Presente escrita por Dama das Estrelas


Capítulo 7
O Grande Dia




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O dia mais esperado por Maria finalmente havia chegado; o dia em que completava dezenove anos. Já era de se esperar o nervosismo e a ansiedade que tomavam conta da mente da jovem.

Seis horas da noite. Maria Renard esperava por Richter, que a levaria até a mansão. Ela já estava pronta, trajando um vestido verde escuro de tecido leve, tipo seda; com bordas e gola de linho branco; e um acabamento simples, mas bem decorado; seus cabelos foram presos por um coque preso com fitas, que era um penteado bastante usado pelas mulheres em ocasiões especiais.

Ela esperava por seu cunhado à porta de sua casa; olhava para todos os cantos, a ansiedade tomava conta de seu ser. A caçadora tinha a sensação de que aquilo mais parecia um casamento que uma festa de aniversário. E toda vez que algum aldeão passava e olhava para ela com olhos curiosos, ela ficava mais e mais ansiosa.

Para o alívio dela, seu cunhado, Richter, chegou momentos depois guiando uma linda carruagem de cor marfim de médio tamanho e puxada por dois cavalos brancos.

– Você está realmente deslumbrante, Maria! – disse seu cunhado após descer.

– Obrigada, mas por que demorou tanto, Richter? Eu estava morrendo de ansiedade aqui!

– Não culpe-me! Sua irmã não deixava-me sair! – ele respondeu, ajudando Maria a subir na carruagem.

A jovem balançou a cabeça e sorriu com a desculpa do cunhado e subiu. Após isso os dois seguiram para a mansão que ficava fora do vilarejo.

– Alucard não virá? – ele olhou rapidamente para dentro do compartimento. A moça não respondeu, apenas olhou para sua casa com tristeza em seus olhos. Seu gesto respondeu a pergunta dele.

– Uma pena. – o caçador soltou aquelas palavras.

O silêncio reinava naqueles minutos que se passavam. Maria observava a paisagem daquela terra cercada de árvores e campos verdejantes. O tempo estava frio, e as pessoas já se abrigavam em suas casas; poucas eram vistas.

– Não se preocupe, Maria. A festa é dedicada a você.

– Mas... – ela falou após muito tempo calada – por quê? Por que fizeram tudo isso por mim?

Novamente o caçador olhou pela pequena janela o rosto da confusa jovem.

– Pode não parecer tão simples a resposta por mais que seja. Você está recebendo isso, porque merece.

Ela balançou a cabeça.

– Logo eu? Tantas pessoas merecem isso, mais do que eu ainda por cima.

– Não dá para fazer festas para todo mundo. – Richter comentou de modo cômico.

– Mesmo não entendendo, obrigada, Richter. – Um sorriso saiu da boca dela.

Mais alguns minutos se passaram, e Maria soltou uma pergunta sem pensar.

– O que você acha sobre Lorde Galvan?

– O que eu acho? – Richter perguntou confuso. – acho que ele é uma boa pessoa. Mas, por que pergunta isso? Vocês não eram amigos na infância?

– Sim... – ela falou de modo hesitante – eu não sei, talvez eu esteja nervosa demais e falando besteiras, esqueça.

Na verdade, Maria percebeu o que estava falando e preferiu terminar a conversa, mas a caçadora não havia esquecido-se do que Alucard havia dito a ela antes de partir.

“Não confio naquele homem.’ Foi o que ele falou. Será que ela não devia mesmo confiar em seu amigo, ou talvez o meio-vampiro estivesse apenas exagerando? Era o que ela queria saber. Só que aquele não seria o momento apropriado.

O tempo passou e os dois, enfim, chegaram à mansão. Um grande portão de ferro foi aberto para eles, que foram recepcionados pela majestosa vista do jardim coberto de rosas vermelhas. O caminho fazia uma espécie de ‘volta’ que circundava um chafariz na parte central e que depois terminava na grande porta. Maria ficou surpresa ao ver sua irmã a esperando. Ela abriu um largo sorriso ao vê-la.

Richter desceu da carruagem e abriu a porta para ajudar Maria a fazer o mesmo. Annette aproximou-se dela e lhe deu um forte abraço.

– Você está linda, Maria! Está parecendo muito com nossa mãe.

A jovem caçadora parou de sorrir ao ouvir falar sobre sua mãe. Ela levemente baixou a cabeça, que foi levantada em seguida por sua irmã.

– Não fique assim, minha irmã. Mamãe ficaria orgulhosa de você se a visse.

– Você acha? – Maria falou num tom ainda duvidoso.

