Affectum Serpentis escrita por Lady Holmes


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Uma pequena apresentação de quem é Amelia Jessica Gillian e na furada que ela conseguiu entrar. Espero que gostem sim? Eu espero reviews, isso porque amo muito vocês. Com o tempo eu colocarei edições de cada personagem. Um primeiro capítulo curtinho, eu juro que estou tentando dar uma aumentada :) Desculpem-me qualquer erro, revisei várias vezes, mas vai saber né.

Amy pediu que eu deixasse um pequeno comentário abaixo:
"Pimenta nos olhos dos outros é refresco, quero ver meu punho."
Isso é para todos que decidirem por alguma razão dar risada de Amy, ela é um pouco estressada e eu não a levaria na brincadeira. Bem, boa leitura você que irá ler.



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A noite de início de setembro ainda era quente. A lua cheia iluminava a noite e algumas partes do castelo que parecia vazio àquela hora da madrugada. A não ser, é claro, por Amelia Gillian, a jovem Grifinória loira de dezessete anos que se escondia de Argus Filch, o zelador. A jovem havia dado uma escapada rápida para uma caminhada. Era uma das coisas que ela mais gostava naquele castelo à noite. Ela podia caminhar, pensar, tomar decisões e não havia ninguém para perguntar se estava tudo bem. Amy era uma jovem bruxa solitária. Antigamente ela tinha dois grandes amigos, os gêmeos Weasleys. Eles não passavam uma semana se quer sem terem algum plano malévolo para algum Sonserino metido, ou até, para o amargurado Filch que, quando caia nas pegadinhas, praguejava o nome do trio aos quatro ventos. Mas não havia mais Fred e nem George. Os gêmeos foram expulsos ano passado, pela pegadinha que pregaram em Dolores Umbridge, mais conhecida como Cara-de-sapo. E com isso, a garota problema, como era chamada, parou de ser um problema. Até Minerva havia lhe chamado, perguntando se estava tudo bem, se ela precisava de alguma coisa e, na realidade, Amelia precisava. Precisava de alguém que compreendesse o que se passava na mente problemática da loira. E, no exato momento, contando cada aluno em Hogwarts, ela não encontrava um.

Amy estava escondida dentro de um armário de vassouras no andar da torre da Grifinória, ou seja, o sétimo. Aquele armário poderia ser a sala precisa e Amelia nem perceberia. Ela podia ouvir Filch abrindo cada porta daquele corredor. Hora ou outra, a porta que lhe protegia seria aberta e Amelia seria pega.

- Maldito seja Harry Potter por não me emprestar o mapa do maroto! - Sussurrou Amy para si mesma, desejando encontrar um meio de sair dessa enrascada. Olhando, distraidamente, para o chão que recebia alguns feixes da luz branca da lua, a loira percebeu. No meio da palha que se encontrava no chão, um objeto reluziu. Era um colar muito bonito que Gillian reconheceu sendo um vira tempo.

- Parece inteiro... - Disse para si mesma. Tão logo ela escutou Argus se aproximando de sua porta, Amy teve a brilhante ideia. Giraria o vira tempo, e, contrariando todas as regras sobre viagens no tempo, avisaria sua eu, que se encontrava na Torre de Astronomia, para retornar antes, e, com isso, se livraria do zelador e a maldita gata enjoada.

No exato momento em que Filch abria sua porta, Amelia girou a ampulheta algumas vezes. Sabia, na teoria, como um vira tempo deveria funcionar. Logo ela estaria escondida dentro do armário e seria ainda cedo, mas seria aquela noite.

- Quem precisa de mapa do maroto afinal... - Disse rindo.

Contudo, alguma coisa deu errado. O corpo de Amy alcançou o chão, como ela havia imaginado, uma hora antes de Filch a perseguir. Mas não estabilizou. Ao contrário. O vira tempo voltou a girar. Dessa vez mais algumas voltas. Muitas voltas.

- Que diabos... - Ela disse. Tentou jogar a pequena ampulheta ao longe, mas era tarde de mais. O corpo voltou a sair do chão, como se estivesse aparatando. Um sentimento ruim de enjôo surgiu em seu estomago e ela jurou que veria a torta de abóbora da janta daquela noite mais uma vez. O corpo encontrou o chão, mas o armário estava cheio de coisas. Uma estranha e incrivelmente caixa caiu sobre a cabeça de Gillian que, sem ao menos perceber, acabou desmaiando ali mesmo.

