O Legado de Lily Potter escrita por O Coração Negro, Lana


Capítulo 24
Capítulo 23 – O renascimento


Notas iniciais do capítulo

Boa noite ^^

Capítulo mais importante até aqui, espero realmente que gostem e comentem!
Recomendações são muito bem vindas também.


Boa leitura!



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Capítulo 23 – O renascimento

Eu não pude acreditar no que via.

O raio de luz verde mais uma vez inundou o local e cegou-me parcialmente, a iminência de Alexander tornar-se um assassino para me salvar deixou-me confusa e até mesmo surda por um mísero instante. Fui despertada por outra voz em um milésimo de segundo antes que a maldição mortal atingisse o Legado do bruxo das Trevas.

– Expelliarmus! – E a varinha de Alex escapou de suas mãos. O raio morreu ao encontrar-se no teto da masmorra escolhida para o derradeiro sacrifício.

Escórpio estava ofegante, apoiado na porta com a cabeça baixa e a varinha pendendo de sua mão esquerda. Alexander olhou para ele com raiva cintilando em seus olhos escuros, ao passo que eu tentava decifrar algo em sua faceta longilínea que o fazia parecer muito com o pai, Draco.

Por um instante todos naquela famigerada sala ficaram mudos, e eu acho que pude ouvir o barulho de passos novamente se aproximando do local. Seria para nos socorrer ou para definitivamente decretar o fim de Alexander e o meu? Á essa altura eu também imaginava que Escórpio tivesse mesmo traído seu único amigo, já que o colocou em tremendo risco.

Arika mais do que depressa conjurou cordas que se atrelaram em volta de Alexander Miller, em seguida dando-o uma rasteira que o fez cair imediatamente no chão, a menos de um metro de mim. E eu, continuava paralisada.

Quando recobrei a consciência, a Arika metamorficada tentava fugir de outra possível tentativa de assassinato, mas Escórpio, que continuava na entrada do local, se pôs em frente a ela, que recuou. Sendo a criatura mais poderosa daquele local, como ela pode desistir de fugir pela presença de um garoto magricela? Simples. Ele a salvou, talvez no único momento em que ela estivesse vulnerável o suficiente para ser morta. Ela achou que teria mais um seguidor, ainda mais este, que possuía um nome que seguiu seu próprio mestre.

Alexander Miller pareceu recobrar o ódio que se perdera na surpresa de se tornar refém, ao invés de assassino. – Por que você me impediu de acabar com o que pode ser a ruína do mundo? Você tem noção do que fez, imbecil!?

O garoto Malfoy apenas abaixou a cabeça e inspirou ar demoradamente, e Arika, que estava ligeiramente perto dele, soltou um breve sorriso de satisfação.

– Vejo que alguém escolheu o mesmo lado que sua família... E pelo visto é mais corajoso do que o próprio pai, e o avô também, porque não dizer... Você será recompensado quando as ambições do Lorde das Trevas assumirem o controle do mundo.

– O que? Não! Eu me recuso a fazer parte dessa sua seita infame, Aberração! Existe outro motivo para você não estar morta agora, e tenha certeza que ele não se refere á você. Não me preocupo nem um pouco com sua existência. – Ele parecia sincero, mas não sei se deveria acreditar.

Foi quando os passos que eu ouvi pouco antes se mostraram no local. Kirche liderava um pequeno grupo de encapuzados que empurraram Escórpio da porta e adentraram o local. A garota pegou o monstro que antes era Arika e arrastou-a consigo, á contragosto. Mesmo eu sentindo a onda de poder que ela irradiava, seu corpo estava indiscutivelmente frágil, como se para ela fosse um grande esforço permanecer em pé.

– O que está fazendo? – Arika perguntou com uma voz dupla e esganiçada, como se duas pessoas estivessem falando de dentro dela. Todos assustaram quando as fendas que seus olhos se transformaram ficaram cintilantes a ponto de esperar que apenas sua visualização por tempo maior fosse capaz de cegar alguém.

– Não temos mais tempo, descobriram. – Kirche parecia desesperada.

– Agora está feito, e sou mais poderosa do que qualquer criatura. Ainda quero mostrar á todos os que estão lá em cima que o legado de Voldemort finalmente renasceu!

– Está tudo pronto lá fora. O caos causado pelos dementadores praticamente cessou e todos no baile estão perplexos com o que aconteceu. Eles sabem que a pirâmide de luz foi quebrada, obviamente, e temos pouco tempo até que percebam que fomos os causadores da confusão, pois não estamos lá. Arika, digo, Mestre, precisamos ir agora!

