Tudo pode mudar por causa de um Nome escrita por HeyLay


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Oi, meus amores! Tudo bom com vocês? Eu estou muito cansada e um pouquinho triste. Motivo? Minhas aulas começaram. O que quer dizer que não vou poder postar com mais frequência, pois vou estudar dois períodos (manhã e tarde até 3 horas). Sem contar que tenho provas semanais, mas enquanto as provas não chegam, fiquem com o capítulo 23.
Outra coisa que eu tinha esquecido. Ryan Phillips me deu a ideia da piadinha. Obrigada Ryan! :D Esse capítulo é pra você!

Música do Capítulo:
Come Together - The Beatles.

"Uma coisa que eu posso dizer pra você
É que você tem que ser livre
Venha cá, agora mesmo
Junto a mim."



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De repente, a menina parou poucos metros à nossa frente e se jogou no chão, ainda não percebendo nossa presença.

— Está tudo bem? - Rachel sussurrou para mim quando viu minha cara de dor por causa do machucado.

Assenti como se dissesse: tudo bem, foi apenas um arranhão.

Eu sabia que era mais que um arranhão, mas a menina à frente estava muito perto. Eu não poderia entregar os pontos logo de início, poderia?

[...]

A garota morena ainda estava caída ao chão, mas não havia mais ninguém ali além de nós. Não parecia ter sido atingida e nem parecia nos ver.

Foi aí em que uma coisa veio à minha mente.

Corri em direção à morena.

— O quê?! - Rachel falou, ainda baixo, surpresa.

Ignorei a ruiva e continuei correndo silenciosamente e o mais rápido possível.

Eu estava ofegante quando cheguei perto da garota, a qual não pareceu se importar com minha presença. Reação interessante, levando em conta onde estávamos e pelo que lutávamos.

— Rue? - Chamei. A morena levantou o olhar em minha direção.

Os cabelo alto, negro e frisado caía por sobre seus olhos acastanhados. O rosto moreno respingado de suor, o que era contraditório, afinal era inverno, e as mãos completamente cobertas por neve. Rue tremia.

Eu tinha medo que ela tivesse uma reação estranha logo depois que saísse de todo aquele choque, mas me surpreendi quando ouvi o som de sua voz desesperada.

— Eu preciso salvá-lo! - sussurrou. Rue continuou a mexer na neve.

— O que você está fazendo? - questionei, curiosa. Aproximei-me da garota, mas o estilingue ainda estava em minhas mãos.

— Salvá-lo! - falou roboticamente. - Tenho que salva-lo.

— Salvar a quem, Rue? - a menina me olhou com um olhar feroz, mas ao mesmo tempo calmo e doce, como se fosse a alma de uma pessoa ruim no corpo de uma menina boa.

— Neve. - apontou enquanto cavava. Foi só então que eu percebi que ela tinha uma mochila alaranjada como a de Rachel e que estava vazia... a não ser pela grande quantidade de neve dentro dela.

— Mas o quê...

— Neve. Machucado. Sede. - confirmou pausadamente.

A menina não parecia ser daquele modo. Apenas aparentava que alguém de quem ela realmente gostasse estivesse sofrendo. Como se aquela pessoa dependesse da garota tão pequena, jovem e sem experiência com nada. Como eu sabia disso? Já me senti assim muitas vezes.

— Você tem que levar essa neve pra alguém? - perguntei. Rue me olhou como se fosse óbvio.

— Machucado. Meu amigo está machucado. E temos sede. Muita. - concluiu e voltou a atenção à mochila.

— Mas... - recomecei. - E o lago?

— Lago? - ela parou por um momento.

— Na cornucópia! - Rue arregalou os olhos.

— Carreiristas. Bombas. É muito perigoso. Muito...

— Mas eles nem estão lá! Caçam de manhã. Eu os vi na primavera. - comentei.

— Tresh precisa de ajuda agora. Não consegue aguentar até que Carreiristas saiam... mas eu vim aqui muito tarde e eles já estavam voltando. Não posso passar perto do lago, entendeu? - fora a maior coisa que Rue me dissera.

