Mais um verão escrita por Mark


Capítulo 24
Lembranças de um passado não muito distante




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ANDREW (Point of View)

Eu não queria acreditar naquilo que falaram. Talvez tudo isso fosse um sonho, e eu estivesse dormindo! Eu queria acordar e me esquecer de tudo, dos monstros, do sonho, de tudo mesmo! Mas se isso acontecesse... Eu também me esqueceria de Sophia... E isso, com certeza, eu não quero. Mesmo assim, eu estava com muita raiva. Antes de fugir, minha avó falava essas coisas que eu acreditava ser sem nexo, sobre deuses gregos, mitologia... Ela era muito fã disso tudo. Eu achava que isso tudo era bobagem, antes de ver aquelas coisas. Fugi para que não atacassem a minha avó, mas antes ela me entregou a moeda de bronze e falou sobre tal acampamento. Com certeza o mesmo acampamento de onde os dois adolescentes que vi no sonho, Percy e Annabeth, vieram. Queria acreditar que tudo aquilo era mentira. E então, lembrei do dia em que fugi de casa.

~Flashback ON~
Aquele era um dia frio. Havia voltado para casa depois da escola, e vi minha avó na porta, me esperando.

– Andrew... Que bom que voltou. – ela dizia.

– O que foi vovó? – perguntei, preocupado.

– Não é nada. Só sinto que devo lhe contar algo. – ela falou. – Você sempre teve a curiosidade de saber quem é seu pai, não é mesmo?

Olhei para baixo, e suspirei. Aquele assunto me incomodava. Desde que eu nasci nunca havia conhecido ou visto o meu pai. Não sabia nem se ele ainda existia.

– Não pense que ele quis abandonar sua mãe e você. Muito pelo contrário, ele foi forçado a fazer isso. – ela falou.

– Forçado por quem!? Isso é tudo mentira! Se ele quisesse, poderia vir me ver. – falei, irritado, entrando em casa e jogando a mochila no chão.

– Não fique assim, meu neto. Um dia você ainda o encontrará, e entenderá o motivo disso tudo... – ela disse.

– Falar é fácil! Mesmo que isso aconteça, minha mãe não estará mais aqui para ver isso. – disse ainda muito irritado. – Você não pode me contar a verdade e acabar logo com isso tudo?

– Andrew, se eu lhe falar a verdade, você não acreditará. – ela disse, e então caiu de joelhos no chão.

– Vovó? Você está bem? – corri para lhe ajudar, mas ela falou.

– Andrew, nós não temos muito tempo antes que eles o encontrem. Você precisa ir! – falou.

– Ir? Ir pra onde? – perguntei assustado.

Então ela levantou e foi até seu quarto. Esperei na sala, confuso, mas quando ela voltou, trazia consigo uma caixa de madeira velha.

– Você deverá levar isso com você. – ela falou, estendo a caixa em minha direção.

– Uma caixa de madeira? – eu perguntei irônico.

– Abra a caixa. – ela falou calma.

Então eu abri, e vi um objeto, como se fosse uma moeda antiga.

– Você deverá levar isso com você... Isso salvará sua vida diversas vezes. Em momentos de extremo perigo, você usará isso para se proteger. – minha avó falou.

– Isso é só uma moeda velha! – reclamei.

Andrew, você ainda não descobriu qual seu verdadeiro poder... Mas em breve descobrirá. Seu pai divino o reclamará, e tudo se tornará mais claro. – ela disse. – Agora vá! Não há mais tempo... Eles estão chegando!

– Não vovó! Quem está chegando? Eu vou ficar para te proteger! – eu falei a abraçando, e chorando.

– Não Andrew. Eles não me querem. Eles querem você. - ela disse quando separou o abraço, apontando o dedo indicador para mim. – Vai ficar tudo bem. Você deve ir para o Acampamento, e falar o sobrenome da sua família!

~Flashback OFF~

Nesse momento, enquanto eu ainda pensava em tudo aquilo, Sophia se aproximou.

