Presente escrita por Dama das Estrelas


Capítulo 23
O Confronto - Parte Final


Notas iniciais do capítulo

E aí, meus amigos! Aproveitem a parte final dessa sequência de capítulos de O Confronto. A fic não acabou por aqui, ainda pretendo postar mais um capítulo, é claro! xD
Além disso, estou pensando em fazer mais fics dos dois, quem sabe uma sequel dessa aqui, hein, né non? kkkkkk
Obrigada a todos que estão lendo essa fic, um monte de beijos ♥ ♥



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— C-como? – ele sussurrou, ainda segurando o corpo controlado.

— É uma longa história...

O calor que vinha de Maria era intenso, e não era por causa do fogo que a envolvia. O coração do meio-vampiro que congelou por causa da morte de sua amada, de repente, viu-se bater da mesma forma como no dia em que os dois se beijaram. Mas... seria a imagem que via uma ilusão de sua mente? Ou Maria, realmente, estava viva?

Suas dúvidas foram logo resolvidas com um sorriso lançado por ela; ele não conseguia resistir. Eram lábios que lançavam palavras de apoio e conforto ao meio-vampiro. Lábios que ele teve a honra de beijar; lábios que sorriam novamente.

— Parece que alguém voltou dos mortos. – Therian, mostrando o rosto alterado de Christopher severamente machucado abriu um sorriso torto – Ou estou vendo um fantasma. – ele terminou soltando uma risada fraca.

Alucard, notando a zombaria, apertou ainda mais o pescoço do inimigo, fazendo-o sufocar e gemer de dor. A caçadora que estava levitando pousou em terra firme. Ela entrelaçou a mão dele entre a sua e baixou até que ficasse descansado. Ele olhava cada movimento que Maria fazia com dúvida e cautela. Em seguida, ela tocou no pulso do braço que segurava Therian, e fazendo um gesto para Alucard que dizia “acalme-se”. Confiando nela, o homem soltou sua mão do pescoço e Therian caiu em pé.

— Ah... – o demônio disse num tom provocativo enquanto arfava – desistiu de me matar, é? 

O meio-vampiro franziu as sobrancelhas; se não fosse pela presença de Maria, ele, ainda com sua forma semi-transformada teria acabado com Therian naquele momento. Ainda assim Alucard cerrou os punhos irritado.

Mas novamente, Maria surgiu com toda a graça e serenidade, e esticou seu braço para frente do tronco do meio-vampiro, fazendo-o recuar um passo. Ela buscou os olhos do amado virando seu rosto de lado. Nem precisou dizer quaisquer palavras.

— O que vai fazer? – Therian perguntou ainda no tom de zombaria – vai me-

Maria, como um raio, usou a pata do tigre que cercava sua mão e acertou o corpo dele com a palma aberta de sua mão esquerda. O feito seguinte foi inesperado: o demônio, instantaneamente foi lançado para longe, mas o verdadeiro corpo de Christopher permaneceu, e o humano, desmaiado, caiu nos braços de Alucard. Ele já não estava mais com seu corpo deformado por causa do demônio, mas seu rosto estava inchado e sangrava, e suas roupas estavam um pouco rasgadas por causa da mudança de forma.

— Chris... – Maria disse, agachando-se para ver o amigo. Alucard, em silêncio, o deitou no chão.

— Muito bem, jovem guardiã. – Genbu falou em sua mente – Você conseguiu livrar o rapaz das garras daquele demônio usando seus novos poderes.

“Obrigada, Genbu.“ Ela respondeu em sua mente.

Therian olhou para si mesmo e para Christopher à sua frente. Seu corpo apresentava uma estatura maior a que seu hospedeiro ficou. As orelhas adquiriram uma acentuada afinação, as patas e mãos cresceram consideravelmente. Sua aparência assemelhava-se com a da segunda forma de Olrox, só que de uma cor acinzentada, sem a cauda e com a adição dos chifres (agora quebrados). Mas o detalhe que mais chamou a atenção não foi a visão de seu corpo, mas as marcas de feridas em sua pele que mostravam horrendas cicatrizes, principalmente no rosto. Um corte profundo que ia da altura de sua testa até o queixo. Mal se podia ver o olho direito, que aparentava ter sido arrancado.

— Ei! – uma voz gritou no fundo. Era a fada que se aproximava voando.

Atrás dela, as aves que acompanhavam Maria (inclusive a coruja) chegaram também. A fiel companheira da caçadora voou até a mestra, e sem medo, pousou em seu ombro já que o fogo que circundava Maria lhe fazia mal algum.

— Minha amiga... – a caçadora recostou sua cabeça no animal como forma de carinho.  

— Fada. – Alucard disse sem olhar para a familiar – consegue cuidar deste homem?

— Acho que... sim, consigo. – ela seguiu até o corpo caído para observar seu estado.

— Bom.

— Parece que... – Therian falou rosnando – a anjinha possui alguns truques. – ele apertou os punhos com raiva – Mas agora, acabou a brincadeira. Eu não vou morrer para dois humanos imundos!

— Não tenho medo de você, Therian. – Maria retrucou sem nenhum pingo de medo em suas palavras.

