O Legado de Lily Potter escrita por O Coração Negro, Lana


Capítulo 27
Capítulo 26 – A descoberta de Alvo


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!

Peço desculpas pelo enorme atraso em postar o capítulo, muita coisa aconteceu e o andamento da história acabou ficando comprometido. Sei que vocês, leitores, não tem nada a ver com isso, por isso peço que nos perdoem.
Vamos tentar normalizar a postagem a partir de agora, um capítulo por semana.

Aproveitem o capítulo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/428781/chapter/27

Subi de volta ao meu quarto, deixando meu pai acomodado em sua poltrona e imerso em seus pensamentos sem saber que eu tinha ouvido sua conversa. Nunca tinha visto o famoso alquimista Nicolau Flamel, apenas conhecia seu nome por conta da aventura que Harry Potter passara em busca da pedra filosofal que o mesmo criou. De fato, ele sabia muito, e eu receava que fosse até demais para que permanecesse vivo.

Esse pensamento me deixou um pouco nervosa. Enquanto conversavam na sala de minha casa, pude notar a postura defensiva do ancião ao responder as questões que meu pai propunha, e para mim ficou claro que ele temia... Não era para menos, Arika e seus seguidores poderiam descobrir que ele sabia sobre o feitiço que fez ressurgir parte da alma de Voldemort, transformando-a em seu legado. E se ele soubesse um contrafeitiço? Era uma hipótese, e eu precisava descobrir antes do Foop, e Flamel precisava ser protegido.

Além disso, outra coisa não saía de minha mente: a possibilidade de haver uma imortalidade, algo que o original bruxo das trevas sempre almejou, e agora, com sua herdeira, certamente procuraria. Isso tornava a situação muito pior, e para completar, o silêncio de todos aqueles com quem estabeleci contato não ajudava muito, comecei a me preocupar seriamente que houvesse acontecido algo de que eu não tivera conhecimento até agora.

Antes que eu continuasse divagando e desenvolvesse uma síncope, ouvi um barulho que significava que minha mãe e irmãos haviam voltado do Beco Diagonal. Ficou decidido ainda esta manhã que compraríamos as coisas para a escola em etapas, primeiro os meninos, depois apenas eu, pois James e suas sabotagens sempre atrasavam tudo e no fim das contas, as lojas fechavam e acabávamos ficando sem algo.

James subiu as escadas gritando. – Lily, adivinha quem eu encontrei por lá? – Ele estava muito animado para meu gosto.

Devo ter feito uma cara confusa, porque poderia ser qualquer pessoa de Hogwarts com quem tivéssemos o mínimo contato, não teria como adivinhar. Antes que eu dissesse qualquer palavra, sua expressão o denunciou, e então não tive dúvidas.

– Pela sua cara de safado, só pode ter sido a Giovanna Trelawney. – Revirei os olhos. Não entendia como a vidente poderia gostar de alguém como meu irmão, eu achava que ela era minimamente inteligente. Ele é do tipo aproveitador! Espero que ela não se iluda ainda mais, ou teria problemas.

– Sim irmãzinha. Ela estava bonita até... Mas decidi esperar as aulas voltarem, porque você sabe, tenho que resolver outros assuntos. – Fiquei chocada com a sua cara de pau, e envergonhada por esse energúmeno ser da minha família. Eu sabia exatamente do que ele estava falando: Beatriz, mas achei melhor que ele não percebesse que eu estava por dentro de tudo.

– Eu suspeito de algumas coisas sobre isso James, fique sabendo que isso não é justo. – Repreendi.

– A medida da justiça é relativa, Lily. Até mais tarde, tenho trabalho a fazer. – E assim, com uma piscadela arrogante, James se afastou com toda a sua petulância, para preparar suas rotineiras traquinagens. Ele estava voltando a ser quem era, e eu não sei se ficava triste ou feliz por isso.

Reconheço que ele se esmera em parecer um cafajeste. Homens...

