O Legado de Lily Potter escrita por O Coração Negro, Lana


Capítulo 26
Capítulo 25 - A sombra de Lord Voldemort


Notas iniciais do capítulo

Boa noite pessoal!

Sem enrolação, boa leitura :D



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Capítulo 25 – A Sombra de Lorde Voldemort

Como se age quando um precioso amigo fica com raiva de você? Essa era a pergunta que pairava em minha mente. Há apenas algumas semanas eu havia visto duas pessoas morrerem, uma colega de casa se tornar uma versão perturbada de Lord Voldemort, passei por interrogatório em que testemunhei que o bruxo das trevas havia retornado, meu pai afirmava acreditar em mim, mas a versão que a imprensa havia publicado era apenas que Arika havia enlouquecido e matado os pais.

Depois de todos os depoimentos eu fui forçada a acreditar que a sociedade bruxa jamais aceitaria um retorno do Lorde das Trevas, ainda assim meu pai se recusou a ficar de braços cruzados: ele fez o possível para investigar os membros do FOOP, mas era impossível colocar aurores seguindo crianças sem um bom motivo, então entrou em contato com a associação de bruxos errantes e cobrou alguns favores. Fiquei grata por ele confiar em mim a esse ponto, porém sabíamos que enquanto todos fingissem que Voldemort não havia retornado, apenas facilitaria para o bruxo recuperar o poder. Ainda havia o ponto de que o preconceito contra trouxas era praticamente inexistente em nossa sociedade, sendo assim Voldemort não possuía mais uma causa pelo qual reunir partidários e tampouco era imortal.

Com todos esses problemas eu ainda me preocupava com a situação de minhas amizades, me correspondi com todos os meus amigos nas férias, principalmente Giovanna (por quem eu esperava por cartas com visões ou profecias, mas a garota havia se mantido quieta, meu pai havia conseguido proteção policial para minha amiga), Tabitha e Hugo. Mandei também cartas a Escórpio e Alexander, que se recusava a responder qualquer correspondência ou manter contato. Não sabia nem mesmo em que situação ele se encontrava, visto que era um forte candidato a ser assassinado, mas seja lá onde ele passou as férias, os aurores encarregados de ser sua guarda não o haviam encontrado, o que me perturbava. Poderia ele estar morto ou apenas ainda com raiva?

Eram maus presságios, a estranha calmaria que se abatia sobre a comunidade bruxa me preocupava. Não sabia o que fazer, meu pai passava o dia tomando suas próprias ações e fazendo pesquisa, várias vezes se correspondendo com amigos e bruxos estrangeiros, mas eu não sabia que tipo de ações ele poderia estar tomando para impedir uma nova ascensão do bruxo das trevas mais terrível de todos os tempos.

Naquele dia em particular eu estava deitada no meu quarto, o velho elfo domestico da família havia deixado alguns bolinhos e suco na minha mesa de cabeceira, mas eles estavam intocados. Em dado momento o resto da minha família saiu para fazer compras no beco diagonal e eu fiquei sozinha em casa, definhando com meus problemas e preocupações.

O tempo parecia ter congelado, eu contava os dias para a volta a Hogwarts, mas naquele dia em particular parecia mais lento que o normal. Quando ouvi barulhos no andar de baixo, o que poderia ser? Por um momento delirante achei que podia ser algum assaltante, mas nem mesmo o mais tolo dos larápios seria insensato ao ponto de invadir a casa do chefe da seção de aurores.

Curiosa e precavida, talvez até um pouco paranóica, eu me cobri com a capa de invisibilidade e desci as escadas. A primeira pessoa que eu vi foi um velho, cabelos brancos espalhados para os lados, um nariz arrebitado, rosto cheio de rugas, olhos verdes profundos, como se tivessem bebido a sabedoria de gerações. O velho homem parecia estar começando a ficar corcunda com a idade, mas apesar de tudo o homem tinha um certo vigor jovial. Demorou alguns minutos para que eu pudesse reconhecer o grande alquimista Nicolau Flamel.

Há muitos anos, ou melhor, sete séculos, o velho alquimista havia descoberto como produzir a pedra filosofal. Ficou em quase todos os sentidos imortal, juntou riquezas e prestigio, mas a mais de vinte anos a pedra teve que ser destruída para impedir Voldemort de beber o elixir e recuperar as forças, sendo assim o homem agora envelhecia como qualquer homem normal, mas ainda estava vivo.

– Que honra, para o chefe da sessão dos aurores convidar este velho para sua residência, embora tenha me dado pouca escolha devo dizer... Em que posso ser útil ao ilustre Harry Potter? – disse o velho com um tom estranho, havia vestígios de sarcasmos e respeito, como se ele quisesse medir as reações de meu pai, era visível que ocorria ali uma espécie de jogo de poder. Meu pai se mexeu incomodado, nunca gostou da fama. Foi quando finalmente notei a presença de Harry Potter, sentado em sua poltrona habitual, a mesma que eu havia acostumado a vê-lo ler o jornal do dia.

