A Caçadora escrita por Swiper


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Oie gente. Acho que estão cansados de eu tanto pedir desculpa por demorar tanto.
Desculpaaa



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Já havia se passado dois meses desde que Nina havia retornado dos mortos e estava gostando bastante daquela escola. Principalmente por causa de seus amigos e o fato de não precisar se preocupar em não morrer toda a noite. Na verdade ela ainda se preocupava, mas como não ia mais à missões, se permitia relaxar um pouco.

Com o passar dos dias, Maggie, Kenan, Carl e Fred foram se acostumando com a companhia de Louis, Josh e Ryu. Todos pareciam gostar deles e Josh era o que faltava para formar o trio dos patetas metidos a palhaços.

Estrelando Carl, Kenan e Josh.

Nina estava dormindo tranquilamente sonhando com pássaros falantes e abóboras rosa. No seu sonho parecia fazer sentido um canário falar russo fluentemente e comer pasta de amendoim. Só que algo estranho a alertou. Ela mais sentiu do que ouviu. Seu sonho desapareceu e ela ficou esperando. Um único sinal e ela atacaria.

Então aconteceu.

Sentiu o perigo se aproximar demais e ela despertou. Como se já tivesse feito a quilo mil vezes, ela saltou e avançou contra o ser que estivesse ali. Eles se embolaram no chão e pelo o que Nina pôde perceber, era Lucy. Provavelmente fazendo um de seus testes. Elas lutaram durante algum tempo uma tentando imobilizar a outra e para a surpresa de Nina, ela conseguiu não ser pega por Lucy.

– Está melhorando – disse Lucy – Vá se arrumar, sua aula vai já começar.

Nina jogou sua cabeça para trás e resmungou alto.

Nina tomou banho e pôs suas habituais roupas pretas. Foi à cozinha e tomou seu café em silêncio. Se despediu de Lucy e foi para a calçada esperar Maggie sair de casa, uma vez que elas sempre faziam isso. Só que ela estava demorando demais. Já passava da hora de estarem lá. Irritada, Nina foi até sua casa e gritou para a janela de Maggie.

– Margareth Brown desça já!

– Só um minuto – gritou ela da janela enquanto penteava o cabelo colorido e comia uma torrada.

Três minutos depois da casa saía uma Maggie descabelada e com um vestido verde escuro. Era um vestido bonito, mas como era Maggie, ela pôs botas pretas em seus pés e várias pulseiras nos pulsos.

– Ai meu Deus, foi mal, hoje acordei toda atrapalhada. Me ajuda a desembaraçar o cabelo?

– Não dá tempo, corre.

Nina pegou o braço de Maggie e voou para a escola. Ao chegar lá deu um encontrão com uma garota franzina.

– Oh, desculpe Melinda – disse Nina – Estamos muito atrasadas?

– Um pouquinho – disse ele se levantando – Sabe aonde foi parar minha bengala?

– Ih, desculpe – disse Nina novamente e ela pegou o objeto que estava a cerca de cinco metros dali.

– Desculpa – disse Maggie desta vez.

– Você é a Margareth certo? – perguntou Melinda percebendo agora que Maggie estava lá.

– Maggie, por favor. Margareth é nome de gente mais velha, não acha?

– Acho muito bonito seu nome, na verdade. Por que não vamos para aula de física? É mais eficiente que ficar discutindo nomes.

– Eu gostei de você Melinda - disse Maggie sorrindo.

As meninas então foram caminhando para a sala de aula. Enquanto esperavam o professor chegar, ficaram conversando.

– Você não a conhecia não né? – perguntou Nina.

– U-hum. Não sabia como puxar papo com você.

– A maioria das pessoas não sabe. Elas acham que só porque você é cega não sabe ter uma conversa divertida.

Nina riu – E você sabe?

– É claro!

As meninas riram.

– E como você e Nina se conheceram?

– Hum – Melinda demorou para responder, Nina estava cruzando os dedos para que Melinda se tocasse – Foi um tempo atrás, não sei direito quando. Na aula de matemática.

