Vingue-se Ou Morra. escrita por Holden


Capítulo 9
Cuidado com quem dorme


Notas iniciais do capítulo

Eu não sabia que amava tanto o nyah até ele entrar em manutenção. Foram dias entrando aqui de minuto em minuto para ver se ele havia voltado; roendo as unhas que nem louca; comendo que nem uma porca no cil (pois é snif :c) e entrando em depressão t-t Mas ele voltou, e eu to feliz *u* Espero que estejam também ♥

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/426041/chapter/9

Carter

– Ah, Steve anda muito ocupado ultimamente.- Judy respondeu após eu perguntar sobre seu namorado não estar ali. Deu mais algumas goladas em seu vinho e continuou:

– Nada mais é como antes.- olhou para o horizonte desanimada. Pareceu falar mais consigo mesma do que comigo.

Dei de ombros e dei outra tragada em meu cigarro. Não queria dizer nada. Na verdade, eu não sabia o que dizer. Por um lado, queria aquele otário depravador longe da minha ruiva... Por outro, não a queria ver infeliz nem nada.

É. Realmente Elisa estava fazendo-me tornar um gay melancólico.

– Sinto saudade da nossa época.- a garota disse de repente. Colocando o copo vazio sobre o balcão e me olhando intensamente.- Muitas saudades.

Sorri com o canto dos lábios, enquanto ela se aproximava.

– Se sente tantas saudades de mim... Então por que me deixou?- perguntei de forma grosseira. Ela arregalou os olhos e olhou para baixo envergonhada.

– E-eu... Eu não sei Carter.- suspirou.- No começo Steve era tão amável... Tão romântico... Coisa que sentia falta às vezes em nosso namoro.

– Se arrependeu não é?- perguntei e ela assentiu envergonhada. Ri minimamente e joguei a bituca de cigarro no lixo mais próximo.- Nenhum cara é tão perfeito quanto você espera, Judy.- informei.

– É. Essa informação veio um pouco tarde.- rimos sem-graça, enquanto a mesma mexia nervosamente nos dedos.- Você parece tão... tão... Completo com a Elisa. Às vezes sinto um pouco de inveja. Por que nunca foi daquele jeito comigo?

Queria poder dizer que tudo aquilo não passava de um plano ridículo e que Elisa e eu não éramos um casal. Que só agia daquele jeito por ela. Queria poder dizer que a amava mais que tudo e tinha vontade de agarrá-la ali e agora. Mas em vez disso respondi:

– Porque ela merece e é uma namorada perfeita.

A ruiva arregalou os olhos em minha direção e pareceu engolir um seco. Assentiu minimamente e tornou a olhar para baixo.

Ok. Talvez eu tenha sido um pouco rude. Iria tentar amenizar a situação. Foi quando percebi e vi a galera cochichando enquanto olhavam para o outro lado do bar. Segui os olhares dos demais e quase tive um infarto ali mesmo.

Elisa e Matt.

Se agarrando.

Ou melhor, se engolindo.

Algumas outras pessoas olhavam. Tudo bem. Normal dois adolescentes se agarrando em uma festa. Mas dois adolescentes disputando o prêmio Nobel da sugada e línguas desesperadas é outra coisa.

A fúria tomou conta de mim e logo a menção de quebrar o nariz do garoto me pareceu uma boa opção. Elisa não conseguia simplesmente ficar quieta no seu canto, precisava sempre estar estragando tudo.

– Já volto.- indaguei de forma séria e acredito que tenha deixado Judy falando sozinha. Não, eu não havia me desculpado. Que belo cara você é Carter.

Corri como nunca ao lado contrário da festa, e o cara já erguia a blusa da garota passando a mão sobre sua barriga e fazendo menção de subir até os seus seios. Logo percebi que o álcool tomava conta dela, e a mesma parecia quase que inconsciente.

Assim que cheguei até os dois, cutuquei o ombro do ruivo que se virou assustado e logo arregalou os olhos quando me viu. Ele parecia querer dizer alguma coisa, mas não lhe dei tempo. Fechei os punhos, acertando em cheio sua face “angelical”. Matt cambaleou um pouco para trás e acabou tropeçando em seus próprios pés se espatifando no chão no momento seguinte.

Qual é. Nem para brigar decentemente.

Elisa se apoiou no balcão com certa atenção, pois parecia não ter equilíbrio nenhum sobre seu corpo. Caminhei até a mesma, agarrando seu pulso com força a puxando para a saída da festa. A garota quase caiu, porém fui mais rápido e entrelacei sua cintura em meus braços, tirando-a do chão.

Ela falava coisas totalmente desconexas e parecia uma Maria mole em meus braços, tive impressão que a mesma cantarolava “a dona aranha” chacoalhando as pernas no ritmo da música. Álcool e suas trollagens.

– Carter, espera! Eu...- Judy se meteu em minha frente, enquanto todos os olhares do local se dirigiram a nós.

– Agora não.- interrompi, passando rapidamente ao seu lado, na direção da saída.