– Posso sentar aqui? – ela perguntou, eu assenti. – Olhe Andrew, eu sei que é difícil entender isso. Eu mesma adoraria não acreditar, dizer que é tudo falso. Mas diante de todas as evidências, nós sabemos que não é.

– Não! É tudo mentira. Isso não pode ser verdade! – eu falei, querendo acreditar no que eu disse.

– Andrew, você acha que ser perseguido por monstros é normal? – ela perguntou.

– Não, mas... E todas aquelas pessoas, que não viam aquelas coisas, e só começaram a correr quando ouviram as explosões? – falei, olhando nos olhos de Sophia.

– Acredito que apenas nós podemos ver...

– E como Percy e Annabeth também viram? – perguntei, irritado.

– Você esqueceu que eles são como nós? – ela perguntou.

Eu sabia que seria impossível discutir com Sophia, especialmente se ela usasse aquela doce voz que me fez ceder sobre mostrar a ela a moeda de bronze, mas ela não estava fazendo aquilo. Ela falava normal, como sempre fizera. Ela estava com razão, e eu tinha de admitir.

– Mas... O meu pai! Ele não podia demorar tanto para me ver! Ele sequer liga pra mim! – falei, levantando. Ao longe, vi Percy e Annabeth, sentados na areia, conversando.

Pensei em Percy, ele aparentava ser um pouco mais velho que eu, mas ele não parecia irritado pelo fato de que só veio conhecer seu pai com doze anos... Ele também queria me ajudar. Será que ele conseguiu perdoar o pai, por não se mostrar presente quando necessário?

– Eu também nunca vi minha mãe, Andrew. Sempre vivi com a minha avó... – falava Sophia, tentando ser forte para não desabar em lágrimas como fizera antes. – Percy e Annabeth só conheceram os pais divinos quando foram para o tal acampamento.

– Então você quer que eu perdoe meu pai, que eu nem sei quem, por não gostar de mim? Não me ver? Não saber que eu existo? – perguntei, indignado.

– E se ele quisesse te ver, quisesse falar com você, mas não pudesse? – ela contra-atacou. – Você acha normal ter um pai divino batendo na porta da sua casa, e chamar você para um passeio no parque? Isso é impossível, Andrew.

Ela estava certa. Eu coloquei a cabeça entre as mãos, tentando novamente acordar de um sonho que não era sonho, era realidade.

– Você... Está certa. – me forcei a falar, Sophia sorriu.

Ficamos ali, olhando para o mar, sem falar nada por minutos. Então, eu quebrei o gelo falando de uma coisa que estava me deixando bastante curioso.

– É estranho. – falei.

– O que? – Sophia perguntou.

– Naquela hora você me pediu pra Mostrar a moeda a você, e eu... Mostrei. Eu não devia ter feito isso. – falei. – E você podia usar essa coisa da voz pra me convencer aqui mesmo, sem precisar ficar com a razão! – Sophia sorriu.

– Eu... Eu não sei o que foi aquilo. Só pedi para você me mostrar a moeda e me entregar, e você o fez. Não foi nada demais. – Sophia falou, mas sei que essa não era mesmo a verdade. Eu convivia com aquela garota há tão pouco tempo, mas parecia já conhecê-la bem.

– Hum. – falei.

– Bom... O que você acha de irmos logo até Percy e Annabeth? Não deve ser legal ir fazer um grande favor para dois pré-adolescentes que veem monstros, e ficar esperando. – falou Sophia, eu sorri e assenti.

Agora eu estava melhor que antes. Eu percebi que fui muito egoísta em pensar apenas em mim, quando falei sobre meu pai não me conhecer, ou ligar para mim. Percy também passou boa parte da vida sem conhecer o pai, assim como Annabeth passou sem conhecer a mãe. Além de Sophia, que além de não conhecer a mãe, me ajudou, falando aquilo tudo para eu perceber que deveria ir junto com eles para o tal acampamento.

– Vamos. – falei, levantando e erguendo mão para Sophia se apoiar e levantar também.

Olhamos o mar uma última vez, senti que demoraríamos a voltar àquele lugar. E então, andamos em direção à Percy e Annabeth.


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