Vidas Em Guerra - O Falcão e o Lobo escrita por A Granger


Capítulo 31
Notícias do Oeste


Notas iniciais do capítulo

Natal é tempo de ganhar coisas não acham??
Bem, não pra mim...não nesse natal pelo menos.
Não ganhei nada, ao contrário na verdade... Perdi, pra sempre, algo muito importante nessa manhã de Natal....algo que eu não tenho esperança nenhuma de poder superar...muito menos substituir....não é substituível o que eu perdi ontem....
O lado ruim: estou mais instável do que o normal.....pior emocionalmente do que jamais estive.
O lado bom: Meu mundo (o mundo real) se tornou tão ruim...sem graça...sem cor...que até minha imaginação se compadeceu pelo meu sofrimento e começou a trabalhar com força total. Agora....no momento na verdade...Estou "refugiada" nos mundos que tenho na minha mente; e o da Aria é o que mais se faz presente.
Tanto que...pela primeira vez em meses eu me sindo contente com algo que eu tenha escrito. E isso me deixa contente por poder trazer pra vocês um presente de natal (mesmo que esteja atrasado).
Espero que tenha realmente ficado bom
Até



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– Certo – dizia Tommy enquanto acompanhava a irmã de volta aos estábulos – A luta foi incrível e você venceu com vantagem...mas...Aria...Precisava mesmo da coisa do cabelo???

– Sim, precisava. Por quê? – ela questionou com um suspiro.

– Aria....não me leve a mal, mas... – Tommy respirou fundo – Maninha, aquelas garotas...são...más como ninguém. Eu já ouvi coisas que elas dizem... Aria, elas ridicularizam você por causa do seu jeito diferente. Várias vezes eu já as ouvi dizendo que você não queria se parecer com uma garota por se vestir como se veste.....agora.... Agora não duvido elas dizerem que você não quer nem mesmo ser uma garota depois de ter cortado seu cabelo daquele jeito.

– Mas eu não quero mesmo ser uma garota Tommy – falou Aria rindo – Eu não quero ser uma garota mais. Eu quero e vou ser uma mulher, mas não qualquer tipo de mulher. Vou ser uma guerreira, como a mamãe.

– E eu não duvido – falou ele sorrindo – Mas, irmãzinha, você sabe que acabou de piorar os comentários que vai ter de enfrentar a seu respeito não eh?

– Não, eu não piorei – ela falou rindo – Digamos que eu ainda não terminei o meu novo corte de cabelo – ela disse rindo e piscando para o irmão antes de deixa-lo sozinho no corredor e ir se trocar.

.......

POV Rendon

Depois daquele duelo eu ouvi diversos comentários ante de poder encontrar Aria na tarde seguinte. Nenhum desses comentários me preparou para o que eu encontrei. Minha mãe havia me dito que ela cortou o próprio cabelo, enquanto o mesmo ainda estava preso, logo antes de entrar no cercado do duelo. Já as moças da corte....bem elas foram muito menos delicadas ao narrarem a cena perto de mim. Todas dizendo como ela havia, propositalmente, se “feito parecer” menos menina antes de começar a lutar. Não eram comentários que me agradavam; a maioria me dava raiva e vontade de mandar as origens deles para algum canto obscuro por conta da maldade contida naquelas palavras.

As damas da nobreza já não aprovavam o comportamento de Aria; alguns Lordes vinham reclamar que a neta de um Lord não deveria estar envolvida com armas, mesmo a mãe dela tendo sido a melhor guerreira de todos os tempos. As moças mais bonitas da nobreza então...só faltavam rir descaradamente quando Aria passava e isso me irritava como nunca. Mas, quando encontrei Aria no fim da tarde seguinte, o que eu vi não foi nada do que eu esperava encontrar.

Eu estava saindo do escritório que antes era da minha mãe e agora era meu; a tarde começava a ver seu fim, mas ainda não havia tochas acesas. Eu passei por um corredor e olhei pela janela. Era o pátio dos fundos, o cercado de madeira ainda estava lá e dentro dele estava Aria e o avô. Achei que o cabelo dela estaria mais curto, mas não estava tanto assim. Do terceiro andar do castelo eu ainda podia ver muito bem aqueles cabelos castanhos levemente ondulados batendo na altura dos ombros dela.

