Laura E Edgar - Um Novo Olhar escrita por Bia


Capítulo 24
Um convite para o chá


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, tudo bem? Espero que gostem deste capítulo... Um abraço...



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Um convite para o chá (Capítulo 24)

Tinha estado com Edgar como antes, a sensação era que tudo voltaria para seu lugar. Ainda sentia a presença de Edgar, isso era muito bom, era capaz de me sentir assim para sempre e não queria ter outra sensação. Finalmente estávamos juntos, finalmente éramos apenas nós dois. Sentia na alma uma leveza que não tinha há muito tempo, uma paz que, enfim, voltara para meu coração. Era isso que desejava ter, esta paz de volta.

Ao chegar em casa, depois de uma noite de sonhos me deparei com um convite, era Dona Margarida me convidando para um chá na confeitaria Colonial, o convite era para logo mais, e eu nem tinha mandado uma resposta. Escrevi um bilhete confirmando e achei melhor ser aqui em casa.Pouco depois chegou minha resposta. Às quatro horas pontualmente Dona Margarida chegou à minha casa. Nos seis anos em que estive afastada, também senti saudade de minha sogra.

– Laura, há quanto tempo minha querida, não mudou nada, continua bonita.

Laura é abraçada ternamente por Dona Margarida.

– Sempre mudamos... Mas fico grata por querer me ver, não sabia que tinha conhecimento de minha volta.

– Não imagina quem me contou?

– Edgar...

– Fico feliz que tenha voltado. Edgar me falou que voltou há algumas semanas.

– É verdade. A senhora não quer se sentar, eu tentei preparar um chá para nós duas, reconheço que prendas domésticas nunca foiminha especialidade, mas acho que fiz um chá agradável, espero que goste. – Na realidade não esperava rever minha sogra tão cedo.

– Não se preocupe querida, a mesa está linda e parece tudo delicioso, na realidade o chá é apenas um pretexto para vê-la e conversar um pouco. Soube da fotografia e fiquei chocada com a coragem daquele jornal em publicá-la. Não consigo entender como alguém pode fazer algo assim por pura maldade.

– O coração é muito complexo... Eu, também, não consigo atinar quem pode ter feito isso. O Edgar até propôs processarmos o jornal, mas a realidade que o estrago já está feito. Ao menos, para uma coisa tudo isso serviu.

– Para o quê minha querida? – Dona Margarida se servia uma xícara de chá.

– Eu e o Edgar começamos a nos entender melhor... A nos aproximar...

– Isto é uma ótima notícia, não sabe o quanto lamento vê os dois separados... Não falo pelo divórcio, mas pela separação dos dois, sei o quanto meu filho te ama e têm amado todos estes anos... Laura eu não vou negar... Sempre que via o Edgar triste pelos cantos, me entristecia.

– Não foi fácil para mim também Dona Margarida. Mesmo com a distância, eu sempre sentia falta do Edgar, mas eu precisava ficar longe naquele momento e fiz o que minha consciência me mandou... Não podia aceitar tudo aquilo, não conseguia, não seria honesto nem comigo e nem com ele.

– Nós mulheres, somos mais fortes que imaginamos, não é fácil conviver com deslizes que nossos maridos fazem.

– Por que diz isso D. Margarida.

– Ah, minha querida, a vida pode mostrar seu lado mais cruel, principalmente para mulheres, mas cabe a elas decidirem o que é o melhor a fazer. Não vou julgar sua atitude de anos atrás, eu a conheço o suficiente para saber que não faria nada que não achasse ser o correto. Apenas lamento que meu filho tenha pagado por isso.

– Não pense que foi apenas o Edgar que pagou por isso. Eu fui embora, mas meu coração continuou aqui, com ele. Mas naquele momento eu tinha comigo toda a dor daquela situação e conviver com aquilo tudo como se fosse nada era inadmissível para mim. Sem contar que tinha o filho que havia perdido... O Edgarapareceu com uma filha nos braços, mas os meus braços estavam vazios e sempre haverá a ausência do meu filho e isso foi devastador para mim naquele momento.

– Não pense que o Edgar não sentiu a perda do filho e, por favor, não veja a Melissa como um empecilho.

