A Caçadora escrita por Swiper


Capítulo 12
Capítulo 11




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Nesses dois dias que se passaram para os iluminados serem investigados, Nina bateu ser recorde de vezes em que ela quase morreu. Ela foi espancada, esfaqueada, jogada, pisoteada, queimada e quase ia sendo enterrada viva. Sua sorte foi John tê-la tirado do local mais perigoso.

E era claro que com todos esses ataques, a escola nem passou por sua cabeça na segunda feira. Ela estava mais preocupada em se manter viva. Então quando chegou a terça feira, os iluminados voltaram a trabalhar e os ataques começaram a ser avisados aos caçadores. Não que isso garantisse sua sobrevivência, mas a probabilidade era maior.

De manhã, Nina acordou com o mau humor nas alturas. Naqueles dois dias, apenas havia conseguido dormir três horas. Nem conseguia acreditar que Lucy a estava forçando a ir para a escola.

– Por que eu tinha que ser uma caçadora mesmo? – ela perguntou para ninguém em especial.

Levantou-se vagarosamente e se arrumou devagar. Ao sair do quarto, já via Lucy correr de um lado para o outro. Nunca conseguiria entender como sua tutora aguentava tanto tempo sem dormir.

– Bom dia – disse Nina.

– Bom dia, é melhor se apressar, Margareth já está esperando lá fora.

– Ah já? – disse Nina com os olhos caídos.

Nina engoliu rapidamente seu café tentando despertar, pegou sua mochila, se despediu de Lucy e saiu de casa.

Maggie realmente já a esperava do lado de fora. Com uma camiseta do Metallica, jeans e suas botas favoritas. O clima na cidade já estava frio, então ela também pôs um casaco por cima.

– Achei que não gostasse de ir com suas blusas preferidas para a escola.

– Eu me esqueci de botar para lavar minhas outras roupas, então tive que usar essa.

– Hum.

– Você está com cara de morta. Aliás, por que faltou à escola, ontem?

– Fiquei doente, por que acha que estou com essa cara de acabada?

– É mesmo. Quer as novidades?

– Prossiga.

– Kate arranjou um namorado e nos apresentou. Ela está na faculdade.

– Sério? Legal.

– Ele cursa direito.

– Interessante.

– Ele também parece meio hippie, veste roupas frouxas e usa um rabo de cavalo. Ah e ele é ruivo, bem legal né?

– Uhum.

– Ai como você está chata hoje.

– Eu estou com sono, Maggie, tem diferença. Mais algum aviso antes de eu começar a sonambular?

– Tem um novo trabalho de história sobre a revolução industrial.

– Legal.

– Mas você não vai fazer com a gente.

– É mesmo?

– Vai fazer com as patricinhas do colégio Giselle e Natália.

Aquilo, definitivamente a fez despertar.

– O quê?

– Foi mal, não me bata, nós tentamos te trazer para o grupo, mas o professor disse que tínhamos gente demais e elas precisavam de mais alguém. Então você acabou no grupo delas.

– Fala sério, por que isso só acontece quando eu falto à aula?

– Ah, talvez elas sejam legais.

Nina resmungou alto e continuou o caminho.

Ao chegarem perto do colégio, suas duas antigas melhores amigas vieram em sua direção.

“Oh meu Deus” pensou Nina e depois tentou se acalmar. Afinal, foram cinco anos que elas não viam Nina e esta estava bastante mudada.

Giselle estava bonita e glamorosa como sempre, com seus cabelos louros e roupas que pareciam ser caras. Já Natália estava com roupas mais folgadas e femininas.

– Oi – disse Natália sorrindo ao chegar perto – Então você é que vai fazer o trabalho com a gente, certo? Elizabeth?

Nina balançou a cabeça olhando para baixo. Não de um jeito intimidado, mas de um mais casual possível sem fazer contato visual. Era muito estranho voltar a conversar com elas depois de todo esse tempo.

– Ok, apresentações, eu sou Natália e essa oxigenada aqui é a Giselle.

– Dá para parar de me chamar de oxigenada? Você sabe que eu sou mesmo loura.

Natália revirou os olhos.

– Enfim, é sobre a revolução industrial, caso não saiba – disse Giselle – Nós vamos começar hoje, gostamos de ficar adiantada em relação a trabalhos. Então, você poderia nos acompanhar no final da aula? Vamos para minha casa pesquisar.

Nina deu seu melhor olhar mortal para Margareth, que sorriu nervosa.

– Ok, nesse mesmo ponto? – perguntou Nina.

– Sim.

– Combinado.