A Aberração assentiu. – Preciso acabar com eles antes, são perigosos por estarem testemunhando tudo. Os únicos que valeriam a pena é o traidor Miller e a Potter que vocês, seus incompetentes, não conseguiram trazer para o nosso lado e muito menos matar. Sempre tenho que resolver tudo! – A última palavra saltou de sua garganta um pouco distorcida, o que fez a própria garota metamórfica se assustar.

– Isso não é prudente Arika, a garota vidente viu que se não formos agora, perderemos todas as bases e os recrutas que conseguimos em todas as escolas de bruxaria. O FOOP está enfraquecido, mas a mentira de que somos de um grupo anti-trouxas deve continuar por mais um tempo, se não aqui, pelo menos ao redor do mundo bruxo. Os dementadores lá em cima levantaram grandes suspeitas. –Kirche interveio mais uma vez. Isso a fez parar por um momento.

– A garota Potter ainda está aqui, vou matá-la e seguiremos com o plano original então. – Ela respirou fundo, e tudo se paralisou por um instante. Arika começou a se retorcer como se tentasse se livrar de alguma dor profunda, algo que estivesse comprometendo seriamente seu interior. Dei-me conta do que era: havia um conflito dentro de si, ela tentava livrar-se da parte do espírito maligno de Voldemort que se fundiu a ela no momento do sacrifício, talvez pelo arrependimento que deve ter finalmente aparecido em seu coração (se ela ainda tivesse um). Foi quando me recordei: Como ela poderia se arrepender de matar as pessoas que amava se perdera toda sua humanidade com os assassinatos? Não fazia o menor sentido.

Posso ter sido idiota de ter agido da maneira que se seguiu, mas não iria morrer sem ao menos tentar me defender. Agora eu duvidava da lealdade de Escórpio, e Alexander estava desarmado e completamente indefeso por estar amarrado por cordas enfeitiçadas, então, deslizei a mão até o bolso do vestido, com dificuldade por conta das cordas que me amarravam, e consegui envolver minha varinha com a mão direita. A monitora da Grifinória, agora uma besta, atraía as atenções de todas as pessoas naquela masmorra com seu espetáculo de autotortura, o que fez com que ninguém prestasse atenção em mim. Minhas cordas se afrouxaram um pouco com meus movimentos anteriores, e agradeci por não estarem encantadas como as de Alex... um mero descuido que pode salvar minha vida em iminente risco.

Arika continuava se contorcendo e gritando algo ininteligível. Os outros membros do FOOP pareciam cada vez mais aflitos e, agora praticamente com o braço da varinha solto e em posição, me dei o luxo de observá-los por um instante, e Giovanna Trelawney não estava entre eles. Imaginei ser ela a responsável por alertar o diretor Neville e meu pai sobre o que estava acontecendo aqui nas masmorras, e percebi o quanto fora importante ela estar infiltrada no perigoso grupo.

Kirche deu um passo á frente, percebendo que Arika cada vez mais não tinha o controle de seus gestos e emoções, tentou segurá-la e arrastá-la para fora da tenebrosa sala em que estávamos.

A Aberração se debatia insistentemente. – A garota deve morrer, precisa morrer. Ela será uma ameaça para os meus planos se continuar viva, tem o verdadeiro sangue de Potteeeer. – Arika tremeu ao tocar no nome que derrotou o senhor de suas ações, o lendário Lord Voldemort.

Kirche soltou-a nos braços de um outro garoto, este da Sonserina, quartanista. Lembrava dele por ser rotineiramente mencionado por Córmaco em suas aulas como “um bruxo de grandes habilidades, o senhor Isaac Olson”. A garota que me perseguiu desde o instante em que coloquei meus pés no Expresso de Hogwarts seria a responsável pela minha morte... Não hoje.

Erguendo a varinha no alcance dos ombros para proferir a pior maldição de todas, a mesma que matara aqueles que Arika amara, por sua própria varinha. Mantive a mão direita escondida com muito custo, esperando o momento certo de fazê-la perceber que eu não morreria assim, tão fácil. A besta agonizava nos braços de Isaac quando Kirche gritou exasperadamente, e antes que proferisse a maldição, eu me antecipei:

– Estupefaça! – Feitiço certeiro, e Kirche caiu para trás com os olhos arregalados e esbranquiçados.

