Burning Torch escrita por Pacheca


Capítulo 8
O Primeiro Dia De Treino


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :*



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Poucos tributos tinham chegado. Aparentemente, os que nos odiavam. Assim que saímos do elevador, todos os olhares caíram sobre nós. Nenhum deles era amigável.

Nos separamos. Fui para trás da garota do 4, Niliria, enquanto Neville parou ao lado do garoto do 10, do lado oposto da instrutora. Acho que o nome do garoto era Malec. Ele parecia completamente indiferente à nossa presença.

Tivemos que ficar mais uns 10 minutos esperando todos chegarem. Niliria ficava jogando o longo cabelo loiro ondulado sobre o ombro, obviamente tentando me irritar. Assumo que a cada vez que as pontas do cabelo passavam pelo meu rosto, minha vontade era de fazer uma peruca com aquela cabeleira loira.

Quando eu já estava quase desistindo de aturar a loira jogando os cabelos no meu rosto, erguendo uma mão para puxar o cabelo dela, os dois tributos do distrito 5 que faltavam chegaram.

A instrutora começou seu discurso, sobre a importância de todas as habilidades que se treinavam naquele lugar, as estatísticas de mortes do tributos e sobre nosso tempo de treinamento.

Teríamos 3 dias para aprender o que quer que fosse, e depois disso, seria cada um por si. Cruzei os braços, tentando me concentrar na instrutora antes que arrancasse a cabeça de Niliria.

– Muito bem, tributos. Espalhem-se. – A instrutora, uma mulher de seus 20 e poucos anos, de pele escura e cabelos cacheados, fez um movimento com as mãos e nos dispensou.

Vi Neville indo atrás da garota do 5, que estava caminhando até a estação de sobrevivência. Ela se abaixou perto de um dos instrutores, que ensinava como se acender uma fogueira. Neville também ouvia.

Me virei, olhando ao meu redor. Loner nos instruíra a aprender o que não sabíamos. Dei de ombros e fui até a estação de agilidade. O treino consistia num jogo de figuras piscantes. Tudo que eu tinha que fazer era acertá-las com um tipo de cursor.

Passei um bom tempo ali. Era bem divertido e útil. O garoto do 2 parou ao meu lado, me assistindo jogar. Não tirei os olhos da tela, mas falei com ele.

– Quer jogar? – Acabei a partida, batendo meu próprio recorde. – Aron, certo?

– Não quero te tirar daí. – Ele ergueu uma mão, deixando a outra no bolso da bermuda. – Sabe meu nome, mas eu não sei o seu.

– Jojo Aismael. – Estendi a mão para ele, que a aceitou hesitante. – Pode jogar. Já passei muito tempo aqui.

– Ah. É difícil?

– No início um pouco. Depois você se acostuma. – Ele tomou meu lugar de frente para o painel. Observei suas costas por um instante.

Ele devia ser da minha idade, seus 18 anos. O cabelo curto loiro deixava sua nuca completamente exposta. Ele não era exatamente bonito, mas também não era feio.

– Bem, Aron, posso te fazer uma pergunta? – Ele concordou, tentando se acostumar aos controles do jogo. – Não me parece muito à vontade com sua parceira. Alguma briga pessoal?

– Ela é Carreirista. – Ele respondeu, um pouco distraído.

– E daí? Você também. – Franzi o cenho, cruzando os braços.

– Não sou, não. – Ele deu de ombros.

– Como não? Você é do distrito 2.

– Você parece uma garota sonsa, mas sei que mataria todos aqui e agora. Só porque sou do 2 não quer dizer que sou Carreirista.

– Para qualquer outra pessoa isso seria mentira. – Respondi do mesmo jeito cortante que ele. – Como pode não ser Carreirista no 2?

– Eu nunca ia aos treinos. Minha mãe e meu irmão sempre foram muito doentes.

– Mas não se voluntariou, nem por eles. Ninguém se ofereceu no seu lugar.

– Me deixaram vir por eles. Não sem me chamarem de covarde antes.

– Se eu perder, espero que você vença. Por eles. Entendo como é ter alguém que precisa de você. – Ele parou de jogar e ficou me olhando, esperando eu continuar. – Minha avó. Ela também está ficando doente, por mais que não assuma.

– Seus pais não cuidam dela?

– Eles morreram num incêndio nas florestas do 7. Não tenho irmãos, só um amigo. – Por que eu estava conversando aquilo com Aron? Eu sequer o conhecia.

– Oh. – Ele deu um sorriso leve. – Então, já tem algum aliado?

– Espero que o garoto do meu distrito não me mate de primeira. – Dei de ombros, com um sorriso leve. Não sei se era um sorriso natural. – Por que? Está se oferecendo?