– Até mais tarde – as duas se despediram e voltaram para seu grupo de amigos.

– Simpáticas – disse Maggie.

– E você é uma idiota.

– Larga de ser amarga, Eliza, você sabe que não foi por que eu quis. E até que você teve uma pequena sorte.

– Por quê?

– Porque apesar daquelas ali serem patricinhas, são meio nerds. Não, acho que nerds não, mas bem inteligentes. Sorte que você não pegou a nojenta da Hayley, aquela ali pensa com o corpo e não com a cabeça.

Aquilo era verdade. Hayley Mackenzie era a vadia do colégio. Uma ruiva que adorava ter um olhar superior para com os outros. Era a pior garota daquele colégio e a mais burra também. Só andava com roupas curtas ou apertadas e vivia menosprezando os outros alunos. Como no primeiro dia de Nina e ela atirou comida nela. Nina quase que quebrava o braço dela, mas conseguiu se conter.

– Ah, minha querida – disse Nina com um sorriso perverso – Seria muita sorte se eu pegasse Hayley como parceira de equipe. Acho que você não sabe disso, mas eu sei como quebrar a cara de alguém.

– Sabe, antes eu duvidaria disso, mas depois daquela cena com o Louis...

Nina deu um soco fraco no braço de Maggie que estava rindo.

– Aquilo não foi engraçado.

– Será que ele gostou de ver seu sutiã? – perguntou Maggie ainda morrendo de rir. Nina estava pensando se cometeu um erro ao comentar o episódio com Maggie

– Eu adorei – disse uma irritante voz masculina.

Louis se meteu entre as duas amigas e pôs os braços em volta delas, abraçando-as.

– Você, cale a boca.

– Não seja tão amarga. E então como vai ser fazer o trabalho com a Giselle e a Natália?

Nina ficou mais irritada ainda e não ajudava o fato de sua pele estar estranhamente formigando. Assim, enviou a Louis o seu olhar mais terrível.

– Ai meu Deus, é aquele olhar. Vou sair de perto que pelo menos não perco um braço.

Ele tirou seus braços das meninas e andou para o outro lado de Maggie ficando distante de Nina.

Enquanto andavam, Nina observou ao longe Kate beijando (ou melhor, engolindo) um cara alto ruivo de rabo de cavalo.

– Então é aquele lá? – perguntou Nina para Maggie.

– O que você acha, Eliza? – disse Maggie sarcástica.

– Depois eu sou a amarga.

– Mas você é – disseram Maggie e Louis.

Nina levantou a mão e mostrou o dedo médio para eles, que riram.

– Se eu sou amarga, você é uma sarcástica irritante e você é a versão masculina dela.

– Ah por favor, Eliza, eu sou muito mais engraçado que a Maggie.

– Ei.

– Aham, claro.

Estando cansada do jeito que estava, Nina mal prestou atenção na aula. Estava tentando não dormir enquanto seu professor de história explicava a matéria.

Quando, finalmente, o tocou o sinal e os alunos foram embora, Nina se despediu dos amigos e foi se encontrar com Giselle e Natália.

As duas já a esperavam e estavam conversando. Nina se aproximou.

– Oi.

– Elizabeth, até que enfim – disse Giselle sorrindo – Vamos.

Elas entraram em um carro preto e Nina as seguiu. O carro era lindo, por acaso. As duas ficaram nos bancos da frente e Nina atrás.

Giselle ligou o carro e o som, que estava tocando Happy.

– Deixa aí, adoro essa música – disse Natália.

– Não, quero ouvir Lorde.

– Você nem vai prestar atenção já que vai dirigir. Deixa aí e vamos logo.

– Mas...

– Vai!

Giselle dirigia emburrada enquanto Natália cantarolava, dançava e estalava os dedos.

Clap along if you feel like a room without a roof

Nina assistia a tudo aquilo com um sorriso torto no rosto. Fazia muito tempo que não ficava perto daquelas duas e estava com muita saudade.

– Canta comigo, Elizabeth – disse Natália – Because I’m happy, Clap along if you feel like happiness is the...

O carro deu uma parada brusca e Natália deu um grito. Nina, que estava no meio, ao ser jogada para frente, pressionou suas mãos contra os bancos e conseguiu não ser arremessada para fora do carro.

– Ficou doida? – gritou Natália.

– Um cachorro passou correndo pela rua.

– E você não tinha visto antes?

– Não.

– Ótimo, agora a Elizabeth vai ficar traumatizada.

– Não, na verdade não. Isso já tinha acontecido com minha irmã.

