Chronos; A Traição De Atena escrita por Fernando Onofre de Amorim


Capítulo 19
Capítulo 19; Sapuri prata




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/427040/chapter/19

Capítulo 19

Sapuri prata

No Olimpo, Zeus aguardava na sala do trono, a presença de seus guerreiros divinos que havia mandado chamar, os semideuses, Hercules, Aquiles, Perseu e Teseu. Com o rumo que os acontecimentos estavam tomando, o Deus dos Raios, se sentiu na obrigação de tomar uma atitude em relação a sua filha, ainda mais por ter deixado os humanos a encargo de Hades, ele sabia que seu irmão mesmo desaprovando a violência desnecessária, não teria compaixão em tirar a vida de Atena.

Zeus tinha decretado que, qualquer um que fosse contra a sua decisão referente a raça humana seria condenado à morte por traição, no entanto o amor por sua filha ainda falava mais alto, amor que o fez tomar uma decisão que talvez viesse a se arrepender no futuro próximo.

Dois anjos celestiais que faziam a guarda da sala do trono, pelo lado de fora, abrem a porta para a entrada dos semideuses.

–--Zeus; Onde está Teseu?

–--Hércules; Não sabemos pai, ele disse que tinha de resolver uns assuntos urgentes e que nos encontraria depois.

–--Zeus; Qual assunto seria mais importante que uma ordem direta minha?!

–--Hércules; Não sei pai!

***Aquiles; “Teseu não mudou nada, mortal ou semideus suas ações continuam as mesmas... o que será que ambos estão tramando... se Teseu ausentou-se deve ter tido uma grande razão e Hércules com certeza sabe qual é! ... Uf f! ... Esses dois, deveriam confiar mais em nós!”

Mesmo indignado com a insubordinação de Teseu, Zeus segue a diante com o diálogo.

–--Zeus; Como todos sabem, Atena deixou o Olimpo e se dirigiu pra Terra acompanhada de Pegasus, ela está liderando um grupo de jovens mortais, que supostamente possuem certo domínio do cosmo e também reunindo um exército humano para fazer frente a Hades.

–--Perseu; Hades! Zeus, com todo o respeito, mas não seria Ares e seus generais que liderariam o ataque a Terra?!

–--Zeus; Inicialmente sim, mas Hades fez questão de assumir o ataque. Ele tem planos, que nos favorecerão muito além das minhas expectativas com Ares.

–--Hércules; Então por que nos chamou aqui pai? Aparentemente está tudo indo de acordo com os planos.

–--Zeus; Embora esteja tudo indo de acordo com os planos, essa guerra que está por vir poderá custar a vida de Atena. Conhecendo bem meu irmão, e, sua serenidade só sendo igualada pela sua frieza, no campo de batalha ele não hesitará em matar aquela inconsequente.

Zeus fica em silêncio por um instante, como se estivesse preso em algum devaneio.

***Aquiles; “Ora! No fundo Zeus ainda sente algum sentimento de pai!”

–--Zeus; Quero que vocês vão para Terra e me tragam Atena, custe o que custar! Quando estiver aqui darei uma pena mais branda a ela... uma deusa se sacrificando por um humano é algo inadmissível!

–--Hércules; E quanto a Pegasus? Ele não permitirá que Atena regresse contra a sua vontade.

–--Zeus; Façam o que for necessário, se Pegasus ou os mortais tentarem impedir... matem-nos.

Os três mudam completamente suas expressões, fazendo uma cara de desaprovação e revolta. O deus do Olimpo aumenta o tom da sua voz, relembrando a obrigação de cada um, pela derrota que sofreram no passado e justamente isso era o que os deixava mais revoltos consigo mesmos, a deusa grega e seu leal companheiro por diversas vezes já os haviam ajudado no passado.

–--Zeus; Por acaso vocês ousam me desobedecer!

Ao mesmo tempo que Zeus dizia essas palavras, também emanava uma pequena parte de seu imenso cosmo, parte que fora suficiente para estremecer o Olimpo.

***Aquiles; “Não posso ser conivente a isso, Atena e Pegasus foram os únicos que sempre nos apoiaram desde o início!”

Hércules olha para seu amigo e repara no sangue escorrendo em suas mãos, a raiva era tanta, que sem perceber estava pressionando os punhos a ponto de ferir a si mesmo.

***Hércules; “Aquiles, por favor não vá cometer nenhuma besteira!”

Quando o pior parecia estar para acontecer, Hércules surpreende a seus amigos com uma única frase.