— O que pretende fazer com a neve?

— Derreter, oras! Derreter para beber e manter para ajudar o machucado na mão de Tresh. - comentou.

Revirei os olhos.

— Já bebeu dessa água?

— Não, mas deve ser boa. Se a do rio é...

— Acha que eles dariam uma variedade tão grande assim de água para nós? Acha que eles dariam essa divisão toda de água boa para pessoas de nossa laia? - aumentei o tom de voz, me arrependendo logo em seguida.

— Prim... olha... eu...

— A neve é envenenada, Rue! Envenenada! - gritei. Provavelmente expulsando qualquer tipo de vida selvagem do local e atraindo Tributos raivosos e com sede de sangue.

— Como sabe disso? - perguntou, me encarando com uma expressão debochada. Como se o choque inicial já estivesse passando.

— A neve fez isso com você. - concluí. Eu não sabia se o raciocínio estava correto, mas a menina só começou a agir de forma normal depois que ela parou de mexer com a neve-armadilha.

— Isso?

— Sua atitude desesperada... parece que ela reúne todos os seus medos momentâneos e tenta te hipnotizar. Sem contar que queimaria qualquer coisa que se encostasse nela quando derretida...

Assim dito, a mochila começou a se corroer.

— Meu Deus! - disse com os olhos ainda arregalados, como se estivesse pasma com o ocorrido. - Eu beberia disso! - completou, tirando a neve da mochila o mais rápido que conseguiu. Ainda estava em bom estado, mas ela não poderia levar nada pontiagudo ali.

— E eu bebi... - comentei. - Por isso sei quais são os efeitos.

— Mas você está viva! - exclamou.

— Percebi à tempo de não me matar. - comentei sorrindo forçado. - Deve ter algo errado com algum de meus órgãos, mas não um que me mataria caso afetado.

Rue também forçou um sorriso. Passou-se um tempo.

— Não posso voltar. - comentou. - Os Carreiristas devem estar lá e... bem. Não são tão amigáveis assim.

— Onde você está? - questionei curiosa. - Tipo, em que divisão está passando a noite?

— No deserto. - contou sem hesitar. Parecia confiar em mim. - Agora, por favor, não vá lá me caçar! - pediu, como se se arrependesse de ter dito sua localização.

— Mesmo que quisesse, não conseguiria...

— Como não? - questionou.

— Estou com um probleminha na cintura... - falei, sorrindo e batendo no estilingue, o que pareceu ameaçador, afinal ela não sabia do que eu estava falando.

Rue me olhou com nojo e pronunciou as seguintes palavras:

— Vai me matar agora, não é?

— O quê? - disse, surpresa com o tom de voz que a garota tomou. - Não! Eu não me referia à isso... e sim ao...

Ouço passos rápidos em nossa direção. Não é Rachel, eu sei que não é, pois ela é silenciosa. E aqueles pés faziam muito barulho. Eram folhas se quebrando misturadas com terra, misturado com galhos. Mas ali não havia nada daquilo, ainda mais folhas secas.

Saquei o estilingue, passei a mão pelo bolso da jaqueta. Senti o tordo se esquentando em seu esconderijo desimportante. Levei a mão ao outro bolso, onde as mini estacas estavam. Peguei uma delas. Coloquei no retângulo de plástico. Posicionei a munição. Puxei o elástico e mirei. Tudo parecia estar acontecendo em câmera lenta.

Pude ver a silhueta de tal pessoa. Não estava longe, mas não via seu rosto. Virei o estilingue para sua direção mas Rue entrou na frente, como se tentando me impedir.

— Se abaixa! - gritei para a menina. Mas Rue não parecia me escutar.

A garotinha só queria uma coisa: impedir que eu a matasse.

Eu pensei que ela tivesse me escutado pois se abaixou logo em seguida. Mas o que veio em seguida não foi a morte dolorida de um Tributo desconhecido. E sim a dor infernal que cortava minha cintura ao meio.

