Vidas Em Guerra - O Falcão e o Lobo escrita por A Granger


Capítulo 6
Expectativa




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Sarah olhava para a filha com preocupação. Aria era menor que Rendon, mesmo que funcionasse a quantidade de sangue que ela poderia dar ao garoto talvez não fosse o bastante. Mesmo assim ela conhecia a filha; sabia que Aria faria aquilo; que ela tentaria ajudar. Não que houvesse muita escolha, sendo suficiente ou não o sangue dela era a única salvação do príncipe.

–-Tommy traga carne e água pra cá, Aria vai precisar. Traga também mais panos – falou a Hawkey seria e o filho não demorou a sair para buscar o que ela havia pedido – Aria, quero que sente-se bem ao lado da cabeça do príncipe. Quando eu começar você vai se sentir tonta e talvez enjoada, mas preciso que se mantenha acordada o tempo todo. Pode fazer isso?

Ela apenas concordou e fez o que a mãe havia falado se sentando bem próxima de Rendon. Sarah não falou mais nada e, sob o olhar atento de Elizabeth, ela começou a preparar as coisas. De um pedaço de couro enrolado ela retirou duas agulhas de metal e uma tira muito fina de couro que estava enrolada. Da bolsa tirou também mais duas tiras de couro mais largas. Sarah então pegou as duas agulhas e as prendeu a tira fina de couro que era oca por dentro formando um tubo, as agulhas eram grossas como agulhas de costurar lã, mas também eram ocas por dentro, coisa que rendeu muito trabalho para Sarah forjar.

Descrever todo o processe seria inútil e sem propósito. Basta dizer que uma agulha foi colocada na veia de Aria enquanto a outra foi para a veia de Rendon (ambas nos braços); por causa de uma tira de couro amarrada na metade do braço o sangue dela era impedido de retornar e saia pela agulha passando pela tira de couro oca e indo para dentro do corpo de Rendon. Era um processo lento, mas, assim como Sarah havia dito, alguns minutos depois Aria começou a sentir tonturas leves. Sarah manteve-se o tempo todo vigiando a filha, quando notou que as tonturas estavam aumentando ela decidiu parar e desconectou os dois das agulhas.

–-É tudo o que posso deixa-la doar – falou Sarah limpando as coisas e as guardando; Tommy se aproximou da irmã fazendo-a comer um pedaço de carne e de pão e beber água – Tudo o que podemos fazer agora é esperar e ver se funcionou.

–-Mãe, tem certeza de que não posso doar um pouco mais? – perguntou Aria afastando um pouco o irmão.

–-Tenho Aria. Seria perigoso tirar mais do seu sangue – falou Sarah olhando a filha com calma, depois ela se virou para Elizabeth – Mesmo se funcionar ele não irá acordar agora.

–-Então como saber se funcionou? – perguntou a rainha encarando Sarah.

–-Vou saber se funcionou se os sintomas pararem de evoluir e ele continuar respirando – respondeu Sarah suspirando – Eu sei que esta nervosa, que esta com medo, desesperada até, mas eu preciso que você fique firme. Ele precisa que você fique firme.

–-Eu sei – ela responde voltando a olhar o filho – Eu sei, me desculpe.

–-Não há o que desculpar, majestade – responde Sarah calma – Eu tenho que ir acompanhar como esta o antídoto. Posso deixá-las aqui sem problemas ou quer que Tommy fique aqui com vocês?

–-E não posso ir com.... – Aria tentou falar, mas a mãe a interrompeu.

–-Você vai ficar aqui dentro descansando – disse Sarah encarando a filha séria e Aria abaixou a cabeça concordando apesar de não querer.

–-Não tem que se preocupar – falou Elizabeth – Ficaremos bem, qualquer coisa chamo você. Só me diga o que tenho que fazer para checar se esta tudo bem com Rendon.

–-Não é difícil. Só mantenha a mão no peito dele, assim poderá sentir o coração batendo e a respiração. Qualquer alteração me chame – diz a Hawkey se levantando – Vou ver como esta o antídoto e as defesas do acampamento. Tommy faça sua irmã comer mais um pouco e deixe água pra elas quando sair.

–-Sim senhora – fala o garoto estendendo mais pão para a irmã que faz cara feia para a comida, Sarah apenas ri e sai da tenda.

Depois de fazer Aria comer tudo o que havia trazido Tommy sai dizendo que iria ajudar a mãe. Aria ainda se sentia um pouco tonta então não reclamou por ter de ficar lá dentro. Na verdade até preferia assim; ela queria saber logo se havia funcionado e se Rendon iria melhorar. Elizabeth, apesar de tudo, tentou mesmo se acalmar e se dirigiu a menina.

–-Como esta se sentindo, criança? – perguntou a rainha olhando para a pequena que encarava Rendon.

–-Como sempre – respondeu ela – Não foi nada de mais.

