P.O.V. Victorie

- A mamãe vai matar você, Victorie! – Disse Dominique batendo na porta do meu quarto e já entrando. – Levanta logo! Ela está louca!

- O que eu fiz? – Perguntei esfregando os olhos.

- Nada! E é exatamente por isso! Ela quer que você ajude a arrumar as coisas para a festa do Lou.

- O que ela quer que eu faça?

- Arrume a decoração.

- Por que você não pode fazer isso?

- Talvez por que eu tenho catorze anos e não posso nem pensar em usar minha varinha fora de Hogwarts!

- Que porra.

- Vic!

- Desculpe.

Domi abriu a boca para dizer algo, mas Louis entrou correndo no quarto e pulou na minha cama.

- Vi!

- Oi, Lou! Parabéns!

- Obrigado. – Ele me olhava ansioso.

- Hum... vamos ver se tenho algum presente para você. – Me levantei e fui até meu armário. – Olha! Acho que talvez você goste disso.

O pequeno pegou sorridente o embrulho comprido e começou logo a rasgar o papel.

- Uau! Uma vassoura! Obrigado! – O ruivinho falou pulando no meu colo e me abraçando. – Vou lá fora brincar! – Disse e saiu correndo arrastando a vassoura.

- Acha que mamãe vai me matar? – Me virei para Dominique.

- Provavelmente. De quem foi a ide...

- Victorie Weasley! – Minha mãe berrou do andar de baixo. – Desça aqui! Já!

Coloquei um roupão por cima do pijama e desci as escadas apressada.

- Oi, mãe.

- Você fica responsável por arrumar tudo que seu irmão quebrar com aquela vassoura! E isso inclui os ossos dele. – Ok. Ela está realmente puta. O sotaque está bem mais forte que o normal. – Agora faz alguma coisa e vai decorar lá fora.

- Tudo bem.

Passei boa parte da manhã colocando enfeites no quintal, arrumando uma mesa de doces que meus primos, e possivelmente meu tio Rony, devorariam rapidamente. Lou estava voando para lá e para cá com a pequena vassoura. Até que ele voa bem.

Já tinha passado da hora do almoço quando finalmente consegui tomar banho e me arrumar e quase tive um ataque cardíaco quando abri a porta do banheiro para o quarto e vi minha amiga sentada na minha cama.

- Sua vadia! Quer me matar? O que você está fazendo aqui?

- Bom te ver também, Weasley! E você me chamou para o aniversário do seu irmão, lembra?

- Lembro, Caroline, mas isso não quer dizer que esperava você sentada na minha cama quando eu saísse do banho!

- Alias, por falar nisso, toalha legal, loira! – Ela riu.

Olhei pra baixo e revirei os olhos. Estava enrolada em uma toalha rosa cheia de coelhinhos e corações.

- É da Domi... minha mãe deve ter trocado.

- Aham, sei.

- Ah! Cala a boca, Car! – Falei rindo.

- Então... o que tem feito nas férias?

- Nada. A coisa mais emocionante que fiz foi ir no Beco Diagonal com o Ted e a namorada dele.

- Ele está namorando?

- Sim. – Disse friamente. Por que eu disse friamente eu não sei, mas foi assim que meu tom de voz saiu.

- Que foi?

- Nada.

- Vic...

- Não é nada!

- Te conheço, Victorie.

- Ótimo. Agora deixa eu me trocar que daqui a pouco as pessoas vão começar a chegar.

O aniversário de Louis se passou com um típica festa de criança e na minha família isso significa meus primos correndo para todos os lados e gritando. É triste ser a mais velha.

- Pirralha! – Ouvi Ted me chamando já na metade da festa.

- Ted, seu imbecil! Por que só chegou agora? – Resmunguei o abraçando.

- Até parece que um dia vou chegar na hora, Vic. – Ele respondeu. – Car! Acho que tem mais de um ano que não te vejo!

- Pois é, arco-íris! Como vai?

- Tentando entrar no programa de aurores. E tinha esquecido de como você é irritante. – Ele riu.

- Ted, querido, eu sou um anjo.

- Claro, Caroline. Só que ao contrario. Anjos não assaltam a cozinha de Hogwarts, por exemplo. – Eu disse.