Respirei fundo, enquanto o único som que se ouvia era o chiado da descontrolada Arika lutando contra si mesma. Agora estávamos diante de dois cadáveres e uma pessoa (embora completamente desprezível, Kirche ainda era uma pessoa) inerte. Antes que alguém dissesse qualquer coisa, uma vidente, Giovanna, totalmente ofegante empurra o punhado de membros do FOOP do vão de entrada e diz:

– Se não saírem daqui agora, serão aprisionados em flagrante pela morte dessas pessoas e por terem praticado magia negra. O FOOP estará acabado e passarão a vida toda em Askaban. Arika se fortaleceu com o ritual, mas não está em condições de defendê-los... E todos sabem que não era esse o plano dela também. Saiam daqui! Eles estão vindo. – Giovanna gritou autoritariamente. Isaac começou a arrastar a besta de aparência ofídica e cabelos loiros ressequidos para fora, mas a mesma retomou a postura e pôs-se a andar eretamente. As fendas agora brilhavam em escarlate, muito mais reluzentes do que antes.

– A vidente traidora tem razão, meu plano começa fora dos muros desta escola infame, pois só assim minha vingança e as trevas se sucederão de forma permanente. Quando eu voltar aqui, deixarei tudo em ruínas, incapaz de se reerguer já que os muros de Hogwarts serão afixados no chão com os corpos de todos que não adeririam a mim. O espetáculo principal será o sacrifício de todos os Potter, e por isso mesmo, a menina deve ficar viva. Irá morrer por minhas mãos -. Esticando o braço na direção da porta, Arika fez com que uma lufada de ar batesse com toda a força contra a ela nos trancando na masmorra. Em seguida, ouvimos passos se afastando, mas a sensação terrível permanecia. Ao longe, pudemos ouvir o eco da voz de Arika: - Eu voltarei,Lily Potter!

– Da próxima vez que nos encontramos, o legado de Voldemort pretende matar a mim e a toda a minha família! E o motivo não é mistério para nenhum de nós... – Eu abaixei a cabeça.

Estávamos ali, num momento pós terror que me fazia recobrar tudo o que tinha visto. Dois mortos, uma garota estuporada, um traidor ferido, eu e Alex, ambos amarrados, mas as cordas que o prendiam estavam encantadas, de modo que as minhas não, e pude me soltar. Eu ainda não conseguia acreditar que Voldemort ressurgira! Ele voltou através de uma garota que doou sua vida á ele e que renunciou ás pessoas que amava para transformar-se na herdeira do Lorde das Trevas, que pretendia cercar o mundo bruxo de seguidores para seu grupo anti-trouxa, quando na verdade é uma seita de magia negra que espera dominar o mundo. E eu nem sequer tentei impedir que ela fosse...

– Ela deveria ir, não só porque era o plano inicial, mas porque se continuasse no castelo provavelmente mataria a todos. O espírito de Voldemort se apossaria por completo dela, e para completar a transformação em seu legado, usaria as poderosas almas bruxas que aqui se encontram para conseguir isso. Isso eu realmente vi, por isso fiz com que fosse embora. – Sim, Giovanna ficara trancada na masmorra conosco. Eu não sabia, afinal, a pouca claridade da única tocha acesa não permitia que tivéssemos a visão total do cômodo.

– Agora ela está fora de controle Giovanna! Eu entendo que você fez o que achou certo, mas, e se o plano de espalhar as trevas aos arredores do mundo der certo? Nós tínhamos que ter detido aquela aberração que a Arika se transformou enquanto ainda estava aqui.

Alexander, que até então estava calado, se manifestou. – Eu bem que tentei, mas o miserável traidor que se diz meu amigo impediu que matasse a bruxa que virou herdeira do Voldemort. – Ele estava verdadeiramente irado, porém, ainda preso pelas cordas. Murmurei um feitiço que as destruísse e o soltei. Por sorte, ele não avançou em Escórpio, que possuía uma perna ferida, em razão do empurrão que Kirche lhe dera.

– Eu disse que tem uma razão para isso. – Escórpio defendeu-se limitadamente.

Alexander recolheu sua voz de súbito e falou sombriamente, de um modo que dava mais medo do que se ele estivesse gritando a plenos pulmões.

– E o que seria,caro amigo Malfoy?

– Por que eu estou do seu lado! Eu não queria que meu melhor amigo se tornasse um assassino!

– Então você deixa o bruxo das trevas mais maligno de todos os tempos fugir? Ela devia morrer! Eu precisava mata-la! Você tem noção do que Voldemort é capaz de fazer?!

