes. – Sua voz esbanjava testosterona e então, o coração de Lissa se acelerou. Ele se aproximou mais para beija-la e foi ai, que sai de sua cabeça.

Ofegando, tentei me focar em algo que não estivesse rodando, mas acabei me focando em Dimitri parado a minha frente, parecendo bem preocupado.

-Lissa está bem? – Como era costume, Dimitri me perguntava sempre a mesma coisa, quando desconfiava que eu estivesse na cabeça de Lissa.

-Sim ela está – Toquei minha testa. – O que não está é minha sanidade mental.

Dimitri então franziu o cenho, parecendo curioso.

Virando os olhos, lhe respondi: - Ela estava com Christian.

-Oh – Ele respondeu, parecendo ciente do que eu queria dizer.

Mexi-me um pouco para levantar do sofá, quando percebi que Dimitri estava entre minhas pernas e suas mãos em meus joelhos, apertando suavemente. O suor que eu estava sentindo então se quadruplicou e minha respiração se tornou irregular.

E ele continuava me olhando e me olhando, como se milhares de coisas estivessem passando em sua mente naquele exato momento. Seus dedos eram extremamente quentes sob minha pele e sem que eu tivesse controle algum, comecei a impulsionar para frente, quase no mesmo instante que ele. Foi quando a porta se abriu e eu me joguei para trás.

-Dimitri? Rose? – Arthur apareceu na soleira. Para meu total alívio, Dimitri já estava de pé e perfeitamente intacto, como se nada tivesse acontecido. Oh sim, eu odiava isso nele.

-Art, aconteceu algo?

-Só passei para avisar vocês que estou saindo agora. Os Moroi estão atrasados. – Art transferiu seu olhar de Dimitri para mim, se demorando um pouco em minha expressão. Por Deus, que eu não tivesse estampado em minha testa, o tamanho da minha culpa por querer o que não poderia ter.

O dispositivo estranho então vibrou no cinto de Art. Ele estava totalmente de preto, usando um pesado casaco de couro.

-É minha hora de ir. Por favor, sintam-se a vontade e Rose, eu passo aqui pela manhã. – Ele piscou amistosamente.

-Mas você não vai dormir?

-Já deixei essa vida há muitos anos atrás. – Ele voltou a sorrir e saudou Dimitri, antes de fechar a porta atrás de si.

Um longo minuto de silêncio desconfortável pairou sobre nós. Mesmo bastante ciente do que quase aconteceu, eu não tinha a certeza sobre Dimitri. Ele mecheu uma primeira e segunda vez em seu cabelo.

-Rose. – Ele começou, captando meu interesse imediatamente.

-Sim?

-Você não trouxe calças?

Franzi meu cenho. Diante de todo tipo de coisas que ele poderia falar, me veio perguntar sobre a roupa?

-Trouxe sim, por quê?

-Por que eu acho que você deveria usa-las. – Dimitri me fitou por um momento, mas logo desviou o olhar.

-Estamos dentro de um ambiente climatizado e você sabe o quanto, eu as odeio.

-Mas estamos também em uma residência familiar, onde em sua maioria são homens. – Logo notei onde Dimitri estava querendo chegar.

-Está me dizendo para dormir de calça, sendo que todos os guardiões estão lá fora? – Perguntei me sentindo quase indignada.

-Nem todos Rose. Nem todos. – Ele me deu as costas e começou a subir as escadas.

-Vou tomar banho. Você pode me esperar ai. – Ele deu ênfase desnecessária em seu argumento, enquanto apontava para o sofá. – Tranque as portas e janelas.

Quando fiz menção de protestar, ele me interrompeu.

-Agora.

Sem mais opções, fiz o que ele me pediu e então voltei para minha posição inicial. Encarar o teto.

Dimitri desceu um tempo depois, trajando o que parecia muito ser um pijama. Calças soltas cinza e uma camiseta de mangas azul marinho. Seu cabelo castanho estava solto e molhado. Quando ele me viu encarar, mudou um pouco seu trajeto em direção à poltrona, passando o mais longe de mim possível.

Eu realmente não entendia sua lógica. Dimitri passando a centímetros ou metros de mim, ainda conseguia me proporcionar um efeito devastador, que ia da ponta de meus pés, até os fios de meu longo cabelo. Assim como sua loção pós-barba de agora, que estava por entorpecer de vez meus neurônios.

-Não está com sono? – Perguntei de repente, ainda encarando o teto. Eu odiava o silêncio que frequentemente pairava sobre nossas cabeças.

-Não. E você?

-Estou com energia para ficar acordada por mais dois dias. – E eu realmente estava. Mesmo sem entender direito a lógica da coisa, eu não tinha um singelo sinal de sono. É claro, eu me sentia cansada, mas duvidava que conseguisse dormir.

Dimitri riu.

-É a ansiedade pelo inicio dos testes amanhã.

Virei para encara-lo. Sua expressão era relaxada e ele estava também meio apoiado na poltrona.

-Pode ser. – respondi vagamente, me forçando a desviar o olhar.

-De qualquer forma você precisa dormir, ou estará um caco amanhã.

-Eu sei. – Me levantando do sofá, comecei a caminhar em direção as escadas -Você vai ficar ai no sofá mesmo? – Okay, minha pergunta não tinha tido exatamente o mesmo impacto que eu queria. Por Deus, pareceu um convite. Corei.

Dimitri voltou a me analisar e então sorriu.

-Pode subir tranquila. Eu vou ficar de guarda.

Eu ia protestar e dizer que já tínhamos guardas na propriedade, mas eu sabia que seria em vão. Dessa forma me limitei apenas a sorrir e então segui para meu quarto.


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