–--Hércules; Tudo bem pai, nós traremos Atena de volta.

Perseu e Aquiles por um instante se assustam com a decisão, mas logo percebem que ele apenas queria evitar o pior naquele momento.

–--Zeus; Não poderia esperar menos de você, meu filho... sempre foi o filho mortal que mais me encheu de orgulho! ... Pois bem, vão e cumpram com os seus deveres!

Os semideuses deixam a sala do trono, o deus supremo do Olimpo senti um certo alivio, pois agora mesmo que toda a humanidade seja sacrificada, sua filha não seria mais uma vítima em meio a tantos mortais.

Do lado de fora, próximo a entrada do jardim do Éden, os três se questionavam quanto a decisão tomada.

–--Perseu; Nós faremos mesmo isso?!

–--Aquiles; É claro que não, como podemos nos opor a Atena... deveríamos tê-lo desafiado novamente!

–--Hércules; E pra que Aquiles! Perderíamos de novo e dessa vez estamos em guerra, seriamos todos mortos inutilmente!

–--Perseu; Então o que faremos?

–--Hércules; Por hora seguiremos de acordo com a missão de Zeus.

–--Aquiles; E quanto ao inútil do Teseu?!

–--Hércules; Teseu está em uma missão e logo entrará em contato, dependendo do que for decidido teremos uma saída.

–--Aquiles; De novo teremos que seguir aquele inútil as segas! Que seja, já faz muito tempo que não entro em uma batalha de verdade!

Com os três se apoiando no suposto plano de Teseu, partem para a Terra, a fim de cumprirem com a ordem de Zeus e regressarem com a deusa protetora da humanidade.

Nas Ilhas Lipari, já era madrugada do décimo dia, dentro do Templo a decepção para com os jovens só estava ausente nos rostos de Atena e Hefesto. A deusa por ter consciência das limitações dos cinco e o forjador dos deuses por já esperar tal resultado, tendo em vista que nenhum deles despertara o sétimo sentido.

–--Caesar; Atena, sinto muito...nós falhamos!

–--Pegasus; Não Caesar, nós falhamos! Sou o líder desse grupo e como tal também possuo responsabilidades!

Atena os consola dizendo que tudo aconteceria no seu devido tempo, já Hefesto procura ser mais dinâmico, pedindo para que todos comecem a fazer os testes com as armaduras de prata, no fundo ele sabia que tal decepção poderia abalar a confiança e a determinação daqueles garotos, tendo isso em mente decide seguir em frente sem interrupção, era a melhor coisa a ser feita naquele momento, pensava ele.

Mesmo com o receio de fracassarem novamente decidem prosseguir, porém, novamente Hefesto lhes diz que haveria mais uma condição para as armaduras de prata.

–--Pegasus; Mais uma condição Hefesto?

–--Hefesto; Antes de criticar deixe-me explicar, dessa vez vocês terão de manifestar seus cosmos individualmente, um de cada vez.

–--Aegir; E por que isso agora?!

–--Dália; É necessário, as armaduras de prata exigem bem menos cosmo energia para despertarem, no entanto elas precisam estabelecer um laço extremamente forte com o seu portador, caso contrário... (nesse momento a garota é interrompida por Caesius e seu sarcasmo ácido).

–--Caesius; Pera ai, deixa eu adivinhar! Elas também irão nos abandonar quando cairmos no campo de batalha!

Irritada com a falta de respeito de Caesius, Dália deixa sua timidez de lado e responde a altura, fazendo-o se calar.

–--Dália; Não, simplesmente nunca chegarão a usar o máximo das armaduras, isso também vale para as de bronze! Também serve para mostrar, se podem enfrentar o que está por vir ou se apenas desperdiçaram, o tempo de Pegasus!

***Aegir; “Nossa, essa doeu em mim!”

Atena lhes diz para prosseguirem, Caesar pede para ser o primeiro e se afasta dos demais.

–--Caesar; Podem trazer as armaduras de prata.

–--Hefesto; Não a necessidade, existem muitas armaduras no templo, sendo que vinte e quatro são de prata, além disso nem todas estão acabadas, basta queimar seu cosmo e veremos se alguma delas responderá.

Enquanto Pegasus e Tauro recolocavam as armaduras de ouro no lugar, Caesar prossegue emanando sua energia, pouco antes de atingir seu limite e sem muita dificuldade, uma das armaduras no alto das prateleiras despertam, Caesius corre pra ver qual seria.