O que não deixava de ser uma verdade. Quando eram pequenas, ela e Melinda fizeram dupla juntas, Nina se lembrava. A garota era muito divertida e alegre. O único motivo para sua amiga não brincar com ela depois das aulas no parque, era porque sua mãe era extremamente protetora e sempre levava Melinda cedo para casa.

– Hum, legal. E você, Melinda, você tem todo esse divertimento dentro de você, mas parece uma garota tão calma.

– Eu sou calma, só gosto de conversar com as pessoas.

– Mas algumas delas não gostam de você.

Melinda deu de ombros – Ninguém é amado por todos. Eu por exemplo, não gosto muito de Peter, e eu estudo com ele há muito tempo. Ele era legal comigo uns cinco anos atrás, mas ficou muito chato depois.

– Bem eu sei que sou amada por quatros animais. Não é Eliza?

– Claro – disse Nina rolando os olhos.

– Ei Melinda – chamou Nina – Venha fazer um passeio conosco um dia desses. Nós vamos assistir um filme nesse sábado.

– Nós vamos? – perguntou Maggie.

– Nós vamos.

– Pois é, nós vamos. Que tal Melinda?

– Legal, só nós três?

– Provavelmente não – disse Nina – Tem os dois panacas, o Fred, o panaca número um e seus amigos.

– Você é uma pessoa tão doce, Eliza – disse Maggie.

– Obrigada, eu tento.

– Eu topo – disse Melinda.

– Só que tem que ser depois da tarde, porque eu vou estudar física com o Kenan.

– Eu ainda não acredito que você trocou minhas aulas pelas do Kenan.

– Sabe, tem uma diferença entre as suas notas e as notas dele em física.

Aquilo era verdade. Nina não tinha dificuldade em nenhuma matéria, mas Kenan era tão bom quanto ou até melhor que Fred nas ciências. O garoto adorava fazer palhaçada, mas era um dos caras mais inteligentes que Nina conhecia.

No dia marcado, enquanto os outros se arrumavam, Nina quase era morta pela quinta vez no dia.

– É sério, esses astonianos tem que parar de se multiplicar.

– Bem, ao menos você acabou com esse daí – disse Lucy apontando para o astoniano com o nariz quebrado e espumando pela boca – Bom trabalho. Ei, você não tinha marcado um encontro com seus amigos.

Nina arregalou os olhos.

– É mesmo! Tchau Lucy.

Nina correu em disparada de volta para sua casa. “Como pude me esquecer, droga”

Ela tomou um banho rápido e se arrumou depressa. Pôs um jeans, botas pretas, um relógio no pulso e saiu pela rua deserta abotoando a blusa azul escura quando bateu em um muro.

Ela caiu no chão, mas rolou no chão e ficou de joelhos. Alerta a qualquer coisa que aparecesse.

– Ai – alguém gemeu.

Ela olhou ao redor e constatou que o muro era Louis. Ele estava caído na calçada. Usava jeans e uma blusa vermelha. Seus cabelos estavam bagunçados e massageava o ombro. Rapidamente se levantou e ofereceu a mão a Nina.

– Ah é você. Obrigada, o que faz aqui? – disse Nina se levantando.

– Estava indo para o cinema.

– Ah, que bom, ainda não começou. Achei que estava atrasada. Qual vai ser o filme que nós... O que foi?

Louis fazia com uma cara estranha e estava ficando vermelho. E era uma cara muito estranha mesmo.

Mas ele não estava olhando para Nina, estava olhando para algo um pouco mais abaixo. Nina seguiu seu olhar e sentiu vontade de enfiar sua cabeça em um buraco.

A blusa azul escura não estava totalmente abotoada, o que significava que seu sutiã preto estava à mostra. Ela fechou a peça juntando as abas da roupa e deu um tapa na cara de Louis.

– Para de olhar, desgraçado.

– Ai, isso dói – disse massageando o local com cinco marcas de dedos definidas.

– Vire de costas.

A sorte de Nina era que não tinha ninguém por perto, se não teria dado meia volta e corrido para a casa. Ela abotoou o resto da blusa e colocou o cabelo para frente.

