Ébano escrita por Ferana


Capítulo 13
Sol da Meia Noite


Notas iniciais do capítulo

Antes de tudo... Mais um pedido de desculpas u_u' Dessa vez eu realmente fui longe demais com a demora de atualização e reconheço isso. Tive problemas com meu trabalho e uma viagem não prevista que acabaram me enrolando com esse capítulo - que já estava sendo um dos mais difíceis de escrever não vou mentir! Mas bem, depois que se entra na faculdade é isso, em algum momento ou outro você percebe de 'férias' infelizemente é um nome bonito para 'período que posso trabalhar em casa', e só isso x.x

Enfim, chega de retratações e explicações, espero que possam compreender os motivos e aceitar minhas desculpas e.e

Boa leitura, seus lyndos!



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O sol morria mais uma vez no horizonte enquanto Royena o assistia. A garota já não tinha mais nenhuma atadura de terra pelo corpo, apesar de apresentar algumas feridas que ainda não estavam completamente curadas. Ela aproveitava os últimos momentos de luz para se preparar... A batalha final iria acontecer naquela noite.

– Está na hora. – disse ela, assim que o último brilho solar sumiu por entra as altas árvores da floresta.

Royena tomou sua forma de cabra e saiu em disparada para o centro da floresta. Não tardou para ela ganhar companheiros de viagem. Fada e Sandy mergulharam dos céus entre as folhas e do chão surgiram Norte e Coelho, todos os 4 correndo tanto quanto a garota.

– Estão adiantados! – riu ela, mantendo a velocidade.

– “Amanhã, quando o último raio descer.”! E aqui estamos nós, haha! – Ria Norte, correndo ao lado da cabra brandindo suas espadas, como quem tem sede de luta.

– E dessa vez, não ficaremos presos de forma alguma! – exclamou Fada, confiante.

– Esse é o espírito! – bradou Royena. – Só temos um atrasado.

– Atrasado? Isso me ofende.

– Onde você está, Breu? – perguntou Coelho, olhando por entra as árvores com dificuldade, devido á velocidade com que corriam.

– Estou com Royena muito antes de vocês.

– Comigo? - Royena indagou, olhando para a própria sombra em seguida, se sentindo tola. A sombra mexeu a boca sorrindo e pequenos dentes afiados apareceram. Os cifres da cabra estavam bem maiores e mais pontudos que o normal. – Muito engraçado.

O grupo continuou à toda velocidade por algum tempo até chegarem à abertura de uma caverna. Coelho já estivera lá uma vez, e Royena a conhecia como a palma de sua mão. Era a antiga prisão de Lucien. O grupo parou em um semicírculo diante da entrada e Royena pôs-se à frente, com o arco já em mãos.

– Lucien, apareça! – gritou a plenos pulmões diante da boca da caverna, fazendo um eco que foi se aprofundando na garganta pedregosa.

O chamado foi logo respondido com um turbilhão de fogo saindo pela caverna, os guardiões recuaram e assistiram o pilar de fogo se manter no céu por alguns longos segundos, como se um enorme dragão tivesse acabado de acordar sob a terra. Lucien logo apareceu atravessando o pilar de chamas como uma fênix, e o fogo se extinguiu logo atrás dele.

– Ora, ora, vejo que todos vieram prestigiar a morte de sua preciosa amiga. Mas não pretendo me alongar em discursos dessa vez.

Os guardiões esperaram um ataque após tal declaração, mas Lucien não se mexeu. Ele apenas sorriu olhando os inimigos estáticos.

– Não vão se mexer? Já estão sob ataque desde que me chamaram.

– Sob ata... CORRAM! – gritou Royena repentinamente após entender a estratégia de Lucien.

Os guardiões e Breu se separaram, mesmos em entender a princípio o que aconteceu, mas uma lança de chamas vinda do céu exatamente sobre onde eles estavam há segundos respondeu todas as perguntas. O turbilhão inicial não era apenas uma introdução pomposa do Hinkypunk, e sim uma bateria de chamas que retornariam ao solo como um poderoso ataque. Seguiu-se quase uma chuva de fogo sobre eles e a floresta ao redor, que começou a arder como se as árvores fossem tochas contra a noite.

– O que vai fazer, Royena? Me enfrentar ou salvar sua amada floresta?!

