Chronos; A Traição De Atena escrita por Fernando Onofre de Amorim


Capítulo 21
A mando de Zeus




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Capítulo 21

A mando de Zeus

Enquanto Atena e Pegasus atualizavam-se a respeito dos preparativos para batalha, os cinco se dirigem aos seus aposentos, a pedido da deusa para descansarem, pois caso tudo corresse de acordo com os planos, eles partiriam na manhã seguinte para os portões do submundo. Ao chegarem na fonte, que ficava em uma área aberta no meio do prédio, eles têm um breve diálogo sobre o que os aguardava no campo de batalha, por mais que estivessem sendo estimulados por Atena, seus inimigos não eram nada menos do que os deuses do Olimpo, todos se perguntavam, que tipo de milagre poderiam eles fazerem.

Neste momento, quem sabe por coincidência, Tisífone estava por perto e ouvira a conversa, incomodada com a falta de esperança dos jovens, faz questão de se intrometer na conversa.

–--Tisífone; Vocês não deveriam estar se menosprezando!

Todos se assustam com sua presença, no mesmo tempo que se questionam por não terem percebido sua chegada. Zhang, que era o mais sensato e realista de todos, a questiona, perguntando se a bela mulher acreditava piamente na vitória.

–--Tisífone; Em primeiro lugar, não acredito que haja lado vitorioso em uma guerra, o que existe é o lado que perde muito e o que perde mais ainda. Segundo, acredito em Atena, não na humanidade, mas sei que existem boas pessoas e é por elas que estou aqui. Terceiro, por toda minha vida já vi humanos fazerem milagres, que se diziam impossíveis. Quarto, se os deuses chegaram a esse ponto, é porque passaram a temer os humanos. É nisso que acredito!

Com essas palavras, todos repensam suas opiniões e ficam ainda mais intrigados para saberem quem realmente é essa mulher.

–--Tauro; Tisífone?

–--Tisífone; Sim!

–--Tauro; Quem realmente é você?

No mesmo instante em que ouve esta pergunta inesperada, ela olha pra Caesius, que estava sentado na mureta da fonte, aéreo e com cara de paisagem. Seu rosto fica vermelho, sua postura que passava um ar de extrema confiança, dá lugar ao de uma garota totalmente envergonhada. Sem dizer uma única palavra, a bela mulher se retira esbarrando nas pessoas em seu caminho e desaparece ao passar pelo portal de entrada do prédio.

–--Aegir; É Caesius, parece que a tia ta afim de você!

–--Caesius; Que! Como! Quem!

–--Tauro; Acorda garoto!

–--Caesar; Não me mata de vergonha primo!

–--Zhang; Aff... lesado!

–--Caesius; Eu não sou lesado! Só estava prestando atenção em outra coisa!

–--Aegir; E no que?!

–--Caesius; Esqueci!

Os cinco começam a rir, porque convenhamos, tal atitude não era nada normal! Agora mais animados e descontraídos, Tauro e Aegir se retiram para seus aposentos, que ficavam na parte leste do prédio, enquanto os demais seguem por uma escadaria pra ala norte, mais precisamente no primeiro andar. Enquanto caminhavam pelos corredores, Caesar e Zhang param em frente ao quarto de Caesius, assim que o cavaleiro de lobo abre a porta, eles reparam em algo enrolado num pano em cima da cama.

–--Caesius; O que é isso?!

–--Caesar; Você não sabe?

–--Caesius; Não! Não tinha deixado nada no quarto.

Muito curioso, vai logo desenrolado o pano e pra sua surpresa, duas espadas médias caem sobre a cama, elas eram exatamente do mesmo formato e dimensões das suas antigas, prateadas, curvadas e leves, como a dos guerreiros do oriente médio, mas havia uma grande diferença. Ambas correspondiam a natureza de seu cosmo, mesmo sem manifestá-lo, suas lâminas expeliam pequenos feixes elétricos.

–--Caesius; Nossa, que legal!

–--Caesar; Espere um pouco Caesius, não sabemos de onde elas vieram! Isso pode ser muito bem uma armadilha dos deuses.

–--Caesius; Para! Que deus daria um presente desses a seu inimigo? A menos que fosse Atena!

–--Zhang; Duvido muito, se fosse Atena, ela teria dado no templo de Hefesto ou ele mesmo daria.

–--Caesius; Zhang, não fode vai!

–--Zhang; Só estou alertando.

Nesse momento uma carta cai do pano ao chão, o jovem lobo a pega e desdobra, dentro havia apenas uma pétala de rosa vermelha e uma única palavra escrita; Cuide-se!