– Talvez... mas eu sei que você não iria suportar a culpa de matar alguém! Matar não é algo fácil e simples! Você iria mudar e não para melhor! – disse Malfoy, Alexander avançou nele, como se tivesse uma raiva contida e pronto para extravasar, apenas socou o garoto que até uns momentos atrás era seu amigo, então eu agi e estuporei Alexander.

Fiquei boquiaberta. Eu nunca esperaria um discurso altruísta desses vindo de um Malfoy, o que me fez pensar que talvez houvesse salvação para o nome dessa família. Escórpio fez por Alexander algo que eu não imaginaria que fosse capaz, ele foi solidário e garantiu ao amigo que pelo pouco que sei possui um passado conturbado e um futuro incerto, a chance de não se tornar apenas mais um na escória dos bruxos.

Acho que Alex viria a compreender pela atitude do amigo, mas agora tínhamos problemas maiores. Eu estava com uma amarga sensação de derrota por conta da fuga de Arika, que agora hospedava o espírito do lorde das Trevas.

O ar na masmorra estava mais denso e rarefeito, podia sentir as respirações pesadas das pessoas que me rodeavam e levando em conta que havia dois de nós feridos, precisávamos sair dali o quanto antes. Giovanna parece ter pensado a mesma coisa, já se levantando e pondo-se em prontidão para ajudar o garoto com a perna ferida a se levantar.

Um dos três cadáveres se mexeu, e como estava um tanto escuro, não dava para perceber qual deles era. Eu poderia pensar que era apenas uma pegadinha mental própria, como se meu cérebro necessitasse de mais uma grande dose de adrenalina e por isso criar tal alucinação. Mais um segundo se passou e quando nos aproximávamos da Kirche estuporada, Giovanna quase empurrou Escórpio ao ver o namorado de Arika, que estava morto, sentar-se abruptamente e tomar uma lufada de ar.

– Como... Como isso é possível? Ela te matou, eu vi! – Eu disse exasperada, surpreendida pela visão de Richard Stollen.

Ele não parecia em condições de falar, apenas levantou uma das mãos como quem pede ajuda. Richard abaixou-se para pegar a inerte Kirche no colo enquanto eu me aproximava do garoto, não achava que podia sofrer algum mal de alguém que era pra estar morto após ter sido atacado pela própria namorada.

Ele murmurou baixinho, com a respiração entrecortada - Depois. Eu. Explico. Ajude-me.

Com o feitiço “Alohomora” destrancamos a porta e seguimos pelas escadas de pedra que nos faziam chegar a parte segura do castelo de Hogwarts, se é que podemos dizer assim. Não via a hora de entrarmos no baile e pudéssemos contar o que tinha ocorrido. Com muito custo e após um eternidade arrastando um garoto que era para estar morto, uma garota estuporada e um outro com a perna ferida, visualizamos o caos.

O Salão Principal, onde acontecia o baile em comemoração á vitória na Batalha de Hogwarts, estava completamente irreconhecível. A decoração, agora completamente suja e algumas até mesmo chamuscadas, pendiam das paredes. As velas e tochas estavam metade apagas e o local muito mais frio do que antes. Mesas quebradas e totalmente desorganizadas eram “enfeitadas” com os talheres de prata espalhados. Ao fundo, algumas pessoas com suas vestes rasgadas empunhavam suas varinhas e demonstravam um cansaço incomum. É isso, dementadores.

Quando nos viram na porta do Salão, correram até nós, principalmente nossos pais. Suas expressões de confusão só me confirmaram que eu teria muito a explicar a eles, principalmente ao meu pai, que com seu cabelo bagunçado, era reconhecível de longe.

– Lily! Onde você estava? – Harry Potter, ajudou-me a colocar Richard no chão novamente, enquanto Madame Pomfrey, totalmente descabelada, chegava até nós para ajuda-lo. Seus pais apareceram logo em seguida, justamente com o pai de Kirche e o diretor Neville. Os dois cuidavam da garota agora.

Hugo e Tabitha apareceram no meio da multidão. Pode-se dizer que o estado de ambos não era dos melhores também, ainda mais com a preocupação estampada em suas testas. – Você devia ter nos chamado! Foi muito imprudente Lily! – Ouvir Hugo me repreender era algo que me fazia ter no mínimo raiva, mas relevei dessa vez.

