Já estava anoitecendo, Alie tomou banho e procurou uma roupa agradável para vestir.

Colocou uma calça jeans escura, um tênis e um moletom cinza canguru com o brasão de Hogwarts. Assim que terminou de se arrumar Alie pulou em sua cama e pegou três pergaminhos e uma pena de repetição, pois estava com muita preguiça de escrever.

Mas antes mesmo de Alie começar sua carta, alguém entra em seu quarto. Era seu pai.

Alie olhou para ele e fechou a cara, seus cabelos continuavam no leve vermelho.

- Sua irmã vai ficar aqui, nesse quarto mocinha. – O pai começou parecendo rigoroso.

- E pra onde eu vou, mocinho? – a garota imitou o pai.

- Não é óbvio? Você continua aqui. – Marília entrou no quarto com ar de riso mas parecia bem brava e magoada.

- O que? Eu vou aqui com um bebe que chora toda noite? – Alie se pôs de pé, e seus cabelos escureceram o vermelho.

- Você vai estar em hogwarts. – O pai disse decidido.

- Eu não vou ficar lá eternamente. - A garota respondeu grossa.

- Não importa, ela fica aqui e ponto final! – O pai gritou mais uma vez com a garota e saiu do quarto com a mulher.

Alie voltou para a cama com os olhos cheios de água.

- Tiago,

Como vai o começo de suas férias? Sei que está cedo para perguntar isso, pois nos vimos horas mais cedo, mas já aconteceu algo que vai tornar minhas férias um verdadeiro inferno.
Pra começar, eu vou ter um irmão... ou irmã. E só pra completar e piorar as coisas: ela vai ficar no meu quarto.
E até meu pai está brigando comigo, estou louca para voltarmos á Hogwarts logo para me livrar de todos daqui.
Por favor, peça seu pai que o traga-o aqui para jogarmos Quadribol, e chame Fred e Teddy também, vou escrever para Sofia.
Um beijo!

Alice Fox.

A garota terminou a carta e colocou-a no bico de Hermes sua coruja.

- Pode levar, Hermes. – a garota encostou-se no enorme janelão de seu quarto e observou a coruja voar elegantemente ao horizonte.

A garota voltou para a cama e tornou escrever uma carta, mas desta vez destinada á Sofia.

- Posso usar sua coruja? – Alie desceu as escadas e se dirigiu ao pai que conversava sobre o futuro bebe com a mãe da garota.

- E a sua? Onde está Hermes? – A mãe perguntou.

- Mandei-a á casa de Tiago. Posso usar Athena ou não? – A garota começou a se irritar.

- Pode. – O pai disse e olhou para a filha pela primeira vez. – Amanhã vamos jogar uma partida de quadribol.

- Eu vou jogar com os meus amigos, obrigada! E aliás, mamãe disse que você não passaria o natal em casa. – A garota disse em tom autoritário para o pai como se desse uma ordem, e saiu.

Assim que Alie colocou a carta no bico da coruja, algo a incomodou. Seu estômago roncou desesperadamente.

- Hóquei. – A garota chamou pela elfo que chegou aos pés da garota fazendo uma reverência. – Prepare alguma coisa pra mim comer e leve lá encima pra mim, sim? – Alie sorriu para Hóquei que retribuiu com um sorriso dócil .

Os Pais de Alie observaram a garota subir ás escadas e voltaram a discutir o assunto do futuro filho.

~*~

- Pai, posso ir na casa da Alie amanhã? – Tiago gritou descendo as escadas da casa assim que recebeu a carta da amiga.

- Pra que ? – a mãe perguntou.

- Também quero ir, também quero ir. – Lily desceu atrás do irmão.

- Claro que você não vai Lily, nós vamos jogar Quadribol. – O irmão explicou e a garotinha mostrou língua para Tiago e desceu as escadas.

- papai, mande ele me levar. – Lily pulou no colo do pai fazendo cara de brava. ( O que ela faz muito bem.)

- Da próxima vez. – O pai finalizou a conversa com a filha e voltou a atenção á mulher.

