Presente escrita por Dama das Estrelas


Capítulo 24
Respostas


Notas iniciais do capítulo

Entãããão, pessoal, eu havia dito antes que postaria apenas mais um capítulo para fechar a história. Bem, eu resolvi mudar de ideia e postar mais dois pelo claro motivo: o capítulo ficaria grande demais! Ficaria muito cansativo para vocês, leitores, por isso segui a própria recomendação do Nyah no modelo de quantidade de capítulo. Mas não se preocupem que o próximo cap sai hoje mesmo para fechar essa fic! Aproveitem!



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A chuva, finalmente, havia dado às caras. Os densos pingos eram mais um motivo para as pessoas que acordavam, permanecerem em suas camas mais um pouco.

Alucard levou Lorde Galvan ainda desacordado para sua mansão, já que insistiu a Maria para que voltasse para casa e descansasse. Ele e a fada não tiveram muitos problemas em entrar na morada, já que viram a porta um pouco escancarada. Ao adentrarem, viram de cara alguns empregados inconscientes.

Ele deixou o corpo do homem no chão e andou pelo saguão principal.

— Fada. – o meio-vampiro chamou por ela, quando caminhou até uma mulher de idade caída no chão – Verifique se há outras pessoas no mesmo estado que ela.

— Sim, mestre.

— Obrigado.

Ele invocou mais um familiar.

— Mestre Alucard! – Imp disse animado.

— Imp, quero que ajude Fada em sua busca.

Ele olhou para outra familiar confuso.

— Está bem, mestre.

Alucard pegou a senhora e a levou para o andar de cima, onde se localizavam vários quartos e deixou-a numa cama de um deles. Depois ele voltou para Christopher e o pegou. Subiu as escadas e procurou por um cômodo para deixá-lo.

No primeiro momento em que decidiu trazer o lorde, fazer isso foi muito difícil para o meio-vampiro. Ajudar o homem que era apaixonado por Maria, que tentou matá-lo e matou sua amada era algo que, por pouco não o fez tirar sua vida. Se não fosse por ela, Alucard teria se perdido para a escuridão há muito tempo.

Alucard achou um quarto aberto que tinha uma cama, uma cabeceira e um pequeno guarda-roupa; deveria ser o de hóspedes, mas não importava. Ele pôs Christopher sobre a cama, mas não abriu a janela, já que a chuva não permitia. Então retornou e encarou o rosto dele por alguns segundos neutramente.

Será que se Alucard voltasse ao seu sono eterno, Maria e Christopher se casariam e formariam uma família? Ou o destino não permitiria tal união?

— Mestre Alucard. – a fada entrou no quarto aberto e Imp a seguiu.

— Sim?

— Encontramos mais oito pessoas desacordadas. – ela disse. – Para a nossa satisfação, estão todos vivos.

— Nós até tentamos, mas não temos força para carregá-los, mestre. – Imp falou decepcionado.

O meio-vampiro deu um largo suspiro e caminhou até os familiares que os esperava à porta.

— Digam-me aonde estão.

É claro que Alucard não podia deixá-los ali. E lá se foram alguns minutos na iniciativa de levar aquelas pessoas inocentes para um local onde pudessem se recuperar. Ele carregou cada um por vez, sem pressa ou desleixo. Só parou quando garantiu que todos os empregados estivessem deitados sobre uma cama e confortáveis.

Depois disso, pediu que Fada preparasse uma poção para dar a todos eles, inclusive a Christopher, que precisava de mais cuidados. E enquanto ela preparava, Alucard não deixava de verificar o estado de todo mundo, ouvindo seus batimentos cardíacos, vendo se estavam com febre ou não, observava qualquer detalhe peculiar.

Cinco minutos depois, a poção estava sintetizada. Imediatamente o meio-vampiro encarregou-se de fazer com que todos engolissem o líquido meio-amargo de cor azul. Por último, ele foi até o quarto de Christopher para dar-lhe a poção. Alucard abriu um pouco a boca do homem e despejou o restante do líquido, depois se afastou para olhar a janela. Estava pronto para deixar a mansão e retornar à sua casa.

Mas uma tosse foi ouvida e ele olhou para ver o que era.

— Ah... onde estou?

Alucard não estava a fim de responder, mas ao mesmo tempo queria buscar respostas.