– Pronto vamos indo.

– Tudo bem? Não vai mais me bater de novo?

– Se fizer alguma piada sobre isso eu vou.

– Ah, que é isso você sempre vai ser minha amiga tábua de infância.

Nina deu um forte soco no braço de Louis.

– Ai, sua violenta – disse ele andando mais rápido.

– Eu disse para não fazer piada.

– Para quê tanto estresse? Ver você de biquíni seria a mesma coisa.

Nina deu outro soco forte, dessa vez em suas costas.

– Ai.

– Cala a boca idiota.

– O quê? Estou falando a verdade, não tem nada aí que outra pessoa não tenha vista numa praia.

Nina bateu novamente e agora Louis apressava ainda mais o passo.

– Eu disse para calar a boca, seu idiota.

– O que foi? Até parece que nunca vi um sutiã na vida. Sabe, as garotas líderes de torcida são bem animadas em festas.

Nina avançou em Louis, mas este já tinha começado a correr. Não que Louis não tenha ficado extremamente constrangido e estranhamente atraído. Mas ele sabia que se não fizesse piada e agisse como uma criança, teria um clima estranho entre eles por um bom tempo. E ele não queria isso. Não depois que ela voltou.

Louis, que tinha as pernas mais longas corria rápido, mas ele se surpreendeu ao ver Nina se aproximando cada vez mais. Ele estava ficando seriamente preocupado em ser lançado no chão.

Como ela conseguia ser tão rápida?

Mas Louis não poderia saber que Nina estava no auge de seu condicionamento físico. Já tinha corrido muito mais rápido que aquilo, fugindo de astonianos e de Lucy.

Não teve jeito. Nina avançou e pulou em cima das costas de Louis, derrubando-o.

– Ahh – gritou Louis antes de bater a cara no chão.

– Idiota – disse Nina dando murros em suas costas.

Louis, ficando dolorido, se virou tentando parar as porradas de Nina que estava em cima dele.

– Para, para, pss, oh, ai, boa garota, calma.

– Não me trate como um cachorro, imbecil.

– Ta aí, uma cena que não se vê todo dia – disse uma voz.

Os dois viraram suas cabeças e viram Maggie e Kenan rindo. Maggie com jeans e uma blusa roxa e Kenan em seu habitual calça jeans, blusa e jaqueta.

Os dois ficaram vermelhíssimos e se desembolaram.

– Isso normalmente não costuma acontecer – constatou Nina.

– É, não costuma, no tempo presente. Já no passa...

Nina deu um tapa na parte de trás da cabeça de Louis. “Que garoto irritante”.

– Que tal irmos andando?

– Ótima ideia – disse Maggie.

Assim eles andaram em silêncio, com Nina e Louis muito constrangidos e Magie e Kenan dando sorrisos travessos.

– Então – começou Nina – Vocês vieram da aula de física?

– Sim – disse Kenan.

– Onde vamos encontrar Melinda? – perguntou Maggie.

– No cinema mesmo.

– O Fred ainda esta doente?

– Sim, ele não vai poder vir – disse Kenan – Aquele careta.

Nina riu.

Já no cinema, os amigos se encontraram com Carl, Josh e Ryu, que estava guiando Melinda.

Pagaram as entradas, a pipoca e assistiram o filme. Era um filme de terror, com muito sangue e suspense. O vilão era um homem totalmente deformado, sem olhos, boca ou nariz. As vítimas eram típicos adolescentes idiotas de filmes. Ainda tinha uma espécie de seita satânica ajudando o vilão. Nina achou no mínimo engraçado o fato dela viver algo parecido quase todo dia. Claro, só que menos impressionante.

Melinda, sendo cega, usava um aparelho especial no ouvido para entender o filme e Ryu não parava de comentar baixinho algo com ela.

Terminado o filme, todos saíram estavam caminhando no shopping. Nina, Carl, Louis, Kenan e Maggie estavam juntos quando Ryu e Melinda estavam mais afastados conversando.

Então Josh comentou algo com Nina.