Estavam soltos, como a muito tempo eu não via. Pareciam levemente úmidos do que eu considerei suor, mas mesmo de longe eu podia notar que estavam limpos. Ela estava com uma calça de couro marrom, diferente do comum para os treinos que eram as calças de algodão. Nos pés as mesmas botas pretas de sempre; mas, ao invés da camisa de manga comprida, larga e velha, Aria usava uma camisa de algodão cinza claro sem mangas e que era perfeitamente do tamanho dela.

E lá estava ela, se movendo como o vento ao desviar dos ataques do avô e rindo quando conseguia acertá-lo de leve. E Lord Eliot ria também, fazendo o treino parecer uma grande brincadeira. Dali de longe, tudo o que eu queria era estar lá em baixo para ouvir o som da risada dela, mas eu ainda tinha que levar alguns documentos para a biblioteca antes de poder ir atrás dela e isso, com toda certeza, me faria perder o resto do treino.

– Aquele corte combinou perfeitamente com ela não acha? – perguntou minha mãe parando ao meu lado e me fazendo dar um pequeno pulo de susto, eu achei que estava sozinho encarando a janela.

– Eh...É..digo. Sim, ficou perfeito pra ela – falei me recuperando e voltando a olhar para o pátio com uma expressão mais séria.

– Pela coroa que você odeia usar Rendon – falou ela rindo – Não tem que fingir que não estava admirando-a; ao menos não para a sua mãe.

Não pude evitar corar ao ouvir isso; apesar de já ter quase certeza de que ela também tinha notado meu interesse na Hawkey. Eu, internamente, ainda torcia para ser apenas Tommy me irritando com isso.

– Somos só amigos e é o que continuaremos sendo sempre – falei colocando um ponto final na conversa e saindo na direção da biblioteca, mas minha mãe me acompanhou.

– É o que sempre será se você não fizer nada – ela falou seguindo do meu lado – Você gosta dela não gosta?

– Mãe – falei parando e respirando fundo – Eu sou mais velho e Aria definitivamente não pretende nem quer um marido, muito menos um que seja rei – suspirei outra vez antes de dizer em um tom mais baixo – Todas as mulheres no mundo amariam ter um rei como marido, menos a que eu amo. Então, como eu não posso deixar de ser Rei, vou apenas esperar e ver o que vai acontecer comigo. Talvez ficar sozinho não seja uma opção ruim.

Minha querida mãe se aproximou de mim me abraçando com um sorriso enquanto eu suspirava desapontado.

– Seu pai era 6 anos mais velho do que eu, você é só 3 anos mais velho do que ela – disse a Rainha mãe para mim.

– É, mas a senhora sempre foi como uma mulher normal, não tão normal assim, mas de toda forma seguindo o que todas faziam. Aria não é uma garota normal e não vai se tornar uma mulher normal. Resumindo: eu não tenho chances – falei me afastando da minha mãe e voltando a caminhar – A única coisa que me anima é saber que nenhum outro homem no mundo tem qualquer tipo de chances com ela.

– Você não sabe muito sobre mulheres meu filho – disse Elizabeth soando como uma mãe que sabe de coisas que o filho nem sonha; algo dentro de mim queria muito que ela estivesse certa e eu errado, mas no momento eu só poderia me contentar com a amizade de Aria.

–---------3 anos depois----------

(N/A: Não me odeiem; mas eu não podia narrar os 200 duelos e todo o resto que acontece com a Aria, até porque esses 3 anos foram bem parados, fora os duelos é claro)

POV Narradora

– Como Assim Tommy??? Você não pode estar falando sério!! – dizia Rendon batendo o punho na mesa do escritório onde estava reunido com sua mãe, Tommy e Eliot.

Elizabeth continuava a mesma de sempre, agora apenas com mais alguns fios brancos entre os dourados. Eliot parecia ainda mais velho por que sua barba agora, assim como o cabelo, encontravam-se completamente brancos, mas ele continuava com a mesma disposição de sempre. Tommy Frensom era agora o Contador Real e, bem, esse havia crescido um pouco, mas não em altura mantendo seus 175cm. Depois de três anos conciliando os estudos e o trabalho com os árduos treinos do avô ele havia conquistado ombros largos e músculos fortes, apesar de não ser tão forte quanto a maioria dos guerreiros Tommy ainda era um homem com músculos e com um porte muito elegante.