Horas depois, Amelia Gillian acordou com raios de sol passando pela porta do armário de vassouras. Levantou com dificuldades, a cabeça ainda doía da caixa que caíra sobre ela. Quando ela conseguiu ficar de pé por completo, reparou em um objeto brilhante no chão. O vira tempo. Ela correu para pegá-lo, pronta para, depois que descobrisse quanto tempo havia viajado, girar-lo e retornar ao seu tempo, quem sabe, algumas horas depois e bem longe daquele maldito armário de vassouras. Só que o plano foi por água a baixo quando percebeu que o objeto mágico estava quebrado. O vidro da ampulheta que ficava no centro estava quebrado e a areia, que era especial, mágica, cara e muito difícil de encontrar, havia se esvaído dali.

Aquilo não era mais do que um maldito vira tempo quebrado e sem utilidade.

- O que eu preciso agora é do professor Dumbledore... Antes que eu pise em uma borboleta e deixe de ter nascido, como naqueles filmes trouxas. - Amy não pode deixar de rir com o próprio comentário. Contudo, achou melhor ficar longe das borboletas, não queria mudar o rumo da humanidade.

E, aliás, ela gostava de borboletas. Não queria sair por ai pisando nelas.

Amy Gillian saiu do armário de vassouras e se deparou com um problema. Mesmo que não muito diferente de sua Hogwarts, aquele castelo estava diferente. Ela não sabia bem dizer o que, mas havia algo de... Novo nele. Um estranho pressentimento percorreu seu corpo. Alguma coisa estava mais errada do que o normal. Mais errada do que alguma horas no passado. Olhando o castelo, aquilo mais pareciam anos. Muitos anos. Ela não sabia muito bem quantos, mas temia dizer que era mais do que um ou dois.

- Eu estou tão ferrada. - Amelia disse para si mesma, mais uma vez. Já virará um costume conversar sozinha. Ela começou a tentar se localizar e encontrar a sala do diretor. Mesmo que estivesse em 1943, coisa que ela ainda não sabia, ela achava que a melhor coisa seria ir ao diretor. Por sorte, antes que chegasse a sala do diretor Dippet, atual diretor daquela época, Amy teve a agradável surpresa de encontrar-se com um sorridente e consideravelmente mais novo, Alvo Dumbledore.

- Pelas barbas de Merlin! Eu estou muito ferrada. - Amy disse quando esbarrou com Dumbledore. Ela o encarou, estupefaça com a jovialidade que o futuro diretor exalava.

- E posso saber o porquê Srtª... - E ele pareceu parar para pensar em quem era a estranha garota dos cabelos loiros. Uma Malfoy, talvez? Não, não parecia ser possível, já que as vestias tinham as cores da sua casa, a Grifinória. Então, quem seria a misteriosa jovem?

- Exatamente. - Ela falou, tentando lhe mostrar que esse era o problema. Ele não reconhecê-la. Houve mais alguns segundos de silêncio até que ele percebesse o que ela desejou mostrar com a palavra.

- Oh, uma visitante! - Disse o homem que, ao invés dos cabelos brancos ostentava um castanho que já dava alguns indícios de grisalho. - De onde veio minha jovem?

- De longe, professor Dumbledore. De, não sei dizer ao certo quantos, alguns anos. - Os olhos de Alvo arregalaram por trás dos óculos que usava, não ainda, os seus conhecidos óculos, aquele com o formato de meia lua. Era uma armação mais simples, muito parecida com a do próprio Harry Potter. Amy diria que o deixava mais jovial.

- Então, como chegou aqui, Srtª... Desculpe, ainda não sei seu nome. - Ele indicou um caminho e, por mais que não soubesse a direção que estavam tomando, ela apenas o seguiu, confiante que Alvo seria a solução.

- Amelia Gillian. Mas todos me chamam de Amy. - Dumbledore pareceu pensar pelo resto do caminho. Abrindo a porta da sala, que futuramente seria de Minerva McGonagall, disse:

- Gillian... Um nome trouxa, eu suponho? - Amy sorriu.

