Burning Torch escrita por Pacheca


Capítulo 6
As Reprises


Notas iniciais do capítulo

Desculpem minha demora .qq
Boa leitura :*



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Parei na porta do quarto, embasbacada. O quarto era absolutamente magnífico e...simples. Parei de tirar a parte de cima da minha roupa, olhando as paredes brancas com uma faixa dourada bem no meio de cada uma delas.

– Tudo bem? – Me virei quando ouvi Neville atrás de mim. O estudei por um momento, parado atrás de mim, com os braços cruzados como se pudesse se esconder atrás deles.

– Tudo, eu só... – Não consegui achar um jeito de acabar a frase. O que eu esperava do meu quarto? Facões e alvos por todos os lados? – Não é nada. Só quero tirar esse troço que Teuk chama de roupa logo.

– Ah. Bem, não é muito confortável, mas ficou bem em você. – O encarei depois da afirmação. Ele se moveu, olhando para o chão.

– Em você também. – Respondi quando ele começou a corar. – Bem, te vejo depois.

– É, claro. – Entrei no quarto, em silêncio. Ele ainda olhava o chão quando eu fechei a porta.

Neville era bonito. Ele tinha os olhos castanho-avermelhados, os cabelos num tom de ferrugem e algumas sardas no rosto. Qualquer garota que estivesse naquele desfile provavelmente enlouqueceu com a imagem dele naquela roupa desfeita.

Ignorei o que tinha acabado de acontecer e olhei ao redor do quarto, esquecendo meu parceiro. As paredes brancas com a faixa dourada chamaram minha atenção de novo.

Tirei as roupas e fui para o banheiro. As paredes eram beges, com um box imenso. Eu poderia deitar no chão sem problemas, ainda sobraria espaço.

Tomei um banho com perfume de cereja, numa água bem quente. Não foi muito minha escolha: eu não sabia mexer naqueles comandos do chuveiro, então cliquei na sorte e rezei para não ser nada muito ruim.

Saí do banheiro enrolada numa toalha, penteando meu cabelo. Estava macio, quase sem nós. As roupas do desfile já tinham sido recolhidas, em cima da minha cama havia um conjunto do estilo Capital.

Revirei meus olhos. Tomara que não demorem a me devolver a roupa da Colheita.

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– O que...? – Loner começou a perguntar, mas se calou. Todos na mesa me olhavam, como se eu estivesse pelada na frente deles.

E eu quase estava. Charol parecia que ia explodir ao me ver sentada à mesa de jantar com uma toalha enrolada ao corpo. Eu já tinha deixado bem claro que não usaria aquelas roupas estúpidas.

– Nunca viu nada assim, Loner? – Peguei uma taça cheia de um líquido roxo escuro e tomei um gole, franzindo um pouco o nariz. Vinho tinto.

– Numa mesa de jantar, não. – Ele tomou um gole do próprio vinho, disfarçando o riso.

– Bem, você poderia ter terminado de se arrumar, querida. – Charol parecia a ponto de esmagar o garfo que ela usava para comer seu jantar.

– Eles ainda não me devolveram minhas roupas. – Dei de ombros. Um garoto de uns 19 anos me trouxe um prato, em silêncio. O observei por um instante.

Ele tinha uma expressão triste no rosto, arrependida. Quis perguntar seu nome, mas alguma coisa me dizia que ele não me diria. Charol o dispensou com um movimento da mão. Observei suas costas se afastando.

– Avox. – Teuk, que estava ao meu lado, me puxou e sussurrou no meu ouvido. – Teve a língua cortada como punição.

Não deixei de me sentir mal pelo garoto, mas estremeci de raiva. Charol o tratava como um cachorro sarnento. Tomei um outro gole do vinho e encarei meu prato, tentando não pensar no garoto.

– O que é isso? – Olhei para Loner, sentado à minha frente.

– Arroz, carne de boi recheada com presunto e queijo ao molho branco e batatas. – Ele comeu um pedaço da carne. – O tipo de prato que todo mundo adora.

Cortei um pedaço da carne e comi. Uma delícia. Troquei a taça de vinho por um suco de morango e continuei jantando, ouvindo a conversa dos outros.

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Me sentei entre Loner e Teuk no sofá de couro preto para assistir às reprises. Neville ficou de pé, apoiando as mãos no encosto do sofá atrás de mim.

Loner ia fazendo comentários a cada reprise. Os dois do 1 eram bons, Carreiristas. Os do 2 e do 4 também seriam bem difíceis. A garota do 4 irradiava arrogância.

– Então, eu e Neville somos a equipe, certo? – Perguntei para Loner, colocando os pés em cima da mesinha de centro. Charol tentou ignorar a ação, segurando a alça da sua xícara de porcelana.

– Exatamente. Quero que observem os outros tributos amanhã. Procurem pontos fracos. Encontrem parceiros. E não fiquem juntos. – Loner falou a última parte como se fosse a mais importante delas.

– Por que não, exatamente? – Inclinei a cabeça, esperando a resposta.

– Você não tem amigos aqui, esqueceu? Sua imagem é a frágil solitária.

– Achei que fosse sonsa revoltada.

– Isso é o que você realmente é. – Ele revirou os olhos. – Neville é o garoto fofo e tímido, que tem vergonha de você. Você é a garota frágil, que não consegue fazer amigos.

– Ok, não somos amigos. – Fiz um gesto com a mão, indicando que ele continuasse. Ele revirou os olhos mais uma vez e prosseguiu.

– Lembrem-se que seja lá quem escolherem como equipe, terão que matá-los depois. – A sala ficou silenciosa por um instante. Neville tinha ficado tenso atrás de mim. Me mantive impassível.

– Muito bem. Alguma outra dica baseada nas reprises? – Coloquei meus pés de volta no chão, deixando Charol menos nervosa.

– Jojo, a garota do 4 te odeia. Isso não é nada quando se está indo pra uma Arena cheia de adolescentes descontrolados lutando pela própria vida. – Loner me encarava agora. – Neville, você é o novo queridinho da Capital. Mais do que Jojo. Aproveite isso na entrevista.

– Como assim mais que Jojo? – Ele ficou com a postura ereta, se soltando do sofá.

– Jojo é adorada também, mas você é mais natural. Vai ter bem mais patrocínio.

– Então, além de tudo, estou à minha própria sorte? – Coloquei os braços no encosto do sofá.

– Não. Sou um ótimo mentor. Um de vocês vai sair daquele lugar vivo. – Ele se levantou. – Vão dormir. Amanhã vai ser um longo dia para vocês. Boa noite para todos.

Me levantei também, seguindo pelo corredor. Neville falou alguma coisa com Charol antes de nos seguir, indo para o próprio quarto. Eu já tinha uma inimiga, menos chances do que Neville de ganhar e ainda tinha que lidar com os treinamentos.

Loner tinha razão. Seria um longo dia, para todos. Me joguei na cama, ainda enrolada na toalha e fechei meus olhos. Os olhos de Shiranui e a voz da minha avó passaram por minha mente antes que eu finalmente dormisse.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acham? Devagar, né?



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