Vidas Em Guerra - O Falcão e o Lobo escrita por A Granger


Capítulo 32
Duelo entre Amigos


Notas iniciais do capítulo

I'M BACK!!!!!!
Estou contente hoje. Os personagens voltaram a conversar comigo e me contar a história. E me concentrar nisso me faz não pensar nas coisas ruins........pensar nas coisas ruins faz mal....
Mas! Eu voltei; ao menos acho que voltei porque escrevendo esse cap me lembrei de mim mesma escrevendo as aventuras da Sarah. E certa pessoinha que apareceu ontem na primeira temporada pra falar comigo me animou bastante. Mas acho que ela só chega por aqui daqui a algum tempo (ou não '-' depende da velocidade em que ela lê tudo isso).

Agora...sério gente...eu tenho que saber se voltei mesmo. É uma cena de luta e....céus eu não me lembro da ultima vez em que fui tão interrompida enquanto narrava algo......
Eu......perdi minha fonte de opinião que costumava me dizer se estava bom ou não antes de eu postar então.....To pedindo a opinião de vocês. Todos vocês, incluindo os meus fantasminhas que não aparecem

Então; here we go again!

Eu espero realmente ter voltado a ser a A.Granger de sempre com esse cap....e pretendo me manter focada na fic...isso tá me ajudando muito mesmo. Os comentários de vocês também ajudam bastante (e sim, estou sendo meio sentimentalista.......meio nada, eu to praticamente implorando por comentários mesmo --' )

Aproveitem.



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O dia amanheceu como uma verdadeira manhã de primavera. Pássaros cantando, uma brisa leve e fresca e o sol brilhando sobre tudo. Rendon havia acordado cedo naquela manhã; Key ainda estava com ele e o encarava com curiosos olhos cinzentos parecidos com os de Aria. Ele se vestiu com as roupas que usava para treinar; calças de couro marrom, velhas e macias, uma camisa de linho verde claro de mangas compridas e botas de couro pretas. Antes de sair ele ainda colocou um peitoral de couro resistente e pegou também a bainha de sua espada. Naquela manhã do duelo Rendon ainda teria que ler algumas cartas e documentos, por isso foi direto para o escritório, onde sabia que alguém levaria comida para ele.

Já Aria, ela acordou mais cedo ainda e foi para os estábulos conversar com Gold e se preparar. Ela usaria as calças de couro marrom com uma camisa sem mangas por baixo de um colete de couro grosso; além das velhas botas de couro preto como sempre. Como arma ela escolheu uma espada de 70cm que era um pouco menor do que a de Rendon, mas era a que melhor se encaixava à ela. Além disso ela sabia que Eliot havia deixado preparado dois escudos retangulares de 30cm largura por 50cm de altura que ela ainda não tinha certeza se usaria ou não.

Quando chegou a hora Tommy foi buscar Rendon e Eliot foi avisar Aria para se vestir. Enquanto o Rei saia de seu escritório a Hawkey colocava o colete de couro marrom escuro por cima da camisa cinza de algodão fino. Logo depois ela pegou a bainha simples onde estava a espada (uma das feitas por ela nas forjas quando provou que sabia lidar com metais do modo comum). Com um afago em Gold Aria saiu dos estábulos para ver Rendon também se aproximando da área de duelos.

POV Rendon

Key a viu antes de mim, apesar de eu saber que nós dois a estávamos procurando. Acho que não dá mesmo para competir com a visão de um falcão. Notei-a quando a ave voou do meu ombro na direção de Aria que estava se aproximando do lado oposto da área onde ocorriam os duelos vindo dos estábulos. E nessa hora eu queria mesmo ter olhos de um falcão para poder apreciar os detalhes dela que, de longe onde eu estava, eram difíceis de se perceber.

As calças de couro já conhecidas, as botas pretas, o colete de couro escuro que estava cobrindo uma camisa sem mangas de cor cinza cuja barra eu podia ver saindo por baixo do colete. Os braços fortes a mostra chamavam a atenção mostrando a todos o quanto ela era forte. Talvez alguém pudesse dizer que não era feminino o bastante para uma mulher, mas isso só se essa pessoa nunca tivesse visto Aria Hawkey por inteiro.

O colete deixava toda a lateral dos ombros dela a mostra, mas também marcava as curvas da cintura e dos seios dela. Fora que a gola em formato de “v” do colete deixava à mostra a pele dela e parte da camisa cinza que, pelo jeito, era bem justa e com alças mais estreitas do que qualquer mulher usaria. Mas Aria não era qualquer mulher, então isso não me surpreendia.