A garota sequer se deu ao trabalho de responder, apenas avançou contra Hinkypunk com uma chuva de flechas, que faziam a terra engolir tudo o que tocavam. Logo o campo de batalha estava cheio de protuberâncias terrosas. Lucien fugia rindo, olhando a floresta pegar fogo ao seu redor e nenhum ataque sendo capaz de impedi-lo. Porém sua sádica diversão não se estendeu por muito tempo, pois o fogo começava a se apagar nas copas das árvores.

– O quê?! – gritou ele, enfurecido e confuso.

Ao longe era possível ver um ser rápido apagando as chamas como se fosse diversão. Lucien jamais dera atenção à ele por achar que nunca se intrometeria em seus planos, mas lá estava o rapaz, gargalhando e girando entre as labaredas, que se apagavam.

– JACK FROST! – gritou Lucien, com os dentes afiados expostos, cheio de fúria.

Jack ouviu seu nome ecoar cheio de cólera até onde estava e virou-se para a luta até cruzar olhares com Lucien, para o qual simplesmente soltou um sorriso zombeteiro e acenou enquanto continuava a fazer piruetas no ar e apagar as chamas com seu gelo. Enquanto era consumido pelo ódio, Lucien acabou sendo alvo de uma das flechas de Royena. Ele urrou de dor ao sentir a ponta metálica acertar-lhe o ombro e em seguida um filete de terra lançar-se do chão contra seu ombro, puxando-o contra a terra que tentava engoli-lo por completo. Lucien, porém, rompeu o filete ao tocar no chão e, com um rolamento, pôs-se de pé diante de Royena, livrando-se a terra que tentava engoli-lo.

– Muito sagaz, mas não vai me derrotar se ficar tentando apenas me puxar para o chão. – disse o espírito maligno, arrancando a flecha do ombro e começando a flutuar novamente, até que foi puxado para o chão como que por magnetismo. – ...Mas que diabos?! – Ele tentou flutuar novamente com mais velocidade e foi puxado contra o chão pelas solas do pé novamente, dessa vez desequilibrando-se pela força com que foi puxado.

– Realmente não vai funcionar, a não ser que tenha algo que te grude no chão, espiritozinho esnobe. – disse uma voz sem corpo.

Lucien arregalou os olhos e encarou sua própria sombra, que lhe sorriu com dentes afiados e se transformou numa silhueta esguia e com cabelos eriçados para trás. Percebendo que caíra na armadilha de forma risível, ele apenas pegou a flecha que tirara do ombro e a atirou precisa e mortalmente onde estaria o rosto de Breu na sombra e bradou:

– Só existe lugar para um Rei dos Pesadelos, Breu!

– Exatamente, um Rei, não um Bispo metido à besta. – o sorriso da sombra aumentou.

Lucien trincou os dentes e voltou a encarar Royena, mas ao seu redor agora estavam todos os guardiões.

– Ora, ora, quem diria que ele cairia nessa! – riu Norte.

– Sim, sim, reconheço que foi ridículo ter notado a estratégia depois de já ter caído na mesma. Admito que evitar um ataque conjunto de cara ajudou muito a disfarçar o verdadeiro objetivo de me jogar no chão. – Lucien parecia voltar ao seu costumei estado de sarcasmo constante. – Porém, vocês não são os únicos a terem reforços...

Dito isso, Lucien apenas tirou a cartola e a jogou no chão. De dentro da mesma, começaram a brotar milhares de pequenos seres de fogo que iniciaram um ataque em massa contra os guardiões.

– Mas o que diabos é isso?! – exclamava Toothiana, desviando dos seres e os perfurando com suas asas, que eram afiadas como espadas*.

– Digamos que é um pequeno reforço que eu fiz questão de dominar nos últimos dias... Vocês sabem, para garantir uma luta mais justa. – sorriu maliciosamente o Hinkypunk.

Os pequenos seres de fogo atacavam ferozmente os guardiões. Mas apenas eles. Royena claramente não era o foco dos pequenos diabretes, e percebeu rapidamente qual o objetivo de Lucien: lutar única e exclusivamente com ela. Ele sabia que estaria em muita desvantagem contra o grupo todo e seria tolice e muito mais difícil tentar isolar inicialmente um único guardião. Quanto à Breu, seu desdém pelo mesmo era tão grande que nem se dera ao trabalho de considera-lo nesta conta – o que agora era um incômodo, já que o mesmo o atava ao chão e os poucos diabretes que o atacavam não eram suficientes para deixa-lo fraco a ponto de soltar completamente os pés de Lucien.