- Essa é uma pergunta que me faço desde que o senhor apareceu em meu orfanato, professor Dumbledore. - O jovem Alvo riu.

- Parece que você tem muito espírito, jovem Amy. - O homem apontou para uma poltrona e Amelia sentou-se. A garota se surpreendeu quando percebeu que aquela poltrona nada mais era que a mesma que sempre sentava quando McGonagall a chamava para uma conversa. Ela só estava... Mais nova. Ela se sentia estranha naquela sala e não ver o olhar severo de Minerva, a professora que sempre parecia estar preocupada com ela.

- É... Isso nem sempre é uma coisa boa. - Ela disse, piscando para o professor que sorriu. - Bem, se posso perguntar, em que ano estamos?

- 1943. - Amelia arregalou seus, perfeitamente maquiados, olhos cinza e engasgou-se. Ela olhou para o rosto sincero do professor e se voltou para seus dedos, calculando quanto tempo havia voltado.

- Bem, isso dá... Seis menos três é três... Nove menos quatro é cinco... O resto se anula... - Amy falava para si mesma o calculo. Nunca fora muito boa em matemática, principalmente em cálculos sem um pergaminho e uma pena.

- 53 anos? - Perguntou Alvo - Você é de 1996. - Ele disse. Amy terminou o calculo para ter certeza que aquilo não era um sonho.

- Oh, eu estou muito mais ferrado do que havia imaginado. Garanto que preferia ser pega pelo Filch agora. - E se afundou na gostosa poltrona vermelha de veludo. - Sim, eu estava no começo do ano letivo, em 1996.

- Bem, Srtª Gillian, como veio parar nesse tempo? - Amy tirou do bolso de suas vestias, o vira tempo quebrado e entregou ao professor.

- Eu não sei bem. Eu não o girei muitas vezes. Posso nunca ter usado um antes, mas como qualquer um que esteja no sétimo ano, e não querendo me gabar, eu sou... Ou era, a melhor da minha classe, eu sei a teoria. Não poderia ter voltado tanto tempo... Houve alguma confusão. Porque, antes de eu cair aqui, eu caí no armário. No tempo certo, eu acho. E então eu fui sugada novamente e acabei aqui... - Ela levou a mão para a cabeça e sentiu o lugar onde a caixa havia caído. - No meu tempo, os armários de vassouras não servem para, realmente, guardas coisas. Uma maldita caixa caiu sobre mim e eu só acordei há poucos minutos. - Dumbledore olhou para o vira tempo. Quebrado. E, mesmo assim, a jovem Amelia Gillian não poderia voltar para casa. Mesmo com um vira tempo novo, ou até mesmo aquele que usou para vir, só que concertado. Por algum motivo a misteriosa jovem havia, como ela mesma colocou, caído nesse tempo. Ela foi trazida por uma mágica muito mais poderosa que qualquer outra: o destino.

- Você pode me mandar de volta, professor? Eu não quero nem imaginar se eu estragar alguma coisa... - Alvo sorriu, carinhosamente.

- Não se preocupe Amy, você não vai estragar nada. E sobre levá-la para casa... Bem, isso eu terei que trabalhar. Não sei se qualquer vira tempo a levaria para o futuro e não gostaríamos que você se perdesse, não é? - Amy concordou. - Por hora, poderá cursar o sétimo ano em Hogwarts. Infelizmente - disse o homem, fazendo um leve balanço com a varinha, - o diretor Dippet não permitirá que entre diretamente na Grifinória, mesmo que, eu estaria honrado caso você fosse selecionada para minha casa. - As cores características da Grifinória sumiram e seu uniforme ficou totalmente preto, como era no seu primeiro dia em Hogwarts. - Devo informar que terá que passar pela seleção mais uma vez. - Amy revirou os olhos, afundando-se ainda mais na poltrona.

- Como se uma vez já não tivesse sido ruim o suficiente... - Falou baixinho, porém, Alvo escutou.

- Não se preocupe, se você deseja muito continuar na mesma casa, apenas peça ao chapéu. Ele parece durão, mas ele aceita sua opinião. - Falou o jovem professor, em tom de brincadeira.