Os cabelos estavam soltos como sempre, algumas mechas caiam sobre os olhos dela, mas Aria não parecia se importar. Quando o vento os balançava era possível ver partes do pescoço dela e algumas mechas irregulares faziam-no ter um volume que eu achava bonito. Assim como também achava lindo como as pontas da parte de trás do cabelo dela começavam a ficar onduladas conforme os fios voltavam a crescer.

Uma cotovelada de Tommy no meu braço me fez sair do meu mundo de pensamentos onde eu admirava a irmã dele e voltar ao mundo real onde eu teria que enfrentar ela num duelo.

– Se ficar encarando-a por mais um pouco vão dizer que você está enfeitiçado – brincou ele me passando um escudo retangular e me ajudando a prendê-lo ao meu braço; Aria estava fazendo carinho em Key, mas ao notar eu colocando o escudo ela faz a falcão voar para longe e pega o escudo dela.

– Bem, não posso dizer que não estou – falei para Tommy ainda sem tirar os olhos de Aria – Assim como não posso dizer que me importo com o que os outros vão pensar.

– Sua mãe já está disfarçando o riso ao encarar você – avisou meu querido amigo com uma cara de que também estava se controlando para não começar a gargalhar.

– Depois não quer que eu te irrite com a sua cara de bobo apaixonado quando está por perto de Celine – falo rolando os olhos e soltando um suspiro – Por falar nisso, quando vai dizer à ela que a ama?? – pergunto me virando para ele com um sorriso divertido.

– Que tal quando você disser o mesmo à minha irmã??? – provocou Tommy com um olhar ameaçador que me fez rir de um jeito constrangido; acho que posso dizer Tommy 1, Rendon 0.

Mestre Eliot entrou no cercado e caminhou até o centro da área do duelo. Enquanto isso Aria prendia uma bainha à uma das cercas e puxava a espada para fora de seu lugar de descanso. Soltei a bainha da minha arma e entreguei a Tommy que a segurou para que eu desembainhasse a minha espada. Pulamos para dentro os dois ao mesmo tempo e caminhamos para o centro antes mesmo de Lord Eliot nos chamar.

– Acho que não tenho de dizer nada aos dois não é? – ele resmunga com uma expressão de tédio e nós dois rimos ao ver ele dar de ombros e sair deixando nós dois a encarar um ao outro.

– Precisamos mesmo disso? – ela pergunta rindo e erguendo o braço esquerdo onde estava o escudo.

– Eu acho que não – falo dando de ombros e sorrindo – Estava distraído quando Tommy colocou isso no meu braço.

– Distraído com o que?? Pensando no quanto vai apanhar de novo? – ela brinca colocando a espada entre o cinto e a calça e começando a soltar as fivelas que prendiam o escudo ao braço dela.

– Ah não era bem isso não – falo rindo e disfarçando meu constrangimento, agradecendo mentalmente por ela não estar me olhando; também começo a fazer o mesmo que ela e solto o escudo do meu braço.

Pegamos as espadas de volta ao mesmo tempo e nos encaramos. Sei que pensamos na mesma coisa quando ela encara o escudo e depois um dos lados da área de duelos. Então rimos e jogamos ambos os escudos para fora, cada um para um lado, antes de empunharmos as espadas mais firmemente.

– Pronto? – ela pergunta sorrindo e andando para o meu lado esquerdo.

– Não – falo sendo sincero – Mas agora já não importa mais – brinco e logo depois golpeio com minha espada na altura da perna esquerda dela.

Aria bloqueia o meu golpe fazendo nossas armas se cruzarem abaixo de nossas cinturas. Então a espada dela se afasta da minha, ela gira em torno de si mesma e eu vejo a espada dela vindo na direção do lado direito da minha cabeça. Rapidamente golpeio a espada dela para longe de mim e ela me olha com um sorriso surpreso por eu ter bloqueado o golpe sem sair do lugar.

Lentamente nossas espadas ficam paralelas a nossos corpos enquanto continuamos a nos encarar, agora seriamente e sem risos. Giramos em torno um do outro enquanto nos encarávamos, era estranho encará-la dessa forma, mas ao mesmo tempo me fazia perceber que era assim que ela parecia ainda mais com ela mesma. Aria estava incrivelmente séria, mas ainda assim completamente a vontade; era ali o lugar dela.

Golpeamos ao mesmo tempo fazendo nossas armas se encontrarem na altura dos nossos rostos; ao mesmo tempo também agarramos as empunhaduras das espadas com ambas as mãos deslizando metal contra metal enquanto aproximávamos as guardas das espadas até estarmos um encarando o outro de perto por entre as lâminas que brilharam refletindo o sol.