– Quer minha atenção exclusiva, Lucien? – perguntou Royena, irônica, olhando ao redor e vendo os guardiões tentando se livrar dos pequenos diabretes, que continuavam a renascer.

Talvez. – sorriu o ser maligno em resposta.

Lucien não demorou a investir contra Royena com sua lanterna expelindo fogo na direção da garota, que habilmente esquivou para o lado e, fechando o punho num movimento violento, fez todas as flechas que estavam enterradas ao redor de Lucien o atacarem repentinamente. O Hinkypunk foi capaz de desviar da maioria, mas acabou levando alguns golpes de raspão – e as flechas que erraram o alvo voltaram a se esconder pelo campo em pequenos montes de terra. Lucien continuou avançando sobre Royena rapidamente, lançando labaredas ferozmente – Breu era capaz de prendê-lo ao chão, mas devido ao constante ataque de alguns diabretes de fogo, era incapaz de impedir o inimigo de se mover em terra.
Após esquivar de muitas labaredas e se queimar em algumas partes do corpo, Royena finalmente conseguiu achar um furo no ataque de Lucien e, impulsionada por torrões de terra que controlava com os pés, contra-atacou com um golpe direto no peito de Hinkypunk, que recuou brevemente sem ar dando à garota a chance de iniciar um ataque massivo, jogando-lhe pedras e enormes acumulados de terra com flechas em seu interior. Aos poucos o campo ao redor de Lucien começou a ficar cada vez mais entulhado com pedras e terra, tonando esquivas e qualquer tipo de movimento rápido impraticáveis. Lucien estava começando a ficar irritado por estar em uma desvantagem não prevista e, com uma olhar enraivecido para Breu, gritou para os poucos diabretes de fogo que tentava atacar a sombra, inutilmente:

– Juntem-se em um único corpo!

Os diabretes imediatamente começaram a se empulhar furiosamente até que eles viraram uma única massa quem, após se debater temporariamente, conseguiu levantar-se. Era muito maior do que qualquer diabrete solto, tinha mais ou menos a estatura de uma criança de 12 ano e brilhava como uma lanterna de cristal. Bastou se aproximar de Breu e golpeá-lo com as mãos nuas para que o rei dos Pesadelos fosse incapaz de continuar a reter Lucien no chão. Breu escorreu pelas sombras das árvores antes que fosse totalmente consumido pela luz do diabrete gigante e tomou sua forma física logo atrás de Royena.

– Hahahahaha! – Lucien ria compulsivamente, flutuando sobre os dois. – Acho que sua estratégia foi pelos ares, minha querida Royena!

A garota destruiu o acumulado de Diabretes gigantes com uma única flechada, furiosa, e encarou Hinkypunk com os olhos frios. Ele havia destruído a estratégia que ela mais estava confiando, mas não era o fim, ela sabia que poderia lidar com ele mesmo flutuando. Os golpes desenfreados continuaram, Royena sempre tomando cuidado para manter Lucien longe dos outros guardiões – que já estavam tendo problemas o suficiente destruindo os diabretes de fogo e impedindo-os de ir para a floresta. Outro problema para a garota era sua própria forma de Hinkypunk, queria ter certeza de que utilizaria tais poderes na hora certa, pois era a esperança de vitória de todos os seus aliados...

– Royena, cuidado!

A garota repentinamente foi resgatada do seu mergulho em seus temores pessoais e desviou rapidamente de uma investida direta que Lucien fizera por suas costas. Pôde sentir o calor das chamas lambendo sua nuca quando desviou e o olhar irritadiço de Breu, que lutava para desviar dos pequenos diabretes que o afastavam do embate de Royena.

– Preste atenção na luta, sua idiota! – ele gritava ao longe, visivelmente irritado com o desleixe temporário da garota.

