The Beauty in Darkness escrita por BTrancafiada, Lúcia Hill
Era o primeiro dia da primavera, as relvas rasteiras começavam a tornar sua coloração antiga, anunciando o fim de mais um inverno. Os pequenos passarinhos começaram suas cantorias costumeiras de primavera, uma ótima estação. Mas não para o Duque de Argon, Dimitri caminhou com passos lentos na direção da imensa janela esculpida no melhor mogno de toda a província, abriu uma pequena fresta por entre a grossa cortina de seda.
-Maldita primavera. - esbravejou.
Seus olhos azuis percorriam toda a dimensão de sua propriedade até onde alcançava, soltou um longo suspiro. Ainda se lembrava daquela maldita noite, aqueles olhos marcantes, faziam seus ossos trepidarem. O som de algo chamou-lhe a atenção, o Duque franziu o cenho, um tanto curioso, pois não estava a espera de uma visita, nunca recebera ninguém desde daquela época.
Não era alguém de tanta importância, pois a carroça era velha e estava em mau estado de conversação, respirou fundo.
Uma mulher descera da carroça, retirou seu chapéu, ela ergueu a cabeça para analisar o ambiente, parecia-lhe uma jovem, talvez adolescente. Assim que os olhos dela se fixaram onde ele estava parado espiando, ele desapareceu.
A jovem tinha um rosto corado pela ansiedade, trajava um vestido de verão amarelo, com corpete justo e saia rodada,usava sandálias de tiras surradas pelo tempo.
- Katherina. - vibrou de felicidade a velha moura no topo da escadaria.
A jovem retribuiu com um largo sorriso, ambas correram para um encontro caloroso.
- Minha querida tia-avó, quanta saudades. - disse a jovem.
Miranda afastou-a do abraço apertado para analisaro quanto a jovem havia crescido, os anos estavam passando com tamanha rapidez que as vezes perdia a noção do tempo.
- Olhe como esta crescida, até parece uma mulher feita. - disse de forma afável.
A jovem de cabelos aloirados esvoaçantesfez uma pequena caricia no rosto cansado de Miranda.
- Ora minha tia, já tenho meus 17 anos. - disse empolgada.
Miranda sorriu de forma amigável.
- Me perdoe por não ter estado do seu lado na partida de sua mãe. - disse com os olhos inundados. - Pois o Duque, há anos vivetrancafiado dentro daquele quarto.
Katherina afagou os cabelos já esbranquiçados pelo tempo, em forma de carinho.
- Não tem que se preocupar, a partida de minha querida mãe foitranqüila. - disse - Até parecia um passarinho em repouso. Não há oque se preocupar.
Sem questionar, a velha moura solicitou que um dos empregados do castelo carregasse as duas únicas malas de sua sobrinha, ambas caminharam na direção central do lugar.
- É imenso e tão lindo. - disse Katherina deslumbrada com o castelo.
Miranda concordou, era de se admirar o quanto aquele lugar era divino, mas nunca tivera tempo para analisar. Ambas caminharam na direção da cozinha. A moura havia preparado a mesa de cafématinal, Katherina ficou maravilhada com a quantidade de comida, pois todos esses anos sempre vivera com apenas o necessário para sobreviver.
- Sente-se e fique a vontade. - disse Miranda.
A jovem não esperou a segunda ordem, em questão de minutos saciou sua fome, mas sempre agia com educação, nada de parecer uma esfomeada.
- Minha tia, me fale sobre esse Duque. Quando irei conhecê-lo? - quis saber.
Miranda terminou de solver seu café.
- O Duque de Argon é reservado, quase nunca o vemos. - disse colocando a xícara sobre a mesa - Ele prefere fazer seus afazeres no período noturno, pois o silêncio lhe parece prazeroso.
A jovem franziu o cenho,logicamente já havia ouvido falar sobre a tal maldição que rondava do castelo de Argon, sobre a floresta sombria de Baltimore que ficava nos fundos da imensa propriedade.
- A senhora acredita no que os aldeões dizem sobre ele?
Miranda arregalou os olhos.
- Isso é coisa de pessoas que não tem o que fazer, o Duque é um bom homem e jamais iria se envolver com coisas pagãs.
Katherina observou atenta aquelas palavras.
- E por que prefere a noite do ao dia?Tem algo de errado nisso minha tia. Aliás, creio que ele me viu chegar, pois tinha alguém me observando por entre uma cortina. - disse.
A velha moura pegou as xícaras e os pratos para limpar a mesa.
- Largue de ser boba, já lhe disse que o Duque é reservado.
Ela observava atenta a reação de sua tia-avó, parecia um tanto quanto nervosa. Não poderia julgar ela, pois praticamente criara o Duque e logoo iria defender.
- Ele é bonito? - perguntou entusiasmada.
Miranda virou-se na direção de Katherina com um olhar reprovador, deixando claro que não estava gostando do rumo daquela prosa. Pois ela fora a única ver o Duque depois daquela maldita noite, rezava toda noite para sua santa de confiança para que o fizesse retornar a ser o que era antes.
- Já mandei parar com essas conversas fiadas, nem tudo que as pessoas falam é verdade. - disse.
Katherina arregalou os olhos, mas Miranda continuou a falar.
- Ele é um homem cristão e honesto, trabalhei a minha vida toda para essa família e acho um insulto o que esses aldeões estão fazendo caluniando-o dessa forma cruel. - disse.
Ela parecia descontrolada, a jovem levantou-se e caminhou na direção de sua tia, repousou a mão sobre o braço dela, deixando obvio que não iria, mas incomodá-la com aquelas perguntas.
- Fique calma, não quis te chatear com minhas perguntas. - disse.
Miranda cobriu o rosto com ambas as mãos.
- Desculpe acabei me exaltando. - disse a velha moura.
Não era de se esperar vê-la daquela forma, pois todos sabiam o quanto o Duque a tratava de forma ríspida e grosseira. Mas a jovem revolveu respeitar aquela decisão. Ela abraçou a de forma carinhosa,olhou ao redor, à procura do jarro de açúcar para preparar algo que acalmasse sua tia.
Rapidamente a jovem estendeu o copo com água e açúcar na direção de Miranda. Sem questionar a anciã sorveu o líquido em silencio, sentia seus nervosos a flor da pele.
- Vou pedir para um dos criados que me acompanhe em uma caminhada matinal por entre a propriedade. - disse a loura - Mas logo que terminar de arrumar meus pertences.
Miranda mostrou-lhe um sorriso ameno.
-Fique descansada, retornarei cedo para ajudarnos afazeres. - finalizou a jovem com um largo sorriso.
Sabia que não poderia viver de graça na casa de alguém que mal conhecia. Depositou um beijo a face de sua tia antes de sair para explorar o ambiente.
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Boa Leitura!