Ébano escrita por Ferana


Capítulo 4
Passado Obscuro


Notas iniciais do capítulo

"Fada levou a mão à boca, pasma. Noel e Coelho a olhavam chocados e Sandy encarava espantado Royena e depois lua, como se a questionasse."

Boa leitura! ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/427848/chapter/4

Era bastante óbvio para os 4 guardiões que Lucien não ficaria parado por muito tempo. Norte vigiava constantemente o globo terrestre que ficava em sua oficina, povoado por pequenas luzes que representavam cada criança, procurando por pontos vacilantes ou mesmo apagados, e não tardou a localizar problemas: em uma pequena área, alguns quilômetros distante do local do primeiro encontro com Hinkypunk, as luzes começavam a se apagar. Imediatamente Norte acionou o sinal de perigo e uma bela aurora boreal surgiu nos céus, alertando Fada, Coelhão e Sandy, que rumaram imediatamente à oficina. Menos de 10 minutos depois, estavam todos reunidos.

- Onde é o problema, Norte? – Perguntou Fada, sobressaltada.

- Na floresta vizinha à de Royena, devemos ir imediatamente para lá. – Retumbou Papai Noel, balançando firmemente o braço na direção de uma grande porta de madeira em seguida – Para o trenó!

- Olha, eu vou na frente, vou encontrar Royena e nos reunimos no local. – Dizendo isso, Coelhão bateu uma das patas no chão duas vezes e um enorme buraco surgiu, no qual ele pulou e desapareceu, deixando para trás apenas uma pequenina flor lilás no chão da oficina de Norte.

- Esse Coelho... É só citar o trenó que ele dá um jeito de sumir! – Riu Norte, fazendo um sinal para Fada e Sandy o seguirem.

Coelhão pulou pela outra extremidade do buraco e se viu em um lugar estranho: uma caverna tenebrosa e estreita, que descia vertiginosamente. Ele desceu rapidamente até um pequeno portal de pedra que se abria para uma câmara circular e escura – apesar da escuridão, Coelhão conseguia ver que o chão ia apenas alguns metros á sua frente e depois disso havia um pequeno laguinho, pelo qual passava um caminho de pedras que levava á uma ilhota onde uma estátua destruída jazia no chão. Por alguns momentos achou que havia pegado o caminho errado e ido parar em algum lugar secreto do Covil de Breu.

- Royena? Está aí? – Falou ele, fazendo um eco arrepiante na caverna.

Uma sombra se ergueu diante da estátua e voltou-se para Coelhão, que por alguns segundos temeu ser algo maligno, mas aliviou-se ao ver que era a guardiã da floresta. Ele pulou de pedra em pedra até alcançar a ilhota.

- Onde estamos? – perguntou ele, olhando ao redor e vendo que os restos da estátua na verdade era uma réplica de Lucien em pedra. A mesma pedra esbranquiçada da qual eram feitos as estátuas no esconderijo de Royena.

- Aqui era onde Lucien foi selado. Vim tentar descobrir como ele se libertou, e não precisa saber muito pra averiguar o que houve... – suspirou ela, olhando a estátua. – Provavelmente aqueles garotos descobriram a caverna e trincaram a estátua, por vandalismo ou acidente, e Lucien terminou o trabalho.

- Você deixou essa coisa dessas num lugar tão vulnerável assim? – Coelhão disse, erguendo uma das sobrancelhas, incrédulo.

- Não, havia um selo na entrada da caverna que fazia com que humanos não pudessem encontrá-la, mas... Com meus poderes desaparecendo, ele deve ter enfraquecido também. – ela olhou com um misto de frustração e raiva para a estátua por alguns segundos. – Mas bem, se veio me procurar, imagino que Lucien esteja atacando de novo. – sua expressão voltou à seriedade.

- Na mosca! – Disse coelhão, apontando o indicador para Royena enquanto batia com uma das patas no chão, duas vezes, e outro buraco se abria. – Vamos nessa.

Após alguns segundos no turbilhão colorido que era o buraco, os dois saíram em outra floresta, à tempo de ver o portal de Norte se abrir no céu e o trenó surgir entre a nuvens, manobrando e em seguida pousando próximo à eles.

- É bom revê-los. – sorriu Royena, os cumprimentando enquanto desembarcavam do trenó.

- Igualmente, minha cara. Uma pena que o motivo desse encontro não seja tão bom assim. – saudou Norte, com uma expressão amena.

- Sim, espero que um dia tenhamos uma reunião por motivos mais felizes. – sorriu ela e em seguida, observando de canto de olho uma árvore à certa distância, disse – É bom revê-lo também, Breu.

Os guardiões olharam rapidamente com uma expressão de sobressalto para a árvore, de trás da qual saiu Breu e os encarou, com uma expressão neutra.

- Bom revê-lo uma ova! – exclamou Coelho antes de qualquer ação do Rei dos pesadelos – Ninguém aqui está agradado em ver a sua cara feia, Papão.

- Você bem que podia aprender alguns modos com ela, coelhinho. – disse Breu com desprezo, em seguida fez um cumprimento cordial à Royena. – E relaxem, não vim aqui atrapalhar os planos de ninguém, exceto os daquele Hinkypunk desprezível.

- E vai fazer o que? – riu o Coelho, tomando uma posição confiante – Mandar as suas sombrazinhas insignificantes para elas sumirem na frente da lanterna dele? Encare Breu, seus poderes já eram, voc- - Ele foi interrompido quando sentiu algo puxar seu calcanhar e o fazer cair de barriga no chão, fazendo parecer que caíra sozinho.

- Oh, o que foi isso? Será que foi uma brisa que derrubou o pobre coelhinho? Está precisando comer mais cenouras, hein. – provocou Breu, com um sorriso maligno.