–--Caesar Ah! Isso explica tudo!

–--Caesius; Tudo o que?!

–--Zhang; Aff! Lesado! Pra mim já deu, vou dormir, boa noite!

–--Caesius; O que?!

–--Caesar; Pra mim também Caesius, boa noite!

–--Caesius; Pera ai! Voltem Aqui! Na boa, eu não entendi!

Zhang e Caesar, inconformados com a falta de “malicia masculina” de Caesius, pra não dizer outra coisa, se retiram para seus aposentos, enquanto o abobado, digo, inocente Caesius fica admirando suas novas armas.

Na manhã seguinte, Pegasus já os aguardava na entrada do templo, no caminho todas as pessoas da acrópole os olhavam com admiração, as urnas que carregavam não eram só simples armaduras, eram mais que isso, eram um símbolo de esperança para humanidade, para todos os povos do mundo, aquela seria a primeira chance real de enfrentar os deuses de igual pra igual. Assim que chegam a presença de Pegasus, este não perde tempo e os conduz logo a sala do trono, lá dentro, Atena e mais alguns generais os aguardavam.

–--Aegir; É, parece que dessa vez a coisa é séria!

–--Tauro; E quando não foi séria.

Atena e seus generais os cumprimentam, feita as cordialidades, a deusa logo trata de informá-los sobre todos os acontecimentos e táticas de batalha. Com o apoio de todas as polis da região Ática, tais como; Egina, Maratona, Pireu e Plateias. O contingente grego conseguiu somar cerca de quarenta e cinco mil homens, variando desde jovens inexperientes a guerreiros habilidosos de idade avançada, mesmo não sendo de agrado da deusa, porém, sabia que todo mortal que pudesse lutar, poderia fazer a diferença. Outras ilhas mais ao sul também forneceram cinco mil soldados e uma pequena flotilha. Sobre Esparta, Artorius que já estava com o exército grego, havia mandado um mensageiro, dizendo que o rei Agesilau honraria o acordo feito por seu pai, o único infortúnio era que sua frota de navios tinham sido misteriosamente incendiadas após ele firmar o acordo, resultando no atraso para locomoção de seus trinta mil espartanos e aliados. Já a jovem Roma, nem sequer se deu ao trabalho de responder ao pedido de ajuda, dando a entender que não tomariam parte na guerra.

***Caesar; “Pai, você realmente vai ficar de braços cruzados!”

Com base nas informações obtidas por Alecto, irmã de Tisífone, agora Atena sabia com maior precisão, qual a extensão do poder de seu inimigo. Hades e seu exército de mortos-vivos, possuía um contingente total de um milhão de almas caídas, sendo elas humanas ou figuras mitológicas, além disso existia outro grande problema, segundo sua espiã, o Imperador do Submundo só conseguiria trazer tamanha força militar para a Terra, através de um portal em seu templo. Justamente dentro do território persa, em Hierápolis (perto da atual Pamukkale, na Turquia), os persas eram inimigos declarados dos gregos, então não seria de se espantar caso ficassem a favor dos deuses.

Depois de algum tempo debatendo, a deusa, em sua sabedoria, decide pedir a Hefesto para que lhe enviasse sua aprendiz, seu plano consistia em usar a habilidade de teletransporte da garota, para levar de uma só vez com sua ajuda, todo o exército para o templo e destruí-lo, assim evitaria uma incursão terrestre e diversas baixas. A deusa pega seu báculo e o entrega carregado com cosmo a Pegasus. Ele caminha até a entrada e o arremessa em direção ao templo de seu aliado, sendo guiado por Atena. A velocidade é equivalente à de um meteoro, tudo o que as pessoas veem é apenas uma luz cruzando os céus, somente alguns minutos depois cai, fincando no chão da entrada, de frente ao forjador e sua aprendiz.

–--Hefesto; Esqueceu alguma coisa irmã?!

Já prevendo que a irmã precisaria da ajuda de sua aprendiz, Hefesto e Dália aceitam ajudar, mas o deus pede algum tempo para preparar a garota e que ela os encontraria em Pireas, no campo de concentração dos hoplitas.

Com o parte da questão resolvida, agora a preocupação se volta a Poseidon e seus marinas, o local mais provável para seu ataque era justamente o porto de Pireas, que era totalmente propício para uma invasão a terra firme e que ficava relativamente perto de Atenas, e, por esta razão todo o exército grego estava se concentrando lá. Numa decisão difícil, Atena resolve que um quinto de seu exército, ou seja, dez mil homens, ficariam na costa para combaterem a invasão, enquanto todo o restante da força, juntamente com todos os cavaleiros, se dirigiria para Hierápolis.