Mais tarde, depois de tirar um cochilo, desci para ajudar minha mãe com alguns afazeres. Meu pai baixou os óculos e me direcionou um profundo olhar, que eu interpretei como uma análise do meu interior, investigando se eu tinha escutado sua conversa com Flamel, já que deve ter percebido que eu não estava junto com meus irmãos. Como provavelmente ele tinha certeza, apenas meneei positivamente, e meu pai sorriu sem abrir os lábios. Com um gesto sutil, colocou um dedo sobre a boca, obviamente pedindo para que eu nada contasse sobre o que tinha ouvido. Mal sabia ele que eu não tinha a quem contar...

Esse assunto me deixava triste, não saber de qualquer coisa é muito pior do que já ter o conhecimento dela. A dúvida consome a alma, estava aprendendo isso. E se Alexander, Escórpio ou Giovanna estivessem eu perigo? Como eu poderia saber, ou ajudar? Não poderia.

Mamãe percebeu que eu estava em outra dimensão. – Com o que está preocupada, filha? – Ela franziu o cenho. Gina não era de falar muito, mas era fácil perceber que sempre esteve atenta a tudo o que dizia respeito a nós.

– Na escola, acho que já estou com saudades. – Sorri discretamente, tentando convencê-la de que era só isso mesmo.

– Ainda falta pouco mais de um mês para voltarem para Hogwarts, aproveite. – e em silêncio, terminamos de organizar o jantar.

Logo após todos comerem, resolvi assistir um pouco dos programas trouxas junto com os outros, para distrair a cabeça. Não deu muito resultado, me vi pensando novamente em toda a confusão do meu primeiro ano na escola de bruxaria e em tudo que poderia acontecer dali pra frente, afinal, a liderança do Foop estava a solta, desaparecida no mundo bruxo, sabe-se lá fazendo quais atrocidades.

Ainda no dia do baile, quando saímos das masmorras, contei brevemente aos que estavam presentes o que eu havia descoberto sobre o possível retorno do lorde das trevas, que infelizmente aconteceu. Enquanto saía para sentar na escuridão do jardim, pensava nas palavras de Kirche para Arika dizendo que tinham bases do Foop em outras escolas de feitiçaria, e pelo que entendi, até o momento elas continuavam intactas, pois o que acontecera em Hogwarts fora eficientemente abafado.

Eles podiam estar em Durmstrang, Beauxbatons ou na escola de bruxos situadas no Brasil. Eram hipóteses, apenas, mas quando revelei essa parte ao meu pai, ele destinou alguns errantes para uma sigilosa investigação em cada um desses locais. A imprensa não ficara sabendo, e portanto, “O profeta diário” nada publicara de relevante até agora... Isso era bom, pois sensacionalismo de nada ajudaria enquanto se procura os fugitivos.

Antes que eu pudesse questionar, Alvo sentou-se perto de mim. Achei estranho, ele sempre foi mais introspectivo do que James, conversando apenas o necessário e mantendo-se geralmente afastado de tudo, mas era um garoto bom. Não entendia como fora parar na Sonserina... Pensando bem, essa foi uma menção preconceituosa, afinal de contas, Arika era uma exemplar aluna da Grifinória, e veja só o que se tornou. Não é justo julgar o caráter das pessoas baseando-se no casa para qual foram escolhidas, dentro da escola. Repreendi-me por isso.

– Tenho algumas coisas pra te falar. – Fiquei muito surpresa. Eu nunca o tinha visto com o semblante tão preocupado e falando tão incisivamente antes, e o tom baixo de sua voz me assustava um pouco.

– O que foi, Alvo? – Olhei-o com atenção. Pude notar que ele parecia ter medo de alguém escutar nossa conversa, porque a todo instante olhava para os lados em verificação.

Respirou fundo. – Lily, talvez você tenha pensado que eu não quisesse manter contato com você na escola por qualquer motivo idiota que fosse, mas eu realmente tenho uma razão para tanto.

Quando ele parou, vi que precisava de incentivo para falar.

– Não fiquei em momento algum magoada com isso, eu posso entender que você teve que fazer isso. Só não sei o que é... – Era a deixa para que ele continuasse.