— Estava com a mesma pose corajosa antes de morrer em minhas mãos... ou melhor, nas mãos de seu melhor amigo.

— Como eu disse antes, esta luta termina aqui. – a caçadora disse, encarando-o diretamente.

— Maria... – Alucard olhou para ela querendo dizer algo mais, um sentimento de culpa era percebido em sua voz.

— Você causou mal demais, Therian, e vai pagar por tudo que fez! – Maria continuou.

— Acham que pode me derrotar? – ele ergueu as mãos – Só porque voltou dos mortos, não significa que tem condições de vencer esta batalha.

— Não estou dizendo que você irá perder por causa de mim. Digo que vai perder porque agora estamos juntos, – a caçadora pôs a mão no ombro de Alucard – e porque há uma força maior que o mal; você mesmo sabe disso e a teme.

Alucard sabia do que ela estava falando. Sabia e sentia. Desde o momento em que ela apareceu e sorriu para ele, o meio-vampiro pode compreender melhor o quanto precisava dela, não egoistamente, mas amorosamente.

— Amor... – ele disse baixo, baixando um pouco a cabeça e olhando para Maria de lado.

O demônio riu alto, quase berrando.

— Menina ingênua, eu ainda não terminei!

— Nós também não terminamos. – o meio-vampiro disse de repente.

O inimigo não havia desistido. Livre da morte nas mãos do Alucard alterado pela raiva, ele ainda tentou outro feito numa tentativa desesperada de derrotar o casal que agora estava mais poderoso. Guiado pelo ódio, ele estendeu os dois punhos para frente e apertou bem forte. Novamente a terra tremeu, mas não foi motivo de preocupação para a caçadora e o meio-vampiro. Era o mesmo ataque de antes, a mesma armadilha que culminou na prisão dos dois e na morte de Maria.

Mas dessa vez era diferente. O par de olhos esmeralda e cinza olhava intensamente para o inimigo, que mesmo tentando disfarçar, temia suas forças.

A terra tremeu fortemente, tanto que as aves que pousaram no chão foram obrigadas as tomar voo e alcançar uma altitude segura. Maria, percebendo isso, imediatamente deu a ordem para que elas se afastassem, evitando o confronto. Somente a coruja permaneceu em seu ombro direito.

O ataque, dessa vez, foi mais forte que o anterior. Toda a floresta se moveu, não apenas alguns troncos e raízes. A preocupação imediata era sobre Christopher, que ainda permanecia inconsciente.

Ao mesmo tempo os dois olharam para o homem abaixo deles. Eles teriam de proteger a si mesmos e ao lorde.

Era como se a própria floresta tivesse vida. De repente, tudo veio para cima dos três, a começar por raízes mais grossas carregadas de espinhos que se arrastavam para prender o homem inconsciente.

— Maria. – Alucard falou a ela.

A mulher assentiu. Sem dizer mais nada já sabiam o que fazer. Trabalhariam juntos, numa união mais forte do que um time. Dessa vez estavam preparados para encarar aquele mal, porque confiavam um no outro.

As plantas vieram como garras em busca de carne para devorar. Ambos ficaram de costas deixando lorde e a Fada no meio deles. Quando a vegetação veio, enquanto o meio-vampiro sacou sua espada, Maria ficou em posição de batalha, erguendo seus braços e ficando com as palmas da mão abertas. As patas brancas de Byakko que envolviam suas mãos brilharam ainda mais, e a caçadora começou a desferir golpes que emitiam fortes arranhões da fera celestial. Até a coruja se prontificou em ajudar a proteger o rapaz.

Mesmo sabendo que Maria podia defender a si mesma e a Christopher, Alucard não deixava de usar sua espada para usar o movimento de teletransporte e atacar as raízes mais próximas a ela. A caçadora não falava sobre isso, sabia que ele fazia isso apenas porque queria apenas protegê-la.

Ele balançava sua arma rapidamente, lançando vários cortes diagonais, verticais e horizontais. Nenhum ser humano movia-se tão rápido com uma espada quanto ele.

— Vocês não podem resistir por muito tempo! – Therian gritou, ainda com os membros esticados.

— Argh, são muitos! – Maria disse irritada.

— Maria, você já está há muito tempo transformada. – Byakko falou – É a primeira vez que faz isso, então é melhor que volte ao normal, ou seu corpo pode não aguentar.

“Eu não posso. Não agora.” A caçadora respondeu pensando.

Ela sentiu uma pontada em sua cabeça. A criatura estava correta. Os efeitos da transformação prolongada estavam aparecendo, e como Maria não tinha domínio sobre os novos poderes, ela precisava voltar o mais rápido possível.

— Você está bem?! – Alucard, percebendo-a nos mínimos detalhes, gritou.

— Precisamos acabar com isso – ela respondeu enquanto destruía as plantas – logo!

O meio-vampiro olhou para Therian ao longe, e viu que o demônio parecia estar perdendo força.

— Eu cuido dele. – ele falou, e logo depois usou uma de suas magias: Tetra Spirit.

Quatro espíritos surgiram atacando toda a vegetação em volta e destruindo boa parte delas, o que facilitou o trabalho de contenção.