Nossos pés se moveram fazendo com que girássemos para a direita ainda mantendo as espadas unidas entre nós. De repente Aria avança um passo mais longo, dobra os joelhos e faz minha espada escorregar pela lâmina dela passando por cima de sua cabeça me fazendo pender para frente forçando-me a dar um passo para manter meu equilíbrio. Enquanto isso ela passa da minha lateral esquerda para as minhas costas. Giro o mais rápido que posso, mas é lento demais, apesar de ter me dado tempo de ver o chute dela contra mim antes dele me acertar.

O calcanhar da bota direita de Aria atinge a fivela do meu cinto me jogando para trás enquanto meus olhos veem a espada dela fazer um giro em volta do corpo dela da direita para a esquerda e voltar na minha direção. Uma única coisa passa pela minha cabeça; um único pensamento. “Não posso deixar ela me vencer tão fácil assim”. Paro de pensar e apenas deixo meu corpo reagir.

Minha mão direita leva minha espada subindo na direção da espada dela que vinha pela minha esquerda ao mesmo tempo em que minhas pernas se jogam para trás me fazendo cair em direção ao solo. Com um som estridente minha arma rebate a dela ao mesmo tempo em as pontas dos meus pés se forçam contra o chão de areia, meus joelhos se apoiam sobre ele e minha mão esquerda me impede de cair com a cara no chão.

Estou de joelhos no chão com meu braço esquerdo esticado e minha mão esquerda apoiada contra a areia, mas minha espada continua na altura dos meus olhos com a ponta dela em direção à Aria. Posso ver a surpresa nos olhos e na expressão dela enquanto ela ergue a sobrancelha esquerda ao me encarar; ela sabe que ainda não me venceu. E então vejo a surpresa virar divertimento porque, enquanto eu me levanto com a minha espada ainda apontada para ela, Aria começa a sorrir enquanto me encara com um novo olhar; um olhar de respeito e reconhecimento.

POV Narradora

Eles voltam a se encarar com seriedade, nenhum dos dois arriscando piscar. Mas a plateia também não se arriscava a isso para não perder nenhum dos movimentos deles. O próprio Eliot não esperava que o duelo entre os dois ficasse tão sério e ele mesmo estava incrivelmente surpreso com os movimentos de ambos. Mas ele não era o único; muitos nobres estavam assistindo e não havia uma única pessoa ali presente que não estivesse com os olhos arregalados e vidrados na luta dos dois.

Como se houvessem combinado pelo olhar as duas espadas saíram de suas posições, ao lado deles, e se encontraram à meia altura por menos que segundos antes das lâminas deslizarem por sobre si mesmas e voltarem a se encontrar no alto. E então Aria começa; seus movimentos param de ter pausas e passam a ser uma grande sequencia com sua espada passando de um golpe a outro tão rápido quando seus pés se moviam no chão fazendo-a mudar de lugar mais rápido do que alguém conseguiria piscar.

Enquanto ela se movia ao redor dele com passos fluidos e golpes imprevisíveis, Rendon se mantinha em posição. Seus pés fazendo pequenos movimentos apenas para que ele conseguisse se virar e acompanhar as movimentações dela em volta de si mesmo. Enquanto isso a espada dele conseguia, surpreendendo a todos menos à Hawkey, bloquear todos os golpes. Foi tudo tão rápido que mais da metade da plateia só conseguiu distinguir direito o que estava acontecendo quando ambos fizeram uma pausa encarando novamente um ao outro.

Nenhum dos dois estava ofegante ainda, mas as respirações já não eram mais lentas e calmas. Um mínimo sorriso dele anunciou que o próximo a se mover seria Rendon. Seu pé esquerdo avançou, mas o golpe veio ainda pelo lado direito dele. A espada de Rendon avançou com força contra o ombro esquerdo de Aria. Ela ergueu a espada se virando de frente para o golpe e colocando a parte plana da lâmina apoiada em seu antebraço esquerdo fazendo a arma funcionar como um escudo que bloqueou o golpe de Rendon.

Mas assim que seu golpe foi bloqueado ele girou com o corpo apoiado no pé esquerdo virando a espada para golpear o lado oposto de Aria com ainda mais força devido a velocidade do giro. Tudo o que ela teve tempo de fazer foi girar o corpo trocando de lugar os braços fazendo a mão direita erguer o cabo da espada a altura de sua cabeça enquanto que o antebraço esquerdo seguiu a parte final da arma de forma que ela pudesse bloquear da mesma forma o novo golpe.