– Oh, pelo menos está viva! Nós estávamos muito aflitos, com os dementadores aqui, poucas pessoas sabiam executar o feitiço do patrono... Perdi você de vista, e prometi te ajudar... Não sei o que faria se tivesse morrido. – Tabitha, sempre tão amavelmente preocupada.

– Eu não tinha tempo, estava acontecendo! Se eu não fosse aquela hora, muitos de nós poderia ter morrido. E eu não consegui evitar completamente as mortes...- Olhei para Richard. Ele estava vivo, mas e os pais da aberração Arika? Sei que não tive muito o que fazer, mas se eu tivesse sido mais atenta aos movimentos do FOOP... Pare Lily, a culpa não é sua.

Escórpio Malfoy agora era examinado por Madame Pomfrey, que deixara Richard com os pais por um instante, um Alex inconsciente foi levado para a ala hospitalar, não contei que ele apenas estava estuporado, tive medo que ele começasse a deixar a raiva sair outra vez. Percebi que os pais do garoto com a perna ferida não estava presente, mas que isso não parecia incomodá-lo muito. Talvez estivesse acostumado com o distanciamento de Draco. Uma vez, meu pai disse-me que o pai do garoto ficara muito decepcionado quando este foi escolhido para a Grifinória, quando sua linhagem toda estudara na Sonserina. A ligação de Alexander e ele poderia ter se originado daí, justamente por esse ponto em comum: ambos se sentiam órfãos.

Neville virou-se instantaneamente para mim:

– O que quer dizer com isso Lily? Houve algo além dos dementadores? Ainda preciso descobrir como foi que roubaram e abriram a pirâmide de luz... Não consigo entender...

– Há muito mais coisas acontecendo além da libertação dos dementadores, Diretor. Eu... Eu não cheguei a tempo de salvar os pais da Arika, monitora da Grifinória. Aliás, não consigo entender como Richard pode estar vivo depois de ter sido atingido pela pior das três maldições imperdoáveis. Oh... talvez seja por isso que a garota estava em um conflito consigo e com a figura de Voldemort que a possuía... pode ser que ela não tenha perdido completamente sua humanidade. Eu vou contar-lhes tudo.

Relatei incansavelmente as tentativas do FOOP de me terem como aliada e em seguida, como eu descobri o real intuito do grupo. Os assassinatos planejados para recair sobre mim e que fracassaram e atingiram inocentes, como Elia Andreiko, com o envenenamento, e depois com o duelo de Alex e James em que Anna Lovegood foi atacada por Joriel, membro de destaque do FOOP. Contei as inúmeras coisas que descobri ao longo do tempo, mesmo sem querer, e também como investigar um meio de reaver a memória de James me trouxe algumas respostas. Tive que explicar também sobre a infiltração de Giovanna no FOOP e suas visões, que ajudaram a me manter viva juntamente com Alexander, que, sem eu saber, também sempre fora meu aliado no meio daquele grupo de víboras, embora eu não tivesse descoberto o motivo ainda. Finalmente, contei absolutamente tudo o que havia acontecido na masmorra nessa noite, o que deixaram todos muito assustados, inclusive meus pais e irmãos.

– E é isso, deixamos a garota que se transformou numa aberração das trevas escapar. Os corpos de seus pais estão lá embaixo, na última masmorra da direita. – Suspirei, derrotada.

– Mas muitos dos que estão aqui viram Voldemort morrer, eu tive ligação direta com sua morte, filha. Como ele poderia reviver, mesmo que através de outra pessoa? – Meu pai indagava perplexo com tudo que acabara de ouvir.

– Eu não consegui descobrir isso pai, ainda não. Sei que se trata de um feitiço que só se consumaria caso as horcruxes fossem destruídas, como de fato vocês fizeram, ou seja, se trata de um feitiço pós-mortem. Acredito que desde a época da derrota, Arika já era a escolhida para carregar o legado, mas ainda não sabemos por que. Precisamos descobrir mais sobre ela, e detê-los enquanto é tempo. Eles voltarão, disseram isso com todas as letras, mas não acho prudentes esperarmos. – Eu tentava me manter calma, mas conforme o sangue esfriava, mais trêmula e amedrontada eu ficava.

Kirche acordara e demonstrava estar muito confusa com toda a cena que presenciava. Seus pais a olharam aliviados, ao mesmo tempo que a reprimiam sem palavras. Não era pra menos, ela apoiou o ressurgimento do maior e mais temido bruxo das trevas de todos os tempos!