– Hey, Eliza, não acha que Ryu achou ótimo virar cão guia da Melinda?

Nina riu discretamente também percebendo aquilo.

– Eu também notei. Mas tem um lado bom.

– Qual?

– Cães são muito fiéis aos donos.

Josh riu colocando abafado.

– Ei o que vocês dois estão cochichando aí? – perguntou Louis com uma sobrancelha levantada.

– Nada, só aquela nota baixa que você tirou em biologia, não é Josh?

– É, cara como você foi errar a questão dois?

– Estava tão na cara Louis!

– Até o grande poderoso e burro Peter acertou.

– E você nem mesmo conseguiu. Seu lesado.

– Parem de falar sobre a minha nota, que coisa.

Eles riram e bateram os punhos.

– Hey, eu estou ficando com ciúme aqui – disse Maggie – Só eu que fico cochichando com a Eliza.

– Own, não fique assim, minha descabelada – disse Nina indo dar um abraço em Maggie.

– Hum, você me rejeitou, agora vou ficar com o Kenan – ela então se agarrou no braço de Kenan.

– Uh, levou um fora, Eliza – brincou Carl.

– Vish, eu não deixava – disse Louis.

– Ah, vem aqui, meu amor, você sabe que eu sou só sua – disse Nina estendendo os braços.

– Nada disso, agora ela é minha – disse Kenan segurando o braço de Maggie.

– Só nos seus sonhos – disse Nina e ela agarrou o outro braço de Maggie.

Logo Maggie estava sendo puxada para um lado e para outro.

– Ai, parem, posso atender aos dois – disse Maggie se libertando dos dois.

Nina e Kenan deram língua um para o outro. Todos começaram a rir.

– Maggie arrasando corações – brincou Carl.

Maggie, ainda na onda da brincadeira, jogou o cabelo convencida e saiu na frente.

Os amigos passearam um pouco pelo shopping conversando, mas depois cada um seguiu seu rumo e acabou apenas sobrando Nina e Louis... de novo. Ultimamente, para Nina, ela vinha andando muito com Louis. Apesar das casas deles serem em locais diferentes, sempre seguiam a mesma rota para casa aonde quer que fossem. E naquele momento, eles estavam andando pelas ruas mal iluminadas de São Francisco.

– Isso está virando muito comum – reclamou Nina.

– Ahn? – perguntou Louis distraído – O que está virando comum?

– Nada só...

Nina sentiu o perigo apenas um pouco antes que algo rápido lhe acertasse na cabeça.

Ela estava sendo atacada.

Ela foi derrubada violentamente pelo golpe e arrastada alguns metros pelo asfalto. Provavelmente suas costas estavam esfoladas.

Sua traqueia se fechou e os olhos lacrimejavam. Sua cabeça doía tanto que parecia estar sendo esmagada e sua vista escurecia cada vez mais. Era a mesma sensação do ataque do astoniano de nível três que teve que enfrentar aos treze anos.

Sem conseguir respirar ou lutar, a primeira coisa que pensou, no entanto, não foi correr, mas sim Louis. Ela virou a cabeça de lado e viu seu amigo inconsciente espumando pela boca e se debatendo na rua.

O pânico a corroeu por dentro e achou que daquela vez não conseguiria escapar.

Então, o astoniano cometeu o terrível erro de se aproximar de Nina para matá-la. Nina percebeu que era sua chance de sobrevivência. Do jeito que estava, era mais seguro matá-la de longe, já que não tinha mais os seus poderes. Mas Nina era mais do que capaz no quesito físico.

O astoniano correu para cima dela e Nina arrancou a faca afiadíssima que sempre trazia consigo na bota desde que perdera os poderes. A faca era longa com dentes também muito afiados saindo dos dois lados da faca.

Ele atacou por cima e Nina cravou a faca no pescoço dele. Girou seu corpo e o derrubou. O astoniano dava fortes murros nas costelas de Nina, mas ela era resistente. Assim, com sua força, terminou de estraçalhar o pescoço do astoniano. O sangue horrendo verde respingava em Nina e fedia a ferrugem, mas Nina estava ativada no modo sobrevivência, onde não possuía reais emoções para com os feitos que fazia.