Quanto a Rendon; bem, ele estava mais alto do que se imaginaria. Nos seus 18 anos ele tinha agora 180cm de altura e, em parte devido aos treinos com Eliot, era grande e forte como um verdadeiro guerreiro, apesar de manter um pouco das características físicas do pai que era mais esquio do que a maioria. Seu cabelo estava cortado curto de forma que os cachos vermelhos não conseguiam se formar, no rosto ele tinha a sombra avermelhada de uma barba que dava indícios de que seria tão cheia quanto a do pai havia sido.

– Bem – falou Tommy suspirando – São informações vindas dos olhos e ouvidos do Esquadrão Rapina. Eles tem gente por todo o Reino e...nunca transmitiram algo falso. Prencyton está morto e o filho dele deve ter assumido.

– Trevor Prencyton – disse Eliot suspirando – Lembro-me dele quando era apenas um garotinho de menos de 5 anos. Chegou a frequentar a Academia; posso pedir os registros dele lá.

– O passado não interessa – disse Rendon se levantando irritado, não usava coroa, nem nenhum adereço muito enfeitado além da calça de couro marrom avermelhado, da camisa de mangas compridas de uma cor azul escura e um casaco de couro preto que estava aberto no momento – Se isso está mesmo certo, e é óbvio que está, Trevor Prencyton deveria ter comparecido ou se pronunciado logo após a morte do pai. Pelos céus! Ele é o herdeiro de um dos Lordes mais importantes do Reino, o homem tinha que ter enviado um comunicado formal.

– Algo não está certo no Oeste – comentou Elizabeth preocupada.

– Eu já pedi por mais informação – comentou Tommy também preocupado – Mas, as coisas demoram um pouco para chegar aqui vindas do Oeste. O que posso afirmar pelos boatos que os informantes do Esquadrão Rapina trouxeram é que o tal Trevor está praticamente trancado no castelo dos Prencyton’s desde a morte do pai. Morte essa que não foi esclarecida porque, aparentemente, só souberam disso quando foi realizado o funeral.

– A terceira esposa do Prencyton....parece que foi ela quem organizou o funeral e tudo o mais, o próprio Trevor não foi visto no local segundo o que disseram – comentou Eliot que tinha estado com Tommy quando o mesmo recebeu a notícia.

– Isso ainda vai me dar muitas dores de cabeça – disse Rendon parando em frente a janela e apoiando o antebraço na parede.

.......

Nos últimos três anos enquanto Tommy aprendia a se tornar o Contador do Reino e Rendon fazia suas mudanças políticas como rei, Aria apenas treinou e estudou. Um ano antes ela havia ganhado sua própria área de trabalho privada dentro das forjas, isso após provar ao avô e a todos os ferreiros do reino que poderia forjar tão bem quanto qualquer um deles. E Eliot novamente se viu sendo deixado para trás ao notar que a neta era melhor com metais do que ele havia sido, apesar de que ela era também muito melhor do que a própria Sarah havia sido.

Nesse tempo Aria também tinha conseguido completar 110 duelos sem nenhuma derrota; a maioria deles era vencida por ela em poucos minutos, tendo sido uma ou outra vez que a garota havia precisado de um tempo longo para ganhar; essas foram as ocasiões em que ela havia tido de enfrentar oponentes com lanças e com arcos. Eliot parou de impor a ela as armas a serem usadas depois do 15° duelo e a partir dali Aria passou a escolher, ela mesma, o que usar, tendo sempre disponível tudo antes de conhecer o adversário. No geral ela preferia apenas a espada, ou uma espada longa e uma curta durante os duelos.

Depois de seu primeiro duelo Aria mudou completamente, mas não deixou de ser ela mesma de forma alguma. Ao contrário, cada pequeno detalhe nela eram lembretes do quanto Aria Hawkey era diferente, mas ela passou a aceitar e a deixar-se demonstrar mais um lado seu que antes ela escondia. Os cabelos, que acabaram ainda mais curtos, terminando na altura do queixo, mas com a parte de trás maior cobrindo a nuca, agora estavam sempre limpos e penteados, apesar de continuarem levemente desarrumados e rebeldes. As roupas largas e velhas foram trocadas por roupas de seu tamanho e, geralmente, novas e feitas para ela.