Rue pareceu entender o que eu dissera antes. Eu tinha um problema na cintura, era apenas isso. Mas ela viu o machucado como uma esperança para que sobrevivesse.

A neve se derretia em contado com meu corpo quente e, cada vez mais, a dor aumentava.

Antes de cair, pude ver o rosto assustado do Tributo à frente. Pude ver a mini estaca sendo reposicionada em meu estilingue e consegui ver a mim mesma puxando a borracha. Consegui ver a estaca indo em direção ao Tributo em movimento rotatório em velocidade uniforme. Pude ver ela se aproximando daquela pessoa, ainda sem identidade, e pude ver sua expressão frustrada.

Mas outra coisa me chamou a atenção... e pareceu chamar a dele também. A mini estaca se transformou em um graveto fumegante inofensivo. Aquela era a divisa... o Tributo antes visto não estava no inverno e sim no outono, isso explicava as folhas secas e o barulho de gravetos se quebrando. Coloquei a mão em cima da cintura, tirando a neve que restara e tentando não encostar no machucado de forma que doesse, mas o que me surpreendeu de verdade foi a identidade da pessoa à minha frente. Atrás daquela divisa eletromagnética havia alguém conhecido... e era o Peeta.

[...]

Acordei com uma dor cortante por todo meu corpo, mas eu a sentia mais na região da cintura. Ainda estava no inverno.

Olhos assustados e cabelos ruivos lisos tamparam minha visão do teto da Arena.

— Rach...

— Shhh! - disse.

— Eu...

— Está tudo bem.

— Rue...

— Está bem também. Estamos todos bem... acalme-se, O.K.? - pediu.

— O.K.. - concordei.

— Tornei a fechar meus olhos e o silencio tomou conta de meus ouvidos. Fora interrompido apenas pela voz melódica de Rachel, a qual pronunciava as mesmas palavras estranhas de quando os Carreiristas passaram por nosso tronco.

— O que essas palavras significam? - interrompi.

Rachel pareceu despreparada para responder, mas apenas deu de ombros.

— É francês antigo... - comentou.

— Nunca ouvi falar sobre francês antigo.

— Minha mãe me ensinou... - comentou, sentando-se ao meu lado.

— Sério? Ela parece ser legal.

— É... ela era...

— Era? - questionei.

— Morreu. - falou.

— Me desculpe, eu pensei que...

— Está tudo bem. Eu só não falo muito sobre eles, o que dá a imaginar que estão vivos e blá, blá, blá.

— Meu pai também morreu. - cortei sua fala.

— Sinto muito.

— Não sinta.

Um silencio tomou conta do lugar e algum tempo se passou. Pedi que ela me desse apoio para eu me sentar.

— Quanto tempo eu dormi? - perguntei.

— Um dia inteiro. - disse. - O fogo daquele graveto originou um incêndio na neve. Você foi atingida por uma parte do gelo e do fogo...

Isso explicava a jaqueta queimada e parte da calça, mas mesmo assim...

— É impossível!

— O que é impossível?

— Fogo e gelo se unirem...

— Fogo e gelo comuns se unirem é impossível. Fogo gerado por uma divisa eletromagnética em contado com uma neve ácida é outra coisa...

Assenti.

— Onde está Rue? - perguntei.

— Rachel olhou para o outro lado do lugar, o qual percebi ser quase que uma caverna, só que eu tinha certeza de que não estávamos na primavera.

— Ela... ela veio aqui te ver algumas vezes.

— Onde estamos? - questionei.

— Ainda no inverno. Achei esse lugar... e decidi ficar, pois não conseguiríamos atravessar o lugar todo até o tronco com você desacordada. Sem contar que nem deve existir mais... e não sei se poderia dizer à ela...

Assenti.

— Acha que ela volta? - foi a vez dela de assentir.

— Ela afirmou que voltaria.

Mais um tempo se passou.

— Alguém morreu enquanto eu dormia? - ela negou.

— Não, mas Tresh, o amigo de Rue, está gravemente ferido... e eu pensei que você não acordaria mais... mas o canhão não tocou ainda.