Então ela conseguiu respirar e arfou pesadamente repondo oxigênio em seus pulmões. Conseguindo pensar direito, ela se virou para Louis. Havia parado de se debater, mas ainda estava com uma terrível tonalidade de branco.

– Ai droga.

Então ela o checou.

Pulsação? Ok, fraca, mas ainda existente.

Danos externos? Exceto alguns arranhões estava ileso.

Danos internos? Nada que achasse preocupante, sem ossos quebrados ou hemorragias aparentes.

Nina queria ver se ele tinha danos causados pela magia dos astonianos, mas sem seus poderes era impossível.

Sua sorte foi Lucy aparecer logo depois. Ela estava descabelada e tinha um olhar alucinado, mas estava aparentemente bem.

– Oh, você está bem – disse ela indo a sua direção – Hoje parecia uma zona de guerra. Astonianos pipocavam para tudo quanto era lado, quase morri de preocupação.

Dizendo isso, ela checou Nina e Louis.

– Nada grave para nenhum dos dois. Uh, que alívio.

– Já parou o ataque?

– Um grupo especial está combatendo alguns de nível dois, mas tudo já está controlado.

– Tem de nível dois aqui? Isso não pode ser bom.

– É, acho que eles queriam tomar de vez a cidade e pareciam muito confiantes. Acho que eles pensavam que não estávamos preparados. Acho que eles estavam envolvidos com alguns deles.

– Deles você diz...

– Iluminados, estão compartilhando informações. Argh, que droga. Já basta serem incompetentes, agora estão ajudando o inimigo. Malditos sejam eles.

– Calma, Lucy. Nós vamos dar um jeito, eu consegui acabar com este.

– Pelo o que eu vi foi por causa de sorte. Se ele resolvesse matar você pelos poderes, não estaria mais viva.

– Eu sei, mas que bom que tive treinamento físico intenso.

– É, nós todos vamos nos encontrar na base da Ordem. Vamos Nina.

Assim, juntas, as duas carregaram Louis até sua casa. Tocaram a campainha esperaram.

– Tem certeza que a mãe dele não está por aqui? – perguntou Lucy.

– Aham, ela geralmente fica até altas horas no hospital.

A porta se abriu e uma Quinn com um pirulito na boca apareceu. Ela estranhou as duas mulheres estarem ali, mas quando viu seu irmão desmaiado, seu pirulito caiu no chão.

– Vocês já mexeram nas memórias dele?

– Na verdade ele estava junto comigo quando fomos atacados – disse Nina.

– Ai meu Deus, Louis está bem?

– Está, só vamos coloca-lo em seu quarto.

Quinn saiu do meio e elas entraram na sala.

– Onde fica mesmo o quarto dele? – perguntou Nina.

Quinn as conduziu para as escadas. A mestra e a aprendiza o levaram para o segundo quarto no andar de cima. Abriram a porta e jogaram Louis na cama. O quarto tinha paredes de cor verde. Um pôster de uma banda de rock estava pregado na parede em cima cama. No local também havia uma bancada cheia de livros, um laptop e um videogame. Na cadeira tinha blusa jogada em cima dela. Nas estantes tinha prêmios de campeonatos de basquete e medalhas. Um guarda roupa também estava por ali.

– Por que ele está tão branco? É normal?

– Quinn, ele foi atacado – disse Nina – Sabe, não é muito legal. Mas ele vai ficar bem, eu garanto.

– E o que eu digo para ele quando acordar? Vai ser meio estranho ele não se lembrar de ter vindo para cá.

– Er, nós mexemos sim na memória dele – disse Lucy – Apenas o suficiente. Foi para a casa, se despediu de Nina e foi para o quarto.

– Eu, hein, isso não é justo. Mexer com as memórias dos outros não é legal.

– Também não é legal ter astonianos em cima das suas costas vinte e quatro horas por dia – disse Nina – Muito bem, amanhã nos veremos de novo. Temos que ir para a Ordem.