–--Caesius; É a urna de Flecha!

***Hefesto; “Não poderia ser diferente, a armadura de prata de Flecha praticamente antecede a armadura de ouro de Sagitários.”

Os primos sobem nas prateleiras e descem a urna de Flecha, mesmo não sendo uma armadura de ouro, a cosmo energia que emanava de dentro dela era impressionante, Caesar fica empolgado e vai logo puxando a corrente para abri-la, mas é impedido por Hefesto, dizendo para que esperasse até que todos pegassem suas armaduras, pois cada uma delas possuía suas próprias habilidades especiais e características, então ele explicaria a todos para que não houvesse interrupções.

Animado com a conquista de seu companheiro, Aegir decide ser o segundo a tentar, já com a urna ao seus pés Caesar o incentiva, dizendo que bastava apenas se concentrar em algo que o fizesse manter um fluxo crescente do cosmo até atingir o limite.

–--Aegir; Só porque conseguiu ta se achando o mestre agora!

Os dois riem e então o viking dá início ao seu teste, ele começa com uma pequena quantidade de energia que vai aumentando gradativamente, ao chegar perto do limite seu cosmo começa a sofrer um distúrbio.

–--Caesar; Concentre-se Aegir!

Dominado pelos sentimentos e pelas lembranças ruins, seu cosmo não atinge um fluxo limpo e continuo, dessa maneira não importava o quão intensamente ele o queimasse ou grande ele fosse, as armaduras precisavam de refinamento, precisavam de uma cosmo energia limpa, como as águas de um lago e não como as ondas do mar.

–--Hefesto; Já pode parar garoto! Dessa maneira não vai despertar nada!

–--Aegir; Não! Preciso continuar! Preciso conseguir! Pela minha família!

Pegasus vai até ele colocando a mão em seu ombro.

–--Pegasus; Aegir, pare! Você sabe muito bem que existe uma grande diferença entre, utilizar o cosmo e controlar o cosmo, precisa limpar sua mente se quiser seguir em frente.

Hefesto o aconselha a esperar um pouco, pelo menos até se acalmar e deixar que outro tente, assombrado pelos fantasmas do passado e angustiado pela falta de notícias de sua família, ele apenas senta num banco ficando em silêncio.

–--Pegasus; Zhang, quer ser o próximo?

–--Zhang; Não, nem preciso tentar.

–--Pegasus; Do que você está falando?!

–--Zhang; Eu tenho os mesmo problema que Aegir, nosso cosmo é mais que suficiente para despertar as armaduras de prata, porém, não conseguimos controlar nossas emoções a ponto de manter um fluxo limpo. Não está sendo fácil lidar com as perdas que sofremos!

Compreendendo a dor dos mortais os deuses ficam em silêncio, até Tauro tomar uma atitude.

–--Tauro; Sejamos realistas! Estamos todos encurralados, a única saída que temos é lutar ou se deixar matar, se vocês não conseguem superar isso, então pelo menos façam como Caesius, usem o ódio!

–--Caesius; É! ... Ô, pera ai, isso foi um elogio ou uma crítica!

Com um sorriso no rosto o gladiador dá início a sua tentativa, ao contrário de seus amigos ele começa com força máxima, seu cosmo era massivo e deixava o ar em torno dele mais denso, até mesmo Pegasus respirava com força.

***Tauro; “Por liberdade, por justiça e por todos aqueles que caíram confiando em mim... aaah!”

***Atena; “Tauro, por toda sua vida você tentou ser forte para aqueles que não podiam... sinto muito!”

O cosmo de Tauro faz com que algumas armaduras despertem, a energia emanada por ele se espalha pelo salão trazendo as urnas até o mesmo, no total são quatro, sendo uma de bronze.

–--Caesius; Nossa! Tauro conseguiu despertar quatro armaduras!

***Caesar; “Exibido, não havia necessidade pra tudo isso!”

Hefesto fica impressionado com a capacidade do gladiador, porém explica que embora tivesse quatro opções, a escolha final seria da armadura e não dele. Tauro analisa suas escolhas, logicamente a primeira a ser descartada foi a armadura de bronze de Urso. Mesmo assim ainda lhe restavam três de prata sendo elas, Hércules, Baleia e Escudo.

Só que algo não estava certo para o gladiador.

–--Atena; O que te aflige Tauro?