- Não é isso! - Ela se adiantou em explicar. - Só não gosto de ter alguém, ou algo, dentro da minha cabeça. Ela já é confusa para mim às vezes... - Dumbledore se aproximou da jovem que estava tentando, em vão, colocar os pensamentos em ordem.

1943! Eu nem conheço pessoas desse tempo. Devo, sei lá, encontrar os avôs de meus colegas... Imagina só! Imagine eu, uma jovem do fim do século XX, no meio da segunda, maldita, guerra mundial? O que foi que eu fiz dessa vez, Merlin? Eu devo ter sido muito, muito ruim, porque ninguém realmente merece isso! Oh céus, o que eu vou fazer? E, se nem Dumbledore conseguir, eu vou ter que viver o resto da minha vida aqui? E se eu acabar avó do Malfoy? Ai meu Merlin, e se eu acabar avó daquela doninha ambulante? Ou pior, mãe do Snape? Já me imaginou mãe daquele ranhoso? E...

- Amelia? - Dumbledore chamou à jovem. Ela deu um salto, quase batendo a cabeça no queixo do jovem Alvo.

- Pelas cuecas de Merlin, professor! Quer me matar de susto? - Ele riu da expressão da loira.

- Vou conversar com o diretor Dippet, dizendo que... Bem, não sei o que dizer a ele. - Ele disse, olhando, curioso, para Amelia Gillian.

- Oh, deixei o maior bruxo de todos os tempos sem palavras. - Disse, satisfeita. - Talvez esse tempo não seja tão ruim. Posso lhe ajudar com isso, professor. Em meu tempo eu era conhecida pela minha grande e perigosa criatividade. - Ela sentou-se direito na poltrona e parou para pensar. - Com meus grandes conhecimentos de história trouxa, eu diria que Amelia Gillian é uma jovem bruxa Inglesa que foi ensinada em casa até a mesma ser atingida por um bombardeio dos malditos alemães em julho. Sua querida e amada mãe, que estudou em Beauxbatons, acabou morta. Seu pai, infelizmente, morreu quando a incrivelmente inteligente jovem ainda era apenas um bebe de uma doença. Sua mãe nunca se apaixonou novamente e, por esse motivo, ela, felizmente, nunca teve um irmão ou irmã mais nova para irritá-la... É, acho que isso pode servir. Ou é muito dramático? - Alvo, rindo, negou com a cabeça.

- Terei que tomar cuidado com sua grandiosa e perigosa criatividade, jovem Gillian. Talvez Charlus e Septimus finalmente tenham alguém à altura. - Amy abriu seu melhor sorriso Coringa, como ela costumava dizer, e disse:

- Oh, professor Dumbledore, com toda certeza, Hogwarts está em maus lençóis. - Houve alguns segundos de silêncio, nos quais, Dumbledore acenou para alguns pergaminhos que estavam no canto da sala. Ali, surgiu uma certidão de nascimento e, surpreendentemente, dia de nascimento de Gillian estava correto. 19/10/1929.

- Céus, eu nasci na época da crise nos Estados Unidos. Isso só pode ser má sorte. - Muitas vezes, os comentários engraçadinhos que Amelia fazia eram para ela mesma sorrir. Desde que ficara completamente sozinha em Hogwarts, sem seus amados gêmeos, ela era a única que conseguia a fazer ri. E isso era muito irritante.

- Minha querida jovem Amelia, agora eu preciso conversar com nosso diretor. Contudo, acredito que esteja faminta e, como ainda não está selecionada, não poderia deixá-la entrar no Salão Principal. - O homem fez um charmoso e pomposo aceno com a varinha e um prato de Waffles, com alguns bolos, biscoitos apareceu. Juntamente de uma jarra de suco de abóbora. Amy torceu o nariz. Ela não suportava suco de abóbora. Antes de aprender a transfigurar o suco, ela apenas pedia para algum aluno mais velho fazê-lo. Desde seu segundo ano, quando ficara perturbando a professora Minerva para que ela lhe aplicasse aulas especiais para transfigurar sua bebida, Amy sempre o transformava em um gostoso café, pelo menos durante a manhã. Muitas vezes, no almoço, se alguém olhasse em seu copo, veria um líquido preto com algumas bolhas. Isso, nada menos era do que coca-cola, bebida extremamente proibida em Hogwarts, ou era, no tempo dela.

