Presente escrita por Dama das Estrelas
A festa estava no seu fim. Aquele foi um dos melhores dias da moça, que agora era uma mulher. Maria comeu, comemorou com seus amigos e ainda dançou com Alucard; e mesmo que fosse surpreendida pelo pedido de casamento de Christopher, aquilo não a impediu de festejar depois. Era um dia muito especial para ela, que aproveitou cada momento.
Os convidados foram saindo aos poucos, e no fim, restaram apenas a aniversariante, sua irmã e seu cunhado. Aquela era a hora em que os empregados casa preparavam-se para limpar o lugar. A caçadora, mesmo arrumada, fez questão de se por em disposição para ajudar; eles estranharam em primeiro momento, mas logo relevaram e ficaram contentes pelo apoio. Ainda em seguida, Richter e Annette impressionaram-se com a atitude da parente e também se disponibilizaram.
Passado alguns minutos, após arrumarem cadeiras, levarem os pratos e talheres para cozinha e terminar outros afazeres da limpeza, os três tiveram outro encontro peculiar quando retornaram ao salão principal: Lorde Galvan descia as escadas, apresentando um semblante melhor.
– Maria? – ele perguntou curioso – Não sabia que ainda estava aqui, muito menos seus parentes.
– Eh... – a caçadora ficou envergonhada, pois não havia avisado a ele de sua permanência no local.
– Maria fez a gentileza de ajudar a limpar a casa depois da festa. – Annette acabou por salvar a vida da irmã.
– S-sim, eu quis ajudar. Você fez tanto por mim, que gostaria de retribuir.
– Mas... – ele terminou de descer as escadas – você é a pessoa principal da festa, não precisava fazer isso.
– Não se preocupe, Lorde Galvan. – Richter deu a palavra – Nós já terminamos aqui, e estamos de saída.
Annette, após o pronunciamento de seu marido, achou melhor não estender mais a conversa que estavam tendo e rapidamente cortou-a. Eles despediram-se e saíram da casa; os três seguiram na carroça em que Maria veio com seu cunhado.
– Maria. – Annette, que estava ao lado dela, puxou assunto.
– Sim? – a caçadora respondeu, com seu olhar voltado à janela.
– O que houve entre você e o Lorde? – sua irmã tocou em sua mão, o que chamou sua atenção. Então Maria voltou-se a ela.
– O que houve? – ela perguntou ainda sem uma resposta clara para dizer.
– Se não quiser contar-me, tudo bem.
– Não... eu digo.
As duas trocaram olhares.
– Christopher levou-me até a varanda, e lá, conversamos um pouco.
– E o que aconteceu?
– Disse a ele que precisava de um tempo, que não estava preparada para casar.
– Mas, você quer?
A caçadora olhou para baixo. Sua irmã, percebendo o nervosismo, sorriu, entrelaçando suas mãos nas dela. Ela sabia que Maria já guardava sentimentos pelo meio-vampiro e entendia perfeitamente o que estava sentindo.
– Não precisa responder. Sei o que está sentindo e acho normal que esteja assim.
– Então, você sabe? – Maria ergueu os olhos impressionados.
– Ah... – ela deu uma leve risada – é claro que sim. Já existe alguém a qual seu coração sente algo forte, esse alguém creio eu, que não seja o Lorde.
Maria não podia disfarçar, era óbvio que ela gostava de Alucard ao invés do seu melhor amigo de infância.
– Você está certa. – ela respondeu com um sorriso envergonhado.
– Maria... – Annette disse, decepcionada – se gosta mesmo desse homem, porque não diz a ele?
– Mas, irmã. – Maria indagou – eu meio que... tentei dizer isso, mas ele simplesmente afastou-se de mim.
– Adrian é um homem muito reservado. Foi uma grande surpresa que ele aceitou conviver entre nós, mas mesmo assim, precisa de tempo para ser moldado. Lembre-se de que ele viveu por muitos anos e tem seu próprio modo de pensar e olhar para a vida.
– Vivo com ele há mais de um ano, mas parece que... eu não sei, talvez ele não queira ser moldado.