Além disso Aria passou a ser bem específica e exigente, acabando por realmente mandar fazer algumas roupas para si mesma, já que algumas peças não existiam com o tamanho adequado para ela; como as calças de couro macio que ela gostava de usar que passaram a ter o tamanho exato. E, como se isso já não fosse o bastante para mostrar a todos o quão feminina ela ainda poderia ser mesmo sendo uma guerreira, a natureza e o tempo a fizeram herdar da mãe as curvas perfeitas que foram incrivelmente melhoradas com os treinos que Aria impunha a si mesma além dos que Eliot exigia.

Tendo então 15 anos, as calças de couro destacavam as pernas fortes e grossas, com um contorno musculoso, mas ainda feminino. As camisas que se tornaram mais justas junto aos coletes de couro sem mangas que Aria passou a usar sempre destacavam ainda os seios que apareciam timidamente, junto do tronco magro. E o conjunto em si passou a tornar muito visível a quem se permitisse prestar atenção o quanto o corpo da garota se tornava cada vez mais o de uma mulher.

Aria estava se tornando tanto ou talvez até mais bonita do que a mãe havia sido; tanto que nem as roupas velhas que ela em alguns momentos voltava a usar, conseguiam mais esconder a beleza que ela possuía. As damas da nobreza passaram do desprezo e antipatia à raiva e a inveja para com a Hawkey e isso só fazia a garota gargalhar de divertimento.

E, ainda assim, depois de tudo, Aria continuava a surpreender a todos durante seus duelos e a Eliot durante os treinos. Ela claramente já tinha um nível mais avançado do que o de qualquer um com o mesmo tempo de treino, mas mesmo assim a garota não parecia já se achar pronta, ao contrário; estava sempre e cada dia mais esforçada em treinar e continuar treinando, mesmo quando não havia mais o que aprender sobre algo.

A verdade que só Rendon sabia era que ela estava preparando algo. Aria estava com um projeto nas forjas e só poderia se dar por satisfeita e pronta quando o terminasse, algo que ainda levaria um bom tempo. Por isso ela continuava a treinar sem contestar nada do que Eliot dizia. Claro que os atrasos entre um duelo e outro começavam a irritá-la, mas ela sabia que não seriam tão ruins, já que davam a ela mais tempo para continuar seu projeto nas forjas.

De que aquilo se tratava nem mesmo Key, a falcão, saberia dizer; já que Aria não a levava para dentro das forjas por conta do calor. Mas Rendon imaginava que era algo grande, já que ela estava nisso a quase um ano tendo começado logo depois de ganhar sua área de trabalho privada. E, falando na pequena filhote; bom, ela já não era mais um filhote, nem era mais assim tão pequena. Key, com suas penas marrons com alguns pontos pretos perto das pontas das asas, tinha o tamanho de um adulto da sua espécie, tendo então quase um metro de envergadura medidos da ponta de uma asa a outra e voava livremente pelo castelo, mas voltava sempre para perto de Aria ou Rendon assim que um dos dois a chamava com um assovio longo.

..........

Aquela noite de primavera havia começado com um vento gelado correndo por entre as árvores do pequeno bosque. Aria estava sentada em um galho que se projetava para cima do pequeno lago, as calças de couro estavam sujas de fuligem e a camisa de mangas curtas estava ainda suada por conta do calor dentro das forjas.

– Como vai o projeto? – pergunta a voz de Rendon, seu tom agora finalmente tinha adquirido o timbre de homem tornando sua voz grave.

– Bem melhor do que seus assuntos de estado pelo que estou vendo – comentou Aria olhando para baixo e vendo o olhar do amigo se perder nas águas do lago.

O cabelo com alguns pontos arrepiados, o casaco aberto e as mangas da camisa de linho puxadas até os cotovelos diziam à ela que a tarde de Rendon não havia sido nada boa.

– O que ficou sabendo? – ele pergunta passando a mão direita sobre a barba com uma expressão desanimada.