Amy se aproximou da mesa e ergueu a varinha, transfigurando o suco de abóbora em um delicioso e quentíssimos cappuccino. Alvo surpreendeu-se com a facilidade que a jovem apresentava para transfiguração. Ainda na porta o homem virou-se e começou outra conversa.

- Pelo que vejo, tem grande facilidade em transfiguração. - Amy concordou, terminando de engolir um pedaço de waffle.

- Forcei minha professora a ensinar-me como transfigurar bebidas quando ainda estava no segundo ano. Eu simplesmente não suporto esse maldito suco de abóbora. Vocês bruxos... Era de se esperar que tivessem bebidas melhores. - Alvo voltou a rir.

- Não saia dessa sala. Voltarei o mais rápido possível. - Amy concordou, tomando um gole gigantesco da deliciosa bebida trouxa.

Passado dez minutos, Alvo ainda não havia voltado e Amy estava entediada. E ela odiava o tédio. Era como se fossem inimigos. Como Harry Potter e Lord Voldemort. Um não poderia existir enquanto outro estivesse vivo. E como o tédio não pode matá-la, Amelia sempre matava o tédio. A loira começou a andar pela sala, olhando fotos de dois jovens, de uma linda menina, de uma turma de Hogwarts, que ela deduziu que era a do próprio Dumbledore.

- Será que ele conheceu os criadores de Hogwarts? - Riu com a própria piada. - Porque ele é tão velho que provavelmente foi aluno de Godric... - Ok, ela estava explicando a própria piada para si. Ela precisava de pessoas o mais rápido possível ou acabaria no St. Mungus. Voltou a olhar ao redor. No mais, tirando as fotos, a sala parecia à mesma de 53 anos no futuro.

- Que coisa mais sem graça... - Disse, desejando saber alguma coisa diferente. Descobrir um mistério do passado, fazer a diferença... Porque não? Se estava ali e teria que ficar, porque não fazer algumas mudanças?

- Amelia Jessica Gillian! Nada de mudar o passado. Lembre-se daqueles filmes trouxas que você assistia no orfanato. Coisas ruins acontecem quando se mexe com o passado. - Mesmo que, se ela deixasse de existir, duvidava que alguém do futuro sentisse sua falta.

- Eles nem teriam como... Seria como seu eu não tivesse nascido... - Agora ela estava parada atrás da cadeira do professor, olhando pala gigantesca janela os campos de Hogwarts. Ela podia ver o pátio onde costumava ficar sentada no tempo livre, a gigantesca ponte de pedra em que ela corria com os gêmeos, a casa onde, futuramente, Hagrid moraria... No fim de tudo, sua Hogwarts e essa Hogwarts não eram tão diferentes assim... A maior diferença era que, por mais estranho que fosse dizer, ela parecia mais nova. Com menos tempo de uso, se essa for mesmo a palavra certa a ser usada.

Amy virou-se para mesa de Alvo Dumbledore. A cadeira podia não ser tão majestosa como a que ele teria no futuro, mas a vontade de sentar-se nela, como a que Amelia tinha quando via a do diretor, parecia ainda maior, com a abertura da oportunidade. Ela sentou-se, confortavelmente, e deu um giro de 360°, gargalhando e lembrando-se de uma vez que havia sido chamada para a sala do diretor, logo após a saída de Fred e George e o retorno de Alvo. Minerva havia dito ao diretor que Amy perderá o brilho. E isso era a maior verdade... Mas bem, a história foi que, quando Gillian chegou à sala do diretor, ela estava vazia. Olhando a cadeira pomposa do mestre, Amy não perdeu tempo e sentou-se ali. Segundos após isso, Minerva e Alvo irromperam pela porta e Amelia jogou-se contra o chão, na esperança de não ser vista sentada na cadeira do diretor. Causando gargalhadas, tanto da severa Minerva, do amável diretor e da própria garota, que não ria por um longo tempo.