Saí do lugar com certa impaciência, e o cheiro de álcool prevalecia totalmente entre nós dois. Não suporto pessoas que passam da medida em qualquer coisa, principalmente álcool. É nojento. E irritante.

Mesmo assim, a morena não parava de se chacoalhar igual a um orangotango no cil, tentando (falhamente) fugir de meus braços. Revirei os olhos, e fiz uma manobra rápida, agarrando as chaves do carro em meu bolso, e destravando o automóvel em um clique só. Abri a porta da parte de trás, e a coloquei deitada lá dentro, enquanto tirava seus sapatos.

Não iria levá-la pra casa daquela forma. Simplesmente chegaria e falaria “Oi, toma aqui sua filha bêbada que estava praticamente se desentupindo com um cara que ela só viu duas vezes na vida” para os pais dela? Acho que não.

É Carter. Parece que você está condenado.

Dirigi entre as ruas frias e escuras da cidade, enquanto Elisa balbuciava qualquer coisa sem noção no banco de trás. Desisti de tentar entendê-la (afinal, por que eu deveria?) e procurei prestar atenção na estrada. O que era algo totalmente impossível, pois aqueles olhos verdes e sorriso perfeito de Judy não saiam de minha mente. Por que diabos eu não pedi desculpas e gritei que a amava?

Porque isso seria extremamente gay.

Foda-se, eu teria minha ruiva em meus braços novamente.

Em compensação ganhei uma Elisa bêbum, com o batom borrado falando russo no banco de trás.

Parei dez minutos depois na frente do saguão do apartamento em que eu morava. Nada muito modesto confesso, meus pais eram um tanto ricos, e já que decidi morar sozinho com dezessete anos, eles me presentearam com esse apartamento. Já faz um ano e meio e agradeço todos os dias por essa decisão. Morar sozinho é o céu (menos a parte de eu ter que organizar a bagunça). E não, eu não sou bancado pelos meus pais, estou tentando arrumar um emprego de meio períod... É.

Coloquei o carro no pátio, onde estavam vários outros estacionados, que eram dos demais moradores, e tirei Elisa de dentro do meu porsche preto, o trancando logo em seguida. Caminhei até o saguão do hotel, pegando o elevador mais próximo.

Caminhei até a porta 67 (a minha, hur dur), tirei a chave do bolso, e finalmente abri a porta. Dessa vez Elisa se mexeu mais e quase a deixei cair, tendo certeza de que desloquei meu ombro quando a segurei mais firmemente.

– Faça um regime da próxima vez.- murmurei, quando ela se revirou e tornou a tirar outra soneca. Que ótimo.

Andei mais apressadamente até meu quarto e a coloquei na cama de qualquer jeito. Ela mal se moveu. Estiquei meus braços, fazendo um tipo de exercício e eles se estralaram no momento seguinte.

O que eu faço com uma pessoa bêbada que mal se mexe mesmo?

Iria deixá-la ali de qualquer jeito, mas quando me virei, a morena parecia bastante desconfortável naquela posição e também naquelas roupas. Seus cabelos armados para uma seita de bom bril’s e aquela pele manchada de maquiagem (e a boca de um batom vermelho gritante) me incomodaram um pouco.

Revirei os olhos, e voltei até a garota.

**

Elisa

Suspirei pesadamente e finalmente tive coragem de abrir os olhos e me despertar por inteira. No mesmo momento minha cabeça latejou de forma gritante, e tive a impressão que uma panela de pressão a havia acertado em cheio. Meus músculos estavam doloridos e poderia acreditar que meu bafo alcoólico deveria estar delicioso (sintam a leve ironia).

Movi-me um pouco mais e também pude sentir que um delicioso tecido de seda me envolvia, e o travesseiro parecia um bumbum de neném contagioso (não foi das melhores comparações, mas ok). Mas o que mais me deixou curiosa foi um Carter com os braços entrelaçados na minha cintura em cima da ca...

ESPERA AÍ!

Um Carter com os braços entrelaçados na minha cintura??

Mexi-me um pouco mais na cama e ele pareceu um pouco incomodado e me segurou com mais força. Ok. Sem pânicos. É um sonho Elisa, apenas um sonho.

Ou pesadelo.

Senti sua respiração quente de encontro ao meu pescoço, e notei que Singleton não sofria de mau-hálito matinal (o que é triste, porque tenho certeza que eu deveria estar parecendo um gambá) e calafrios desnecessários surgiram na minha espinha. Ele dormia pesadamente, mas sua respiração fazia que o cabelo na frente de seu olho se balançasse levemente, o que particularmente achei muito fofo. Seus lábios estavam um pouco entreabertos e um tanto mais vermelhos que o normal, talvez morder não seria uma opção assim tão rui...

Ai meu Deu estou possuída.

E foi aí que um coco atingiu minha cabeça (ironia novamente) e logo me dei conta de que o garoto não usava camisa.

Carter. Singleton. Não. Estava. Usando. Camisa.

E sua pele quente e macia estava colada com a minha, separadas simplesmente por uma camiseta gigante que eu vestia (deveria ter tirado aquela camiseta do cu, pois não me lembro quando a coloquei).