- Ora, como se atreve...

Coelhão falava com os dentes cerrados, sacando seu bumerangue para atacar Breu, mas uma risada aguda o fez parar e olhar para o céu, com mais desprezo ainda. Uma nuvem se formou em torno deles e apenas a voz de Lucien ecoava dela. Todos ficaram em suas posições de ataque encarando a névoa avermelhada.

- Pararam por que? Estava tão divertido... – outro riso agudo resoou. – Se continuarem assim, me poupariam o trabalho de me livrar de vocês pessoalmente.

- Ha! – riu Norte – Quantas besteiras em uma única frase... Achar que Breu poderia nos derrotar!

- Hm... É Norte, tem razão... Esses dois inúteis jamais seriam capazes de derrotar vocês, guardiões.

- Além da sanidade você também perdeu a memória? – Fada o encarava séria. – Royena foi escolhida pelo Homem da Lua para nos auxiliar, logo após acabar com seu ataque que nos cegou. Ela está conosco, não com Breu.

- Ah, esse infeliz evento novamente. – suspirou Lucien, entediado. – E ela não fez mesmo a parceria com o Breu que eu sugeri?... Ou, melhor dizendo, vocês aceitaram ela mesmo como aliada?

Sandy fez uma interrogação de areia sobre sua cabeça, enquanto encarava Lucien com olhar de suspeita o indagando silenciosamente sobre o que diabos ele estava insinuando.

- Ohhh... Ela não contou à vocês quem ela realmente é?

Lucien tomou sua forma física portando um sorriso extremamente maligno, mostrando seus pequenos dentes afiados, brancos como estrelas pontiagudas. Observava a ira dos guardiões aumentar e isso o divertia. Um pequeno arrepio de ansiedade percorreu Royena após a fala do Hinkypunk, mas esta conseguiu manter a expressão séria. O único a perceber isso foi Breu, ele podia sentir uma leve essência emanando da garota, uma essência que ele adorava e há muito não sentia: medo.

- Pare de enrolar e desça aqui para nos encarar, seu covarde! – bradou o Coelho.

- Ora, achei que vocês ficariam tão interessados na história que eu iria contar... De como Royena e eu éramos amigos enquanto ela ainda era viva, de como ela era uma excelente ladra quando eu a auxiliava em suas emboscadas, e, especialmente... De que ela era um Hinkypunk quando renasceu como espírito.

O choque foi geral, por mais que os 4 tentassem manter a expressão séria. A sombra no olhar de cada um deles fez Lucien se contorcer de alegria no ar, rindo insanamente até seus olhos lacrimejarem.

- Até parece que vamos acreditar nisso! – Gritou Fada, quebrando o silêncio. – Ela é um espírito da Floresta, honrada e bondosa! Não é, Royena?!

Todos se voltaram para a garota, que estava olhando fixamente para o chão, em silêncio. Os lábios cerrados já perdiam a cor devido á força com a qual ela os apertava um contra o outro. Fada levou a mão à boca, pasma. Noel e Coelho a olhavam chocados e Sandy encarava espantado Royena e depois lua, como se a questionasse. Breu se deliciava silenciosamente com o medo que exalava da garota, agora mergulhada num terror mudo.

- Isso é verdade? – Norte recuperou a voz e indagou.

- ... Sim –disse Royena, levantando a cabeça repentinamente, lívida. Seu medo havia desaparecido com a mesma rapidez que surgira, para tristeza de Breu. – Isso em parte é verdade.

- Explique-se. – falou Coelho, num tom seco.

- Depois. Por agora, tudo o que precisam saber é que estou do lado de vocês, ou estaremos caindo na armadilha de Lucien.

Royena assumiu sua posição de ataque encarando Lucien, que vacilou sob aqueles olhos frios, frios como a terra. Se lembrava de como ela o havia encarado assim em sua última luta, na qual terminara exilado em uma estátua no fundo de uma caverna. Breu sentiu o pequeno lampejo de dúvida que surgiu em Hinkypunk, e não deixaria isso passar em branco.

- Minha vez... – sussurrou para si mesmo.

Breu ergueu rapidamente os braços como dois chicotes e os impulsionou para frente com energia e, junto se seu movimento, sombras se ergueram atrás de Lucien e o atacaram. O Hinkypunk sorriu e apontou sua lanterna contra elas, mas não conseguiu dissolvê-las. Pego de surpresa, levou o ataque das sombras em cheio e foi atirado ao chão. Os guardiões saíram de seu transe e avançaram para cima dele, mas Lucien com toda sua rapidez passou a lanterna no chão diante de si e fez uma parede de labaredas subir, parando o avanço dos guardiões novamente.

- Estúpido! – ele lançou um olhar agudo para Breu e mudou seu tom de voz, ficando completamente sério, como um nobre animal que acaba de ter seu orgulho ferido. – Você teve a chance de acabar comigo em um único golpe e foi incapaz de fazê-lo. Uma pena que sua tentativa tenha sido uma escolha patética de ataque direto. Não pense que vou lhe dar outra oportunidade como esta, Breu...

Com um lampejo amarelado, Lucien desapareceu, havia fugido novamente bem debaixo do nariz de seus 6 adversários. Mas isso não importava agora, pelo menos não para os guardiões.

- Agora você nos deve respostas. – Fada estava tão séria quanto Coelhão quando disse isso, voltando-se para Royena. – E respostas verdadeiras.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não resisti em deixar o final pendente, me perdoem, mas jamais renego um bom suspense quando posso xD Explicações e a backstory de Royena estão por vir! ^^

E estou tão feliz, realmente tem pessoa lendo! *-* Muito obrigada Winter e Uma Shadowhunter, pelos comentários e apoio! =)

Até o próximo capítulo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ébano" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.