Lembre: Nada É Verdade. escrita por Yagah
Notas iniciais do capítulo
Esse capítulo ficou um pouquinho grande...
Desculpem qualquer erro e boa leitura :33
— Dois Assassinos tentando se infiltrar, que maravilha. — Ezio e o homem trocam olhares confusos ao escutar a palavra ‘dois’. O Templário não havia visto Connor, apenas os dois no corredor. — Vão dizer que não perceberam?
Haytham falava gesticulando de modo chamativo, o tom de voz autoritário e arrogante, como se estivesse sempre certo. Essa postura autoritária irritava Ezio profundamente, era como se o Templário o subestimasse. Como se ele se achasse superior.
— Vamos resolver isso em outro lugar, Assassinos?
— Ótima ideia. — Fala o italiano sério, recebendo um duro olhar repreensivo do amigo que se esgueirava por trás de Templário, mas uma discreta olhada de Ezio e o outro homem bastam para denunciá-lo.
Haytham gira o corpo em uma velocidade incrível, o mohawk se abaixa a tempo e a lâmina oculta passa rasgando o ar a milímetros de sua cabeça. Ele rola para frente, enquanto o Templário dá um giro completo no próprio corpo devido à força que havia aplicado naquele golpe, pensando que seria certeiro. Connor dá uma rasteira mal sucedida antes de levantar. Haytham já avança com a mão esquerda erguida e a lâmina oculta ativada, fazendo o garoto se desequilibrar, ele aproveita essa brecha para tentar um soco com a mão direita, mas Connor coloca o braço na frente, diminuindo quase por completo o efeito golpe. O Templário recua e encara o Assassino com ódio.
— Connor, se você quiser que eu cuide disso... — Sugere Ezio. Ele não queria deixar o amigo lutar contra o pai, afinal, antes de Templário e Assassino eles eram uma ‘família’, não uma das melhores, mas não era algo que poderia ser deixado de lado, por mais que eles se odiassem.
— Perdeu essa oportunidade momentos atrás quando eu ia acertá-lo sem fazer alarde. — Connor fala baixo, olhando Ezio por cima do ombro furioso.
— Meu filho... — Suspira Haytham sarcástico. — Posso saber que raios vocês estão fazendo no Brasil? — Connor fica em silêncio, apenas encarando o homem que ele se recusava a chamar de pai. — Olha só, podemos fazer um pequeno acordo? Eu quero o Victor, vocês querem o Victor, mas nenhum de nós quer confusão aqui dentro da casa dele, certo? Vocês querem informações, eu recursos, que tal uma aliança até sairmos daqui?
— Nem fodendo eu vou trabalhar com um Templário. — Connor quase cospe as palavras.
— O que sugere? Uma luta aqui no meio do corredor para todos escutarem?
— Volta pro escritório, faz a tua parte de cachorro de guarda de burguês e a gente resolve isso longe daqui. Afinal é uma missão importante para ambos os lados.
Haytham parece se transformar em um animal quando é contrariado, ainda por Assassinos. Ele não diz nada, apenas vira as costas para os garotos e entra no escritório. Assim que ele fecha a porta Ezio e Connor olham para o homem que esteve quieto durante a discussão.
— Vocês são mesmo Assassinos? — Pergunta ele.
— O que você acha, depois disso que viu? — Connor estava prestes a explodir, mesmo assim tinha um autocontrole invejável.
— Você também é? — Pergunta Ezio.
— Sim. Meu nome é Adewale.
— De onde você veio?
— Estados Unidos. — Ele parece pensativo.
Ezio se prepara para falar ‘nós também’ muito animado.
— Esses filhos da puta estão tramando alguma coisa aqui no Brasil. — Interrompe Connor, para ninguém em especial, apenas pensando alto. — Alguma coisa grande.
— Por que você acha isso? — Pergunta Adewale, apesar de já imaginar a resposta.
— Eles enviaram o melhor cachorro deles. Você acha que os Templários iriam mandar Haytham Kenway para uma missão aqui, no Brasil, se não fosse de suma importância? — Ele olha para Ezio. — Faltam três horas. Dá um jeito de fazer a reunião acabar e leva o alvo lá pra fora, vou ficar de tocaia.
Ezio fica um pouco assustado quando Connor fica bravo, na verdade qualquer um fica. Ele observa o amigo sair a passos largos da casa, enquanto Adewale volta para o escritório. Ezio suspira e fica parado no corredor pensando. Ele resolve colocar seu uniforme e aguardar qualquer oportunidade.
Em menos de dez minutos os homens que estavam no escritório saíram, graças a Adewale a missão tinha chances de dar certo. Os quatro homens saíram, seguidos por seus guarda costas. O anfitrião, Victor, permaneceu na sala, pela sua expressão não havia sido uma reunião fácil.