Neville Longbottom olhou-a duramente e decretou. – Nós temos que conversar, Kirche. Tomarei as providências necessárias. Quanto aos outros, acho que devem se recolher ás suas casas e arrumar suas coisas, partirão tão logo o dia amanheça no Expresso de Hogwarts, juntamente com seus pais, que serão levados agora ao hotel em Hogsmeade.

Todos se despediram brevemente de seus pais e rapidamente caminharam para as escadas do majestoso castelo. Minha mãe olhava-me protetoramente e um pouco chorosa com o que eu tinha contado a todos instantes antes. Harry, meu pai, tocou-me o ombro e sussurrou ao meu ouvido “Eu me orgulho de você, vamos passar juntos por tudo isso. Vou te ajudar, Lily.”– E após se despedirem de Alvo e James, eles se foram.

Não foi nada fácil adormecer naquela noite. Embora o que meu pai disse tenha acalentado meus pensamentos, não me agrava saber que eu esteja em iminente risco por contado ressurgimento das trevas. Cochilei um pouco e acordei muito antes do horário combinado, aproveitei para reorganizar minhas coisas e verificar se não estava esquecendo nada.

Desci para a sala comunal da Grifinória e sentei-me perto da lareira, ao lado de um Alexander que observava as chamas com um rosto sombrio e até mesmo assustador, olhos meio vidrados.

– Você está bem? – perguntei.

– Sim – ele respondeu de forma fria.

– Você não parece bem.

– Mas estou.

– Hm – eu não sabia bem o que dizer, devia começar perguntando sobre o passado dele? Que eu até conhecia, mas pensei melhor e achei que devia esperar que ele mesmo decidisse dividir; um silêncio constrangedor se abateu sobre nós, mas logo o som de passos anunciou a chegada de alguém na sala, me virei e olhei para Escórpio que virou sem dizer nada e saiu pelo buraco do retrato.

– Vocês brigaram de novo? – perguntei.

– Ele mereceu. – Disse Alex, mas ele pareceu meio incomodado.

– Ele te impediu porque se importa, acho que ele estava certo, você não é o tipo de pessoa que é capaz de matar a sangue frio – disse inocente, ele se virou de forma tão súbita que me assustei.

E o que você sabe? Você não me conhece! Cuide da sua vida, Potter! – Cuspiu Alexander, como se tivesse virado a raiva que sentia contra Escórpio para mim. Ele realmente não estava bem e saiu para seu dormitório parecendo furioso.

Só então me dei conta de uma coisa: descobri que Alexander não é um maníaco assassino e desprezível, e que, embora não soubesse o por quê, podia contar com sua fidelidade. Isso me deixava extremamente feliz, mas agora a ele estava furioso comigo, fiquei ainda mais deprimida.

***

Admito que as coisas não estavam bem, ainda não havia dividido com a família a noticia sobre o fantasma do tio Fred, afinal ele mesmo não achava uma boa idéia aparecer, a escola estava em pânico, afinal não é todo dia que centenas de dementadores são soltos no castelo, para completar tive dificuldades de encontrar minhas coisas em meio a bagunça que minhas colegas de quarto fizeram e meu gatinho havia desaparecido e não foi o único, a grande maioria dos animais de estimação dos alunos havia fugido por causa dos dementadores e muitos ainda não haviam sido encontrados. Fiquei triste quando chegou a hora de ir e meu gato não foi encontrado.

O sol já estava bem alto quando embarcamos no trem que nos levaria de volta a Londres. Eu teria dois meses inteiros de férias para descansar de toda a loucura que vivi no último ano e também para rever meus amigos e parentes.

Quando meus pais deram um jeito de se acomodar na minha cabine com Hugo, Alvo, Tabitha e um emburrado e silencioso Escórpio, senti-me finalmente caindo de sono. Encostei-me na janela e tirei um longo cochilo, e quando dei por mim, acordava com a visão da plataforma nove e meia.

Ainda meio grogue, esfreguei os olhos e suspirei, lembrando de algo que me atormentaria não importa onde eu estivesse. Disse em voz alta, com meus pais olhando-me assustados. Alexander passou por mim sem se despedir.

– Não se preocupe, eventualmente ele vai nos perdoar – disse a voz arrastada de Escórpio Malfoy que se afastou para procurar a própria família.

Meu primeiro ano em Hogwarts havia terminado, o legado de Voldemort ainda está a solta, todos os bruxos e trouxas estavam em perigo, mas este ainda era apenas meu primeiro ano, quando tudo estourasse eu iria lutar e perder não estava no meu vocabulário.


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