Concordei.

— E Peeta? Eu o vi aquele dia...

— Rue não o achou, mas ela disse que já se esbarrou com ele além de aquela vez.

— Por que ela fez aquilo? - perguntei algo que deveria ter perguntado bem antes.

— Medo. - Rachel olhou para a minha cintura. - Por que você não me contou? Eu poderia ter feito algo antes de piorar...

Pensei por um pouco, perguntando a mim mesma o motivo de não falar para ela.

— Senti medo de me mostrar fraca. - Rachel sorriu.

— A única coisa que me deu esperanças de que você acordaria foi o paraquedas...

— Que paraquedas?

— Esse... - Rachel puxou o pote de dentro da mochila. - Um tal de "H" mandou. É seu mentor? - perguntou.

— Sim. O Haymitch. - falei. - O que tinha dentro?

— Remédio. - falou. - Muito remédio. - levantei a blusa até o umbigo e vi que havia apenas um risco de cicatriz e percebi que a dor era apenas coisa da minha cabeça.

— Obrigada. - falei baixinho, quase que num sussurro. Eu sabia que ele saberia ser um agradecimento para ele.

— Veio isso também... - continuou, me entregando um papel. - Eu não li, juro.

Sorri e peguei o papel retangular.

Havia coisas escritas em uma letra impressa.

"Parabéns por não morrer PRIMeiro. Agora, para que continue assim, como um prêmio por sua sobrevivência inteligente, use e abuse. - H."

Gargalhei.

— O quê? - Rachel questionou.

— Haymitch é um idiota... - falei. - E é isso o que eu gosto nele.

A ruiva sorriu.

— O que vamos fazer agora, PRIMeira?! - perguntou.

— Você me disse que não tinha lido...

— Devo admitir que a piada é boa...

Fechei a cara para ela e me levantei.

— O que está fazendo? - perguntou.

— Anda, levante. - chamei. - Vamos achar Rue e procurar por Peeta. Tenho um plano de aliança.

Rachel hesitou.

— Rue já tem aliança...

— Ela e um garoto forte gravemente feridos não são uma aliança. Estão sobrevivendo momentaneamente. Mas se andarmos juntos... podemos acabar com os Carreiristas e ganhar o Jogos.

— Prim, apenas um pode ganhar. Os outros morrem...

— Eu sei, mas...

— O que faria depois que acabasse com a aliança inimiga?

— Teríamos que seguir caminhos diferentes. - Afirmei. - Mas o que você deseja? Que os exibidos ganhem mais uma edição? Ou que alguém realmente merecedor vença?

— Posso saber quem será esse alguém? - perguntou.

— Não sei ao certo. Não sou eu... mas tenho minhas hipóteses.

— Então esse é o plano... fazer com que alguém dos distritos pobres vença.

— Já não está cansada de tanta hipocrisia?

— Bem, sim... mas...

— Já que eu vou morrer mesmo... que seja ajudando alguém merecedor a vencer.

— Rachel pareceu concordar, pois se levantou e me ajudou a arrumar as coisas. Seguiríamos caminho em busca de aliados.

— Ei, Rachel? - chamei. - O que aconteceu com as armadilhas?

Rachel olhou para o chão.

— Não tive tempo de pegar...

— Tudo bem. Vamos ficar bem, O.K.?

Certo.

Assim dito, saímos da caverna e pude perceber que ela era em formato de uma tenda, só que de madeira. Era como um tronco, mas nem tão forte e resistente.

Eu mentira mais uma vez para Rachel.

Eu já tinha meu favorito. E ele se chamava Peeta Mellarck.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Desculpem-me os erros ou qualquer outra coisa. Eu recalculei os capítulos e acho, apenas acho, que terá mais de 32 caps, mas nada muito grande. Acho que não passa dos 36. Mas, enfim, vamos ver o que acontece, né!? E então? O que acharam? Mereço review e, principalmente, mereço ser perdoada pela demora? Obrigada pela atenção, seus lindos!