– Não, jamais, eu nunca faria isso, ao contrário, tenho um imenso carinho por sua neta... Gosto muito dela e quando a vejo é como olhasse para o próprio Edgar... Eles são muito parecidos, não falo fisicamente, mas no jeito, nas atitudes... São tão carinhosos, gosto muito de vê o quanto eles se adoram. Quando voltei, percebi que Melissa era minha aluna, fiquei assustada, tive vontade de sair do colégio, não queria olhar para ela e vê a figura da mãe dela... Mas com o tempo já não via mais aquela mulher, apenas via Edgar em Melissa...

– É melhor assim, não quero que minha neta sofra. Ela já carrega o estigma de ser uma filha ilegítima e ainda mais ter aquela moça como mãe...

– Dona Margarida, se depender de mim, Melissa será uma menina muito feliz, aprendi a amar sua neta, sei que não é minha, mas a amo como se fosse minha filha de sangue... Nem sei se isso é certo.

– Minha querida, o amor de mãe não vem apenas com a gravidez, vem do desejo de acolher aquela criança como se fosse sua. Uma mãe não é aquela que dá luz, é aquela que abre seu coração. E você e o Edgar? Como estão de fato?

– Na realidade estamos namorando. – Respondi timidamente.

– Namorando? Como é isso? Mas vocês foram casados?

– Dona Margarida, foram seis anos distantes... É claro que seu filho propôs que eu voltasse para nossa casa, achei melhor não voltar ainda, a ideia do namoro me pareceu a mais adequada neste momento e o Edgar aceitou, a contragosto, porém aceitou...

– Não seria mais fácil se voltasse para casa? – Dona Margarida sugeriu.

– Neste momento para mim não... Ficamos longe um do outro por tanto tempo... Por mais que nos amamos, já não somos mais aqueles... Quero redescobrir seu filho aos poucos como já vem acontecendo, eu desejo me sentir segura novamente com ele. Nunca deixei de amar seu filho, mesmo assim eu ainda preciso de um tempo, prefiro que seja assim, pode não ser a solução ideal, eu prefiro assim.

– Laura, infelizmente você não é mãe ainda, para uma mãe a felicidade dos filhos é o que realmente importa. Tive uma conversa com Edgar e ele me contou quase tudo que aconteceu com vocês desde sua chegada... Reconheço que fiquei apreensiva quando me disse que brigaram... Laura, serei o mais honesta possível, quero vê meu filho feliz, porque ele merece ser isso e sei o quanto vocês foram enquanto estavam casados, nunca tinha visto um casal assim. Mas vi, também, o sofrimento que se abateu sobre você e isso me machucou porque sei o que é perder um filho, me solidarizei com você. Visua determinação em ir embora e o sofrimento do meu filho. Laura, eu quero muito que o Edgar seja feliz assim como desejo que você também seja e se a felicidade dele é você então que seja assim. Por favor, peço apenas que não deixe meu filho sofrer mais.

Laura ouvia atentamente cada palavra que D. Margarida pronunciava. Mas sabia o quanto a sogra era uma pessoa ponderada.

– Quando fui embora pensei que deixaria para trás todo o sofrimento, mas não foi assim, ao contrário... Eu o levei comigo. Nas minhas conversas com Edgar, na realidade, na briga que tivemos assim que nos reencontramos, pude perceber que seu filho sofreu tanto quanto eu. Quando estava fora, eu imaginava até que o Edgar, finalmente, houvesse se acertado com aquela mulher, pensava que viviam felizes, só que ao voltar e reencontrar o Edgar, percebi que ele, assim como eu, sofreu também. Hoje compreendo isso, eu sofri muito D. Margarida e se depender de mim, as coisas entre mim e seu filho vão se acertar, mas no tempo que tiver que ser. Não sei se será como antes, mas eu desejo muito que um dia eu e Edgar possamos superar todos estes fantasmas que ainda rodeiam nossas vidas. Eu desejo isso e sei que o Edgar também deseja.

– É muito bom ouvi isso Laura, eu quero o melhor para vocês dois e espero que se entendam logo.