– Mas já? Minhas pernas ainda estão doloridas.

– Mas nosso último encontro foi na semana passada.

– Não interessa, ainda estou dolorida.

– Pior foi o meu treinamento, Quinn, que tinha fazer exercícios piores e ainda todo dia – disse Nina.

Quinn fez um biquinho infantil e empinou o nariz.

Nina não pode deixar de notar o quão diferentes eram os irmãos.

Além da diferença na aparência óbvia, suas personalidades também eram diferentes. Louis era meio desesperado, se tivesse visto Quinn desmaiada estaria todo elétrico. Já Quinn era mais calma e tranquila. Louis era mais estressado, mais irritado e cabeça quente que Quinn. Mas era ela que reclamava mais das coisas. Quinn também costumava ser mais direta e sincera que Louis.

As únicas coisas parecidas entre eles eram a teimosia e a tendência a fazer brincadeiras.

Depois que elas saíram da casa dos irmãos, foram direto para a Ordem. Muitos caçadores já estavam por lá, alguns bastante machucados, outros ilesos, como elas. Eles estavam conversando, gritando ou simplesmente descansando nos sofás.

Lucy avistou Jorge mais ao fundo sentado em uma cadeira. Ele não estava em seu melhor estado. Estava pálido e ofegava bastante com uma enorme atadura na barriga.

Lucy se preocupou – Você realmente está bem?

Jorge deu de ombros.

– Não estou na minha melhor condição, mas lúcido o suficiente para participar da reunião.

Lucy assentiu e colocou sua mão no ombro de Jorge. Vendo aquilo uma dúvida formigou em sua mente.

– Ei como vocês se conheceram? Pelos caçadores?

Normalmente os caçadores eram pessoas solitárias, eles confiavam e respeitavam muito uns aos outros, mas não tinham uma grande proximidade. Geralmente os amigos entre os caçadores eram os de longa data, muitas vezes tendo lutados juntos e os mestres e aprendizes.

– Ahn, na verdade nos conhecemos na escola, durante meu segundo ano do ensino médio – disse Lucy.

– E por que eu nunca vi ele antes?

– Eu só descobri que ele era um caçador no meu último ano.

– Foi, nos esbarramos no meio da noite em uma perseguição e quase que arrancamos nossas cabeças por engano – disse Jorge com um sorriso torto no rosto, se lembrando do dia.

– Aquele foi o segundo dia mais surpreendente da minha vida – disse Lucy.

– E qual foi o primeiro?

– O dia em que descobri ser uma caçadora por Theodor.

Nina sabia apenas um pouco sobre o passado de Lucy, já que ela dizia que não tinha nada de surpreendente. Lucy morava num orfanato, tendo seus pais Humanos mortos em uma viagem de avião, e aos dez anos foi adotada pelos pais de Theodor que tinha dezenove e foi morar com eles. Entretanto, havia sido Theodor quem ensinara a Lucy sobre o mundo dos Humanos e a treinou. Quando Lucy completou dezesseis anos, a Ordem decidiu que ela já estava pronta para viver por conta própria e que ela deveria treinar um aprendiz. E foi aí que Nina entrou na vida de Lucy. Agora Theodor estava em Atlanta.

Passaram-se algumas horas até todos os caçadores de São Francisco estivessem reunidos na base e os superiores chegassem.

A reunião foi longa. Muitos reclamavam dos iluminados, que provavelmente haviam sido infiltrados por astoniano. Outros diziam que estava na hora dos caçadores formarem equipes, que sozinhos eles não davam conta de muitos astonianos. Outros queriam saber o que estava acontecendo.

No final, todos nós estávamos em total estado de alerta. Os superiores disseram que todos os iluminados iriam ser revistados pelos chefes da sede. No final de dois dias um grupo meticulosamente estaria de volta ao trabalho, enquanto os outros estariam sobre vigilância.

Até lá, os caçadores teriam que sobreviver por si mesmos. Muitos formaram grupos entre si ficando sempre próximos. Lucy e Nina acabaram ficando junto de Jorge, John e Derek.


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Notas finais do capítulo

E aí??



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