- Chatos! – Lily levantada o pé a quase 1 metro de altura para subir os degraus, pois era muito baixinha.

- Você só é baixinha, mas é nervosa em Lily. – Tiago riu da irmã.

- Cale a boca seu caneludo. – A garotinha xingou o irmão. Era quase impossível Lily se parecer tanto com a avó na aparência, e tanto com a mãe no gênio.

Tiago voltou para o quarto, e depois de escrever para Fred e Teddy , o garoto se deitou e dormiu profundamente. Ele merecia aquele descanso , o dia tinha sido cansativo demais para a idade dele.

~*~

- Boa noite, vovó. – Teddy despediu-se da avó e subiu para o quarto.

Teddy dormia suavemente, quando um barulho em sua janela o acorda.

Era a coruja de Tiago.

Teddy se levantou e abriu a carta, era apenas o amigo convidando-o para uma partida de Quadribol na casa de Alie, e passando o endereço da casa da amiga.

Teddy não era muito bom no esporte, mas não iria ficar de fora.

O garoto escreveu em um pequeno pergaminho a confirmação da presença dele, e mandou a coruja de volta á Tiago.

Assim, o garoto conseguiu finalmente ter uma boa noite de sono e descanso.

~*~

Fred mal chegou em casa e já foi para a cama.

Não se passava menos das 23:00 quando uma coruja bateu em sua janela, um pequeno pergaminho caiu do bico da coruja e Fred leu-o.

Tiago estava convidando-o para uma partida de quadribol na casa de Alie. E Fred não ficaria de fora nem que lhe dessem 10 galeões.

O garoto respondeu num outro pergaminho e enviou a coruja de volta á Tiago.

- Entrem! – Uma elfo abriu a porta da casa e fez reverência aos três garotos que esperavam na porta.

- Obrigada Hoquita! – Alie desceu as escadas e agradeceu ao elfo.

- Não foi nada. Hoquita vive para servir a casa dos Fox eternamente. – E saiu fazendo reverencia.

- Você agradece aos elfos? Eles não são chatos, resmungões, ou arrogantes e só respeitam á quem servem ? – Tiago se jogou no sofá e descansou sua vassoura entre as pernas.

- Os elfos são o que você quer que eles sejam. – Alie também se sentou, sendo acompanhada por Fred e Teddy.

- O que quer dizer com isso?

- Ora, eu quero dizer que, se eu os tratar mal, eles vão ser chatos, resmungões, ou arrogantes que só respeitam á quem servem...- Alie imitou Tiago. – por obrigação, mas se eu os tratar bem, eles vão ser simpáticos, gentis, e vão me tratar bem por amor.

- E desde quando elfos tem sentimentos? – Fred perguntou.

- Desde sempre, eles são seres vivos também, merecem respeitos assim como todos os bruxos. E se querem saber, meus pais não davam a mínima atenção para os elfos, mas quando eu cresci, e da primeira vez que convidei Hóquei para sentar na minha cama para conversarmos ela começou a chorar desesperadamente e me disse “ A senhora não me ofendeu, é que eu nunca fui tratada como sua igual realeza.”- Alie explicou.

- Bizarro! – Fred murmurou

- Mas e ai, viemos aqui para falar de Elfos ou para jogar? – Tiago se levantou e puxou Alie.

Os quatro foram para fora da casa, onde tinha um quintal enorme com grama verdinha, um pé de árvore e logo após ela, havia um gramado especial com uma pequena adaptação de um verdadeiro campo de Quadribol.

- Uau! – Os três garotos exclamaram.

- Estão vendo aquela árvore? Subi nela quando tinha um ano de idade e até hoje quando me contam eu não acredito como fiz isso. – Alie riu.

- E depois? – Tiago perguntou

- Eu cai, óbvio. Voar eu ainda não aprendi, e naquela idade eu não sabia nem o que é andar direito. – Tiago fechou a cara, e o resto riu.

- Está faltando alguém. – Alie olhou ao redor e se lembrou da outra convidada.

- Sou eu. – o pai da garota chegou ao quintal com uma bandeja de sucos na mão.