–Estamos, aos poucos, mas estamos...Não quero atropelar nada, apenas desejo redescobrir a minha vida com Edgar... Não sei bem se vamos conseguir ou não, mas espero sinceramente que sim.

Dona Margarida tinha um imenso carinho por Laura e sabia o quanto o filho continuava apaixonando por ela. Se ambos estavam dispostos a tentar uma nova oportunidade, quem era ela para tentar intervir. Ao contrário se fosse para o bem dos dois ela seria a primeira a aprovar uma reconciliação definitiva.

– Laura, outro assunto que me assustou foi à história da fotografia, suponho que com isso tenha perdido seu emprego?

– Foi o que aconteceu sim D. Margarida e não vou negar para senhora que foi bastante desagradável ter que sair praticamente escorraçada do Colégio onde trabalhava. As palavras da Madre foram duras e muito injustas.Gosto muito de lecionar, mas terei que abrir mão. Porém eu não posso deixar me abater e agora procuro um emprego novo... Mandei meu currículo para muitas escolas, ainda não obtive nenhuma resposta positiva e começo a acreditar que não terei nenhuma. Acredito que minha fama de divorciada já seja de domínio público... Mas tenho que trabalhar... A senhora sabe que o salário de professor não é grande. Mas tenho algumas economias.

– O Edgar, se você quiser, pode ajudá-la, mesmo que seja por um tempo, quem sabe... – A sugestão de dona Margarida me deixou bastante incomodada, ser sustentada por Edgar, simplesmente, não passava pela minha cabeça.

– De nenhuma maneira Dona Margarida, eu aprendi a me manter com meus próprios recursos e quero que continue assim. Sei o quanto seu filho é generoso, mas não quero que ele pague as minhas contas. Sei que o faria com prazer, mas não acho correto e tão pouco quero isso.

– Isto em você é admirável, faz muito bem em querer se manter por si mesma. Não é muito usual, mas a entendo. Seria apenas por um tempo, até você se restabelecer. Sei que você é uma mulher independente.

– Quero trabalhar, quero e preciso me manter... Fiquei longe por seis anos e aprendi a cuidar de mim mesma e não quero que isso mude, se um dia voltar definitivamente com Edgar, para nossa casa, mesmo assim desejo continuar a me sustentar, ajudar nas despesas, não quero ser um bibelô que seu filho mantenha. Quero ficar com seu filho, mas não abro mão de ter minha liberdade financeira, mesmo que seja pouco, será meu e será fruto do meu trabalho.

– Isso faz com que a admire cada vez mais. – Dona Margarida estava orgulhosa de sua ex-nora, os anos que as mantiveram distantes fez bem a Laura.

– Na realidade Dona Margarida eu tenho a promessa de um emprego... Segunda feira eu vou conversar com um Senador que é conhecido de meu pai... No escritório dele tem uma vaga de secretária. Eu prefiro lecionar, como no momento é praticamente impossível, então é melhor um emprego de secretária.

– Faz bem querida, torço para que dê tudo certo com você. – Dona Margarida segurou uma das mãos de Laura que retribuiu o gesto.

– Obrigada, espero que consiga, realmente, preciso trabalhar. Mudando de assunto D. Margarida, eu gostei muito de rever a senhora.

– Eu também minha querida, fiquei muito feliz em revê-la.

Dona Margarida e Laura continuaram a conversadurante mais um tempo. Laura contou a sogra sobre os anos que ficaram distantes e a vida no interior, também contou sobre sua amizade com D. Eulália, mais uma série de outros assuntos que normalmente nora e sogra poderia ocasionalmente ter, mas sempre o assunto principal era apenas um... Edgar.

Pouco depois a sogra foi embora. Conversar com Dona Margarida foi bastante agradável. Mas agora seu pensamento era outro, a promessa de emprego na fábrica do senador Laranjeira, por mais que desejasse o lugar não era a mesma coisa que lecionar, mas no momento não tinha escolha e torcia para conseguir a vaga, sentia um frio na barriga. O quê esperar desse novo trabalho...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado... É sempre bom ter uma boa conversa com alguém que se gosta... Gostaria de saber qual sua opinião sobre este capítulo. Obrigada e até o próximo. Bjs.



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