– É claro que sim. Agora vamos, devemos aproveitar todo o tempo possível. – Annette puxou a irmã gentilmente pelo braço e a trouxe consigo até a porta principal da mansão.

As duas subiram breves escadas e foram recepcionadas pelo mordomo que as esperava. As portas estavam abertas e as elas entraram. Maria ficou realmente emocionada ao ver aquela cena: quase todos os aldeões estavam presentes na casa. Seus vizinhos, comerciantes a quais ela tinha uma relação amigável, até as irmãs do orfanato estavam presentes. Praticamente quase todos os habitantes conhecidos do vilarejo estavam na festa.

– Irmãs! – a jovem expressou grande alegria, correndo para encontrá-las. E ao se deparar com elas, viu várias crianças a cercarem abraçando-a.

– Ei! Meus queridos, vocês vieram também, que surpresa! – a jovem disse.

– Maria... – a irmã Clarisse aproximou-se dela. – Viemos aqui para prestar-lhe essa homenagem.

– Não precisavam disso, irmãs. – ela respondeu, humildemente.

– Foram eles que planejaram isso, Maria. – irmã Margareth disse. – Nós apenas levamos estes anjinhos até aqui.

De repente, no meio das várias crianças, June apareceu carregando um buquê de colorido de flores. Os olhos da caçadora encheram-se de emoção ao ver a criança.

– Oh... June! Obrigada! Muito obrigada, a todos vocês! – Maria estava quase chorando. Ela olhou para todas as crianças, para as irmãs e os convidados. – vocês fizeram este dia ser muito especial para mim.

– Ei! A festa mal começou, por que já está agradecendo? – Richter apareceu entre os convidados animado.

A festa deu-se por iniciada. Os músicos começaram a tocar várias cantigas conhecidas pelos habitantes, que rapidamente começaram a dançar. Vários pares formavam-se ao longo da música, onde todos pulavam, dançavam e cantavam juntos. Maria, a todo o momento, era chamada por vários homens de todas as idades para dançar. Ela, por sua vez, aceitava todos os convites, já que ela não tinha receio ou vergonha. Dançou até com os pequenos, que não saíam de perto dela e constantemente pediam para dançar.

Depois, uma grande roda foi feita no centro do grande salão. Os músicos começaram a tocar algo mais animado ainda. Todos deram as mãos, e Maria sem perceber, foi levada ao centro por Richter e Annette. E sem reservas ela girava, e balançava seu vestido elegantemente. O sorriso não saia de seu rosto. Ela nem ao menos percebeu a ausência de duas pessoas importantes em sua vida.

A dança continuava e adaptava-se às músicas que tocavam. Só depois de muito tempo eles tocaram uma valsa que era especialmente para duplas. Quase que instantaneamente cada um procurou por seu par, inclusive Richter e Annete; já Maria, um pouco cansada, e com vergonha, afastou-se da festa e subiu as escadas do salão, indo para o andar superior. Os convidados não repararam que a jovem havia saído, pois estavam distraídos demais.

A caçadora olhou a cena lá de cima. Todos estavam tão felizes, comemorando o aniversário dela, mas, por que ela ainda não se dava por satisfeita? Era a falta dos dois homens? Talvez mais ainda da pessoa que morava com ela a mais de um ano. Adrian.

Aquilo a incomodava tanto, que por um momento esqueceu-se de tudo que aconteceu antes apenas para lembrar-se do motivo de ele não estar aqui.

Suspirando fundo, ela virou-se e caminhou até o corredor à sua esquerda sem saber o que encontraria e muito menos onde iria parar. A caçadora andou sem pensar em seus passos; sua mente a levava para um lugar totalmente distante.

No fim do corredor ela viu outra escada, dessa vez estreita por duas paredes. Ela olhou para cima, tentando enxergar onde aquilo daria. Pensou em dar meia-volta e retornar, mas uma força interior a fez prosseguir. Então subiu, segurando as barras de seu vestido para que não se arrastasse no chão. Calmamente ela pisou degrau por degrau, imaginando que aquilo fosse apenas uma distração para sua cabeça.

Ao final da escada, ela se encontrava no terraço da mansão. Ela olhou à sua volta, notando a linda vista no céu estrelado, já que o lugar era totalmente aberto, tapado apenas por uma telha. Maria foi até a borda do espaço, encostando suas mãos na mureta para olhar para cima. Realmente aquela era uma linda vista; além da lua, que fechava a linda paisagem, percebeu o jardim interno, que era mais impressionante que o da frente. Como se importassem-se mais com o interior que o exterior.

– Maria.

Uma voz. Aquela voz que chegou aos ouvidos dela do nada, a fez estremecer e a ficar com calafrios.


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