– Como fui me meter nessa?- sussurrei mais para mim mesma, com uma pitada de desespero.

E logo, pude perceber também (sou um Einstein) que algo duro encostava-se a minha perna. Não sei se sabem, mas os garotos na puberdade sofrem de algo não muito agradável de manhã, deixando o Francisquinho duro e erguido (sinto muito fazer vocês lerem isso).

Ai não.

Ai não².

Tinha esperança de aquilo ser um celular, um objeto ou sei lá. Qualquer coisa. Menos aquilo.

– Carter!- não pensei duas vezes antes de chamá-lo.- Carter! Ai meu Deus, Carter acorda!

Engoli um seco.

– Não me obrigue a fazer isso!- falei um pouco mais alto. Seu sono ainda estava pesado.

Não deu outra. Movi minhas mãos até aquela coisa perto de minha perna, e o contorci sem dó nem piedade. Primeiramente ele urrou de dor, e em seguida acordou.

– AAAAAAAAAAHHHH!- o idiota gritou e largou minha cintura. Tentou dar ré, e acabou rolando de cama a baixo, caindo no azulejo em três segundos.

– Ai não.- gritei e corri até o mesmo, meio sonolento no chão.- Desculpa!- comecei a dar leves batidinhas em seu rosto.- Ai caralho. Você está bem?

O loiro despertou totalmente, e lançou aquele olhar furioso em minha direção.

– VOCÊ FICOU LOUCA?- gritou enquanto se levantava e se afastava de mim.

– Foi mau cara. Você não acordava e...

– E daí você resolveu apertar meu brinquedo sem querer?- disse ainda alterado.

– Er... Não... Quer dizer... Eu... Ai... O que eu to fazendo nesse lugar?- palmas para mim que sei sair de discussões.

Ele suspirou pesadamente, como se procurasse um último requisito de paciência, e por fim informou:

– Você ficou bêbada. Engoliu-se com Matt. Estragou meu encontro com Judy. E me fez te trazer até aqui, deslocando meu ombro.- sorriu de forma sarcástica.- Acho que é só.

Iria tentar me defender ou fazer alguma coisa, mas minha cabeça começou a latejar de forma tão violenta, que logo senti a bebida se revirando em meu estômago e uma tontura sem fim tomar conta de mim. Não disse nada ao Singleton, apenas corri até o banheiro que o mesmo tinha no quarto e me tranquei lá dentro, despejando tudo preso em minha garganta dentro do vaso sanitário.

Ressaca é uma merda. É por isso que eu odeio ser tão fraca quanto ao álcool.

Fiquei mais um tempo abraçada ao vaso, pensando em me levantar, mas só de imaginar essa hipótese já sentia a tontura tomar conta de mim novamente. Tentei me acalmar, suspirando diversas vezes. Dei descarga, abaixei a tampa, me sentando sobre ela, com as mãos dando apoio a minha cabeça.

A vida é uma droga.

– Elisa?- aquela voz grave soou do outro lado da porta, dando batidas reguladas sobre ela.- Você está bem?

Não respondi. Nem queria. Sentia-me envergonhada por se tão fraca.

As batidas cessaram, e por um momento percebi que passos rondavam o andar de baixo. Logo mais, tornaram a voltar para o quarto, e um barulho de chave rodando a maçaneta me assustou. Maldito diabo.

– Sabia que isso iria acontecer.- ele riu disfarçadamente, e me entregou um comprimido com um copo de água. Pelo menos estava com camisa agora.

Não me neguei, e engoli aquilo de uma vez, que desceu como uma tala pela minha garganta. Fiz uma careta, e devolvi o copo de água, que agora estava até a metade para o garoto que o deixou em cima da pia.

– Ei, hoje é sábado. Você não precisa estar vomitando em um banheiro em plena madrugada.- informou-me se virando pra mim.

– Madrugada?- murmurei.

– Hum... Deve ser umas oito e meia, mas e daí? É sábado. Vamos, volte a dormir, preciso dar uma saída e...

– Cara, eu preciso voltar pra casa.- disse um pouco mais alto, arrependendo-me logo em seguida, por uma fisgada horrível na cabeça.

– Vai chegar assim em casa?- rebateu de forma sarcástica.- Anda, depois eu falo com seus pais. Afinal, somos namorados não é?

Dei de ombros. Aliás, só precisava dormir. Dormir. Dormir. Dormir e dormir mais um pouco.

Levantei um pouco cambaleante, e quase bati a nuca na parede. Se não fosse pela mão de Carter, que puxou meu pulso a tempo, teria sido esmagada. Ele me deu apoio para dar a volta de meu braço em seu ombro, e guiou-me até a cama. No momento em que encostei minha cabeça novamente no travesseiro, dormi como se não houvesse amanhã.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo




Perguntinha do dia: O que vocês fariam se fossem a Elisa? E se acordassem na cama de um estranho com uma ressaca do diabo?

Até o próximo capítulo!