– Eu sabia que estava acontecendo algo na escola, notei tão logo comecei meu primeiro ano lá. James, ao contrário de mim, parecia normal e sem suspeitar de nada, tinha amigos que gostavam de aprontar e que eram muito diferentes de mim. Isso fez com que eu e ele não tivéssemos muito contato. Um tempo depois eu entendi que os burburinhos que eu sempre ouvia na sala comunal da Sonserina eram por causa do Foop. A maioria dos líderes são da mesma casa que eu, você deve ter reparado, e do mesmo jeito que aconteceu com você, eles também tentaram me aliar ao grupo, mas eu me recusei de pronto e não dei mais ouvidos a conversas, mantendo-me invisível a eles tanto quanto eu podia. Não sabia de nada do que você descobriu, só não gostava daquele alvoroço que eles faziam sobre como eram melhores e etc. Até que uma vez eu ouvi... – Essa última frase ele dissera mais baixo, e se interrompeu por conta de um barulho vindo da alameda. Eram só alguns adolescentes bagunceiros em um carro com um som ensurdecedor.

– Você ouviu... – Prossegui.

Ele retomou a narrativa. – Ouvi algo sobre preparar o herdeiro do legado das trevas, e que para isso precisavam dos quatro livros dos fundadores. Na hora eu não entendi absolutamente nada, mas a palavra “trevas” ficou martelando em minha cabeça, porque era a prova de que eles não eram boa coisa. Desde então, passei a prestar mais atenção no que eles diziam, mantendo distância para que não percebessem. Eu não fiz grandes progressos, mas sei que esses tais livros que os ouvi mencionando várias vezes estão desaparecidos, e que cada um foi escrito por um fundador de Hogwarts, e me parece que há fórmulas exclusivas criadas e que poderiam aperfeiçoar inestimavelmente um bruxo, como torná-lo imortal. O que sei é que esses livros estão sumidos porque provavelmente está em uma sala secreta do castelo, e até hoje não foi encontrada. Isso eu descobri assim que você entrou, e os vi a cercando mais diretamente do que fizeram comigo. Foi quando decidi que deveria me manter afastado para te proteger e tentar descobrir mais. Sei que eles não encontraram o livro, mas ainda pretendem achar.

Alvo sintetizou muita informação e a jogou em meus ombros de uma vez. Eu fiquei um pouco confusa, todavia, tudo se encaixava como peças de lego. Saber desse livro, da sala secreta e das investidas para angariar um bruxo como meu irmão para a “causa” do Foop foi algo díspar, coisas que eu sequer supunha aconteciam nas intermediações em que Alvo estava presente. Tranquilizei-me um pouco com a garantia de que eles não tiveram acesso aos tais livros, ou então Arika se tornaria praticamente invencível, dada a magnitude dos que os escreveram. Eu precisava encontrá-lo.

– Obrigada por compartilhar isso comigo, eu não tinha ideia de nada Alvo. Pelo menos o Foop não tem mais membros na escola, então os livros estarão a salvo até que os encontremos.

– Não exatamente Lily. A liderança do Foop não está mais na escola, mas eles tinham muitos seguidores que podem sorrateiramente continuar o trabalho. Ainda temos que ser cuidadosos se quisermos manter todos vivos, ou seja, a Arika possessa não é a única coisa com o que se preocupar. O meu maior intuito em te contar todas essas coisas era te alertar disso. Ainda há mais, mas eu preciso investigar melhor antes de te contar, pode ser perigoso. – Alvo Severo falava cada vez mais baixo, em alguns momentos eu apenas deduzia as palavras pelo contexto da conversa, porque não conseguia realmente escutar os sussurros.

– As coisas são piores do que eu imaginei que fossem, preciso descobrir o que fazer. – Eu estava realmente cansada. Era difícil compreender que na verdade, a pior parte estava apenas começando.

– Aja com cautela, acima de tudo. Alerte as pessoas que estão te ajudando também, quanto mais cuidadosos forem, melhor, porque assim diminuem os riscos de serem assassinados. Eles estão corrompidos por Voldemort, não têm piedade. A garota vidente e o Alexander se expuseram demais, mesmo que tivesse sido necessário, e por isso, eles sempre serão alvos de vingança. Todos nós temos que tomar muito cuidado. – Eu me arrepiei. Meu irmão tinha razão em absolutamente tudo o que dissera. Sem mais nem menos, afagou meu ombro e se levantou, entrando novamente em casa.