Royena voltou a se focar no inimigo, prostrado diante dela com seu eterno ar de soberba. A garota estreitou os olhos e avançou com tudo contra ele usando a velha técnica de se mover com impulso da terra, como se patinasse. Sua idéia agora era tentar fazendo Lucien tocar no chão novamente e usar toda sua energia para engoli-lo com a terra pelo menos até metade das pernas, mas sabia que seria muito mais difícil derrubá-lo sozinha dessa vez. Ela voltou a atacar com as flechas que se enterravam após o ataque e atirava torrões para tentar acertar Lucien e interceptar as labaredas que ele lhe mandava em resposta. O corpo da garota começava a dar sinais de cansaço após tanto tempo se movendo para atacar e recuar, quando finalmente uma das flechas se prendeu à barra da calça de Lucien e imediatamente invocou o filete de terra para puxá-lo. Hinkypunk apenas riu e cortou o filete antes que pudesse arrastá-lo completamente para o chão e lançou um olhar de provocação afiado á garota – porém, este foi seu erro. Ele viu rapidamente algo vindo pelo outro lado e quando se deu conta, já era tarde: um dos bumerangues do Coelho o acertava em cheio no rosto e com força o suficiente para lança-lo de cara na terra. Royena não perdeu tempo e começou imediatamente a envolver o corpo do espírito maligno com a terra. Desesperado, Lucien juntou toda sua energia na mão que ainda estava livre e lançou uma gigantesca bola de fogo em forma de estrela de sua lanterna, como uma tentativa de ataque final contra Royena, mas o golpe passou direto ao lado da garota.

– Você errou. – disse a garota, com ar e vitória, enquanto terminava de enterra o inimigo, sorrindo friamente.

– Tem certeza? – questionou Lucien com um ar sádico, enquanto lutava entra arfadas para manter metade do corpo fora da terra.

Um urro de dor vindo de trás de Royena fez o sorriso no rosto dela desaparecer automaticamente. Ela se voltou à tempo de ver a vítima do golpe tombar diante de seus olhos e ser encoberto por Diabretes em polvorosa.

– BREU!

Foi a única coisa que ela conseguiu gritar antes de correr na direção do Rei dos Pesadelos, que caíra no chão, semiconsciente. Com um único golpe destruiu todos os diabretes que estava por cima do corpo dele e o segurou pelos ombros, apenas o olhando em prantos. Conseguia sentir a respiração pesada do homem mesmo estando distante de seu rosto.

– Sua... Volte para... a luta! – Breu falava entre tossidas e arfadas em busca de ar. – Seu inimigo ainda não caiu!

– Silêncio! – imperou a garota, puxando o torso de Breu para cima do colo e fazendo terra e folhas caídas cobrirem as costas inteiras e partes dos membros feridos do homem.

Nem ela nem Breu puderam ver, mas ao redor deles tudo havia parado. Os guardiões, Lucien e até mesmo os diabretes estavam como congelados, apenas olhando extasiados na direção dos dois.

– Mas... Impossível. – balbuciava Norte.

– Isso é muito, muito além do que eu jamais senti vindo dela. – comentou Coelho, sem mesmo olhar para Norte.

– Não tem como, isso é muito... PODER! – Lucien falava, com os olhos vidrados na garota.

Sem pensar duas vezes, o Hinkypunk se arrastou para fora da terra que parara de puxá-lo e lançou outra estrela de fogo gigantesca na direção de Royena e Breu. Antes que qualquer um dos guardiões tivesse tempo de gritar para os dois ou interferir, um clarão cegou todos por frações de segundo e, quando desapareceu, não havia mais estrela de fogo e Royena e Breu estavam exatamente no mesmo lugar, vivos e quase inteiros. Royena apenas colocou Breu deitado delicadamente diante dela.

– Essa aura... Parabéns, você finalmente conseguiu, sua... Idiota. – essas foram as palavras finais de Breu para a garota, com seu habitual olhar de desdém, antes de ficar inconsciente.

– Não... Não... NÃO! – Lucien gritava, se recusando a acreditar. – Isso não...

Royena, ainda de costas para todos, apenas abriu os braços violentamente, as mãos com os dedos como se fossem garras, e várias labaredas azuis começaram a flutuar ao redor dela. Ela e virou para todos e olhou diretamente para o inimigo.

– Lucien, você vai arder.


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Notas finais do capítulo

* Nos livros a Fada maneja 2 espadas ao invés de só atacar com 'golpes aéreos'.
Ela é tão badass e diva! ;_; /ignorem

Muito obrigada por lerem, pessoal ^^ Se puderem comentar deixando opinião, críticas, sugestões ou apenas um 'oi', fico muito agradecida! ^^

Até o próximo capítulo~

P.s.: Acho que estou fazendo um shipp todo controverso xD Mas espero que agrade!