Mesmo conseguindo mudar sua base de apoio dos pés Aria ainda foi jogada para trás quando o golpe de Rendon a acertou fazendo-a ter de firmar os pés no chão provocando um raso buraco na areia. Mas ele não deu tempo para que ela recuperasse o equilíbrio e, como não conseguiria fazer a espada voltar avançou um soco de esquerda na direção dela.

Aria desviou se abaixando e aproveitou para usar a perna direita que estava atrás para girar um chute que acertou o pé de apoio de Rendon fazendo-o perder o equilíbrio e cair de costas no chão. Ela então girou o corpo rapidamente usando apenas as pernas para se levantar e antes mesmo de se erguer Aria já estava golpeando Rendon que ainda estava no chão. Mas o rapaz rolou para longe dela evitando o golpe e logo se pondo em pé novamente. E dessa vez eles se encararam ofegantes enquanto voltavam a se aproximar um do outro; ambos sujos de terra.

POV Aria

Eu não poderia dizer que era minha luta mais difícil até agora; a marca na minha coxa esquerda da flecha que quase me acertou quando eu lutei contra um arqueiro há três meses atrás era uma prova de que aquilo havia sido meu maior desafio até então. Mas Rendon estava sendo o mais complicado para enfrentar, porque nada do que eu fiz até então pareceu ser o bastante para pegá-lo de jeito. Ele era o primeiro a conseguir fazer com que minha roupa ficasse suja de areia ao me enfrentar frente a frente e de tão perto.

Nós dois estávamos suados, eu podia ver as linhas que o suor causava nas laterais do rosto dele enquanto as gotas escorriam até o pescoço e para dentro da gola alta da camisa verde clara. Eu também estava suando e podia sentir meu cabelo colar no meu pescoço e nuca assim como na minha testa e algumas mechas na lateral do meu rosto. Eu não esperava uma disputa tão longa, eu tinha que admitir a mim mesma que Rend estava me surpreendendo e muito ao continuar firme e sem nenhum ferimento, claro que eu também não havia me ferido ainda, mas isso costumava ser normal.

Nos endireitamos e eu afastei alguns fios molhados de perto dos meus olhos enquanto ele usava a manga da camisa para secar a testa antes do suor escorrer para seus olhos. Estávamos sérios como nunca, de um jeito mais decidido do que eu poderia me lembrar. Nenhum dos dois queria perder, mas, pela primeira vez, eu me senti capaz de aceitar uma derrota; eu soube que não me importaria em perder se fosse para ele.

Senti então que era hora de testar uma coisa. Respirei fundo deixando os olhos semiabertos e enchendo meus pulmões com o ar ainda fresco do final da manhã e então abri bem os olhos soltando devagar o ar por minha boca. Rendon ergueu a sobrancelha direita ao me ver fazer isso e então assumiu uma expressão ainda mais séria ao ver minha mão mudar a forma de segurar a espada, invertendo o punho na minha palma.

Senti a lâmina tocar levemente toda a extensão do meu braço direito até a ponta da arma roçar levemente perto da minha nuca. Com o braço esticado para baixo e levemente para trás eu me posicionei com minha lateral esquerda de frente para Rendon que ficou tenso imediatamente. Ele não sabia o que eu estava fazendo, mas eu via nos olhos dele que ele podia sentir que seria algo perigoso para ele mesmo.

Eu nunca havia feito aqueles movimentos em uma luta real e mesmo quando treinava aquilo as escondidas não o fazia com uma espada tão longa e pesada. Mas eu senti que era a hora de testar isso de verdade, porque pela primeira vez eu senti em cada parte do meu corpo que estava lidando com alguém capaz de resistir àquilo sem que eu corresse o risco de ferir meu oponente gravemente. Olhando para ele ali eu soube que Rendon poderia aguentar.

Corri na direção dele como se fosse pular sobre Rendon, mas no ultimo instante girei o corpo pelas minhas costas com a ponta da minha espada direcionada contra o rosto dele. Rendon arregalou os olhos e fez exatamente o que deveria fazer para não se machucar, ele avançou um passo erguendo o braço esquerdo batendo o antebraço dele contra o meu e impedindo meu movimento de continuar.

Puxei o braço trazendo o fio da espada contra a parte de trás da cabeça dele e Rendon novamente escapou abaixando a cabeça, mas seu erro foi não se afastar o bastante. Assim que terminei de recuar o braço eu o mandei de volta contra o rosto de Rendon que havia se endireitado. Ele conseguiu erguer a espada a tempo de bloquear meu golpe.

Antes que ele pudesse usar sua força contra mim eu tentei passar outra rasteira, mas ele ergueu o pé no momento exato. Quando girei o meu quadril socando o lado direito do rosto dele com minha mão esquerda eu não contava que Rendon conseguiria reagir tão rápido quanto eu. Ao mesmo tempo que senti meu punho contra o rosto dele senti também o joelho direito dele acertar com força minha cintura e barriga me fazendo recuar.