– Nada na verdade – ela disse descendo de seu lugar – Apenas fiquei sabendo que Tommy e meu avô receberam a visita de um dos mensageiros que trabalha pro Esquadrão Rapina e que logo depois disso vocês três e Elizabeth se trancaram no escritório com expressões nada amigáveis – ela termina de falar no momento em que seus pés tocam o chão, logo depois ela caminha até parar ao lado dele e o encara esperando respostas.

Rendon olha para ela pela primeira vez desde que havia chegado ali. Aria estava com o cabelo úmido de suor, fazendo algumas mechas grudarem nas laterais de seu rosto e em seu pescoço, a camisa de mangas curtas cobriam os braços dela até perto dos cotovelos. A gola da camisa em um formato oval deixava aparente mais três ou quatro dedos de pele além da base do pescoço. Havia manchas de carvão e cinzas pelos antebraços e parte da camisa e pescoço dela também. Para ele Aria continuava linda, mesmo daquele jeito; apesar de que o jovem rei já sabia que não era mais o único a pensar isso sobre a Hawkey.

Enquanto ele a olhava os olhos cinzas ainda brilhavam esperando uma resposta ou algum tipo de explicação. Com um suspiro longo ele se sentou no chão sendo acompanhado por ela antes de dizer algo.

– Prencyton está morto; ninguém sabe como ou quando exatamente aconteceu, mas já faz quase um mês – disse Rendon pegando algumas pedras do chão e movendo-as entre os dedos – O filho dele, Trevor, deveria ter se reportado a mim no momento em que o pai faleceu, já que ele é o herdeiro do Prencyton como Lord do Oeste, mas ele não o fez. Não teríamos ficado sabendo disso se a rede de informantes que sua mãe deixou não tivesse considerado essa uma informação importante a ser passada.

– Porque isso está te preocupando tanto? – pergunta Aria se inclinando para frente a fim de poder enxergar todo o rosto de Rendon.

– Meu pai tinha uma irmã mais velha, quase 10 anos mais velha – ele começou franzindo o cenho numa expressão séria – Um dia Prencyton, que havia acabado de assumir o lugar do pai dele, veio ao castelo. Ele ficou 3 meses aqui pelo que me consta. Quando foi embora estava noivo da minha tia, se casaram uns seis meses depois; nessa época meu pai ainda era um garoto bem novo, 9 ou 10 anos. Depois deles se casarem...minha tia nunca mais voltou aqui. Um pouco depois de 10 anos de casados foi que meu pai soube que teria um sobrinho; mas...ela deu a luz ao garoto no Oeste e morreu no parto. O garoto era o Trevor e Prencyton ficou anos sem voltar a capital depois da morte da esposa. Meu pai ia casar com minha mãe quando viu pela primeira vez o sobrinho que não se parecia em nada com minha tia, mas era a cara do pai dele. O garoto tinha 13 anos na época. Quando eu nasci ele tinha 19.

– Rendon? – perguntou Aria depois que o amigo fez uma pausa muito longa.

– Ele é meu primo, e bem mais velho. Além disso é o segundo na linha de sucessão – falou o rapaz com um suspiro cansado – Prencyton nunca ficou contente comigo assumindo, não ficaria de qualquer forma e ficou menos ainda quando eu desfiz o Conselho Real.

– Está preocupado que esse seu primo não ter aparecido nem enviado notícias ou nada do tipo signifique que ele não te aprova como rei e, por ser o segundo na fila para o trono pode estar aprontando algo contra você – falou Aria, como se completando as palavras não ditas, mas que continuavam a rodar na mente de Rendon.

– É, exatamente isso – murmurou ele fechando os olhos e apoiando a cabeça em uma das mãos.

Rendon então abaixa a cabeça ainda com a mão direita no rosto e fica daquela forma. Depois de vários minutos de silencio, em que Aria apenas olhou para ele, o rapaz se surpreende ao sentir uma mão tocar seus cabelos num afago lento. Rendon ergue o olhar quase que assustado para ver Aria encarando-o enquanto a mão direita dela fazia carinho em alguns fios de cabelo dele.