Alucard, assim que viu o caminho limpo, correu ligeiramente e deu um salto para acertar um ataque diagonal em Therian com a espada. Mas o inimigo era insistente, e novamente invocou mais troncos das árvores restantes para prensá-lo como uma mão. O meio-vampiro sabia que seria atingido, mas preferiu continuar.

Mas a caçadora estava de olho nele enquanto estava protegendo a si e o homem inconsciente. A oito metros de distância ela lançou duas bolas de fogo que atingiram os grossos troncos antes de atingir Alucard. Com isso, o meio-vampiro acertou em cheio o peito de Therian, que imediatamente cessou os ataques contra Maria e ele.

— Ah, não...! – o demônio gemeu, arrastando-se para trás.

— Ele conseguiu... – ela disse sorridente, voando até eles em seguida.

— Acabou, Therian. – Alucard disse, caminhando lentamente.

— Não!

Com uma mão apenas, Therian tentou desferir uma rajada no meio-vampiro. Mas a caçadora foi mais rápida, saltando à frente de Alucard e segurando o ataque com as duas mãos envoltas por Byakko. A rajada explodiu, e a caçadora sofreu nenhum arranhão sequer.

— Dessa vez, não! – ela disse com bravura.

— Não é possível... – Therian sussurrou – derrotado por dois humanos?

— Que fique claro uma coisa, Therian. – Alucard de um passo a frente para ficar ao lado de Maria – Nunca fui o culpado por seu ódio e revolta. E não tenho nada a ver com as atrocidades que meu pai cometeu e nem sua questão com ele. Mas no momento em que ousou me atingir e principalmente a ela, – ele virou a cabeça para Maria – você causou a minha ira e vai pagar por isso.

— Sua maldade termina aqui. O mal nunca prevalece, pois o bem sempre irá se sobrepuser a ele. Não adianta. – Maria completou.

— Ah. – o demônio soltou uma risada escassa, tocando a mão na larga ferida feita por Alucard. – Não me façam rir. Vocês são patéticos.

O meio-vampiro levantou o braço que segurava a espada e apontou a arma para Therian. Alucard ainda tomava a forma de meio-gárgula, mas seu coração havia se acalmado da raiva que carregava. Por poucos segundos ainda pensou nos últimos acontecimentos. Todo o mal que havia ocorrido nesse tempo foi por causa do demônio, que iria pagar por isso.

Ele sentiu sua mão sendo envolvida e olhou para o lado. Maria lançou-lhe um olhar profundo e assentiu ao meio-vampiro.

Fariam isso juntos.

A espada dele começou a brilhar intensamente; uma luz branca e dourada vinha não somente de Maria, mas de Alucard. O casal estava conectado, de alguma forma, e isso se refletiu naquela cena,

Era chegada a hora, ambos ergueram o braço. Therian continuava com aquele sorriso sarcástico.

Alucard e Maria lançaram o golpe na vertical, que gerou uma onda de brilho intenso carregada de poder. O meio-vampiro nunca teria conseguido fazer aquilo sem a ajuda de sua amada. O ataque foi tão forte que cortou Therian ao meio, e o fez explodir numa estrondosa luz que se espalhou por toda a floresta morta e destruiu todo o rastro de plantas mortas. O lugar foi praticamente limpo tornando-se uma área ampla.

Acabou. Therian foi derrotado. O maior mal do momento foi destruído pela união de duas almas.

Maria soltou a mão de Alucard, e soltando um forte suspiro, caiu ajoelhada apoiando suas mãos no chão. As asas, patas, o casco e o fogo desapareceram, de repente. Ela havia voltado ao normal.

As asas do meio-vampiro retornaram ao seu corpo, assim como seu chifre. Sua pele logo retornou ao que era. E assim que a viu no chão, Alucard soltou sua espada no chão e ajoelhou-se para ficar com ela.

— Finalmente acabou... – Maria sussurrou, erguendo sua cabeça para vê-lo e deu um sorriso cansado.

Os dois não conseguiram resistir à emoção, e logo abraçaram-se fortemente. Alucard deslizou sua mão em sua cabeça carinhosamente. Era quase impossível acreditar naquele milagre; a mulher da vida dele estava novamente ao seu lado, e dessa vez nunca mais deixaria ir.

— Sim, meu amor... acabou. – o meio-vampiro respondeu.

Ficaram ali por dois minutos e em silêncio. Em poucos dias a vida deles mudou completamente. E em quase dois anos de convivência, finalmente o meio-vampiro abriu-se para o amor daquela mulher. Therian foi destruído e Christopher foi salvo; mais uma vida foi poupada, assim como a de Richter.

— Temos de levá-lo para casa. – Maria falou, referindo-se ao amigo. – ele deve estar ferido e precisa descansar.

— Você também precisa descansar... – ele respondeu baixo.

— Acho que... todos nós precisamos.

Ela elevou seu rosto para vê-lo, e ambos abriram um sorriso. Não era sempre que Alucard fazia aquilo, mas vendo Maria com outros olhos, era impossível não sorrir para sua amada.

Então as primeiras gotas de chuva começaram a cair.


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