Giselle apontou para Nina enquanto encarava Natália.

– Viu? Não foi minha culpa e ninguém se machucou.

– Mas alguém poderia– disse Natália.

– Mas não esse alguém não se machucou.

– Mas poderia.

– Deixa pra lá, vamos continuar o caminho.

– E presta atenção no caminho.

Antes de Natália voltar a cantar as músicas que tocavam, ela se virou para Nina com uma falsa raiva, cerrou os olhos e disse: “Traíra”.

Depois de vinte minutos, finalmente elas chegaram à casa de Giselle. Era grande, pintada de branco e verde e tinha duas garagens.

– Por aqui – chamou Giselle e a garota a seguiu.

Elas entraram e a garota loura guiou Nina para o andar de cima. Ela ia abrindo a porta do seu quarto, mas virou-se para Nina.

– Só vou logo avisando que eu tenho um irmão mais novo, Nathan, que é muito chato e adora colocar o som nas alturas e praticamente não obedece ninguém, exceto minha mãe. Então, você vai ter que se acostumar a estudar com barulho.

Nina concordou com a cabeça – Ok.

Nina se lembrava de Nathan. Um pirralhinho louro, uns dois anos mais novo que Giselle e viciado em baseball. Na verdade ele era muito bom no esporte, até tinha entrado em uma equipe júnior. Bem, pelo menos cinco anos atrás.

Elas entraram no quarto e a primeira coisa que viu ao entrar no quarto de Giselle foi um enorme pôster do One Direction que destacava na parede onde também tinha uma mesa branca com livros, revistas ,um computador e uma cadeira vermelha.

Ao lado havia uma cama com um ursinho Pooh de pelúcia gigante. No cômodo também tinha um quadro com papéis e fotos pregadas, armários com maquiagem, esmaltes, acessórios e muitas outras coisas. Um aparelho de som e várias caixas de CDs que com certeza o estilo musical seria bem diferente do de Maggie. E Maggie ouvia Heavy Metal.

– Então você é fã do One Direction? – perguntou Nina com uma sobrancelha arqueada.

– Que nada, isso é uma espécie de droga para ela – disse Natália.

– Ah, vão me dizer que elas não são super talentosos?

– Hum, minhas preferências são outras – disse Nina.

– Eu também. O que você gosta de ouvir, Elizabeth?

– Um pouco de tudo, mas não gosto tanto de Pop.

– Bem, acho que você já sabe minha preferência – disse Giselle com um sorriso torto enquanto ligava seu computador.

– Sabe, sem querer ser preconceituosa ou sei lá o quê, mas você não é daquelas que gosta de rock e tudo mais? – perguntou Natália – Sabe, você vive usando roupa preta e tal, achei que fosse rockeira.

– Se já tinha essa ideia por que me perguntou? – perguntou Nina divertida.

– Bem, educação?

Nina balançou a cabeça para o lado aceitando a justificativa.

– Eu também gosto de rock, mas não escuto apenas isso. E você?

– Eu? Eu sou daquelas que gostam de músicas calmas. De agitada já tem a vida – disse ela se jogando na cama da amiga.

Nina mais que concordou com ela.

– Ei, você – disse Giselle apontando para Natália – Pode se levantar daí que eu não vou fazer tudo sozinha.

– Mas você ainda tá ligando o computador – disse Natália com voz manhosa.

– Se levante.

Natália revirou os olhos e se levantou.

– Venha comigo pegar as cadeiras – pediu Natália a Nina.

Elas desceram e foram buscar cadeiras da mesa de jantar.

– Esse é um dos motivos para eu odiar escadas – reclamou Natália enquanto tentava levantar a cadeira. Nina carregou a sua sem esforço.

Elas voltaram e se sentaram.

– Então, por onde começamos?

– Google.

Uma hora e meia depois de começarem, um barulho vinha de fora. Pelo o que a Nina foi explicado, o barulho vinha do quarto de Nathan. Elas passaram o resto do dia pesquisando sobre Revolução Industrial, origens, consequências, cartismo, taylorismo, fordismo e muitos outros assuntos. Quando terminaram, finalmente se permitiram uma pausa. Elas se jogaram na cama e Nina lutava contra o sono.

– Eu estou com fome – disse Natália.

– Eu também... Sabe, você também pode dizer isso, Elizabeth.

Nina riu levemente.

– Ok, eu também, mas eu estou sem coragem de me levantar daqui.

– Eu também – disse Giselle.

– Peça ao Nathan para trazer algo para a gente – sugeriu Natália.

– Ah claro, porque isso é muito provável que aconteça.