– Vai ficar tudo bem – ela disse dando um meio sorriso antes de olhar para o lago, mas manteve a mão no mesmo lugar – Você é um bom rei Rend. Foi um bom rei nos últimos três anos, e continuará sendo por mais muito tempo. Não importa o que esse seu primo possa achar; o povo apoia você, a maioria dos outros nobres também. Ele não pode fazer nada contra o seu reinado – ela termina voltando a olha-lo; então dá um sorriso e se afasta dele voltando a ficar de pé e mudando completamente de assunto – Pois então, meu avô tinha me dito hoje de manhã que meu próximo duelo será contra você. Isso está mesmo certo é?? – ela pergunta em tom de brincadeira enquanto deixava Key pousar em seu braço e fazia carinho nas penas da ave.

Os olhos verdes dele estavam vidrados em Aria, sua mente ainda não havia conseguido processar corretamente o fato de ela ter lhe feito um carinho. Aria não fazia carinho em outro ser vivo que não Key; e o fato de ainda poder quase que sentir o calor da mão dela sobre sua nuca atrapalhava completamente o raciocínio do jovem rei.

– Rendon?? Vamos mesmo nos enfrentar em um duelo?? – ela torna a perguntar como se nada houvesse acontecido antes daquela simples pergunta.

Ele a encara por mais uns instantes, o rosto dela não aparentava vergonha, nem confusão muito menos receio pelo que havia acabado de acontecer. A verdade é que, aparentemente, para ela não havia ocorrido nada demais. Um misto de confusão e esperança faz Rendon sorrir e desviar os olhos dela antes de respirar fundo e responder à pergunta.

– Não é a minha revanche ainda se é o que quer saber – ele falou forçando um riso baixo e olhando para qualquer lugar longe de Aria – Seu avô não conseguiu achar alguém de um nível próximo ao seu e achou que o mais indicado para isso seria eu. Então, eu ainda não me sinto pronto pra te enfrentar, mas, como ele pediu, eu não pude negar.

– Então ainda terei um outro duelo contra você pelo jeito – ela disse rindo – Você ainda acha mesmo que pode conseguir me vencer??

– Eu ainda vou tentar – ele falou recuperando a compostura e voltando a olhar para ela com um sorriso realmente divertido – Tenho que tentar – completou ele se levantando – Mas sei que ainda não é a hora, então, eu já disse ao seu avô que provavelmente eu vou perder amanhã, mas de toda forma...

– Você vai lutar querendo realmente me vencer – completou ela interrompendo a frase de Rendon que apenas deu um sorriso constrangido e desviou o olhar.

Key pulou do braço dela para o ombro do rapaz que sorriu calmamente ao fazer um carinho no pescoço do pássaro enquanto Aria apenas os encarava. Então ela também se aproxima dele fazendo carinho na ave. Aria estava com 168cm de altura, bem menor do que Rendon, por isso ela tinha que erguer as mãos para alcançar Key que estava no ombro dele. Mas a garota não parecia se incomodar com isso.

– Melhor ela ficar com você para te dar um pouco de sorte para amanhã – brincou a Hawkey sorrindo divertida e fazendo Rendon rolar os olhos, mas sem discutir – Até amanhã então?

– Sim, até amanhã, o duelo terá de ser pelo meio da manhã só para te avisar – ele fala suspirando.

– Compromissos? – ela pergunta rindo.

– Muitos – ele reclama – A parte mais animada do meu dia com toda certeza será o duelo – ele brinca suspirando por não poder dar de ombros já que Key continuava em um de seus ombros.

Surpreendendo a Rendon novamente Aria para os carinhos na falcão para tocar o rosto dele uma delicadeza que não poderia ser associada à ela. O toque faz com que o rapaz solte um suspiro curto e encare a amiga com uma interrogação nos olhos e na expressão. Aria apenas dá de ombros, mostra um meio sorriso, leva a mão ao cabelo dele fazendo um carinho como havia feito em Key e então fica na ponta dos pés para beijar a bochecha dele antes de se afastar.

– Nos vemos amanhã – ela diz caminhando de costas antes de se virar e sumir por entre as árvores deixando Rendon ainda de olhos arregalados.

– Heim Key – sussurra Rendon depois de muito tempo parado no mesmo lugar – O que é que houve com a Aria??? – ele pergunta ao pássaro que apenas vira a cabeça para um lado como se não entendesse a pergunta.

Depois disso Rendon apenas suspira e volta para dentro do castelo.


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