Elouise escrita por Twelve


Capítulo 1
Capítulo 1




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Com o início das aulas escolares que iniciaram-se no começo do mês de março, fez com que os alunos do terceiro ano ficassem extremamente ansiosos. Exceto eu, pois não agradava-me nenhum pouco ter que ir para aquela escola, cujo nome, ironicamente, era "Unidos pelo saber".

Crianças e adolescentes andavam juntos apressando-se os passos em direção a porta de entrada do colégio. Apenas naquele momento todos eram iguais, todos eram alunos da mesma escola, pois lá dentro havia diversos grupos que separavam uns dos outros por gostos, ideologias, etc., tais como: o grupo dos nerds, hippers, populares, esportistas, roqueiros, dos manés, entre outros. Apesar de eu não ser muito boa no basquete, na verdade eu era terrível, eu estava no grupo dos esportistas. Se não fosse pelo meu treinador, Epitácio, que permitiu a minha inscrição no grupo de basquete, mesmo eu tendo uma nota baixíssima em Educação Física, provavelmente eu estaria no grupo dos manés, porque querer não fazer parte de nenhum grupo, era pedir para ser do grupo dos manés, ou seja, pedir pra ser zoado por todos.

Ao passar pela portaria da escola, ouvi uma voz muito baixa chamar-me pelo primeiro nome:

–Francisca?

Não olhei. Talvez não tivesse sido comigo, porém a voz que saíra baixa na primeira vez, retornou a chamar-me bem mais alto.

–FRANCISCA! FRANCISCA!

Ignorei. Apressei os passos a fim de entrar logo na minha nova sala de aula, afinal alguém chamando-me por Francisca, boa pessoa não há de ser. No entanto, a impertinente voz chamara-me com mais frequência aproximando-se cada vez mais. Até que senti um toque em meu ombro. Virei-me pra ver quem era e logo saltei pra trás do susto que tomei ao ver a face da sujeita.

–Francisca! Por que ignorou-me, sua bobinha? -disse a garota mais chata que já conheci, Vanesca. Ela era filha da amiga de minha mãe, e por isso fazia-lhe crer que eu também era sua amiga.

–Oi, Vanesca! Desculpe-me! Não te ouvi chamar.

–Tudo bem, Francisca! Hoje é o meu primeiro dia nesse colégio e a tua mãe disse pra eu ficar tranquila, pois tu ajudaria-me em tudo o que fosse preciso! Ah... Estou tão feliz por isso...

Depois que voltasse da escola, eu haveria de ter uma boa conversa com a minha querida mãe devido à isso. Contudo, Eu era educada e boa gente, acabei ajudando a pobre garota a instalar-se em sua nova sala e dei-lhe algumas instruções:

–Olha! Nesta escola há vários grupos. Conheça-os e tente entrar em um deles, pois se ficar indecisa, automaticamente estará no grupo dos manés e acho que não seria legal pra ti. Enfim, boa sorte!

–Ei! Mas espera! -disse vanesca com sua fisionomia entristecida.

–Fala!

–Tu estás em qual grupo? Posso ficar no teu?

Eu não queria que ela ficasse no meu grupo, mas se tivesse uma vaga pra ela no time, talvez eu ajudaria-a, entretanto todas as vagas já haviam sido preenchidas e os times estavam mais que completos.

–Lamento, mas não vai dar. Sou do grupo dos esportistas e pelo o que eu sei todas as vagas foram preenchidas.

–Ah! Entendo...

–Não fique triste. Tu podes entrar em qualquer outro grupo, aquele que tu te identifique mais. Vai dar certo!

Ela assentiu cabisbaixa e entrou na sala. Quando me dei conta, eu era a única aluna fora da sala. Desesperei-me e corri para minha, porém ao chegar lá deparei-me com o diretor Rodolfo discursando para meus novos colegas. Rapidamente escondi-me atrás da parede e esperei-o sair da sala. Demorou algum tempo até que ele saiu. Passou pela porta sem avistar-me ali sentada no chão. Levantei, sacudi e sacudi a poeira do bumbum e entrei na sala.

Era aula de Física do professor Oswaldo. Por sorte, ele estava virado para a lousa resolvendo seus enormes cálculos que creio eu, só ele e os nerds entendiam.

Crente de que conseguiria entrar na sala sem ser vista pelo professor, assustei-me quando ele virou-se para a turma e fitando-me com um olhar medonho disse:

–Senhorita Francisca Júlia Benevides da Silva. Isso são horas de chegar?

