Burning Torch escrita por Pacheca


Capítulo 3
Partindo


Notas iniciais do capítulo

Então, o que estão achando?
Boa leitura :3



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Quantos familiares aquele garoto tinha? A demora não podia ser normal. Ou talvez eu era quem tinha ficado com muito tempo livre naquela sala maldita.

Quando o Pacificador que nos escoltaria até o trem abriu a porta, quase comemorei. Aquela sala já estava me deixando claustrofóbica. Me levantei da poltrona de veludo vermelho e caminhei até a porta.

Charol e o outro garoto nos esperavam na estação, de frente para o trem. O Pacificador que me escoltava me deixou. Dei os últimos 5 passos até estar entre a seletora e o outro tributo.

A mulher sorria incansavelmente. Às vezes eu me perguntava se aquelas aberrações não faziam algum tipo de cirurgia para sorrirem tanto sem sentir dor. Me parecia a única explicação razoável.

Já o garoto respirava pesadamente, como se não tivesse ar suficiente. Ele era alguns centímetros mais baixo do que eu, mas não chegava a ser pequeno. Tinha um porte atlético.

Ele parecia tão amedrontado que achei melhor não dizer nada. Acho que era como eu deveria estar reagindo também. Charol nos empurrou para dentro do vagão, com o sorriso congelado. Já estava começando a me dar nervos, aquele sorriso fixo.

Olhei ao redor do vagão. Não era nem metade do que eu esperava.Era mais. As paredes eram cobertas por um carpete verde-claro, os móveis de madeira brilhavam, lustrados. O lustre de bronze pendurado no teto era magnífico. Odiava admitir, mas aquelas aberrações podiam decorar um trem.

Charol finalmente tirou o sorriso do rosto, pegando uma agenda em sua bolsa e passando as folhas. Neville foi para outro vagão, como se investigasse o resto do trem.

Fiquei encarando o lustre de bronze acima da minha cabeça. Ele mal se movia, mesmo com o movimento do trem, que já acelerara. Respirei fundo e fui para o lado oposto de Neville.

O próximo vagão mais parecia uma sala de jantar. Tinha uma mesa, também de madeira, lustrada, com 6 cadeiras ao redor. Um pouco mais a frente havia um carrinho com garrafas e copos distintos enfileirados. As paredes eram revestidas com um carpete rosa claro. Mais um lustre de bronze pendia do teto.

O homem sentado numa das poltronas de frente para o carrinho de bebidas pareceu demorar para me perceber ali. Quando finalmente o fez, só me estudou de cima a baixo e deu um sorriso torto.

– Enfim, conseguiram alguém com alguma chance. – Ele se levantou, colocando um copo cheio de gelo sobre o carrinho e vindo na minha direção. Mudei o peso do corpo de pé, cruzando os braços.

– Nosso mentor? – Ele parou, ainda me estudando.

– O nome é Loner. Você é?

– Jojo Aismael. – Estendi uma mão, que ele apertou vigorosamente.

– Você é diferente. – Ele soltou minha mão. Voltei a cruzar os braços sobre o peito. O estudei enquanto ele pensava no que eu tinha de diferente.

Ele era da minha altura. Se eu não conhecesse a família de Shiranui e não soubesse que o pai dele também morrera naquele incêndio, acharia que era aquele cara na minha frente. Não era muito velho, devia ter seus vinte e poucos anos, mas já tinha uma aparência abatida que não combinava com seus olhos cor de mel e os cabelos ruivos.

– Diferente como? – Passei por ele e me sentei na poltrona que antes ele ocupava. Ainda estava quente.

– Você não é uma daquelas crianças que querem fingir serem fortes e indestrutíveis. Você de fato é forte e indestrutível. – Ele se sentou na outra poltrona.

– Vim pra cá com um objetivo. Pretendo cumpri-lo, só isso. – Olhei os copos e garrafas. O gelo do copo de Loner já estava derretendo, e as bebidas eram todas alcoólicas.

– Objetivo, hein? – Ele sorriu sarcasticamente. – Bem, ai vai uma dica. Não deixe ninguém saber suas ideias.

– É essa a grande dica que vou levar para a Arena? – Peguei um cubo de gelo e o coloquei na boca, sentindo a água gelada do derretimento.

– A grande dica para a Arena? – Ele olhou ao redor, como se quisesse que eu fosse a única a ouvi-lo. – Não seja uma vadia. Não reprima todos seus sentimentos. Eles podem ser bem úteis.

Ergui uma sobrancelha. Ele realmente estava me dizendo para ser amável e amigável? Claro, poderia ajudar na hora de conseguir patrocínios, mas com certeza não tornaria mais fácil matar crianças.

– Não precisa ser só amável. – Ele parecia ler meus pensamentos. – Pode ser amargurada, só, durona. No final, o resultado é muito melhor.

Não argumentei. Neville entrou na sala no mesmo momento. Me levantei, acenando com a cabeça para ele. Ele correspondeu, claramente desconfortável. Então eu o assustava. Interessante.

Passei por vários vagões. Cada um tinha um carpete de uma cor, um lustre de bronze no teto e móveis de madeira. Achei uma porta diferente num dos vagões. Um quarto.

Tinha uma cama espaçosa, um armário simples, outra porta que levava a um banheiro e roupas sobre a cama. Charol surgiu atrás de mim assim que cruzei a porta.

– Suas roupas, para quando chegarmos à Capital. – Ela sorriu e me deixou sozinha. Olhei o conjunto sobre a cama. Uma saia azul que ficaria colada em minhas coxas e uma blusa de um ombro só, laranja.

Só nos sonhos daquela aberração de saltos altos no trem me veria com aquelas roupas. Nem que eu não tomasse banho, chegaria à Capital com minhas roupas. Calça, camisa, bota e cinto.

Me deitei na cama, por cima das roupas. Era muito confortável. Respirei fundo. Pensei no conselho de Loner. Não consegui achar sentido naquilo, mas tinha que ter um.

Dormi enquanto pensava em uma resposta. A última coisa que vi antes de fechar os olhos foi a paisagem do 7, as folhas verdes assumindo um tom dourado a medida que o Sol descia no céu.


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Notas finais do capítulo

Me deixem saber o que acham para eu poder melhorar qualquer coisa ^.^
Bjs



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