– Poderíamos estar nos encontrando em melhores termos, se o senhor tivesse tido a gentileza de responder minhas cartas ou me permitido lhe visitar em sua residência – disse Harry Potter.

– Algumas pessoas diriam que convocar um velho homem inocente para interrogatório em sua residência e ainda usar de aurores para isso é um claro ato de abuso de poder – disse o velho sorridente.

– Felizmente, nenhuma dessas pessoas se encontram aqui presentes, como pode ter notado, além do mais é mais do que direito para o Ministério convocar bruxos como testemunha ou requisitar consultores em caso de necessidade.

– Testemunha? Para que crime? Tenho envelhecido tranquilamente com minha esposa há alguns anos, e como bem sabe, o peso da idade começa a pesar em meus ossos – disse Flamel – muitos diriam que depois de todas as minhas realizações e pesquisas que muito beneficiaram a comunidade bruxa eu teria a oportunidade de descansar em paz.

– Com absoluta certeza, mas veja bem, não estamos exatamente em uma situação normal, dada as circunstâncias podemos convocar um consultor relutante – respondeu meu pai, dessa vez foi a vez dele avaliar as reações do velho homem.

– Naturalmente... Os rumores... – disse o velho. Um pouco de suor escorreu de sua testa e ele juntou as sobrancelhas, estava claro que o homem sabia de algo ou pelo menos tinha teorias – Boatos infundados, o senhor mesmo eliminou a ameaça que representava o Lorde das Trevas, ou estou enganado?

– Senhor Flamel, ou melhor, Nicolau, exatamente por isso o convoquei aqui. Obviamente acredito em minha filha, se ela diz que Voldemort voltou, ele voltou, porém como? É possível um bruxo em sua ânsia de vencer a morte encontrar uma forma de voltar á vida? – perguntou meu pai, o homem ficou incomodado. – Tenho pesquisado em vários livros antigos de bruxarias das trevas, mas são demasiadas informações, em nem todas confiáveis, afinal a humanidade sempre teve um certo fascínio pela idéia de imortalidade, os bruxos são humanos afinal e como tal vários bruxos tem buscado a “imortalidade”, como deve saber.

– Senhor Potter... Um dia já busquei a imortalidade, fiz sim a pedra filosofal, mas nada disso tem qualquer relação com as Artes das Trevas. Asseguro não ter qualquer relação com qualquer coisa que o Lorde das Trevas fez – disse Flamel incomodado. – A pedido de Dumbledore destruí minha pedra, não sou mais imortal, não vejo qualquer valor em algo que eu possa lhe dizer.

– Naturalmente, estou mais do que ciente da sua relação com o professor Dumbledore, mas veja bem, estamos em uma situação delicada. Como alguém que já buscou a imortalidade e já viveu tanto, o senhor naturalmente está mais do que em habilidade em me adiantar alguns meses de pesquisa, talvez anos – disse meu pai. – Ou o senhor mesmo afirmando que não tem nada de valor a nos dizer ainda teme repercussões por colaborar comigo?

Finalmente meu pai pareceu ter atingido o núcleo do problema, Nicolau Flamel estava com medo!

– Me...do... medo? Sem brincadeiras Senhor Potter... Eu colaborei com Dumbledore contra o Lorde das Trevas na primeira e segunda vez, sem dúvida alguma eu não estaria com medo – disse Flamel aflito.

– Nicolau, da maneira como fala, é quase como se fosse haver uma terceira vez – meu pai falou. Flamel parecia ter sido esfaqueado uma terceira vez, ele suspirou várias vezes para tomar ar antes de responder e limpou o suor do rosto com um lenço de seda.

– Eu nunca fui muito bom com as palavras, perdoe-me se lhe dei alguma ideia errada.

– Nicolau, perdoe-me por estar sendo rude, mas ambos não temos tempo para essa dança ridícula, se realmente for possível voltar dos mortos, eu preciso dessa informação o mais rápido possível – disse Harry Potter se aprumando na cadeira. – Eu compreendo como Voldemort pode ser assustador, tenho certeza de que o senhor ficou aterrorizado quando ele veio atrás de sua pedra filosofal, até mesmo aceitou destruí-la a pedido do professor Dumbledore, agora se ele tiver voltado e achar que você sabe algo que o ponha em risco? Acha que o deixará em paz? Tem agora a chance de colaborar comigo e evitar o pior, para todos, você decide.

– Muito bem Potter, você é exatamente o diabinho que Dumbledore descrevia em suas cartas. Vou dizer o que quer saber, mas prefiro que faça as perguntas, a memória falha depois de tantos anos.

– Vamos pelo inicio então, é possível voltar dos mortos?

– Não senhor Potter, não é possível... Por diversas ocasiões bruxos recorreram a feitiçaria das trevas para trazer familiares de volta á vida – disse o alquimista, embora ainda parecesse esconder algo. – Não é possível, em todas as ocasiões tragédias acontecem.

– Muito bem – respondeu Potter, ainda desconfiado. – É possível permanecer vivo mesmo se horcruxes das partes de sua alma serem destruídas e mortas?