Senti, rapidamente, meu rosto esquentar. Por certo, minha face estava avermelhada da tamanha vergonha que eu acabara de passar, apenas pelo fato do professor chamar-me a atenção ao falar meu nome completo perante a turma.

–E então, Senhorita Francisca Júlia? Vais justificar-te pelo atraso ou terei que pedi-la para ir à diretoria?

–Desculpe-me, Senhor Oswaldo. Eu estava ajudando uma conhecida a encontrar sua nova sala...

–E esta tua conhecida encontrou? Pois já passaram-se meia hora desde que a aula começou.

–Então, quando cheguei, o Senhor Rodolfo estava falando e não quis interrompe-lo...

–Tudo bem! Desta vez deixarei passar. Mas atrasos são inadmissíveis! Inadmissíveis! Ouviram turma?

Ele aproveitara de meu atraso para impôr a sua autoridade à turma, que omissa, assentiu.

Depois de algumas horas, que pareciam mais uma eternidade, o toque do intervalo soou. Não animei-me para sair da sala, pois não queria encontrar Vanesca pelos corredores, então peguei um livro e comecei a folheá-lo distraidamente. E naquele instante uma garota entrou na minha sala, fazendo com que meus olhos fitasse-a caminhar à carteira frente a minha. Seu semblante alvo demonstrava preocupação e inquietação, mas ao mesmo tempo esbanjava beleza e doçura. Ela era, aparentemente, asiática. Seus cabelos negros e longos cobriam-lhe os ombros. Pele clara como a neve e os olhos puxados mostravam mistério e sedução. Ela olhou-me por dois segundos até sentar-se na carteira na minha frente dando as costas para mim.

Foi vê-la sentar que percebi que fitei-a até demais. Achei estranho!

Com dezessete anos eu nunca me interessei por ninguém, e agora estaria eu gostando de uma garota asiática? Talvez tivesse sido só impressão minha...Sim, era só impressão, afinal, é normal uma garota sentir-se atraída por outra garota, não é?

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–Não! Não é! Tais maluca, menina? -Disse Jhonatan, meu melhor amigo gay enrustido do time de basquete masculino.

–Como não? E como se explica o fato de eu ter ficado vidrada a aula toda naquela garota? -indaguei preocupada.

–Cara, tu tá a fim dela, simples assim. -Disse Jhonatan com um ar de gozação.

–Não estou! Não tem nada a ver isso aí o que tu disse. Eu não gosto de garotas, nunca irei gostar. SÃO TODAS CHATAS E GRUDENTAS!!!!!!! -Disse eu enfurecida.

Só de ouvir aquilo vindo do meu amigo e ainda ter que aguentar suas risadas irritantes foi o suficiente para me aborrecer. Foi então que eu ouvi uma voz tão fina, a ponto de estourar meus tímpanos, chamar meu primeiro nome.

–FRANCISCA! FRANCISCAAAA!

Quem mais poderia ser, se não a Vanesca?! Antes que eu pudesse abrir a boca, ela disse:

–Até que enfim eu te encontrei. Vim pra assistir teu treino, posso, né?

Senti minha face corar! Ninguém nunca quis assistir o treino de basquete por minha causa. Ainda que fosse a Vanesca, eu fiquei um pouco feliz...

Mas, apesar dela ter sido gentil em querer ver meu treino, eu ainda estava aborrecida e não contive em ser hostil:

–Não, não pode! Para de me seguir! Eu não quero ser tua amiga. Será que não percebe isto? E para de me chamar de Francisca. Meu nome é Júlia! Júliaaa!!!

Na mesma hora me arrependi por ter gritado com a pobre Vanesca. Coitada! Não fez nada e ainda gritei com ela. E se não fosse pelo Jhonatan amenizar a terrível situação que ficara depois do meu ataque totalmente desnecessário, não sei o que poderia ter acontecido. Evidentemente, como Vanesca é vingativa, me daria um tapa, um soco nos peitos ou sei lá o quê.

–Ei gata! -Disse Jhonatan. -Não liga pra ela. Júlia não sabe o que diz. Ela ficou chateada com as minhas brincadeiras e acabou descontando em ti sem querer.

E pegou-a pelo braço delicadamente e levou-a até a arquibancada, tentando consola-la para não cair aos prantos.


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