Tendo tudo definido, agora que seria o momento comum de orar aos deuses, dá lugar ao apoio dos colegas e companheiros, pois dessa vez os deuses eram seus inimigos, uma força descomunal que por milênios ditara a rotina humana. Atena libera seus generais para se unirem ao exército, juntamente com os hoplitas experientes ainda restantes na acrópole, deixando apenas uma centena de jovens despreparados pra guerra para auxiliarem os cidadãos, levando-os para além das montanhas caso a guerra chegasse aos portões da acrópole. A comitiva parte sem demora, não mais que duzentos homens a cavalo, a deusa, acompanhada de seus cavaleiros, caminha por entre as ruas da acrópole saudando a todos, dizendo-lhes para terem fé em si mesmos e acreditarem naqueles que lutarão bravamente no campo de batalha. Assim que chegam nos portões da cidade, cinco belos cavalos são entregues aos cavaleiros, eles já estavam todos preparados e bem alimentados para cruzarem toda a distância o mais rápido possível.

–--Caesius; Cavalos! Por que não vamos voando ou correndo? Somos velozes!

–--Pegasus; Se formos voando seremos alvos fáceis, e correndo, bom, é o que faremos, mas de uma maneira mais agradável!

–--Caesar; Tá, mas e o cavalo de vocês? Só trouxeram cinco.

–--Pegasus; Não precisamos!

Com um sorriso no rosto, Pegasus coloca a urna no chão e puxa a corrente, saindo da forte luz emerge a armadura, seu corpo passa a brilhar ao mesmo tempo que ia assumindo sua forma de cavalo alado, a armadura vai revestindo-o. Com todos ainda pasmos com o acontecido, Atena monta-o e sai cavalgando a toda velocidade pela planície, ao se afastar uma determinada distância, grande o suficiente para que o povo da acrópole a veja, a deusa materializa novamente seu báculo e libera uma considerável quantidade de cosmo energia, iluminando toda a área, como se o próprio Apolo tivesse trazido o Sol pra Terra.

–--Caesius; Pra que isso?!

–--Tauro; Esperança, ela quer que todos tenham esperança.

–--Caesar; Então não vamos desapontá-la!

–--Aegir; Isso mesmo, preciso terminar essa guerra o quanto antes! Para retornar pra minha família!

–--Zhang; Eu não tenho mais família e nem pra onde voltar, mas lutarei para que outros tenham um lugar a voltar. Farei isso pela paz! Para que não aja mais guerras!

–--Tauro; Pela liberdade.

–--Caesar; Por um mundo de consciência!

–--Caesius; Por justiça e vingança.

–--Aegir; Pela minha e por todas as famílias!

Ditas estas palavras, os cinco partem cavalgando a todo vapor pela planície, com as urnas em suas costas, e, o peso da responsabilidade do destino de todos em seus ombros. Rapidamente alcançam Atena e juntos, seguem rumo ao encontro do exército grego.

A meio caminho do porto de Pireas, Atena e Pegasus que lideravam o grupo, param subitamente. Quase que instintivamente, os cavaleiros que vinham atrás param seus cavalos, eles reparam que a deusa estava olhando fixamente para o alto de um monte, que estava a meio quilômetro a frente deles, em meio a relva alta se destacavam três homens, era difícil distinguir ou reparar com exatidão se eram amigos ou inimigos.

–--Caesar; Atena, quem são eles?

–--Atena; Difícil saber com exatidão a esta distância, não sinto seus cosmos, talvez sejam só batedores hoplitas.

–--Tauro; Pode até ser Atena, mas creio que seja melhor prosseguirmos com calma, pelo menos até termos certeza.

Pegasus bate com o casco no chão, dando a entender que estivesse concordando com o conselho. Para preservarem a segurança de sua deusa, Caesar e Tauro, por serem mais fortes fisicamente, seguem a frente da deusa, Aegir e Zhang, ficam um à direita e outro à esquerda, enquanto Caesius seguia na retaguarda. A uns duzentos metros de distância, os três misteriosos homens já poderiam ser vistos com mais detalhamento, usavam vestes comuns a de qualquer mortal, o que estava mais à frente, era moreno e tinha um porte físico de fazer inveja a qualquer homem que cultuasse o fisiculturismo, até mesmo Tauro que sempre fora avantajado ficara surpreso. O que estava a sua esquerda, era loiro, de cabelo longo e olhos azuis, com estatura e proporções bem menores e mais humanas ao primeiro, também um belo homem aos olhos das mulheres, difícil de acreditar que pudesse oferecer algum perigo. Já o terceiro, que estava a direita, era branco, tinha cabelo preto bem curto e olhos castanhos, possuía uma aparência mais rústica, similar ao de alguém que vive do trabalho árduo.