– Chantageie-o.

– Com o quê?

– Você não me contou que o viu saindo às duas da madrugada um dia desses? – disse Natália com uma sobrancelha levantada e um sorriso torto.

– É por isso que é minha melhor amiga – disse Giselle e gritou – Nathan.

Nada.

– Nathan venha aqui já. Eu sei de um segredo que a mãe vai adorar saber.

Não se passou um minuto e um garoto louro e alto apareceu.

– O quê?

“Uau, ele cresceu” pensou Nina. Estava um pouco mais alto que Giselle, uma espinha ali outra aqui, usava roupas largas e tinha um olhar desconfiado. Definitivamente um encrenqueiro, mas Nina sentia que ele ainda devia ser um bom garoto e sua intuição de caçadora não errava.

– Seja um bom irmão e traga para nós duas e nossa convidada, Elizabeth...

Nina fez um sinal de paz e amor para ele. Ele a olhou por uns dois segundos e estranhamente ficou um pouco vermelho, depois voltou sua atenção para a irmã.

– Três sanduíches, sim?

– Que segredo é esse? Eu não guardo segredos.

– Ah, meu querido, você guarda mais segredos do que os que tiveram em Pretty Little Liars.

– O quê?

– Eu sei que você não foi fazer boa coisa uns dias atrás quando saiu de madrugada.

– Eu não saí de madruga – disse Nathan, mas Nina viu a típica expressão de rápida surpresa que ocorre em alguém pego em flagrante.

– Eu vi. Ah qual é, Nate? Eu estou pedindo que apenas faça três sanduíches para nós.

Nathan grunhiu alto e saiu do quarto enquanto Giselle dava um sorriso vitorioso.

– Tadinho – disse Nina.

– Ele sabe que o amo. Só que um irmão mais novo é um saco às vezes, outras nem tanto.

– Eu discordo – disse Nina – Irmão ou irmã mais velha também é um saco às vezes.

Lucy, apesar de ser mais madura para a idade que tem, às agia como uma irmã mais velha chata, principalmente quando envolvia coisas do colégio ou sobre o mundo dos caçadores.

– É mesmo, você mora com sua irmã – disse Giselle – Vocês caçulas me dão muita raiva às vezes.

– Não, são vocês, irmão mais velho sempre se acha melhor que o mais novo e sempre quer atormentá-lo, mesmo quando estamos quietos nos nossos cantos.

– Não, são vocês que vivem se chateando por qualquer coisa e ainda adoram nos irritar. E ele também faz esquemas de chantagem comigo, ok? Não sou a única.

– Mas vocês...

– Bem, eu não tenho irmãos – disse Natália.

– Filha única? – perguntou Nina, apesar de saber a resposta.

– Sim, às vezes é chato, mas aí eu lembro que só eu ganho presentes no natal.

As meninas riram.

– Conte-nos sobre você, Elizabeth – pediu Giselle.

– Sobre mim?

– Sim, o resumo de sua história.

– Hum, eu vivo me mudando por causa do emprego da minha irmã, adoro física, se bem que Kena é melhor que eu na matéria e não sou tão estranha quanto aparento, só às vezes.

– É, você é legal, mas eu admito, eu fiquei com um pouquinho de medo de você.

Nina riu.

– De mim?

– Por que tipo, você é toda durona e tem aquele olhar de assassino – brincou Natália.

– Isso eu tenho que concordar, meu olhar assassino é ótimo.

– Ok – disse Giselle

– Ei, Elizabeth, eu vi que você anda com o Louis – disse Natália – Como o conheceu?

– Ahn, quando eu cheguei eu fui para um parque perto da minha casa e sem querer esbarrei com ele. Conversamos e quando fui para a escola vi que ele também estudava lá. Então ficamos amigos.

– Entendo – disse Giselle – Sabia que minha amiga aqui já namorou Louis?

– O quê?

– Giselle!

– Que foi? Não é verdade?!

– Não precisa ficar espalhando!

– Natália, a escola inteira já sabe que você namorou Louis.

– Mas, mas, mas eu não gosto que espalhe. Ok?

Giselle levantou as mãos em sinal de redenção.

– Como foi isso? – perguntou Nina verdadeiramente curiosa.

– Sabe, é meio complicado...

– Eu sei das drogas.

As meninas ficaram surpresas.

– Ele te contou sobre isso? – perguntou Natália.

– Sim.

– Nossa, ele deve confiar bastante em você – disse Giselle.

– É, ele não costuma contar uma coisa dessa para qualquer um.