–-Pode ter acabado de salvar meu filho. Acho que foi algo demais sim – disse a mulher com um sorriso gentil.

–-Não; não foi – falou ela erguendo o olhar para Elizabeth – Foi minha culpa. Ele se machucou porque entrou na frente da flecha que era pra mim quando me tirou do caminho dela. Então só foi envenenado porque quis me salvar.

–-Não foi culpa sua. Rendon fez o que achava ser o certo, os únicos culpados são aqueles bandidos.

–-Não – contrariou a menina seria e irritada – Eu não teria sido envenenada. Se ele não tivesse feito nada, ou melhor, se eu tivesse notado a flecha nada disso teria acontecido. Ele estaria bem e eu não estaria me sentindo culpada – quando termina de falar Aria parece se sentir arrependida do que havia dito e desvia o olhar para um canto no chão.

–-Não se sinta culpada – disse Elizabeth com um mínimo sorriso – Não que esteja errada, mas a culpa não é sua. Isso só mostra o quanto você é uma pessoa boa e justa, assim como sua mãe. Mas acredite em mim; Rendon não te culparia por isso, nem eu culpo. Por isso você não deve se culpar.

Aria olhou para a rainha com esperança de que fosse mesmo verdade. De que a culpa não fosse dela e que Rendon não fosse pensar o contrario quando acordasse. Depois disso as duas apenas continuaram a olhar para o garoto deitado. Algumas horas tensas depois Sarah entra na tenda outra vez e se ajoelha ao lado do menino. Dois minutos depois ela suspira aliviada e encara a rainha.

–-Parece que funcionou – diz a Hawkey com claro alivio na voz – Os sintomas estão estagnados, praticamente sem nenhum progresso desde que colocamos o sangue de Aria nas veias dele. Com isso acho que consigo terminar o antídoto a tempo.

–-Obrigada, Capitã Hawkey – falou Elizabeth também suspirando aliviada.

–-Não me agradeça majestade, não ainda e nem quando o pequeno príncipe estiver realmente recuperado isso será preciso ou necessário. Apenas estou fazendo o que é certo e o que posso.

–-É muito mais do que a maioria faria, ou sequer tentaria fazer.

–-Eu não sou como a maioria – respondeu a Hawkey se levantando e saindo em seguida.

*** *** ***

A madrugada chegava ao final quando Sarah entrou novamente na pequena tenda. Aria dormia encolhida no chão perto da cabeça do príncipe e Elizabeth estava praticamente dormindo sentada. As duas acordaram e se sentaram mais eretas quando a Hawkey mais velha entrou. Nas mãos ela trazia um copo de madeira com um liquido quente dentro. Ela se ajoelhou ao lado de Rendon e checou o garoto.

–-É impressionante que tenha funcionado tão bem – ela murmura encarando-o depois de se certificar de que, apesar do tempo passado até aquele momento, ele ainda respirava com certa facilidade.

–-Como ele está? Isso é o antídoto? Acha que vai funcionar? – perguntou Elizabeth.

–-Uma coisa de cada vez majestade – disse a Hawkey – Bem o príncipe não esta, mas ainda esta vivo e isso é tudo o que queríamos. Sim, isso é o antídoto. Se fiz tudo certo, o que acho que fiz, então sim; vai funcionar. Ajudem-me a colocá-lo sentado, por favor.

Elizabeth e Sarah colocaram Rendon sentado e o mantiveram assim. A Hawkey pegou o copo e com muito cuidado fez todo o líquido descer pela garganta do garoto. Depois elas voltaram a deitá-lo e Sarah começou a refazer o curativo do braço dele. Tommy chegou assim que ela começou a tirar o curativo sujo.

–-Aqui, mãe – disse ele estendendo um pequeno potinho.

–-Obrigada Tommy – ela responde pegando o pote e o garoto logo sai; Sarah então encara Elizabeth – Temos que esperar agora. Se funcionar ele vai acordar um pouco antes do sol nascer. Mas, funcionando ou não, não poderemos continuar aqui. Entretanto – ela continuou voltando o olhar para o ferimento e começando a refazer o curativo – O que faremos vai depender de como ele reagirá ao antídoto.

–-Como assim? – pergunta Elizabeth preocupada.

–-Eles estão por perto; os bandidos – disse ela sem desviar os olhos do que estava fazendo – Os alvos são vocês. Só não sei se você ou ele. A questão é que o alvo mais lógico seria o príncipe Rendon. Independente de tudo ele também é o mais vulnerável.

–-O que sugere? – questionou Elizabeth de forma pratica.

–-Ainda não sugiro nada; vou esperar ele reagir. De toda forma estejam preparadas para partirmos assim que o sol nascer. As duas – ela termina encarando a filha que assente e se levanta saindo em seguida para arrumar suas coisas.


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Notas finais do capítulo

Próximo cap só ano q vem
Vejo vcs dia 03/01/2014
Bj pessoas e comentem pfv, ok??