— Está em sua casa. – o meio-vampiro respondeu secamente.

Christopher olhou para o teto e depois para os lados, procurando a origem daquela voz.

— V-você... – o lorde falou um pouco receoso.

O meio-vampiro virou-se e caminhou lentamente até ele.

— Não irei fazer mal algum a você.

— F-foi você que... me trouxe até aqui?

Ele não respondeu.

— Sabia que seus empregados estavam inconscientes?

— Oh, Deus... eles estão bem? – os olhos de Christopher se arregalaram.

— Estão se recuperando do mal que Therian causou.

Em seguida, Christopher baixou a cabeça aos poucos, junto de seu olhar.

— Esse era o nome dele? – ele perguntou baixo.

— Quero saber o porquê. – Alucard foi direto. – Por que se juntou a um demônio maligno? Para causar mal às pessoas próximas a você? Para destruir-me?

— Por favor... não me encare com maus olhos... eu...

— Conte tudo.

Lorde Galvan ajeitou-se na cama e deu um longo suspiro.

— Primeiramente eu nunca, nunca quis causar mal a Maria. Seria a última coisa que eu faria neste mundo!

O sangue do meio-vampiro começou a ferver ao ouvir o nome de sua amada.

— Não respondeu à minha pergunta.

— Vou lhe contar do começo. Há alguns dias, ouvi boatos de pessoas dizendo que havia um vampiro nos arredores do vilarejo.

— Que pessoas? – Alucard perguntou.

— Não sei ao certo, apenas ouvia gente próxima comentando sobre isso... – ele continuou – eu sabia que Maria vivia por lá e não pude me conter. Precisava dar um jeito de caçar esse vampiro, que seria você... não é? – Christopher falou a última frase hesitante.

— Continue. – ele cruzou os braços.

— Numa noite eu estava caminhando em meu jardim como de costume. Então, de repente, uma voz surgiu dentre os arbustos. Dizia que ele conhecia o jeito certo para matar o vampiro.

— Você ao menos viu o rosto dele?

— Vi apenas uma sombra... – o lorde respondeu hesitante.

— Então você confia em um estranho para tentar matar alguém que nem conhecia direito. – Alucard falou num forte tom irônico, mas frio.

— E-eu estava desesperado! Não podia deixar alguém sofrer com isso!

— E quase pagou com a própria vida. E ainda por cima... – Alucard parou de falar. Ele ia citar a morte de Maria, mas viu que o homem já estava magoado.

— Não sabe o quanto estou arrependido, senhor...

— Alucard. E não me chame de “senhor”.

— Eu faria qualquer coisa para reverter à situação, daria minha própria vida.

O meio-vampiro ficou em silêncio.

— Tem muita sorte de ter Maria como amiga.

— Maria... – o lorde expressava uma triste voz.

— Ela fez de tudo para que você fosse salvo, deu sua própria vida em prol do que acreditava.

Seus olhos se encheram de lágrimas.

— Será que poderia me perdoar, Alucard? Sei que deve odiar-me, mas, por favor...

Alucard ficou em silêncio. Christopher balançou a cabeça.

— Acho que nem consigo perdoar a mim mesmo pelo que fiz... – lorde disse.

— Não desperdice sua vida tomando toda a culpa para si, pois vai jogar todo o desejo dela em vão. – o meio-vampiro disse friamente.

— Se ao menos ela estivesse aqui, eu poderia implorá-la por seu perdão. – o lorde olhou para a porta abatido.

Alucard deu um longo suspiro.

— Sim, eu perdoo você, Christopher.

O rapaz ergueu os olhos surpreso com a resposta dele.

— Não será necessário lamentar a morte dela. E creio que pode desculpar-se a ela agora mesmo.

Alucard sentia a presença de alguém além de Christopher e os empregados da casa. Ela estava lá, ouvindo a conversa o tempo todo.

A porta moveu-se um pouco. Os olhares dos dois homens voltaram-se para lá. Uma jovem figura um pouco molhada de chuva entrou no quarto.

— M-m-maria! Você está viva! M-mas como?!

— É uma longa, longa história. – ela se aproximou lentamente deles, trazendo um inocente sorriso. – Desculpem-me por ter ouvido vocês conversarem.