Quando nos encaramos de novo eu estava com a mão esquerda sobre a cintura e Rendon com a mão esquerda tocando de leve o lado direito do rosto que já estava vermelho. Quando nossos olhos se encontraram nós dois sorrimos de lado, mas eu podia ver aqueles olhos verdes brilhando com a mais leve irritação por eu tê-lo acertado no rosto. Mas eu também deveria estar com um brilho parecido nos meus olhos por causa daquela joelhada.

Avançamos ao mesmo tempo, nós dois querendo acabar logo com aquilo. Os golpes dele acabavam contra a lâmina da minha espada enquanto eu usava-a como se fosse um escudo. Sempre que defendia um golpe dele eu avançava o braço golpeando de volta e Rendon, habilidosamente, conseguia escapar com esquivas ou desvair com a espada. Cortes começaram a aparecer em nossos braços e ombros; nada era realmente sério, tudo muito superficial. Eram as pequenas marcas que ganhávamos por nos mantermos na mesma posição, sem recuar mesmo diante de golpes que chegavam perto demais de acertar.

Minha mente e meu corpo estavam em planos diferentes à essa altura, eu não pensava na luta nem em nenhum movimento, isso era responsabilidade do meu corpo. Enquanto isso a minha parte racional pode apenas analisar o que eu e ele fazíamos. Eu acabei conseguindo ver a oportunidade, só que meu corpo a sentiu antes e eu já estava fazendo o que precisava para vencer.

Avancei novamente minha espada contra o rosto de Rendon, meu cotovelo indo junto à lâmina que estava encostada nele. Rendon se afastou saindo na diagonal para o meu lado direito e teria sido a saída perfeita se minha espada estivesse na posição correta na minha mão, mas ela não estava.

Assim que meu cotovelo passou da linha da cabeça dele meu pulso impulsionou o punho da espada girando-o na palma da minha mão. Como ela não me escapou eu não sei dizer, mas minha mão voltou à posição comum na empunhadura e eu voltei com o braço na direção de Rendon que estava à minha direita.

No momento em que ele arregalou os olhos e ergueu a espada para bloquear a minha foi que eu o peguei. Meu pé direito chutou o pé esquerdo dele desequilibrando-o. A força do meu golpe contra a espada dele fez com que Rend não conseguisse se manter em pé e ele caiu com as costas no chão outra vez. Mas Rendon caiu golpeando e eu tive que usar o pé esquerdo para chutar a mão e a espada dele para longe de mim antes de colocar a ponta da minha lâmina contra a garganta dele.

Era o fim. Eu havia ganhado, mas nós dois sorriamos por isso quando eu afastei a espada estendendo a mão esquerda que ele segurou para que eu o ajudasse a levantar.

POV Narradora

– Centésima décima terceira vitória de Aria em cento e treze duelos – anuncia Eliot do lado de fora da área cercada e Aria dá de ombros.

Todos parecem voltar a respirar ao mesmo tempo depois disso e as vozes começam a se sobrepor enquanto cada um começa a comentar com a pessoa ao lado o que havia acabado de acontecer. Enquanto isso Rendon e Aria permanecem com as mãos unidas encarando um ao outro.

– Isso foi difícil – ela atesta com um meio sorriso olhando para os olhos dele.

– E isso porque foi você que ganhou – Rendon brinca, mais animado do que já esteve em muito tempo; ele agora poderia ter um pouco de esperanças de um dia conseguir vencê-la – Invicta hein, Hawkey. Mas sabe que essa ainda não foi a minha revanche não é?

– Ah eu sei. Estou esperando ansiosamente pelo dia em que você considere-se capaz de me vencer – ela fala sorrindo abertamente enquanto Rendon rolava os olhos, mas acabava por sorrir de volta.

– Acho que precisamos de um banho, nós dois – ele fala mudando de assunto e olhando para si mesmo enquanto ela soltava a mão dele – Você poderia não ter me derrubado duas vezes não é?

– E qual teria sido a graça se tivesse sido assim?? – ela pergunta e os dois sorriem saindo da área de duelo um ao lado do outro sem se importar com mais nada além deles mesmos.

Estavam cheios de aranhões, sujos de terra, cansados e suados. Só que nada disso era importante porque eles estavam bem um com o outro e ambos estavam adorando o fato de estarem juntos, mesmo que por causa de um duelo. E, no fundo, Aria havia acabado de aceitar que não seria ruim perder para Rendon. Não se fosse para ele.


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