— Onde está aquele mordomo... — Resmunga o homem irritado, passando a mão na nuca enquanto volta para a sala para recolher alguns papéis.
Ezio vê sua chance e entra na sala rapidamente. O homem está de costas, bufando distraído, murmurando coisas inaudíveis. O Assassino coloca uma faca no pescoço de Victor, que parece virar pedra.
— Não se atreva a gritar, sem movimentos bruscos e faça tudo como eu mandar.
—Eu sabia que vocês viriam... Parecem ratos. — Fala o homem enquanto Ezio o revista, encontrando um pequeno revólver no bolso.
— Isso fica comigo. Me acompanhe, por gentileza. — Ezio coloca o revólver no bolso do casaco, com o dedo no gatilho, pronto para atirar. Victor se recusa a caminhar, o Assassino o empurra. — Andando.
Sem escolha o Templário começa a caminhar tenso. Ezio o conduz para fora da casa, os outros homens já haviam ido embora. O Assassino o leva ao portão nos fundos, onde os empregados entravam, assim que o italiano abriu o portão Connor apareceu.
— Seu braço. — Pede Connor estendendo a mão até Victor.
O Templário obedece relutante, Connor pega seu braço e coloca uma espécie de pastilha verde-transparente debaixo da pele. Victor amolece, mas continua de pé. Quando Ezio o faz andar, o homem age como um robô.
— O que você fez?
— Uma droga que o Achilles inventou. — Connor confere o relógio. — Estamos com um bom tempo, mas vamos andar mais rápido.
O mohawk aperta o passo, enquanto Ezio conduz Victor, que está inexpressivo, parecia estar longe, como se tudo que estivesse acontecendo naquele momento estivesse em um segundo plano.
— Espero que ninguém ache estranho. — Observa o italiano enquanto o Templário olha fixamente para frente. — Que tipo de droga é?
— Ele não me explicou, mas o efeito é de curto prazo, por isso precisamos andar rápido.
Os garotos chegam quase às 16h ofegantes devido ao sol e ao esforço de levar o homem, que havia lutado desde que o efeito da droga passou.
— Bee, chegamos. — Anuncia Ezio jogando Victor no chão.
— Vejam só, dentro do horário. Meus parabéns. Tragam-no para dentro.
Ezio já estava esparramado no banco de madeira debruçado sobre a mesa, sempre dramatizando. Connor revirou os olhos e levou Victor para dentro, praticamente catando o homem no chão.
Bee o esperava apoiado em uma das paredes de pedra, assim que viu Connor chutou uma delas, a parede de pedras começou a se mover fazendo um barulho estrondoso, porém abafado.
— Não sei por que não estou surpreso. — Diz Connor se lembrando das passagens secretas que ele já descobrira em tumbas de antigos Assassinos.
— Me diga um lugar onde tenham Assassinos e não exista esse tipo de coisa. — Bee sorri.
A parede se desloca pouco para o lado, o suficiente para um homem de cada vez. O cheiro de mofo e sangue da câmara secreta são quase insuportáveis. Bee acende bastão de luz e coloca no cinto da calça, enquanto caminha a frente de Connor iluminando o caminho.
— Bee! — A voz de Annie ecoa pelo longo corredor. — Posso ir com vocês?
— Vêm!
Em pouco tempo a garota os alcança.
— Victor, que surpresa agradável. — Ela sorri o olhando.
— Você? Sua vadia. — O homem tenta avançar contra ela, Annie levanta o punho na altura do diafragma do Templário que acaba por se chocar contra ele e cai de joelhos tossindo.
— Eu esperei um longo tempo pra fazer isso. — Diz Annie sorrindo ao ver o homem completamente derrotado.
Connor o ergueu novamente, forçando-o a caminhar. Bee parou repentinamente e puxou uma argola na parede, que para a surpresa do mohawk era uma porta de madeira camuflada.
Era um quarto pequeno, com apenas uma mesa e duas cadeiras de cada lado.
— Queira sentar, Sr. Victor. — Bee indica uma cadeira enquanto se dirige a outra. O homem se recusa a obedecer, então Connor o ‘ajuda’. — Simples e direto: o que diabos vocês estavam planejando fazer naquela tribo?
— Você acha que mesmo que eu vou dizer?
— Eu tenho recursos pra te fazer falar tudo. — Bee olha para o fundo mal iluminado da sala, onde há um pequeno armário fechado. — Prefere falar sóbrio ou dopado?
Victor franze o cenho suspirando.
— Muito bem... O nosso líder, o Grão Mestre dos Templários, mandou uma carta dizendo que há um objeto muito valioso aqui no Brasil.