–--Tauro; Não sei direito, é como se elas não me completassem.

Dália geralmente era uma pessoa pacífica, além de tímida, só que se havia algo que a tirava do sério era alguém criticar o seu trabalho, e a construção das armaduras de prata e bronze possuíam muita de sua dedicação, qualquer crítica por mínima que fosse a deixava extremamente irritada.

–--Dália; Não te completam! Até mesmo a armadura de Hércules te aceitou!

–--Hefesto; Calma Dália, ele não está criticando seu trabalho.

Guiado por uma energia que o chamava, Tauro passa por entre as urnas e caminha pelo salão como se estivesse a procura de algo, Pegasus intrigado decide ir até ele, mas Atena segura sua mão, fazendo sinal para deixá-lo prosseguir. Ao contornar a fornalha, o gladiador para em frente a uma prateleira repleta de urnas escuras, dentre estas havia uma que possuía a figura similar à de um touro.

–--Tauro; O que são essas urnas?

–--Hefesto; São sapuris.

–--Caesar; E o que são sapuris?

–--Hefesto; São armaduras que estou desenvolvendo para proteger o exército de Hades.

Os jovens ficam indignados com aquilo, como ele que se dizia um aliado estaria fazendo armas para o inimigo, Atena intervém, pedindo para todos se acalmarem e não serem precipitados, na realidade Hefesto ainda não tinha assumido um lado perante o Olimpo, para os demais deuses ele continuava sendo aquele deus banido e aleijado, porém talentoso que fazia armas para todos.

Hades por sua vez, havia lhe pedido para que fizesse algumas bases de armaduras de acordo com suas instruções, depois de prontas o próprio Imperador do Submundo as concluiria, de acordo com as suas necessidades e que melhor o agradasse. O que Hefesto mantinha em segredo, era que esse pedido teria sido feito a várias décadas e de maneira inteligente ele vinha adiando a entrega delas, a fim de priorizar as armaduras de Atena e minar as forças de seu tio.

Nesse momento Tauro cai na gargalhada, ele jamais imaginou que os deuses também fossem ardilosos, por fim ele segura a urna contendo a Sapuri e traz para perto de onde se encontravam as demais.

–--Dália; O que pretende! Por acaso você quer usar essa Sapuri, ao invés de uma armadura de Atena?!

–--Tauro; Sim, quero ver a cara daqueles deuses ou de seus subordinados, quando virem que até uma de suas armas aceitou servir um cavaleiro!

Com essas palavras o gladiador puxa a corrente que mantinha a urna trancada, a base dentro da urna ganha forma, era a sapuri inacabada de Minotauro, era nítido que ainda lhe faltava conclusão. Muito indignada, Dália se recusa a aceitar aquilo, um cavaleiro portando uma sapuri era algo inconcebível, Hefesto embora não gostasse da decisão, sabia que forçá-lo a trajar uma armadura não seria o correto, não haveria paridade se ambos não se aceitassem, além de que, a base dessa sapuri foi inspirada na armadura de Touro.

Ainda sim existia esse grande problema, como alguém poderia usar uma armadura inacabada, felizmente isto era algo extremamente fácil para Hefesto, devido ao fato do material das sapuris serem inferiores ao dos muvianos, ele caminha até uma bancada para pegar um ponteiro e um martelo, ambos de ouro, depois encosta o ponteiro na sapuri e desfere uma leve pancada com o martelo, uma forte luz branca emana ofuscando a todos, ao dissipar a sapuri se encontrava completa, porém, ainda pertencente a Hades.

–--Hefesto; Atena, por favor conclua a obra.

Atena fica de frente para a sapuri e estende sua mão, também pede para que Tauro faça o mesmo, ela manifesta seu cosmo introduzindo-o na armadura, seu poder repleto de amor absorve a energia maligna dissipando-a, com tudo no seu devido lugar a deusa baixa a mão, aos poucos o brilho vai diminuindo, antes negra agora a sapuri se encontra em sua totalidade prata, muito mais familiar a uma armadura de Atena.

–--Atena; Use-a com sabedoria Tauro, mesmo contendo meu cosmo e expulsando a energia maligna de Hades, ela não é uma armadura muviana. Tenha cuidado nas suas decisões.

–--Tauro; Sim Atena, eu terei.

Continua...

Fim do capítulo 19

Fernando Onofre de Amorim

22h 13min 14/05/2014


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Chronos; A Traição De Atena" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.