– Pelo jeito que já o vi olhando para você, penso o contrário.
Maria ficou em silêncio por alguns segundos, soltou até um sorriso animador sem querer.
– Pode... pode ser. O jeito com que ele olhou para mim quando dançamos juntos-
– Quando fizeram isso? – Annette perguntou surpresa.
– Eh... – Maria disfarçou – acho que esqueci-me de contar isso...
– Depois conversamos. – a mulher disse olhando para a janela. – agora está bem tarde e precisamos descansar. Amanhã será outro dia e teremos tempo suficiente para falar.
Richter parou a carruagem em frente à sua casa. Primeiro, deixou a esposa em sua casa para depois levar Maria até seu lar.
Quando a caçadora chegou, encontrou a casa vazia e escura. Duas opções eram certas: ou Alucard estava dormindo, ou ainda não havia chegado. Ela não queria incomodá-lo se estivesse em casa, por isso seguiu direto para o banheiro; tomou um banho e vestiu uma camisola longa. E antes de ir seguir até seu quarto, foi até a cozinha para beber água. E para sua surpresa, notou sua presença.
– A-adrian? – ela disse, tomando um pouco de susto, encontrando-o olhando para a janela perto da pia.
– Maria...
Ela não sabia o que dizer. Depois do que aconteceu horas atrás como a dança e logo depois aquela conversa que terminou com a separação dos dois fazia a caçadora ter medo de dizer algo e estragar a situação.
Então, o meio vampiro virou-se para Maria; seu rosto estava sério.
– Está tudo bem? – a caçadora perguntou preocupada.
– Maria. Tudo ficará bem quando eu for embora.
– Hã? Do que está falando? – Maria achou que o sono que estava sentindo a fez ouvir coisas.
– Sei o que aconteceu ente você e ele.
Alucard claramente referia-se ao Lorde Galvan.
– Você sabe? Então deve saber que não foi o que parecia ser. – ela disse, tentando se defender.
Ele deu alguns passos até ficar de frente para ela.
– O melhor para todos é que eu saia de sua vida, e que você seja feliz com ele. – o meio-vampiro disse secamente.
– Não... – ela hesitou – não pode ser. Não acredito no que está dizendo.
– Pois acredite. Todos sabemos que um homem como aquele pode lhe oferecer algo muito melhor.
– Mas... – Maria retrucou inconformada – você mesmo havia dito que não confiava nele! Porque agora diz que devemos ficar juntos?! Não faz o menor sentido!
Alucard a encarou por alguns segundos:
– Eu... – até ele mostrava estar inseguro – percebi que estava errado. Olhe para ele, Maria! Christopher tem tudo para ser um bom marido para você.
Maria não se deu por vencida, e lançou um olhar forte:
– E desde quando você sabe decidir quem é o melhor para mim? Eu tenho o direito de decidir.
As palavras de Maria tiveram certa ambiguidade; ao mesmo tempo em que ela encarava-o, jogava-o uma indireta, esperando algo mais dele, já que sentia algo dentro de seu coração pelo meio-vampiro.
Alucard ficou em silêncio por alguns segundos, e olhando para baixo, disse:
– Tem razão. – ele sussurrou – mas isso não exclui o fato que... eu nunca poderei dar-lhe o amor que merece. – Alucard então, começou a caminhar em direção à porta.
– Adrian... espere-
– Olhe para mim, Maria! – ele voltou-se, com um rosto agitado, mostrando a si mesmo. – Sou imortal! Como poderíamos viver juntos sabendo que um dia você morrerá e eu ficarei sozinho pela eternidade sem o amor da minha vida?
As palavras dele ficaram no ar. Silêncio.
– É só com isso... que você se importa? A morte, em vez da vida? – a caçadora estava emocionada.
Alucard balançou a cabeça negativamente, e virando-se para porta novamente, disse antes de sair:
– Ame-o, e deixe-me em paz. – assim, o meio-vampiro retirou-se da casa dela, deixando-a com um olhar vazio, decepcionado.
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