Aquela havia sido a última vez que havia feito algum tipo de brincadeira. Depois de ouvir o que Alvo teria para dizer naquele dia, o brilho, a criatividade, a força, que Amy um dia possuiu, deixou de existir. Deixaram uma Amelia vazia, triste e sozinha. Como se ela tivesse retornado ao orfanato. Como se Hogwarts, os dias felizes e as risadas que ela havia dado naquele castelo, fossem apenas lembranças de um sonho. De um majestoso e brilhante sonho.

A gargalhada diminui enquanto as palavras de Alvo surgiam em sua mente. Eles não estão voltando, Amy. Eu permiti que voltassem, contudo, eles escolheram outros caminhos. Malditos Weasleys! Malditos sejam aqueles gêmeos. Ela os amava. Amava como os irmãos que nunca teve naquele orfanato trouxa imundo. Não que, por ser trouxa, fosse imundo. Porém, aquele lugar que passará seus longos 11 anos não poderia receber outro adjetivo que não fosse esse. Era uma precária casa antiga, provavelmente construída antes mesmo dessa época, que parecia sempre estar suja. Havia mofo nas paredes, as camas eram velhas e os colchões, duros. Amy lembrava-se que, quando ainda passava os invernos naquele lugar, ela sofria com o frio que vinha das frestas que havia em portas e janelas e pela falta de cobertores. Lembrava-se também dos duros travesseiros e das roupas velhas e doadas que ela precisava usar antes de completar quatorze anos. Quando o fez, ela arrumou um emprego e, pelo menos no quesito roupas, as coisas melhoraram. Todavia, o desconforto e o sentimento de inexistência que aquele lugar emanava eram permanentes. Pelo menos, até a jovem terminar sua escola e sair daquele lugar.

Amelia estava perdia em seus devaneios, pensando em como seria sua vida quando ela saísse de seu inferno pessoal chamado orfanato, quando a porta da sala se abriu e, como reflexo, Amy jogou-se no chão, caindo de joelhos. A última coisa que queria era que Alvo a visse sentada em sua cadeira mais uma vez. Bem, sendo que a primeira vez que ele viu foi no futuro, acho que essa seria a primeira.

- Professor? - Ao contrário da doce voz de Alvo, uma voz diferente chegou aos ouvidos de Amy. Ela ergueu sua cabeça, escondida pela confusão loira platinada que era seu cabelo. O garoto que se encontrava a sua frente era um belíssimo... Sonserino. Amy assoprou seu cabelo para que ele saísse de sua boca e, ainda de quatro no tapete da sala de Alvo Dumbledore disse:

- Ahn... Ele deve estar falando com o diretor. - O garoto encarou a jovem loira, surpreso por vê-la ali e mais surpreso por não reconhecê-la. Gillian sorriu, jogando os longos cabelos para o lado e erguendo o rosto mais uma vez, para poder encarar o Sonserino. O jovem era alto, de cabelos escuros como ébano e pele branca como a neve... Seria a versão masculina da Branca de neve? O pensamento a lhe fez sorrir. O jovem tinha olhos verdes e profundos. Eram olhos misteriosos, Amy percebeu. Ele tinha uma postura ereta e perfeita. Seu uniforme estava milimetricamente arrumado e havia uma interrogação em sua face, provavelmente se perguntando quem era a estranha garota que estava de quatro na sala do professor de transfiguração. Amelia, percebendo que ainda não havia levantado, deu um salto no intuito de levantar-se. Foi um grande erro. A loira não havia percebido que estava com a cabeça bem embaixo da mesa e, quando tentou se levantar, bateu a mesma, com toda a força possível, fazendo-a cambalear e cair sentada, para trás.

- Oh, por Merlin! Não na cabeça de novo. - E começou a passar a mão rapidamente no lugar do choque, tentando, infantilmente, fazer a dor passar. - Isso vai acabar deixando um roxo. - Ela, então, ergueu o olhar para encontrar os olhos verdes e misteriosos mais uma vez. - Céus, que grossura a minha. - Levantou-se ainda tonta e estendeu a mão ao jovem a sua frente. - Amy. Amy Gillian. - O Sonserino continuou encarando-a, dessa vez, olhando a mão que estava estendida para ele. O garoto pareceu balançar a cabeça, afastando alguma ideia que tivera e, então pegando a mão da jovem, disse:

- Tom. Tom Riddle.


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