Esperei pelo que pareceu longos minutos até voltar também, absorvendo todas as informações recentes. Eu estava mentalmente bloqueada, completamente sem rumo á essa altura. Fui diretamente para a cama, implorando ao sono que me trouxesse um pouco de clareza. Dormi imediatamente.

***

Fui acordada por uma visita inesperada. Beatriz pulou em cima de mim fazendo-me abrir os olhos e gritar instantaneamente. Sempre que podia ela fazia isso, e eu sempre tomava o maior susto. Ela gargalhou enquanto eu levantava e escovava os dentes.

– Lily, fala sério, você sempre cai nessa.

– E sempre vou cair Beatriz, eu estava dormindo! E não esperava sua visita... – Eu disse.

– Achei ofensivo... Mas eu não ligo. – Em um gesto absurdamente infantil, ela mostrou a língua. Sorri com isso e fiz o mesmo, com a boca cheia de espuma.

Beatriz viera outras vezes em minha casa desde que eu entrei de férias. Era incrível como nossa amizade não mudou com a distância e nem pelo desentendimento que ocorrera no início das minhas aulas. Conversávamos sobre tudo, menos sobre o fato de eu ser uma bruxa, assim como toda a minha família, já que para a própria segurança dela, não era prudente que ela soubesse.

É claro que ela me perguntou sobre o garoto misterioso de que tinha comentado com ela, mas eu evitava ao máximo o assunto. Acho que a resposta mais completa que eu dei a ela foi: “O nome dele é Alexander Miller. Ele é completamente estranho.”, e Beatriz gostando ou não, o assunto acabava aí.

Estávamos assistindo televisão quando James acordou e desceu, com a cara amassada. Ele estava engraçado, e não pudemos evitar as risadas. Mais que depressa ele subiu novamente e um tempo depois, desceu muito arrumado. Desse momento em diante, Beatriz esqueceu-se de que eu era a amiga dela e, sem paciência para testemunhar os dois se paquerando, deixei-os sozinhos. Tenho certeza de que me agradeceriam, se tivessem notado minha ausência.

Encontrei minha mãe na porta da garagem, ajeitando as compras que trouxera. Ao me ver, abriu um sorriso e disse:

– Temos tempo hoje, que tal irmos comprar suas coisas para a escola? Estou com a lista aqui na bolsa.

Certa de que Beatriz e meu irmão otário não sentiriam a minha falta, assenti. – Vamos, mãe.

Assim que entrei no carro, esqueci-me completamente de tudo, já que é como um ritual de um bruxo adolescente comprar as coisas de que precisa no Beco Diagonal. Temos acesso ao Beco pelo “Caldeirão Furado”, um boteco famoso entre os bruxos.

Quando a parede se desmanchou, o fluxo de pessoas encheu meus olhos. Minha mãe me arrastou para o Banco Gringotes, mas antes de entramos ela parou para conversar com uns conhecidos, e então reparei em um senhor estranho, há poucos metros de mim. Ele estava isolado dos outros, claramente sem saber para onde ir e olhando os prédios com confusão nos olhos... Todos os bruxos conheciam o Beco Diagonal, não era possível que esse pudesse estar tão desnorteado. Ao reparar que eu o olhava, ele fez menção de vir até mim, mas se conteve. Continuei olhando e ele encorajou-se e se aproximou.

– Olá... – Ele disse, hesitante. – Estou precisando de ajuda, você sabe como faço pra voltar? Eu.. Eu não sei como vim parar aqui. – Ele baixou o olhar e então compreendi, chocada. O senhor que falara comigo estava perdido, era um trouxa! Como um trouxa viera parar dentro do Beco Diagonal? Era um lugar que somente os bruxos tinham acesso... Não fazia o menor sentido, e eu entendi que algo sério estava acontecendo. Eu fiquei olhando para o homem, sem ter a menor ideia do que fazer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram?
Recomendações e comentários são super bem vindos!

Até o próximo,
Bjs



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Legado de Lily Potter" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.