Mesmo não aparentando oferecerem perigo, os cavaleiros seguem apreensivos e cautelosos, a uns cem metros, Pegasus para e relincha.

–--Caesius; Vai matar outro de susto! Ta todo mundo tenso aqui!

–--Aegir; O que foi agora?!

Sem responder a seus defensores, Atena desmonta e seu leal companheiro retorna a forma humana, porém mantendo a armadura em seu corpo.

***Zhang; “Pegasus retornou a forma humana e se manteve com a armadura, Atena mesmo não querendo demonstrar está apreensiva, então isso só me leva a crer que eles são inimigos. Mas, por que então se arriscar tanto aproximando-se deles?”

–--Caesar; Vocês os conhecem?

–--Pegasus; Sim, desmontem todos. Vamos seguir caminhando.

Sem dar muitas explicações, a deusa e Pegasus continuam caminhando, os cinco seguem-vos, porém se mantendo alerta para qualquer manobra ofensiva ou defensiva. Assim que se aproximam, os três homens ajoelham-se, para surpresa dos jovens.

Atena materializa o báculo e com um sorriso, revela a real identidade deles.

–--Atena; Hércules, Aquiles, Perseu... fico feliz em revê-los depois de tanto tempo. O que os trazem até mim, por acaso vieram se juntar a nossa causa?

Agora, definitivamente os cavaleiros ficam em choque, os lendários guerreiros mitológicos, que no passado fizeram proezas em nome dos deuses e da humanidade, estavam ali, ajoelhados perante sua deusa. Eram reais, de carne e osso, metade humano e metade deus, o que durante muito tempo fora o sonho dos guerreiros. Se tornarem semideuses.

–--Hércules; Não Atena, sinto muito. Mas viemos a mando de Zeus para levá-la de volta ao Olimpo.

–--Pegasus; Uf! Então Zeus está preocupado com a segurança de sua filha! Ele sabe muito bem que Atena, jamais deixaria a humanidade desamparada.

–--Hércules; Todos sabem disso, é por essa razão que Zeus nos ordenou levá-la a força, caso fosse preciso.

–--Atena; E qual é a decisão de vocês? Serão coniventes a tudo isso?

Nesse momento Hércules se sente diminuído, no fundo todos sabiam o erro que estavam cometendo seguindo as ordens do rei do Olimpo, porém, Perseu tenta se justificar.

–--Perseu; Apenas nos entendam, somos guerreiros divinos de Zeus, se estamos aqui hoje, é porque ele nos concedeu essa forma semidivina. Caso contrário seríamos nada maia que pó! É nossa obrigação cumprir suas ordens e vontades, mesmo que seja totalmente contra as nossas índoles.

–--Atena; Compreendo. Mas meu dever é aqui, com os humanos, com essas pessoas que os deuses tanto maltratam e que agora querem dizimar, única e exclusivamente para a própria segurança.

–--Hércules; Não podemos mudar suas virtudes, no entanto a levaremos mesmo assim. Cumpriremos com o nosso dever divino. Nem que para isso tenhamos de matar os seus preciosos cavaleiros e até mesmo você, Pegasus!

Tendo o sentimento de culpa e no rosto a cara de descontentamento, os semideuses ficam de pé, um forte brilho quase que divino os envolve, ao baixar, seus corpos estavam revestidos por armaduras brancas, concedidas pelos deuses aos seus guerreiros prediletos, no caso deles concedidas por Zeus. Elas eram similares e num formato bem simples; peitoral, braçadeiras, perneiras, ombreiras e um elmo sem muitos adereços. O grande diferencial eram apenas a ausência de armas em Hércules, por se valer apenas de sua própria força, a espada média de Perseu, e, a lança e o grande escudo de Aquiles. Serviam mais como prova de seus status, muito longe das kamuis dos deuses, no entanto, sua resistência era semelhante a uma armadura de ouro e os cobria como uma de prata.

Continua...

Fim do capítulo 21

Fernando Onofre de Amorim

17h 05min 06/06/2014


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