— Maria, por que não está em casa? Você precisa descansar. – Alucard falou preocupadamente, tirando sua própria capa para envolvê-la.

— Tudo bem, meu amor. – ela tocou em sua mão.

— Eu... nunca... poderia imaginar... – o lorde falou vendo o carinho dos dois.

— Chris... – a caçadora dirigiu seu olhar a ele aproximando-se da cama.

— Vou deixar vocês a sós. – o meio-vampiro falou.

— Obrigada. – Maria assentiu.

Ela sentou na borda da cama e o encarou.

— Como? – o lorde perguntou ainda impressionado.

— Eu queria lhe falar tanto, Chris... mas há coisas que não posso revelar, infelizmente. Só posso dizer que... foi um milagre.

O rapaz virou de lado. Ele esperava mais de Maria, mas apenas virou seu rosto decepcionado.

— Isso nunca teria acontecido se... eu não tivesse matado você.

— Chris... pare com isso. – ela aproximou-se mais dele, e tocou em seu braço. – Acabou. Estamos todos bem, não é?

— Por pouco. Eu sou um idiota.

— Não, não é. Você é um homem que tentou proteger as pessoas de uma possível ameaça. Bem, não havia ameaça, mas mesmo assim, não o culpo... estava preocupado, certo?

— Eu sinto muito por tudo o que fiz, Maria.

Um silêncio invadiu o ar.

— O que fez foi errado, sim, mas o bom é que tudo terminou bem. Agora você pode ter sua vida de volta, livre daquele demônio. Pode fazer coisas boas, ajudar pessoas, arranjar uma esposa...

— Entendo... – Christopher soltou uma leve risada.

— Eu te amo, muito, Christopher. Mas não sou a pessoa certa para você. Tenho certeza que vai achar alguém melhor que eu, que te ame de verdade.

— Maria...

— Você é um grande amigo para mim, Chris, mas não posso ser sua esposa. Por favor, não me leve a mal, mas, não posso.

Lorde Galvan olhou para a porta.

— É ele... certo? – disse referindo-se a Alucard – Esse homem sabe cuidar bem de você.

Ela deu um rápido sorriso.

— Sim...

— Pelo visto ele sabe mesmo. – Christopher observou sua reação com exímia atenção – É o mesmo sorriso que conheço há anos. – então sobrepôs sua mão na dela.

Seus olhos se encontraram, e quando isso aconteceu, novamente a expressão do lorde ficou cabisbaixa.

— Você... pode perdoar-me? – perguntou emotivo.

— Claro que posso, Chris! – ela respondeu, tentando animá-lo.

— Mesmo sabendo que tirei sua vida?

— Você não é o culpado disso. Foi Therian.

— Mas... eu concordei em me juntar a ele. Isso não muda o fato.

— Chega, Christopher! – Maria levantou-se da cama impetuosamente – Você nunca vai conseguir seguir em frente se continuar apoiando-se ao passado. Acabou, Christopher, estamos todos vivos! Precisa esquecer isso e continuar a viver.

Ele olhou para baixo e observou as palmas de suas mãos. Christopher as pressionou e abriu novamente. Precisava perdoar a si mesmo pelo mal que acabou causando sem querer, principalmente a Maria, a quem não guardava ódio nem rancor.

— E-entendo...

— Bem, eu já lhe perdoei e ele também. Quero saber se vai conseguir se perdoar.

— Eu vou. – ele respondeu baixo.

— Não ouvi. Quero que prometa.

— Eu prometo...

— Mais alto.

— Eu prometo!

— Ótimo. Agora, se arranjar confusão novamente, irei bater muito em você. – Maria aproximou-se dele e lhe abraçou forte por alguns segundos. – Cuide-se, tudo bem? – ela falou enquanto o abraçava.

— Sim... minha grande amiga. – Christopher respondeu aprofundando o gesto.

— Preciso ir. Você e os outros precisam descansar.

— Não hesite em falar comigo caso algo aconteça com você. E se esse Alucard fizer algo, vai se ver comigo. – o lorde brincou, apontando para si mesmo.

— Ah, você não tem chance contra ele. – a caçadora respondeu no mesmo tom.

Os dois riram por breves segundos e logo depois o lorde disse com toda a simplicidade:

— Até mais, Maria. E obrigado... por tudo.


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