- Não, o convidado não é você. – Alie olhou para o pai com uma cara de poucos amigos e entrou para casa de novo, e no corredor da cozinha encontrou Sofia sendo guiada pela elfo.

- Que elfo simpática. – A garota sorriu e foi para o quintal com a amiga.

- Posso saber por que não posso jogar, mocinha? – O pai de Alie perguntou

- É alie, porque ele não pode jogar com agente? – Tiago ficou do lado de Thomaz, fazendo o homem rir.

- Porque não o cabe no time. – Alie ficou de frente para o pai, segurando sua vassoura.

- Onde esta aquele amor todo e aquela vontade toda de jogar Quadribol comigo nas cartas, Alice? – O sorriso do pai se desfez.

- Você mandou a mamãe me dizer que não passaria o Natal em casa, logo depois me manda uma vassoura, e depois não me manda uma carta sequer no decorrer do ano, e quando eu chego aqui, eu não tenho o dia sequer de sossego com os seus gritos e ainda quer tirar a minha decoração do Appleby Arrows. – Alie gritou.

- Eu não disse que tiraria. – Thomaz respondeu.

- Mas a mamãe com certeza vai tirar, e você vai seguir o conselho dela. – Alie respondeu.

- Tudo bem. Chega! – Thomaz entregou a bandeja de suco á Tiago e entrou para dentro.

- Vamos jogar. Alie montou em sua vassoura e deu impulso indo em direção o campo. Todos a seguiram.

A partida foi bastante excitante! Alie e Tiago VS Fred , Sofia e Teddy.

Tiago e Alie decidiram jogar apenas de dois, dizendo que ganhariam do mesmo jeito.

Eles ficaram a tarde inteira ali, e pararam quando estava anoitecendo. Alice e Tiago desceram primeiro e logo depois os outros três.

- Não valeu. Vocês dois são melhores! – Fred balbuciou

- Nos perdemos porque eu deixei. – Sofia se gabou.

- Nada a ver. Vocês são bons, mas nada se compara a mim e á Thiago. – Alie sorriu triunfante. – Vamos entrar. – Ela convidou os amigos.

- Nós estamos horríveis. – Teddy se pronunciou. Todos tinham os cabelos bagunçados e sujos pelas mínimas quedas.

- Porque não tomam um banho? – Marília descia as escadas.

- Se couber todos no banheiro. – Alie brincou e todos riram.

- Podem tomar na piscina. – a mãe disse.

- Vamos! – Alie ia saindo com os amigos.

- Você não Alie. – Marília á chamou. – Hoquita, leve os garotos ate a piscina e depois leve um lanche, eles devem estar com fome.

Os garotos acompanharam o elfo e Alie ficou de frente para a mãe.

- O que foi? – Alie perguntou.

- Sente-se! – A mãe pediu. – Alie, você não é mais criança. Tem que entender que ter um irmão não é tão ruim assim. Você sabe o quanto esta sendo infantil, e você não tem mais idade para isso! – A mãe disse calmamente.

- O que quer dizer? – Alie perguntou

- Quero dizer que você não pode tratar á mim e ao seu pai assim, e eu acho que você deve pedir desculpas á ele.

- Tudo bem. – Alie respondeu e a mãe sorriu abraçando-a.

A garota subiu para o quarto dos pais.

- Posso entrar? – Alie pediu

Thomaz estava sentado na poltrona com a vista para a cidade. Londres já estava escura, com as lindas luzes acenas nos arranha-céus.

- Claro. – O pai permitiu sem olhar para a porta.

- Papai, me desculpe. Eu só não te deixei jogar, por que você iria ganhar de mim. – Alie mentiu.

- É uma boa desculpa! Agora vá, vai se divertir com seus amigos. – O pai disse.

- Isso quer dizer que você me perdoa? – Alie perguntou.

- Claro! – Thomaz sorriu e deu um beijo em Alie.

Alice desceu em direção á piscina.

- E então? – Marília sorriu.

- Tudo certo. – Alie abraçou a mãe e foi pra piscina.