– Não quero ficar com Rillion e sua trupe. – Ele olhou para o garoto do 1, que treinava com uma lança. – E você me parece uma boa opção.

– Tudo bem, então. – Estendi a mão para ele de novo. Ele a aceitou sem hesitação dessa vez. – Vai ficar por aqui? – Indiquei o painel. Ele concordou.

– Te vejo no almoço. – Anui com a cabeça e saí. Minha próxima meta, o garoto do 5. Ele estava fazendo alguns nós. Meu único problema era quem o acompanhava. Jenna.

– Ei, Malec. – O garoto tinha parado ao meu lado, encarando a tributo do seu distrito. – Sabe que arma ela usa?

– Vi ela treinando com as facas. – Malec tinha uma voz grave. – Ei, Jojo. Me faça um favor?

– Depende. – O encarei. Ele tinha uma expressão de puro ódio no rosto.

– Se eu não conseguir, acaba com ela. – Ele apontou para Jenna. – Da pior forma possível.

– E por que eu deveria? – Continuei o encarando. Ele simplesmente retribuiu o olhar, da mesma forma e disse.

– Porque ela merece morrer. Por isso. – Se afastou. Jenna me encarava agora, como se esperasse que eu dissesse o que ele acabara de me pedir.

Me aproximei dela e do garoto do 5. Os dois trabalhavam em vários nós. Alguns eu sabia fazer. Apontei para o na mão de Jenna e falei, do jeito mais indiferente que eu pude.

– Seu nó está errado. – Ela me olhou, tentando me queimar com os olhos azul escuros dela.

– Como pode saber, Jojo? – Ela sorriu de leve. – Tenho certeza que fiz certo.

– Tudo bem. Se tentar matar alguém com esse nó de forca, vai morrer mais rápido que a pessoa. – Peguei um pedaço de corda e passei a enrolá-lo no dedo.

– Você não me parece o tipo de pessoa que sabe fazer muita coisa, Jojo, além de se exibir, claro.

– Também acho que não sei muito. – Dei um sorriso fraco. – Aliás, acho que vou ser uma das primeiras a morrer, Jenna. Por isso estou te falando do nó.

– O que uma coisa tem a ver com a outra? – O tom irritado da voz dela me divertia, mas não demonstrei.

– Se eu quisesse que morresse não te contaria que o nó está errado. – Olhei para o garoto do 5. – Não é?

Ele concordou, evitando olhar para Jenna. Se levantou, deixando seu pedaço de corda no chão e foi até outra estação. Arremesso de facas. Deixei Jenna para trás e fui atrás do garoto.

Fiquei em silêncio, observando ele mirar em um dos alvos. A faca acertou um dos anéis externos do alvo. Peguei uma faca com o instrutor e mirei no mesmo alvo, a diferença é que eu não estava de frente como o do 5.

Pensei em quando eu brincava com Shiranui na floresta, quando ele tentava me pegar desprevenida. Como fizemos no dia anterior à Colheita. A faca parou a poucos centímetros do centro.

– Nossa! – O garoto falou, mas logo em seguida desviou o olhar, como se fosse fugir. Sorri para ele e inclinei um pouco a cabeça.

– Obrigada. – Ele relaxou um pouco e retribuiu o sorriso. – Eu adorei sua roupa. No desfile, digo.

– Ah, obrigado. – Ele deu um sorriso um pouco mais largo. – Gostei da sua também. Antes do vestido se desfazer, principalmente.

– Qual seu nome?

– Mikail. – Ele deu um sorriso. – O seu é Jojo.

– Isso. – Me aproximei dele. Ele parou de sorrir. – Mikail, quer ser meu aliado? Você tem potencial.

– O que? – Ele me encarou. – Quero.

– Ótimo. Não se preocupe, sua companheira vai também. – Ele procurou pela tributo do 5 com um olhar depois disso.

– Ela é minha irmã. – Assumo que fiquei um pouco surpresa, mas não demonstrei.

– Pois bem. Seremos eu, você, sua irmã, meu companheiro e Aron, do 2.

– O do 2? Ele não devia estar com os Carreiristas? – Os olhos dele se arregalaram. – Você não é nada do que parece.

– O que isso tem a ver com Aron? – O encarei de lado.

– Qualquer pessoa frágil e tímida teria medo de falar com ele. – Mikail respondeu. – E eu percebi seu sarcasmo ao falar com Jenna.

– Bem, Mikail. Continue observando os adversários. Te vejo no almoço.

Me afastei, indo até a estação da sobrevivência. Seria bom aprender um pouco te camuflagem. Neville passou por mim no caminho, indo na direção oposta. Dei uma piscadela para ele.

Eu já tinha feito minha parte. Agora tudo que eu tinha que fazer era treinar.


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Notas finais do capítulo

O que acham?



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