- Fica quieta, Vic. Sempre trago alguma coisa para você da cozinha.

- Então é por isso que você está gorda, pirralha? – Ted provocou.

- O que é que você disse, homem morto? – Praticamente gritei.

É tão legal quando as duas pessoas que mais amam te irritar se juntam. É realmente muito legal. Isso te deixa bem calma, tranquila, e feliz. Então foi assim que eu fiquei pelo resto do dia. Divertido.

No final da festa, quando todos já tinham ido embora e meu tio Rony já tinha contrabandeado vários doces para os bolsos, um momento de sanidade atingiu minha mãe e ela disse que podíamos arrumar tudo amanhã. Papai estava na sala com um Lou muito animado sentado em seu colo contando alguma coisa. Subi pra meu quarto com Caroline, que ia dormir em casa.

- Então, Vic... o que está acontecendo?

- Que?

- Você. Ted.

- Ok, Car, você quer fazer o favor de ser mais especifica?

- Ah, pode parar, Weasley! O que está acontecendo?

- Com a minha vida? No momento estou tendo uma conversa totalmente irracional com uma louca.

- É sério, Vic!

- Eu juro que não estou entendendo nada!

- Tudo bem então, vou ser mais direta. Por que você está tão estranha e agitada e diferente com o Ted? E mais importante: por que você odiou a ideia de ele estar namorando?

- Ah... – Eu disse mexendo no cabelo e olhando para baixo. – Hum... eu não estou assim. E não odiei o fato de ele estar namorando.

- Victorie Weasley! Está na cara que você detestou isso. Ou acha que eu não percebi quando você me contou. A pergunta é por que? Apesar de eu já saber a resposta.

- Se você já sabe a resposta por que perguntou?

- Só para ter certeza.

- Não é nada do que você está pensando. Eu só fiquei com um pouco de medo dele esquecer que eu existo depois de começar a namorar.

- Aham... e por que você nunca ficou assim antes? Ele já namorou antes, lembra?

- É... mas...

- E isso não explica por que você está agitada perto dele. – A vadia sem medo da morte me interrompeu.

- Não estou não! Eu estou normal com ele!

- Só por que você está conversando normalmente com ele não significa que você não esteja agindo diferente. Você estava toda agitada quando ele chegou, mexendo no cabelo o tempo inteiro, e você só faz isso quando está nervosa, que nem agora.

Soltei a mecha do meu cabelo na mesma hora.

- Vai ver eu estava nervosa por que vocês não paravam de me irritar.

- Ah, Vic! Nem vem! Não era nervosa nesse sentido que você estava.

Ficamos em silencio por um bom tempo. Car com um sorrisinho chato me encarando.

- Vic... você está gostando dele não está? E não mente!

- Não sei. Eu... sei lá.

De repente a louca começou a gritar.

- Que foi? Qual seu problema? O que aconteceu?

- Você gosta dele!

- Eu não disso isso! Eu disse que eu não sei!

- Mas eu sei! Sem contar que você não parava de olhar para ele!

- Ah então da próxima vez que estivermos conversando vou ficar olhando para o teto!

- Você sabe do que eu estou falando!

- Não sei não.

- Então... o que você vai fazer?

- Sobre o que, Caroline? – Perguntei rolando os olhos. Já vi onde isso vai chegar.

- Você vai falar com ele?

- Caroline, primeiro: eu nem sei se eu realmente gosto dele. Segundo: ele é meu melhor amigo!

- E quando você descobrir que realmente gosta dele, você vai simplesmente deixar quieto e ficar segurando vela para ele e a nova namorada?

- E o que você pretende que eu faça? Conte tudo para ele?

- Exatamente.

- E estrague toda nossa amizade? Não obrigada.

- Cadê sua coragem grifinoria?

- Não é uma questão de coragem! É uma questão de decidir prioridades. E minha prioridade é não estragar minha amizade.

- Mas, Vic...

- Não! É serio, Car. Eu não vou dizer nada, se eu realmente gostar dele.

Eu não posso arriscar minha amizade assim por uma coisa que eu sei que vai passar logo. Por que isso com certeza vai passar. Alias nem sei se isso realmente existe. Mas não importa se existe ou não. Não vou fazer nada sobre isso.