– Também não, mesmo o elixir da vida apenas prolonga o tempo de vida, fazendo com que a pessoa possa ser morta, embora não sinta a passagem do tempo. A imortalidade não é algo fácil de se alcançar. – Respondeu Flamel.

– Entendo, nesse caso, seria possível transferir a si mesmo para outra pessoa antes de morrer? – Perguntou Harry Potter.

– Não – respondeu o alquimista, mas finalmente pareceu que ele havia atingido próximo ao alvo – Não seria melhor conversarmos em um lugar mais privado?

– Minha família saiu e não voltará cedo e o Largo Grimaud é amplamente protegido com diversos feitiços, não existe lugar mais seguro. Por favor prossiga, é possível Voldemort voltar através do corpo de outra pessoa?

– Não, Voldemort se foi para não mais voltar, é isso que quer ouvir não é?

– No entanto você tem uma teoria, se importaria de compartilhar comigo? – O velho pareceu desconfortável.

– Veja bem... Eu ainda era moço, arrogante e orgulhoso de minha própria inteligência... Estava fascinado com a idéia de viver para sempre, no fim eu era tolo. Li diversos textos sobre imortalidade, ouvi até mesmo falar das Horcruxes, embora não me atrevi a cometer tal pecado, nessa época conhecia uma forma de regressar... Uma espécie de reencarnação forçada.

– Reencarnação forçada? Continue.

– Bem o princípio seria um indivíduo que estivesse com a alma fragmentada a um ponto quase irreparável transmitir um fragmento da alma para dentro de outra pessoa. O fragmento estaria acompanhando esse indivíduo como uma pequena sombra, o induzindo a matar e quanto mais o hospedeiro cometesse atos hediondos, enfraqueceria a própria alma e permitiria ao seu hóspede indesejável proliferar dentro de si. Mas nunca foi tentado e afirmo não ser possível, ou viável. O que impediria de o novo indivíduo tentar dominar seu original? Acho que nenhum bruxo vivo chegaria a se ariscar a esse extremo.

– Demasiado arriscado para um bruxo vivo, mas que tal um bruxo morto? – perguntou o chefe da sessão dos aurores.

– Um bruxo morto? – perguntou o alquimista, revelando a curiosidade que fez dele um grande pesquisador.

– Devo estar certo ao presumir que sabe que o bruxo uma vez conhecido como Tom Riddle fez Horcruxes para si, o que aconteceria se esse mesmo bruxo temeroso como era para com a própria morte tivesse uma horcrux destruída? – perguntou meu pai, me lembrei do diário – Essa parte da alma teria um medo da morte o suficiente para criar um fantasma?

– Não há precedentes... Mas presumo que sim – disse o alquimista, então ele arregalou os olhos – Você não acha que...?

– Com absoluta certeza, uma vez que recuperou o corpo, ele deve ter sabido da destruição do diário por intermédio de Lúcio Malfoy. E se quando o diário foi destruído o fragmento da alma ali presente gerou um fantasma, o bruxo, temeroso como era, pode ter criado um plano B, um plano que seria implementado apenas no absurdo caso de todas as suas horcruxes serem destruídas, ter implantado esse fantasma por intermédio de bruxaria das trevas em uma criança ainda no útero de uma mãe.

– É... possível, mas o bruxo desesperado a esse ponto deveria ser o mais absurdo covarde.

– Ele era, se... o senhor concorda comigo e isso ter acontecido, como seria o processo?

– Segundo a teoria... Esse reflexo do bruxo viveria dentro da criança desde pequena, a contaminando, levando aos poucos a loucura, mas para finalizar o processo e renascer o hospedeiro teria que se render, fragmentar a própria alma ao ponto de tornar mais fácil para ser definitivavemente dominada. A possessão teria que ser tão insuportável ao ponto de ele desistir de tudo e praticar um último sacrifício.

– Último sacrifício?

– Cortar todos os laços, matar todas as pessoas que representam algo para essa pessoa, fazendo a própria alma desejar deixar de existir e só assim ser definitivamente dominada.

– E se ela deixasse passar um? O que aconteceria?

– Instabilidade, a possessão entraria em um semi-estado definitivo, tornaria o bruxo ainda mais perigoso e vulnerável. Mas leve em consideração que mesmo que tivesse sucesso esse novo bruxo não seria de fato o primeiro, seria uma sombra com os conhecimentos e poderes do primeiro. Não se pode realmente voltar à vida.

– Obrigado senhor, foi realmente esclarecedor.

– Sr. Potter, o senhor já tinha alguma idéia das informações que compartilhamos hoje, não? Pelo que precisava de mim? – perguntou o alquimista.

– É sempre bom ter uma segunda opinião.

– Senhor Potter, acha que se ele voltou, podemos vencer dessa vez? Não temos mais Dumbledore – perguntou o alquimista.

– Não tivemos Dumbledore da segunda vez também, pelo menos não o tempo todo e ainda sim vencemos – respondeu Harry Potter quase confiante. – Dessa vez temos uma vantagem, Voldemort não é imortal.

– Ainda não é imortal – respondeu Nicolau Flamel, e com um aceno eles se despediram. Fiquei meio espantada com as novas informações.


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