— Quem é o Grão Mestre?
— Você acha que eles revelam a identidade do líder dessa Ordem pra qualquer um? Eu sou um mero soldadinho pra eles.
Bee levanta e caminha até o armário, pega uma seringa e um frasco. Volta para a mesa esguichando um pouco do líquido. Connor imediatamente intende e segura o homem para que Bee pudesse aplicar a droga. Victor se debate e tenta se livrar dos braços fortes Connor sem sucesso. Ele observa apavorado o a seringa ficando vazia e todo aquele líquido entrando em suas veias.
O efeito é quase imediato, as pupilas do homem se dilatam e ele começa a ficar acelerado. Um sorriso sádico se forma aos poucos, enquanto a cabeça trêmula inclina para a esquerda.
— O que vocês pretendem fazer naquele terreno?
Victor olha para Bee e começa a rir alto jogando a cabeça para trás.
— Aquele terreno, Assassino... Você quer saber o que tem naquele terreno é? Lá no norte do Brasil? — Ele solta outra gargalhada. — Tem um artefato.
— Que artefato?
— Um artefato brilhante. Brilha como o sol e é capaz de deixar um homem louco. — Ele se debruça sobre a mesa e para de sorrir. — Aquilo afeta aqui ó, — Victor arregala os olhos e começa a cutucar sua própria cabeça com força. — é tudo aqui. Aquela coisa faz você enxergar coisas até enlouquecer e se matar.
— E o que os Templários querem com isso?
— Egoístas... eles são egoístas... estão me usando, me usando como uma marionete. — O homem se atira para frente e segura o braço de Bee. — Me ajuda... me ajuda... — Ele começa a tremer freneticamente. — Me ajuda... eles estão aqui. — Victor solta Bee e agarra os próprios cabelos. — Eles estão me controlando Assassino. O que eles querem de mim?
Bee suspira e revira os olhos. “Exagerei na dose.” Pensa ele enquanto encara o homem quase arrancando os cabelos a sua frente.
— O que os Templários querem com essa... coisa brilhante?
— Eles querem poder. Eles querem controle absoluto de tudo. Tudo. — Victor repete a última palavra várias vezes se balançando na cadeira. — Eles vão me jogar fora... Como lixo... Eles vão me descartar como se eu fosse um soldadinho de plástico. Filhos da puta.
— Que grande novidade. — Ironiza Bee levantando da cadeira. — Annie, faça as honras.
— Vai matá-lo?
— Tem uma ideia melhor? — Bee para na porta e olha Connor por cima do ombro.
— Deixe-o preso.
— Não podemos nos dar ao luxo de mantê-lo preso aqui... e mais: olhe a sua volta Connor, nem um rato merece viver em um lugar como esse.
— Mas não é assim que nós fazemos.
— Estou disposto a ouvir outra alternativa. — Bee se apoia na porta.
— Talvez... Não sei, mas mata-lo não me parece certo. Podemos soltá-lo, ele pode nos levar onde queremos.
— Não queremos ir a lugar algum, a única coisa que eu tenho de fazer é impedir um genocídio de pessoas boas. Os Templários podem ter boas intenções, na verdade a mesma que nós, o que nos diferencia são os métodos. E eu não posso deixá-los concluir essa missão.
Bee percebe que a discussão havia terminado e sai da sala. Annie havia aproveitado essa discussão para matar Victor silenciosamente, sem que Connor percebesse.
— Ele tem uma dívida com esses povos... Quando Bee estava em uma missão ele se machucou feio, mas conseguiu fugir para uma mata, um índio o encontrou e levou para sua vil para que cuidassem de Bee. — Explica Annie com a voz suave, tentando fazer Connor absorver a ideia de matar Victor sem ficar chocado ou achá-los cruéis.
— Não sei se isso justifica tirar a vida desse cara, nós matamos apenas quem realmente precisa morrer. Isso que os Assassinos fazem.
— Era ele ou centenas de índios.
Connor sai da sala pensativo sem dizer mais nada, ele queria encontrar outra maneira de mudar as coisas. Alguma maneira que não fosse matando.
— Ei Connor... — Annie o chama. — Você não está bravo, está?
— Não... Eu diria frustrado.
— Nós somos Assassinos, não Gandhi. A nossa missão como Assassino é matar e ajudar quem precisa, esse cara não podia ficar vivo. E não tem como entregar à polícia, isso aqui é Brasil, Connor. Político não fica preso uma semana aqui.
O mohawk não responde, apenas continua andando pelo corredor escuro deixando Annie sozinha com o cadáver. Ela limpa a lâmina oculta na roupa do homem morto e sai do pequeno interrogatório, Bee saberia o que fazer com o corpo.
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