– Acho que além de nós, e você, só Josh e Ryu sabem sobre isso.

Nina não sabia o porquê, mas de repente, havia ficado constrangida.

– Então – continuou Natália – Teve uma época que ele sumiu, acho que sabe disso, e nós ficamos muito preocupadas. Então em um dia qualquer, acabei encontrando Louis vagando pelas ruas totalmente doente. Estava magro e com um aspecto horrível. Eu o levei para trata-lo em casa. Minha mãe já o conhecia tinha muito tempo e não se importou. Nós o ajudamos a se recuperar.

– Natália fez bem mais que ajudar – brincou Giselle.

– Cale a boca. Enfim, nós acabamos tendo uma espécie de namoro.

– Uma espécie?

– É, tipo, nós éramos amigos há muito tempo e nos conhecíamos bastante. Quando eu o ajudei, acho que ele ficou grato e me namorou mais por causa disso e eu por ter terminado um relacionamento. Nós realmente tentamos ser algo mais, só que... não deu.

– Então logo o namoro acabou?

– Sim.

– Mas você gostaria que tivesse dado certo – disse Nina afirmando.

Natália pensou um pouco antes de responder “Sim”.

– Sabe, quando tentamos dar certo, ele me mostrou seu lado mais...

Natália movia as mãos tentando achar a palavra certa.

– Íntimo? – sugeriu Giselle.

– Não, outra palavra.

– Carinhoso?

– Não sei, é outra palavra.

– Apaixonado?

– Isso, ele me mostrou seu lado mais apaixonado e eu gostei. Mas não consegui realmente me apaixonar por ele.

– Nem ele conseguiu – disse Giselle.

Nina franziu o cenho estranhando a colocação das palavras.

– Digo – continuou Giselle – Ele também não conseguiu se apaixonar pela Natália.

– Ah. Isso é uma pena.

Natália concordou com a cabeça.

– Mas eu não fico triste nem nada. Apenas continuou indo.

– Ei – chamou Giselle – Vocês já viram...

Giselle foi interrompida quando Nathan chegou com os sanduíches.

– Não sabe bater na porta? Uma de nós poderia estar se trocando.

– Foi você que pediu para eu ir fazer sanduíches, a culpa não é minha se esqueceram disso.

Giselle revirou os olhos e se levantou para pegar o prato com a comida da mão dele.

– Tchau – dito isso, ela fechou a porta na cara do irmão.

Nina levantou uma de suas sobrancelhas e Giselle viu.

– O quê? Ele só fez a parte dele.

As meninas comeram e conversaram bastante até que Nina checou as horas.

– Oh meu Deus, eu tenho que ir.

– Já? – perguntou Natália.

Nina balançou a cabeça e se levantou. Quando pegou sua mochila, ela viu o quadro com fotos pregadas. De início ela não deu tanta importância, mas então ela viu uma foto específica.

Nela tinha três garotas abraçadas e sujas de terra em um grande campo. Parecia ser um dia ensolarado perfeito com o céu azul e uma paisagem cheia de árvores.

Eram Nina, Giselle e Natália aos seus nove anos.

– Foto legal – comentou Nina.

Giselle e Natália voltaram sua atenção para a foto.

– É – disse Natália – Estávamos em um piquenique. Ei Giselle, se lembra que você quase comeu um sapo morto?

– Argh, me lembro como se fosse hoje.

Apesar de Nina se lembrar desse dia, perguntou:

– Como foi isso? – perguntou sorrindo.

– Hum, eu meio que pensava que o sapo era um bombom de chocolate. E ele era pequenininho e marrom, então...

Nina riu.

– Não ria, isso foi traumático.

– Foi, a Nina não parava de rir – disse Natália sorrindo – Você ficou com tanta raiva que a empurrou numa poça de lama.

– É. Você foi tentar apartar a briga e acabou se sujando todinha.

– Quem é Nina? – perguntou a própria um pouco receosa.

– Uma antiga amiga nossa que não a vemos há muito tempo.

Nina balançou a cabeça levemente.

– OK... Então... eu acho que vou indo.

– Nós te levamos até sua casa.

Assim que Nina saiu do quarto, se deparou com um Nathan corado que também estava saindo do seu quarto. Nina olhou para ele e sorriu.

– Licença.

As garotas desceram e foram deixar Nina.

– É aqui. Obrigada pela carona – disse Nina – Até outro dia.

– Até.

– Tchau.

Nina entrou em sua casa pensando que aquele dia, por mais estranho e cansativo que tivesse sido, não foi tão ruim assim.


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Notas finais do capítulo

E aí??



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